Merecimento
Não me importo se pro mundo eu valho o que eu tenho. O que vale para mim é o que eu sou. E se o que eu sou é menos do que o que eu tenho, então o mundo não merece o que eu sou.
"A verdadeira ajuda ao próximo não acontece quando buscamos reconhecimento, mas quando desejamos uma mudança real. O reconhecimento alimenta o ego e cria uma ilusão passageira, enquanto o merecimento constrói caráter e traz crescimento. Quem ajuda para ser visto se engana, mas quem ajuda para transformar deixa um legado."
Tá sendo perseguido Abra seu olho se valoriza,porque isso é medo de eles descobrir o seu potencial.
"Você não merece o que acredita que merece. Você merece o que entrega ao mundo sem esperar recompensas imediatas".
Viver com Afantasia em uma Sociedade de Fantasias
Imaginar o mundo ao nosso redor é algo que a maioria das pessoas faz naturalmente, mas para mim, isso é uma impossibilidade. Vivo com afantasia, uma condição onde o ato de visualizar imagens mentais simplesmente não acontece. Enquanto outros conseguem projetar lembranças, cenários e sonhos com vivacidade, minha mente opera em um plano puramente conectado à realidade objetiva. Minha realidade é feita de informações (memórias semânticas), sem o colorido de imagens mentais. Isso já cria uma distância imensa entre como eu experiencio o mundo e como os outros parecem vivê-lo.
Além disso, existe outra camada de complexidade. Vivo também com autismo e outras neurodivergências, condições que moldam ainda mais minha percepção e interação com o mundo. E uma parte fundamental dessa vivência é o fato de que, objetivamente, só consigo experienciar o sentimento do agora. Não tenho uma herança sentimental que me ajude a filtrar o valor das coisas. Vivo de forma intensa e imediata, cada momento sem referências do passado, sem scripts mentais, não importa quantas experiências eu tenha tido. As decisões importantes que tomo são baseadas nesse único sentimento presente e na frieza do conhecimento semântico, porque não consigo conectar essas decisões a uma compreensão emocional do passado ou do futuro.
Essa ausência de uma herança emocional faz com que eu não entenda o valor das pessoas da forma como a sociedade espera. Sentimentos como gratidão me escapam, assim como os comportamentos sociais derivados disso. Eu não sei o que é "puxar saco", não faz sentido para mim, e nunca vou participar de padrões de comportamento que considero desprezíveis, apenas porque as pessoas rotuladas como "normais" dizem que isso é uma fórmula para o sucesso – sendo que é claramente parte da trajetória que levou a humanidade a construir um sistema podre.
Para mim, o que chamam de "sucesso" e "meritocracia" são lendas urbanas. A realidade é outra: é uma sociedade movida por aprovações sociais e fantasias, onde o que importa é a adequação a normas, expectativas e imagens mentais compartilhadas – algo que, na minha experiência, não faz sentido e nunca fará. Vivo desconectado desses padrões, porque, para mim, eles simplesmente não se aplicam.
Essa desconexão se torna ainda mais intensa em uma sociedade que insiste em vender a ilusão de que todos têm as mesmas oportunidades e opções. O positivismo, com sua insistência na superação individual, ignora as limitações reais que muitas pessoas, como eu, enfrentam diariamente. Para mim, que sou misantropo por questões cognitivas, o positivismo soa vazio. Ele ignora as limitações reais da vivência de grande parte da população, que sofre por ignorância e miséria, sem oportunidades reais – e de uma minoria de neurodivergentes que sequer compreende as regras sociais forjadas para manter a ilusão.
No final, o que resta é a busca por um espaço onde minha existência, sem fantasias e sem ilusões, seja reconhecida. Não me interessa seguir roteiros sociais que só reforçam comportamentos vazios. Vivo em um mundo que valoriza essas fantasias, mas para mim, o presente, com toda a sua objetividade e limitações, é tudo o que eu conheço. E nesse espaço, eu não encontro sentido nos padrões sociais que outros consideram normais.
Estar adaptado a uma sociedade que valoriza indivíduos com transtorno de conduta não é um bom sinal de saúde mental.
Em termos culturais, os antes invisibilizados estão tão visíveis que sua presença massiva (logo, e tome um absurdo ou uma redundância: opressora) já cria novos invisibilizados.
Quem toma o seu tempo na vida,
Não tenciona devolver...
Fique atenta, não de acolhida,
A quem o seu tempo não merecer...
O mercado exige o melhor nível de formação possível,
e quando todos estão no mesmo nível
a pergunta a ser respondida é:
quem aceita trabalhar por menos?
Na jornada da evolução, deixamos para trás o que não nos agrega. Compreendemos que muitos prazeres momentâneos não trazem a plenitude que buscamos. Avançar exige sacrifício e investimento, seja de tempo, dinheiro ou energia. Então, reflita: o que você investe hoje te conduz ao merecimento ou te mantém preso à escassez?
Só merece estar no topo, quem do primeiro degrau começou...
Mas, quem recebe herança pode até começar por cima, mas nunca saberá o valor do lugar que ele foi posto.