Literatura Brasileira
Dizem que a Nigéria é o gigante da África, mas um gigante que tropeça em seus próprios pés pode cair. Cai mesmo.
O anseio ou engodo supremo da poesia, essa arte suprema do verbo, é, paradoxalmente, acessar a dimensão pré-verbal, aquela que o verbo mesmo nos roubou. E Sísifo fantasia-se de Orfeu, e Narciso, de Jasão, e embriagam-se de desespero e máscara.
Ipê
Seja marcante e belo como um ipê, seja único, seja o diferencial entre as árvores comuns, seja um ipê!
Um dos dilemas inatos da biografia é que a vida não se parece muito com um livro. Raramente contém uma tese claramente enunciada, desenvolvida de forma coerente. A vida se espalha, tropeça, avança, recua, tateia à procura do interruptor de luz e, de vez em quando, dá saltos intuitivos cuja importância só é compreendida mais tarde, ou nunca, pelo saltador. A vida me parece uma improvisação.
" BANDIDO "
Bandido, sem-vergonha, salafrário,
conquistador barato, sem moral,
que quis, tão só, encontro ocasional
pra se manter guardado, e só, no armário!...
Chegou, já, com malícia intencional
e preparando o clima, até o cenário
que, enfim, tornou-se apenas meu calvário
pra sua artimanha de querer carnal.
É caso pra polícia, com certeza,
pois que levou, também, minha pureza,
meus sonhos, meu querer, minha paixão…
Roubou-me, esse bandido, o olhar, a fé,
orgasmos meus, os sonhos tais e, até,
tomou-me o amor que dei-lhe ao coração!
"GUERRA "
Quer guerra? Vem pro embate, vem pra luta,
já pronta, assim, pro que der e vier
mostrar o que melhor tens, de mulher
que sabe impor-se às normas da disputa!
Sai dessa de esperar que o bem-me-quer
revele quem é quem pra essa labuta…
Me mostre que és guerreira, sim, astuta,
disposta para o embate que se der.
Procures no arsenal da tua paixão,
carinhos, por perfeita munição,
suspiros e gemidos de prazer…
Se é guerra que tu queres, estou pronto
e, para o bate-coxa, aqui te afronto
pra que faças de mim o que quiser!
" UM CANTO "
Talvez exista um canto onde a saudade
se esconda, vez ou outra, pra descanso!
Algum regato doce, leve, manso
que a abrigue da saudade que lhe invade!
Também, bem pode ser (não afianço)
que nem saudade tenha de verdade
e apenas finja ter, na falsidade,
pra assim conter, das críticas, o avanço.
Pois, quem é ela pra trazer consigo
histórias de outros, sempre em tenro abrigo,
pra atazanar a gente deste jeito?...
Tomara que ela sofra igual tormento
e tenha, de saudade, ao pensamento
o amor batendo forte junto ao peito!
" DESTACA-SE "
Se busca o diferente, a novidade,
o que diferencia-nos da massa;
de tudo que, ao comum, cá nos enlaça
ou que deixe evidente a nossa idade.
O que nos põe no igual, pois, se rechaça
e não queremos nós, por dignidade,
contados ser no rol da identidade
com que, o de corriqueiro, nos abraça.
Mas, o que é diferente nasce pronto
e se destaca, é claro! Digo, e ponto.
Mais nada se acrescenta nesse enredo…
Sequer precisa, então, pôr-se em destaque
ou dar maquiagem de cartola e fraque…
Destaque-se do mais sem ter segredo!
" COMPREENDO "
Olhei a estrada inteira caminhada
agora que, do fim, chego mais perto
e vejo que escolhi meu rumo certo
em toda a decisão que foi tomada!
Nem tudo que se ama, a peito aberto,
irá conosco por toda a jornada!...
O amor não quer dizer, com isso, nada…
Apenas segue o rumo seu, liberto.
Bem sabe o que virá pra todos nós
depois de desatados esses nós
que foram, pelo tempo, nos prendendo…
A estrada toda olhei… O amor, a vida,
o encontro, uma união, a despedida,
e, com saber maior, hoje a compreendo!
" ESCURA "
Foi longa, de minh'alma, a noite escura
a caminhar sem rumo, no deserto,
sem ver um horizonte ali por perto
que desse-me, pra todo o mal, a cura!
De sombras, caminhei, todo coberto
sem mais sentir em mim calor, ternura,
e fui me adoecendo em desventura
sem mais saber o que era errado ou certo.
