Interacao Social
Os tiros que me chegam vindos do morro me remetem a questionar o porque de tanta violência. Ainda que não justifique, consigo entender que para o indivíduo condenado à perene pobreza não deve ser fácil aceitar que alguns tenham tudo, e outros tantos precisem passar uma vida inteira para ter pouco mais do que nada. Minha lógica me diz que é bem mais fácil entender miseráveis roubando de ricos do que milionários roubando o pouco que o pobre consegue apenas porque o muito que têm ainda não é o bastante para o tamanho de sua ganância.
Que incompetência a minha...
Que incompetência a minha ter nascido num berço de madeira.
Que incompetência a minha ter roubado do peito uma mamadeira.
Que incompetência a minha ser morrida de rasteira.
Que incompetência a minha não ser herdeira.
Havia um miúdinho,
sem nome nem passado,
nu, esquecido,
andava sozinho pela rua,
escaldante de tão gelada,
como sombra sem dono.
Tinha um corpo
feito de cortes e pedras,
parecia ter sido mastigado
por calçadas com dentes.
Era um pobre coitado,
seguido sempre
por um cão magro,
tão sofrido,
igual a ele.
Sentavam-se no pedregulho duro
à espera de um fim.
O miúdo, paciente,
esperava que o cão partisse,
descansasse no reino dos cães,
para então poder matá-la —
a fome.
O cão, por sua vez,
até aprendera a contar horas,
de tanto esperar que o miúdo,
vermelho de dor,
fechasse os olhos
e dormisse de vez.
Assim, ele saciaria a fome
com lógica cruel,
mas destino cego.
O cão não ladrava,
e não sabia truques,
era inútil.
O miúdo, por sua vez,
também não sabia nada,
nada lhe ensinaram.
Era inocente,
imprestável,
invisível ao mundo.
Ambos só serviam um ao outro,
à ninguém mais.
Certo momento...
o miúdo, já derrotado,
deitou a cabeça no granito
para poder descansar o seu corpo cansado,
o cão, desesperado,
cravou como os seus dentes podres
no peito nu do miúdo,
com dó e piedade,
pois isso ainda lhe restava.
Mas morreu também,
porque o miúdo,
coitado,
não tinha carne sequer
para alimentar um cão.
Joãozinho
Tadinho,
Tão anão,
E já se meteu em confusão.
Joãozinho não sabia falar, nem dançar,
Só sabia chorar,
E a mãe, pobrezinha,
Só ouvia, sem saber o que fazer.
Joãozinho não sabia ler, nem escrever,
Mas, sem perceber,
Não pôde nem aprender.
Joãozinho nem sabia o que era “poder”,
Mas não teve tempo de aprender,
Pois os homens fardados,
Não quiseram deixar-lhe saber.
Joãozinho nem sabia o que era um canhão,
nem quem tinha razão,
Mas sem querer,
morreu sem saber.
Tem sempre alguém cruzando nossos caminhos e transformando nossas vidas, somos estes predestinados a algo.
É TEMPORÁRIO
A efemeridade da vida
sempre nos chama,
traz inquietude e convida
a nos confrontarmos com um drama:
tudo passa, o tempo voa,
a mudança é permanente
e todo evento ruim
pode trazer experiência boa.
Não é imaturidade pueril
nem traço de esperança,
é raciocínio maduro e coração de criança.
Sem controle de itinerário,
sigamos a viagem isolados,
com a certeza de que é temporário.
O fato de alguém superar as desigualdades sociais impostas pela sociedade brasileira não implica que todos poderão conseguir, nem invalida a omissão do estado brasileiro no combate a pobreza.
É necessário muita maturidade e grandeza para se alegrar com a conquista do outro. Por isso, não espere muito dos medíocres. A inveja é tudo o que podem oferecer.
Há uma grande dificuldade em fazer críticas à elite econômica do país, pela falta de uma distribuição mais justa da renda, porque aquela pessoa que tem um carro popular financiado em cinco anos, que paga o financiamento em trinta anos de um apartamento de no máximo 40 m2, que tem um plano de saúde que não lhe dá quase direito a nada além de internação nas enfermarias de poucos hospitais e que trabalha como PJ (sem direito trabalhistas), mas cumprindo uma jornada estabelecida pela "tomadora de seus serviços", essa pessoa acha que faz parte da "elite" e que as críticas são para ela também.
Então, esta pessoa defende com unhas e dentes privilégios que ela pensa serem seus, mas que não são ou então os defende mesmo sabendo que não são seus, na esperança de que um dia possam ser, mas se esquece que vivemos em uma sociedade onde poucos têm a oportunidade de ascenderem socialmente justamente porque aqueles verdadeiramente privilegiados não abrem mão do que têm para, quem sabe, diminuirmos a desigualdade social.
É um círculo vicioso mantido pela falta de consciência de classe de uns e a falta de empatia de outros.
Não criem expectativas, sou um idiota! Acontece que às vezes as conexões do meu cérebro funcionam, aí, falo coisas interessantes.
"A humanidade tem o instinto de sobrevivência, porém o egoísmo por muitas vezes impera nas decisões."
Karl Marx desenvolveu uma teoria sobre a liberdade, baseava-se na liberdade de comprar e vender, sendo assim , a desigualdade não é apenas econômica, mas também cultural, de fato se você não é livre para comprar e vender, você não está inserido diretamente nas relações sociais e só tem direito ás sobras.
Aquele que se elevar acima da montanha estará em condições de entender essa grande transformação social que passa a humanidade.
A ternura incondicional ao diferente sem julgamento, é sempre o maior ato de coragem exercido em vida na plenitude do amor.
Será que alguém vai lembra daquela garota que ficava encostada na grade da escola, sozinha, como todos os dias, até o último dia de aula, você quer mesmo a resposta? (Ninguém nem sabia que você existia)
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