Milan Kundera

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Milan Kundera (1929-2023) foi um escritor tcheco, naturalizado francês, autor da consagrada obra “A insustentável leveza do ser”. Morreu em 11 julho de 2023, em Paris, aos 94 anos.

O homem, essa criatura que aspira ao equilíbrio, compensa o peso do mal com que lhe partem a espinha, com a massa do seu ódio.

Milan Kundera
A brincadeira (1967).

Os arquivos da polícia são nosso único passaporte para imortalidade.

Milan Kundera
O livro do riso e do esquecimento (1978).

São precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa existência.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Procuramos sempre o peso das responsabilidades, quando o que na verdade almejamos é a leveza da liberdade.

Não era a vaidade que a atraía para o espelho, mas o espanto de se descobrir nele.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

A vida humana só acontece uma vez e não poderemos jamais verificar qual seria a boa ou a má decisão, porque, em todas as situações, só podemos decidir uma vez. Não nos é dada uma segunda, uma terceira, uma quarta vida para que possamos comparar decisões diferentes.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

O acaso tem seus sortilégios, a necessidade não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante como os pássaros nos ombros de são Francisco de Assis.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.

Em compensação, a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semirreal, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

A unicidade do “eu” se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico em todos os seres, o que lhes é comum. O “eu” individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Os amores são como os impérios: desaparecendo a ideia sobre a qual foram construídos, morrem com ela.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

As mulheres não procuram o homem bonito. As mulheres procuram o homem que teve mulheres bonitas.

Milan Kundera
O livro do riso e do esquecimento. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

O que é vertigem? Medo de cair? Mas por que temos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada sólida? Vertigem não é medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Tinha lágrimas nos olhos e estava infinitamente feliz por ouvi-lo respirar a seu lado.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

Atravessamos o presente de olhos vendados, mal podemos pressentir ou adivinhar aquilo que estamos vivendo. Só mais tarde, quando a venda é retirada e examinamos o passado, percebemos o que foi vivido, compreendendo o sentido do que se passou.

Milan Kundera
Risíveis amores. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Nunca somos nós mesmos quando há plateia.

Aquilo que não é necessariamente uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser (1984).

A armadilha do ódio é que ele nos prende muito intimamente ao adversário. (...) Não posso mais odiá-los, porque nada me une a eles; não temos nada em comum.

Milan Kundera
A imortalidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

O drama de uma vida sempre pode ser explicado pela metáfora do peso. Dizemos que temos um fardo nos ombros. Carregamos esse fardo, que suportamos ou não, lutamos com ele, perdemos ou ganhamos. O que precisamente aconteceu com Sabina? Nada. Deixara um homem porque quisera deixá-lo. Ele a perseguira depois disso? Quisera se vingar? Não. Seu drama não era o drama do peso, mas da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

É errado, portanto, censurar um romance que é fascinante por suas misteriosas coincidências (...) mas é certo censurar o homem que é cego a essas coincidências em sua vida diária. Pois sendo assim, ele priva sua vida de uma nova dimensão de beleza.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser (1984).

Quando não cuidamos do corpo, tornamo-nos mais facilmente vítimas dele.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.