Invisível
Talvez a morte seja um passarinho invisível
que repudia a dor; então desata a matéria da alma
e a leva consigo num voo sem sentido reverso.
Ser Mãe
Ser mãe é revelar o invisível,
é encontrar o que ainda não se sabe,
é se realizar em outra vida —
e se doar, inteira.
Ser mãe é imaginar caminhos,
desvendar silêncios,
é se humanizar nas pequenas dores
e se transformar nas grandes alegrias.
Ser mãe é amparar no cansaço,
é transcender o medo,
é permanecer — mesmo quando tudo muda.
Ser mãe é paciência que não cansa,
perseverança que insiste,
é cuidado constante,
lado a lado, passo a passo.
Ser mãe é verbo,
é entrega,
é amor que não se mede.
Feliz Dia das Mães!
“Quando você aceitar o invisível e permitir-se segurar suas mãos, perceberá que a lealdade existe. Isso não é loucura, é a mais pura realidade presente.”
A Liberdade do Não-Destino
Só é livre quem não tem destino.
Liberdade é um fio invisível que o vento esquece de soprar,
quase brisa, quase nada.
Um voo de borboleta que não tem pressa de chegar,
basta o traço que corta o ar e some.
Só é livre quem não tem destino.
Quem não guarda os passos no chão como se fosse um mapa,
quem olha o céu sem querer achar respostas.
Quem escuta as palavras, mas não as quer traduzir.
Quem troca a certeza pelo talvez,
quem não se encaixa na jaula do exato.
Liberdade sem amarras é pleonasmo.
Só é livre quem não tem destino.
Quem, perdido, inventa um caminho,
e, ao inventar, encontra algo novo —
não o que procurava,
mas o que nunca imaginou que pudesse ser achado.
Ciclos Invisíveis
Há um laço invisível que prende a mente,
No hábito que volta, insistente e persistente.
A alma deseja um novo amanhecer,
Mas o costume insiste em não ceder.
São correntes forjadas no tempo vivido,
Nos gestos automáticos, no passo perdido.
O que faz mal, torna-se abrigo,
Mesmo sendo espinho, mesmo sendo castigo.
A mudança sussurra, pede coragem,
Mas o medo esconde sua imagem.
Perseverar é batalha, é chão a sangrar,
É cair mil vezes e continuar.
Gatilhos disparados na mente cansada,
Que repete a dor, já acostumada.
A fuga não é falta de querer,
É o corpo lutando para sobreviver.
Mas há luz na esquina da decisão,
Na força que nasce da introspecção.
Entender o porquê, decifrar o sentir,
É o primeiro passo para se redescobrir.
Mudar não é simples, nem fácil se faz,
Mas a coragem nunca fica para trás.
Quem persiste, aprende, insiste em tentar,
E um novo hábito começa a brotar.
A mente é um jardim que precisa de ação,
De cuidado, de força, de determinação.
Quem enfrenta a dor e rompe o padrão,
Descobre o poder que há no coração.
Assim, o ciclo um dia se desfaz,
E a paz renasce, serena e audaz.
Pois o que define a verdadeira mudança,
É a fé que resiste, é a esperança.
Não é o tempo que cura, mas a decisão,
De lutar por si, de ouvir a razão.
Afinal, somos o que escolhemos ser,
E há sempre um novo modo de viver.
O trabalhador é o escultor invisível da história — seu suor molda o mundo que os políticos e os poderosos fingem ter criado.
O JARDINEIRO DO INVISÍVEL
Ninguém se torna poeta — o poeta é aquele a quem o silêncio escolheu como altar.
Não foi chamado por glória, mas ferido pelo mistério. Carrega no peito uma fenda invisível,
onde o mundo sussurra com voz de vento e de ausência.
Dentro dele dorme um vulcão que não ruge, mas ora — e cada brasa calada acende sentidos nas margens do indizível.
Não traz o fogo para incendiar — traz uma bússola trêmula, feita de dor decantada, contemplação e entrega.
Ser poeta não é declarar-se ao mundo — é desaparecer aos poucos em palavras que brotaram do exílio da alma,
como se cada verso fosse uma oração plantada no deserto.
Ao fim, o poeta é o jardineiro do invisível — aquele que sangra em silêncio, todos os dias,
para que outros vislumbrem, mesmo que por um instante, o caminho no turbulento escuro.
O FARDO INVISÍVEL
Ele acordou cedo, como fazia todos os dias. Espreguiçou-se devagar, sentindo o peso do mundo nas costas, ainda que seus ombros não mostrassem sinais visíveis de cansaço. Vestiu-se com cuidado, ajustando a gravata como quem prepara uma armadura para enfrentar as batalhas diárias.
No autocarro, entre o som dos motores e o burburinho das conversas, seu olhar fixava-se em nada. Era como se contemplasse um outro lugar, uma realidade paralela onde pudesse, finalmente, libertar-se do peso que carregava no peito. Mas, como sempre, ele apenas suspirava e voltava ao presente, deixando aquele mundo imaginário para trás.
No trabalho, era uma figura impecável: educado, eficiente, sempre com uma resposta pronta. Os colegas o admiravam pela calma e pela forma como parecia estar acima de qualquer problema. “Como você consegue ser tão tranquilo?”, perguntavam. Ele sorria, um sorriso discreto, que escondia o que ninguém conseguia ver.
À noite, no retorno para casa, o fardo parecia mais pesado. O silêncio da sala vazia, a luz fraca do abajur e os ecos de pensamentos represados o acompanhavam como uma sombra. Às vezes, ele queria falar. Queria abrir a boca e dizer: "Estou cansado, tenho medo, não sei se vou conseguir." Mas as palavras se perdiam, engolidas por uma voz interna que lhe dizia que ninguém entenderia.
O que ele carregava? Não sabia dizer. Talvez fossem os sonhos não realizados, as culpas que nunca confessou, os medos que não ousava encarar. Era o peso de ser quem era, ou talvez quem esperavam que ele fosse.
Assim seguia ele, como muitos outros, carregando um fardo invisível. Um peso que não se mede, não se toca, mas que está sempre ali, escondido no sorriso, no olhar distante, no silêncio das noites solitárias.
E enquanto a cidade dormia, ele se perguntava: quantos mais caminhavam ao seu lado, carregando fardos que nunca confessaram? Quantos suportavam o peso da vida com a mesma coragem silenciosa, sem nunca pedir ajuda?
Ele nunca teve uma resposta. Talvez ninguém tenha.
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