Janela
Duas pessoas viajam de trem e sentam-se em janelas opostas. A que se posicionou na janela da direita esta adorando a viajem, a da esquerda esta entediada e acha maçante e monótona.(Walter Sasso - Autor dos livros "Dobra Púrpura e "Sem Denise")
O que é a espera? Um quarto vazio, uma janela aberta e uma cadeira.Um suspiro sem fim.(Walter Sasso)
Abro uma janela social e sou levado por um turbilhão. Como joaninha perdida na ventania, assim sou lançado numa ânsia coletiva pela visibilidade e validação.(Walter Sasso)
Os passarinhos cantam em minha janela, todas as manhãs, me convidando para o amanhecer, da mesma forma, que as folhas das arvores, alvoroçadas de tardezinha se movimentam e me chamam para participar, do anoitecer.
PANORAMA
A minha janela acolhe os espectros da noite
E eles cantam suas angustias
E eles dançam seus tédios
E eles se perdem em seus passos trôpegos,
Valsam suas ilusões perdidas,
Choram suas saudades
E afogam-se em arrependimentos;
Mendigam êxtases e se esvaem
Na fumaça que embaçam
A razão e a clarevidência;
Recusam-se a morrer,
Recusam-se a viver
E se entulham na madrugada
Como uma peça dantesca.
A minha janela mostra essa hemorragia
Por onde a vida se esvai,
Um panorama mórbido
Onde os loucos mergulham
E trancam suas vidas
Para todas as passagens e vias de luz...
Na janela do quarto, com o amarelo do pôr do sol que se despede em minha pele, e a ventania que trás calmaria ao sentir os cabelos a serem bagunçados no ar, me liberto.
A vida tem um interlocutor bacana, solidário e fiel, que se manifesta diariamente próximo à janela do meu quarto, logo ao amanhecer, com seu chamamento peculiar e único: ‘Bem-Te-Vi’ !
JANELA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se me dou aos teus olhos deste jeito;
se meus olhos te caçam, como vês,
não é caso de ausência do respeito
nem de ser dominado pela tez...
Tenho plena ciência dessas leis
que me vetam de todo e qualquer pleito,
conto sempre até quatro, cinco, seis,
depois levo meu sonho para o leito...
Eu te quero faz tempo; desde o dia
em que vi teu olhar que só me via
como alguém que pros olhos pouco importa...
Sei do quanto é só minha esta novela,
como sei te querer pela janela;
nunca hei de forçar a tua porta...
BLOQUEIO NO FACE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Resolvi não te achar ao abrir as janelas
da janela pro mundo e pros teus desempenhos,
teus engenhos e gritos de guerra constante
contra tudo que possa existir a favor...
Minha paz de quem sou não combina com isso,
porque meu compromisso é de passos pra frente,
meu olhar sobre o mundo é de alguma esperança
e me cansa esse pé que não sai do passado...
Deletei o teu ódio de risos e flores,
tua mágoa de amores e tudo que brilha
e teu vício de sombras; de ranger de dentes...
Decidi que não vivo pra morrer de medo
de mostrar este medo que tenho do escuro;
quero ter um futuro sem sangue nos olhos...
JANELA DE AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Somos mais do que flanco entre nossas vontades;
do que margens opostas nos dizem que somos;
temos nossas verdades atadas por sonhos
ou de sonhos tecemos a ponte pra nós...
O amor que sentimos tem asas potentes;
é a mágica, o truque, o encanto exercido;
nossos dentes nos pescam no rio do tempo
que deságua nas ondas do nosso querer...
Eu te caço e me caças com fogo nos olhos,
com a pele grudada na grelha do instinto,
vinho tinto na carne tremendo entre a mão...
Entre vozes uivantes nos temos em nós;
nossa foz vai ao chão, engravida o vazio
e acende o pavio para novo incêndio...
Os ventos do dia
seguinte que
estão a refrescar,
Não chegam
até o General
porque janela
na cela não há.
Em relação
a justiça não
é diferente:
Ele se encontra
há mais de um
ano e meio
sem audiência
preliminar,
Tendo sido preso
no meio de uma
reunião pacífica.
Repito para que
ninguém mais
venha outra
história inventar,
Ou da imagem
dele se aproveitar
como um famoso
laureado ainda
insiste um falso
positivo plantar.
O General é inocente,
e não adianta
a cantilena
contra ele insistir
em espalhar,
A cada sílaba maldita,
surgirá um
novo poema
para o mal atrapalhar.
A cela do General
que está preso
injustamente
não tem janela,
não deixam
entrar ventilador
e lá está
quente como
a Amazônia
ardente pelo
fogo destruidor;
é um claro sinal
de que se estende
o quê é um horror,
e ele segue sem
acesso ao devido
processo legal.
Estranhos
estes tempos
modernos
estranhos,...
Abrem
e fecham
as asas
do condor.
Ah, Colômbia!
Não preciso nem
entrar em detalhes,
A tua política
perdeu o andor
desde o dia
que iniciou
a fazer
a Pátria Grande
conflitante.
Posso até vir
perdoar as
heranças dos
maus hábitos
oligarcas,
porque perdoar
é cristão,
mas o tempo
e a história
são diferentes:
ele(s) não.
Rodeio na Janela
Rodeio na janela
da minha casa
concede a beleza
que poucos
podem ter na vida:
as flores do tempo
mudam de cor
e o verde com todo
o seu esplendor
os meus olhos brinda.
Rodeio na janela
flórea cidade
do Médio Vale do Itajaí,
tenho muito
para agradecer a ti.
Rodeio na janela
escreve a minha
poesia dos dias,
e traz toda a poesia
da Santa e Bela Catarina.
Ainda que distante Órion
apareceu na janela,
Não esqueci do que é bom
para manter a nossa
chama do amor acesa,
Embriagante aroma
de narciso quero me perder;
E hei de encontrar contigo
de tal maneira que eu
esqueça o meu próprio nome
e não recorde a rota
de regresso por onde vim,
Desde o primeiro dia que te vi
além da poesia o escolhi para mim.
Com você enlaçado
na minha cintura,
Muitas Azulzinhas
na jardineira da janela,
As estrelas e a Lua
em serenata romântica
celebrando o amor,
É algo que venho
querendo, escrevendo
É prevendo o teu desejo,
é o famoso eu quero,
e sei que você por
mim continua querendo.
A Araruva diante da vista
que vejo da minha janela
me traz alegria e poesia,
Agora só me falta mesmo
é a sua doce companhia.
O Matracão pousou na janela,
eu posei em pleno poema
para quem de mim não
se esqueça e para o nosso
amor na vida você se renda.
Uma de Noivinha-de-rabo-preto
pouso na minha janela,
Resolvi escrever um poema
para perder o medo de amar
e assim pouco a pouco
vou abrir a porta do coração
para o teu amor entrar e ficar.
Vestida de aurora multicor
a tarde pairou majestosa
sobre a divina vista da janela
que permitiu ver a encantadora
Brasilaelia xanthina em flor,
Apreciando a cena silenciosa
ainda um pouco mais
ambiciosa desejei as tuas mãos entrelaçadas com as minhas,
entrega e trocas de delícias;
Se na vida isso não é poesia,
não consigo chamar por outro
nome que não seja o seu que
é chama crescente que nem
mesmo o tempo consome,
Não precisa falar nada porque
tenho certeza que você é meu.
