Moradores de Rua
Skate! À arte de cair faz parte
Skate! É Força de vontade
Expressões livres do corpo
Quase sem limites
Sem regras
E sem padrão
No mundo do skatista
Cair, se torna diversão
E se levantar é obrigação.
Moro numa
rua cercada
por morros verdes,
amáveis árvores
e agraciada por
um coral de aves
mesmo quando
o tempo não
está azulejado,
A trilha sonora
por aqui é quase
sempre regional,
e se conhece
uma harmonia
fora vida deste
mundo a cada
dia mais brutal.
Se vive bem
porque a gente
sabe conviver
e se gosta,
a cada dia
noutros lugares
só o dinheiro
é o que importa.
O obscurantismo
do olhar daqueles
que creem no amor
clandestino como
caminho certo:
comigo não irão
obter sucesso,...
nada me distrai
para deixar
de escrever
para o amor
que virá
anunciado;
confio neste pacto
que há de
ser apaixonado,...
esse romance
que um dia virá
palmilhando
os prateados
paralelepípedos
da minha rua,
e se orgulhará
de cada verso
escrito por
esta pluma.
Desta rua
de paz
inabalável
aqui tenho
o meu
nobre abrigo,
Temos um
endereço
invejável,
Brotam versos
de amor
e o desejo
incontido.
Porque sei
que ele virá,
mas nem
quando
e como virá.
E me orgulho
de estar em
companhia
diária de tão
bons vizinhos.
Enquanto
ele não vem,
tenho tempo
para sarar
a minha dor
e daqui enviar
todos os dias mil
versos de amor.
Caminhando
pela minha
rua com amor
no coração,
Tenho flores
de pessegueiro
sobre a cabeça
e poemas
de revolução
de uma impossível
latino-americana
alvorada
que nenhum
ofensor há de deter.
Porque sei que
cedo ou tarde,
A vida há
de nos aproximar,
e ninguém
há de impedir.
Tenho fé na vida,
e um sonetário
diferente todo dia
para não manterem
neste caleidoscópio
os nossos sonhos,
E mesmo que você
não mais acredite,
O mundo é nosso
e vamos vencer
esse jogo
que tem nos
afastado
um do outro.
Passam muitas coisas
aqui nessa rua
musicada pelos
pássaros até quando
desfrutamos das
mais frias temperaturas:
o tempo, o vento,
o pão quente, o queijo,
os doces, as verduras
e as amáveis frutas.
Por aqui até mesmo
nós passamos por nós,
as nossas visitas
e quem a gente
nem faz idéia,
mas passeamos.
Porém, por nós passam
os pensamentos,
e por mim os versos,
as poesias e os sonetos.
Nestes últimos anos
ando me afogando
com as palavras
que ando calando,
e a rotina poemizando
para as dificuldades
da vida tentar suavizar.
O frio por todo anda
enorme e do desalento
do mundo ando aqui
pela rua buscando
não deixar me abalar
observando as flores
o cenário embelezar.
Creio que tudo isso
um dia irá passar,
e por aqui eu bem
estarei a espera
das redes coloridas
por mãos nordestinas
sendo vendidas,
para o meu cansaço
vir a se aconchegar
e de tudo me refazer.
A rua transversal
a minha rua faz
lembrar que
todos nós
somos vizinhos,
mesmo que você
não veja,
independentemente
da distância,
ou nunca tenha
ido até lá;
Porque assim
é, há de ser
e sempre será.
A rua transversal
a minha rua
se chama
Jacó Furlani,
Só de falar dela
me faz vizinha
de muita gente:
Porque é assim
que deveriamos
nos perceber
que ao nosso
redor o mundo
é repleto
de vizinhanças;
E cientes disso
deveríamos
buscar entendimento
e solidariedade
a todo momento.
Por aqui
temos o privilégio
sem igual
de avistar
o magnífico verde:
da Bandeira Nacional
Nas cores inúmeras
do Patrimônio Natural,
temos a expressão
da Soberania Nacional.
Na Rua Fedele Berri,
somos brindados
com a beleza sem igual
do Pico do Montanhão.
É através dele que
todos nós temos
dias repletos
de inspiração,...
Um torrão de terra
bem cuidado fala
muito a respeito
de uma Nação.
O gado que
se alimenta
no pasto
dos morros
do final da rua
possui mais
relevância
do que muitos
que desfilam
conhecimento
e aparência,...
Recuso a grife,
porque não é
disso que
me sustento;
Com quem
sabe menos
a paciência
eu exerço,
Com quem
sabe mais
sempre busco
e eu aprendo,...
Dou os ombros
para gente
patife sempre
que for preciso.
(Aqui me tem o paraíso).
"Semente de gente,
que ninguém apostou.
Gerado em solo ilegal,
com requintes de horror.
Lançado na vala ao nascer,
pelo seu criador.
Um ser soterrado
em terra de dor.
Rompeu o peso terra
e seu verde mostrou.
E sem ser irrigado
ou adubado, brotou.
Semente de gente
Aposto que é flor."
Estamos sozinhos
Somos nós por nós
Enquanto uns brigam por poder na nação
Uns brigam por emprego entre a população
Enquanto uns vivem nas ruas
Em busca de nao viver mais condenados
Outros esbanjam e gastam
E superfaturam em leite condensado
O salário aqui é mínimo
Mas não temos nem direito ao mínimo
Mínimo de conforto
Mínimo de um dia de paz
Um dia morre a moça e sua filha
No outro o filho daquele rapaz
A fome na rua
Não tem nome e nem certidão
Não tem endereço e não possui cpf
Uns ajudam e outros esquecem
Tem até aqueles que dizem
"Se está ali é porque merece"
O sonho é de ter casa própria
O sonho é de que não nos falte o que comer
Sonhar em ver o filho sobreviver
O sonho de ver o filho crescer
O ruim é que a história se repete
Pra gente que na vida não ganha oportunidade
O mesmo pobre que é pobre aqui
Também vai ser pobre em outra cidade
O sistema quer nos ver ali
Trabalhando pra que eles possam ganhar
Mas nunca vamos desistir
De uma vida digna alcançar
Que um dia o fardo nao seja tão pesado
Que um dia não troquemos o almoço pela janta
Que nesse dia sejamos todos alegres
Que tenhamos mais visibilidade para nós e nossas crianças
Como uma igreja dentro de quatro paredes vai transformar uma cidade? O que pode transformar uma cidade é uma igreja no modelo de Jesus, que se pra fora, nas ruas.
Cachorro não brota do asfalto. Se tem um animal na rua é porque alguém colocou ele lá, seja por abandono ou porque o tutor não castrou e deixa sair para dar uma "voltinha"
As Causas
Na rua eu estava, quando veio o Carneiro,
aos cinco anos foi isto quando, aconteceu.
O animal com impacto me acometeu...
E me deitou pelo da rua, duro terreiro.
Em outra vez ia eu na mula, com o meu irmão
quando uma velha dama atira pela janela,
um cavaco de lenha em fogo, à mula, na rua dela,
caímos os dois do animal de reboleta, pelo chão .
Outra vez ia eu com outro irmão, num carro de mão,
que ele conduzia, mas não teve poder na sua mão,
e eu do carro cai, ficando com muitas dores no chão.
Hoje tenho uma doença de Parkinson, em mim.
E pergunto a mim próprio, se não surgiu assim,
a minha doença que me veio mais tarde a mim?!
Quando olho para um transeunte na rua,
enxergo que vivemos em um mundo repleto de outros mundos, onde integrantes desses mundo não capazes de imaginar a existência dos mesmos e muito menos como ela se dá.