Alice Ruiz

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Ribeirão Preto
onde se ouve
cheiro de vagalumes

Era rio
agora na avenida
rio da vida

janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa

Amigo grilo
Sua vida foi curta.
Minha noite vai ser longa.

quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa

Chuva no lago
cada gota
um lago novo

mosquito morto
sobre poemas
asas e penas

Que viagem
assim que você chega
a abóbora vira carruagem

primavera
até a cadeira
olha pela janela

nuvem de mosquitos
o ar se move
vento nenhum

primeiro vagalume
assim começa
o fim do ano

fim de tarde
depois do trovão
o silêncio é maior

sombra da luz
na lua e na rua
alvo do lago

varal vazio
um só fio
lua ao meio

lua quase cheia
por trás das nuvens
nos olhos do cão

o menino me ensina
como um velho sábio
o quanto sou menina

minha casa
o sapo já sabe
entrar e sair

silêncio de folhas
bananeira secando
à beira da estrada

fim do dia
porta aberta
o sapo espia

Correndo risco
a linha do corpo
ganha seu rosto

lesma no vidro
procura uma sombra
que seja ela mesma

A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia

travesseiro novo
primeiras confissões
a história do amigo

sono profundo
coberta de neblina
minha cidade

Fora de mim
imagino na paisagem
a imagem do que fui