Menina que Existe dentro de Mim
Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.
Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.
Esteja, entregue-se.
Se não quiser participar, tudo bem, então fique na sua: na sua casa, no seu canto, na sua respeitável solidão. Melhor uma ausência honesta do que uma presença desaforada.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é vulcão.
Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem...
É que o mundo de fora também tem o seu “dentro”, daí a pergunta, daí os equívocos. O mundo de fora também é íntimo. Quem o trata com cerimônia e não o mistura a si mesmo, não o vive, e é quem realmente o considera “estranho” e “de fora”. A palavra “dicotomia” é uma das mais secas do dicionário.
Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
Nota: Trecho da crônica "Dentro de um abraço" de Martha Medeiros
...MaisRaros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma,
esse conto de fada.
Tudo aquilo que não podemos incluir dentro da moldura estreita de nossa compreensão, nós rejeitamos.
Crianças, ficção é a verdade dentro da mentira, e a verdade desta ficção é bastante simples: a magia existe.
Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna
Só mais um pouco de cala a boca
Vai lá dentro do chalé, vai. Coloca o shortinho. O chinelo verde. Tira essa sunga molhada. Quer ajuda? Posso te ver tomar banho? Posso jogar água importada em você? Posso te ver contra a luz do sol? Deixa?
Fica sério de novo. Isso. Posso fazer um ensaio fotográfico com você? Jogado, descabelado, na rede. E você ainda é o homem mais lindo do mundo. No canto da foto dos amigos bêbados, e você é o homem mais lindo do mundo. Com gorro, no meio da confusão do frio. Escondido embaixo de tanta roupa. No fundo do mar. No escuro. De costas naquela festa chata. Meu Deus, como você é lindo.
Não sei direito o que é aurora boreal, mas acho que deve ser algo lindo que se formava enquanto você era feito. Não sei direito o que é isso que eu sinto por você. Mas como é maravilhoso fumar você, cheirar você, tomar você, injetar você. Calar a boca.
Sei que é por pouco tempo. Somos plantas diferentes. Pássaros diferentes. Estamos experimentando nossos mundos tão excêntricos. Muito em breve vamos nos afastar com a intensidade de opostos tão óbvios. Você vai ser infinitamente o garoto mais lindo do mundo para suas garotas infinitamente mais lindas do mundo. Todos com dezenove anos. Todos lindos contra a luz do sol. Todos com cabelos de comercial. Todos idiotas e corados e lindos e sem saber o que fazer com muita beleza e pouca idade. E eu vou continuar esperando o meu tipo charmoso, mais velho, mais feio que você, melhor do que você.
Mas por agora. Me dá mais um pouco desse cala a boca, vai. Vai lá dentro do chalé, vai. Coloca o shortinho. O chinelo verde. Me pergunta uma daquelas coisas para eu dar uma daquelas respostas que você morre de rir. Me deixa pirar no seu céu da boca escancarado. Você se joga pra trás. E só porque você e o mundo inteiro têm certeza do quanto você é lindo, você faz questão de sempre se largar no mundo. É a liberdade que só tem quem é infinitamente lindo ou infinitamente feio. Você é livre do mais ou menos e isso me enche de algo que me faz querer cantar pra sua beleza. Eu sou mais ou menos mas nesse segundo, já que comprei sua beleza, sou a mulher mais linda do mundo. Vai, passeia no meu carrinho de supermercado. Me deixa ser linda vestindo você. Entra em mim e me enche da sua vida fácil.
Outro dia me peguei pensando um absurdo que me fez feliz. É triste, mas me fez feliz. Pensei se isso que você faz, de ficar horas comigo depois de ter ficado horas comigo. Se isso é algum tipo de caridade sua. Porque, veja bem. Somos plantas e pássaros diferentes. Eu sou a bonitinha que lê uns livros e vê uns filmes. Você é essa força absoluta e avassaladora que jamais precisará abrir a boca para impor sua vitória.
Você coloca aquele moletom cinza com dizeres do surf e eu experimento um guarda-roupas inteiro pra ficar à sua altura. Você é essa força da natureza que deu certo. Eu gasto metade do meu salário pra me sentir como você deve se sentir escovando os dentes. Pra me sentir cabendo no mundo que deu certo.
Abaixa esse queixo menino. Abaixa esse nariz. Anda rastejando com esse chinelo verde e o queixo no alto. Você sabe que é superior. Você sabe que pode fazer tudo devagar, o mundo te espera. O resto é platéia. Você sabe que faz as pessoas tremerem a voz. Você sabe que deixa apenas duas escolhas pras pessoas: te idolatrar ou sair correndo. E como eu não sou mulher de correr da dor, deixo ela entrar as pouquinhos, esbugalhar meus sentidos, enfraquecer meu orgulho. Quando vejo, estou calada novamente, ouvindo o que você não diz e vendo o que você não faz. Apenas curtindo a limitação profunda e gigantesca da sua beleza esmagadora. Feliz em ser uma formiga que carrega milhões de plantas nas costas só para ver algum esforço meu alimentando você.
Vai, faz o bico de burro quando alguém não compra a sua forma. Faz os olhos laterais pra me convidar pra mais uma das suas aparições. Faz o dentinho pra frente pra me pedir mais um pouco. Faz o silêncio pra ganhar de vez. De mim e do mundo.
Não existe não morrer um pouco quando você chega. E de vez em quando tudo o que a gente quer é mesmo dar um tempo da vida.
Tem dias que chove cinza aqui dentro. Em outros sou purpurina de leveza e quereres. Mas quando acordo Sol, não tem tempo que me faça ser sombra.
Como o Mestre sempre dizia, "é possível fugir dos monstros de fora, mas não dos de dentro". E é incrível como a mente humana tem facilidade em criar fantasmas para assombrá-la. Em plena era digital, os sentimentos primitivos continuavam vivos.
“Quando considero a brevidade da existência dentro do pequeno parêntese do tempo e reflito sobre tudo o que está além de mim e depois de mim, enxergo minha pequenez.
Quando considero que um dia tombarei no silêncio de um túmulo, tragado pela vastidão da existência, compreendo minhas extensas limitações e, ao deparar com elas, deixo de ser deus e liberto-me para ser apenas um ser humano.
Saio da condição de centro do universo para ser apenas um andante nas trajetórias que desconheço...”
Nós vivemos dentro de um grande conto de fadas, do qual ninguém faz realmente ideia.
(A garota das laranjas, p. 110).
Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lágrimas de sangue. Nem impediu separações mortais. [...] O mundo falhou para mim, eu falhei para o mundo. Portanto não quero mais amar. O que me resta? Viver automaticamente até que a morte natural chegue. Mas sei que não posso viver automaticamente: preciso de amparo e é do amparo do amor.
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