Tremenda escuridão… Noites sem fim…
Não via mais uma esperança, enfim!
Deixei-me amedrontar por tal engodo…
E, d’alma, a noite escura fez-me ver
que não havia nada o que temer…
Comigo estavas, Tu, o tempo todo!
" GENIOSA "
Um gênio de mulher, bela, faceira,
intensa em seu amor, leal, honesta,
e, tudo em derredor, lhe é puro, é festa,
e sua alegria é benção costumeira!
Tem arte em suas mãos! A vida atesta
o quanto que é prendada! É costureira,
pintora, uma artesã… É bordadeira
e que, talento tem, ninguém contesta.
Porém, essa mulher de tanto encanto,
que se divide entre alegria e pranto,
insiste em ser, por vez, frágil, dengosa…
Rainha de seu reino, feiticeira,
levou-me, da loucura intensa, à beira
mostrando-me também ser geniosa!
REENCARNADO
Na próxima, quem sabe, virei gato
e bicho de madame, estimação,
acostumado aos luxos da paixão
com que me servirão em fino prato!
Chamegos, no xodó, não faltarão
e sei que viverei em fino trato
pois a carícia é parte do contrato
que humanos, sem ressalva, assinarão.
Quem sabe, tu não me serás por dona
e me farás, de amor, tombar à lona
por entre beijos fartos e carinhos…
Assim, eu, reencarnado no felino,
enfim, verei meu sonho de menino
juntar, pela paixão, nossos caminhos!
MERO
Quem tem poesia: o céu ou as estrelas?
Dirias ser os astros no esplendor
ou todo o manto azul, feito de amor
no simples ato seu de, ali, contê-las?!
Relembres que o poeta, trovador,
abria a sua janela só pra vê-las
e, em sua compreensão fugaz, sabê-las
nos versos em que o céu era o doador.
O fato é que a poesia não tem dono,
nem palco, nem salário, nem patrono…
Cativa-nos por livre ser em tudo!...
Eu cá, um mero poeta entre outros tantos,
ao ver estrelas, céu, sorrisos, prantos,
não posso, ante a poesia, ficar mudo!
Enquanto Houver Migalhas
Enquanto estava repousada em um banco no coração da cidade, observava atentamente um pombo que, em seus movimentos ansiosos, ciscava pelo chão à minha volta, buscando algo para se alimentar.
Sem pensar nas consequências, lancei-lhe um pedaço generoso de pão — sem hesitar, ele se aproximou, aceitando o que eu oferecia com uma gratidão imensa. Mas aquilo não foi o suficiente, pois sua fome era insaciável, ele desejava mais.
Continuei alimentando-o, até que a exaustão me tomou, e os pedaços que antes eram grandes, começaram a se reduzir, tornando-se migalhas insignificantes.
Apesar de já não ter mais o que oferecer, o pombo retornava todos os dias, em busca do que não poderia mais dar, esperando algo maior, porém apenas me calei.
Eu cansei, não quero mais sustentar uma esperança vazia, não posso continuar alimentando essa busca incessante por migalhas — por algo que deveria ser completo, mas que se contenta com tão pouco.
"CONFIES"
Te seguirei… Tu sabes! Por amor!
Qualquer que seja sempre o teu caminho!
Eu estarei, de ti, junto, pertinho,
a dividir de tudo: frio, calor…
O que estiver, de nós, em desalinho
iremos ajustar, sim, com primor,
e eu estarei presente, ao teu dispor,
te aconchegando a alma em doce ninho.
Somente por amor! Por nada mais…
Aportarei teu corpo no meu cais
o tempo que, em prazer, te refugies…
Tu sabes! Seguirei-te estrada afora
do entardecer até o romper da aurora…
Me creia, pois! Em tal paixão, confies!
"NÃO SABE"
Não sei se terei tempo! A vida é breve…
Num sopro e, tudo o mais, virou passado
deixando, o coração, desarrumado
e o que se fez por sonho, em nós, prescreve!
Talvez, do amor, não veja o resultado
pois nem toda a paixão, que o tem, se atreve
a dar continuação ao que ele escreve
ciente de que o caos o fez mudado.
Se viveremos o tempo exigido
até que o enredo se dê por cumprido
não saberemos nós momento algum…
A vida é breve, curta, passageira…
Por mais seja, a minh'alma aqui, guerreira
não sabe, do amanhã, dia nenhum!
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