Milan Kundera

Cerca de 89 frases e pensamentos: Milan Kundera
Milan Kundera (1929-2023) foi um escritor tcheco, naturalizado francês, autor da consagrada obra “A insustentável leveza do ser”. Morreu em 11 julho de 2023, em Paris, aos 94 anos.

Mesmo nos momentos da mais profunda desordem, é segundo as leis da beleza que, secretamente, o homem vai compondo a sua vida.

A música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura, da poeira das bibliotecas, e lhe abre no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

O desejo de ser admirado é insaciável.

Milan Kundera
A valsa dos adeuses. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Aquele que quer continuamente “se elevar” deve contar ter vertigem um dia. O que é vertigem? Medo de cair? (...) Vertigem não é medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Nunca podemos saber o que queremos, porque, vivendo apenas uma vida, não podemos nem compará-la com as nossas vidas anteriores, nem aperfeiçoá-la em nossas vidas futuras.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser (1984).

Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

O sofrimento por ciúme, ao contrário, não evoluía no espaço, girava como uma broca em torno de um ponto único. Nele não havia dispersão. Se a morte da mãe tinha aberto a porta de um futuro (diferente, mais solitário, e também mais adulto), a dor causada pela infidelidade do marido não abria nenhum futuro. Tudo ficava concentrado na única (e imutavelmente presente) visão do corpo infiel, na única (e imutavelmente presente) afronta. Quando ela perdera a mãe, podia escutar música, podia até mesmo ler; quando estava com ciúme, ela não conseguia fazer nada.

Milan Kundera
A valsa dos adeuses. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Inserida por gmldasilva

Vivia, ela também, na cegueira. Via apenas um ser único, iluminado pelo farol violento do ciúme. E o que aconteceria se esse farol se apagasse bruscamente? Na luz difusa do dia surgiriam outros seres aos milhares, e o homem que até aí ela acreditava ser o único no mundo, se tornaria um entre muitos.

Milan Kundera
A valsa dos adeuses. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Inserida por gmldasilva

E veio-lhe a ideia repentina de que era o orgulho que o impedira de amar esse país, o orgulho da nobreza, da grandeza de alma, da delicadeza; um orgulho insensato que fazia com que ele não amasse seus semelhantes, que os detestasse, porque via neles assassinos. [...]
E pensou ainda que aquilo de que não gostava nos outros era alguma coisa de gratuito, aquilo com o que vinham ao mundo e que carregavam consigo como uma grade pesada. E sentiu que não tinha nenhum direito privilegiado à grandeza de alma e que a suprema grandeza de alma era amar os homens mesmo que fossem assassinos.

Milan Kundera
A valsa dos adeuses. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Inserida por gmldasilva

Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa, pois um esboço é sempre o projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Inserida por AgnosticaTeista

Conceber o diabo como um partidário do Mal e o anjo como um combatente do Bem é aceitar a demagogia dos anjos. As coisas são, evidentemente, mais complicadas.
Os anjos são partidários, não do Bem, mas da criação divina. O diabo, ao contrário, é aquele que recusa ao mundo divino um sentido racional.
O domínio do mundo, como se sabe, é dividido entre anjos e demônios. Contudo, o bem do mundo não implica que os anjos levem vantagem sobre os demônios (como eu pensava quando era criança), e sim que o poder de uns e de outros seja mais ou menos equilibrado. Se existe no mundo muito sentido indiscutível (o poder dos anjos), o homem sucumbe sob o seu peso. Se o mundo perde todo o seu sentido (reino dos demônios), também não se pode viver.

Inserida por sebastianbam

Numa sociedade rica, os homens não têm necessidade de trabalhar com as mãos e se dedicam a uma atividade intelectual. Existem cada vez mais universidades e cada vez mais estudantes.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Inserida por NaraMinervino

O amor é o desejo dessa metade perdida de nós mesmos.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Inserida por pensador

Que a vida seja uma armadilha, isso sempre soubemos: nascemos sem ter pedido, presos a um corpo que não escolhemos e destinados a morrer.

Milan Kundera
A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Inserida por pensador

Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre um esboço.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Inserida por pensador

O futuro nada mais é do que um vazio indiferente que não interessa a ninguém, mas o passado é cheio de vida e seu rosto irrita, revolta, fere, a ponto de querermos destruí-lo ou pintá-lo de novo.

Milan Kundera
O livro do riso e do esquecimento. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Inserida por pensador

Não devemos nunca aceitar que o futuro se curve sob o peso da memória.

Milan Kundera
O livro do riso e do esquecimento. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Inserida por pensador

O amor é uma interrogação contínua. É, não conheço definição melhor do amor.

Milan Kundera
O livro do riso e do esquecimento. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Inserida por pensador

O homem é responsável pela própria ignorância.

Milan Kundera
Risíveis amores. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
Inserida por pensador

Nunca se pode saber o que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Inserida por pensador