Literatura de Cordel
"Os jardins foram construídos dentro de seu templo. Não para ostentar belezas e poderes. Mas para materializar um pedacinho do Absoluto dentro do limites de sua existência, aonde sua vista avista." (Razão dos Jardins - Victor Bhering Drummond)
Você quer armas? Nós estamos em uma biblioteca. Os livros são a melhor arma do mundo. Este quarto é o maior arsenal que poderíamos ter. Arme-se!
Olhei para o Infinito. Não encontrei você. É porque o som de sua orquestra residia não para além mar; era entre o furor das ondas, entre a brisa do final da tarde, era na areia tocando meus pés e a maresia inebriando meu entardecer. Tudo me fazia lembrar de você. Aí que me lembrei que era tudo mais simples: bastava olhar para dentro de mim. Era neste vasto oceano que navegava o nosso amor. (Oceano - Victor Bhering Drummond)
Todos nos dizem para escrevermos sobre o que sabemos. O problema com muitos de nós é que, no começo das nossas vidas, achamos que sabemos tudo - ou, para colocar de uma forma mais útil, não temos consciência do tamanho e da estrutura da nossa ignorância.
Existe um lugar onde palavras não tem importância nenhuma. É quando elas vão embora e ninguém olha. Aí as palavras ressentidas voltam e ficam.
O meu pai só pensava em livros (livros e mais livros!), mas a vida não era da mesma opinião, a vida dele pensava noutras coisas, andava distraída, e ele teve de se empregar. A vida, muitas vezes, não tem consideração nenhuma por aquilo que gostamos.
"Dentro de uma obra poética literária;existem frases,versos,sonetos,reflexões e poesias.Tudo dentro do mesmo contexto;Agora!cabe ao leitor se identificar com o pensamento do autor e tirar suas próprias conclusões."
tuas chamas me acenderam
feito brasa afastada
quando tocada pela faísca
não sabia que nosso ardor
nos faria arder demais
e por vezes desejar o frio
voltar aos nossos ideais
sorte que temos consciência
da nossa plena dependência
e voltamos a nos encontrar
no lugar que sempre foi nosso:
o palco do perdão.
"ruína e vida"
"você me quebrou"
foi o que ela disse a ele:
você me partiu agora
e não tem volta,
entende isso?
estou aberta, frágil
e derramo meu amor por ti,
ele vaza por todos os poros
você vê isso? você, você, você…
"azul e cinza"
retiraram o véu da noite,
os medos escaparam,
passaram os carros na avenida,
os bueiros encheram de lixo.
no beco,
a dor e o amor dividiam espaço.
no sorriso um vão enorme,
na minha carenagem um amasso
mediante a vigilância das estrelas,
segui na surdina dos meus passos.
meu verso, feito vento,
percorria os morros,
soprava na tua janela, abria a cortina.
minha poesia te acariciava,
atravessava a tua bendita
armadura de metal.
sou vago como a densa nuvem
que lhe cobre o olhar.
sou cinza como a capa da cidade,
cidade essa que sempre encontra
um meio de abater
com lembranças suas.
"peneira de capturar vento"
pensei que fugiria de meus anseios,
pensei que bastaria fechar os olhos
para que o pesadelo sumisse
e todos os monstros deixassem meus olhos,
voltassem para debaixo da cama.
não foi o bastante,
nunca é o bastante.
por mais que eu me esforce,
a excelência é distante.
eu pilotando minha vida
é como um garoto
tentando capturar o vento
usando nada além de uma peneira.
"forasteiro"
vagando o silêncio
do deserto humano
foi que descobri,
em leves doses
a ausência faz bem.
sei desaparecer
como a nuvem no céu
como a poeira na estrada
eu sei reconstruir minhas frações
de pó espacial, traumas
fotografias e sonhos.
mas se quiser me encontrar
olhe para o céu em noite estrelada,
algumas dessas estrelas
batizei com teu nome,
e tenha certeza, estarei a olhar
teu brilho nelas, sempre a recordar
meu motivo pra voltar.
Quando abro um livro e me deparo com uma dedicatória do autor, à sua mãe, penso logo: pronto, estou novamente diante de um daqueles babacões que acha que as tetas dela ainda são as mais desejáveis do mundo.
