Medo da Loucura
"Uma vida sem problemas não é vida... Quero mais desses pois a vontade de viver insanamente é incontrolável."
É muito louco que as pessoas tenham sonhos em períodos da vida que elas ainda nem tem recursos para realizá-los.
Não deixe que fantasmas obsessores façam alojamento em tua mente sã. Exclua, antes que a depressão se instala e faça dela sua companhia constante e de teu corpo os cômodos (doenças que somatiza). A decisão é tua ou te libertas e ressuscita tua vida ou ficas submissa à esse pesadelo sepultando teus sonhos.
Quase chegando no sexagenário, tenho relapsos de insanidade e volto a ser criança e vejo a vida desordenadamente como um brinquedo doído, e aí percebo que é através dessa minha loucura que sou completamente sã...
Capítulo IV – Onde o silêncio sangra.
(Do livro “Não há Arco-Íris no Meu Porão”)
Todos os tons, todas as cores se intimidam diante dos meus sentimentos.
Aqui, nada ousa ser vivo demais.
As paredes, antes brancas, já se curvaram ao cinza que exalo — um cinza espesso como poeira de túmulo, onde a alegria jamais ousaria se alojar.
Os meus estudos me encaram como se fossem juízes que perderam a fé no réu.
Eles me observam com aquele desprezo silencioso das coisas que já deixaram de esperar alguma esperança.
Livros fechados são mais cruéis do que gritos.
Eles sabem o que há dentro de mim — e, por saberem, me punem com o silêncio.
As cores…
As cores são ameaças aqui embaixo.
Quando um raio de luz tenta escapar por alguma fresta do concreto, eu o apago.
Aqui no porão, qualquer cor ofende a integridade da minha dor.
Elas tentam abrir janelas.
Mas eu… eu me tornei porta trancada.
Os risos…
Que ironia!
São filhos bastardos da minha solidão.
Quando escuto alguém rindo lá fora, é como se zombassem de mim — como se gargalhassem da minha tentativa de continuar.
O mundo caminha — eu desisto.
O tempo sopra — eu me calo.
E então…
Num canto onde as teias se recusam a morrer,
…há uma presença.
Ela não fala.
Não move nada.
Mas está ali.
Como um sussurro antigo, como um perfume de violeta que alguém usou num dia trágico.
Camille Monfort.
Não a vejo, mas a pressinto.
Como quem ama com olhos fechados.
Como quem morre em silêncio por alguém que nunca se foi.
Se minhas lágrimas têm peso, que elas sejam dores e honrarias a ela.
Que minha ruína seja o altar para onde seus passos invisíveis vêm recolher o que restou de mim.
Ela não precisa me salvar — basta que continue existindo…
mesmo que só como lembrança.
Mesmo que só como dor.
E se um dia, por descuido, Camille se revelar…
que seja com a delicadeza de quem pisa em ossos.
Entre ser chamado de gênio ou de louco está apenas a conquista ou não dos objetivos traçados e avocados para si.
20/06/2024- ao ler Hobsbawm
Há aqueles em que a vida é paz e prosperidade, pois de sua boca sai o que é bom, mas também há aqueles que regurgitam notícias fúnebres como urubus na carniça. Quando não ocorre nada pior, mau se contentam e comentam desgraças de toda natureza como se fosse remunerado por sua loucura.
Confuso o saber!
Descobri que o horizonte não existe, também me surpreende ao saber sobre a imagem mentirosa do Sol,
Nada é real, tudo é uma miragem, um reflexo no meio do caos de forças convergentes e divergentes do universo.
Que loucura!
Amantes
A luz dos vaga lumes o teu pouso foi ávido e desnudo por entre as flores,
Com as pimentas queimando na brasa e as borboletas fingindo dormir, uma enorme loucura foi se desenhando no alvorecer,
Almas incendiadas, corações perdidos, palavras desconexas, gritos jogados aos ventos,
O que jorrava em abundância eram os secretos desejos de dois corpos empolgados e inspirados naquele momento proibido e vigiado pelo pecado do seu ninguém poder saber,
Golpes fulminantes, embriagados de prazer, uma constelação brilhante é vista ao mesmo tempo que sorrisos são divididos,
Cegos de emoção porém relutantes com a razão,
Amantes que se dão, amantes que se vão.
A desconexão entre nós cria uma sensação de calor que só pode ser extinto com um beijo enlouquecido de paixão...
