Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

O amor Ă© certo, o Ăłdio Ă© errado e o resto Ă© uma montanha de outros sentimentos, uma solidĂŁo gigantesca, muita confusĂŁo, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgĂȘncias sexuais que nĂŁo se adaptam as regras do bom comportamento.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Coisas da Vida. Porto Alegre: L&PM, 2009.

Nota: Trecho da crĂŽnica "Todo o resto"

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Quem vive de migalhas sĂŁo pombos e ratos.
Eu quero o amor inteiro!

Amor e Ódio

Tema antigo. Ainda e sempre, ódio e amor, andam juntos através da facilidade através da qual o amor que não encontra resposta apodrece e vira veneno. O que salva e o que eleva é constituído da mesma matéria que fermenta, apodrece e mata.

Qual serĂĄ a quĂ­mica explicativa da transformação sĂșbita do que era busca, procura, sentimento de proteção e dedicação em imediata deterioração e Ăłdio?

A quĂ­mica da transformação do afeto em raiva e da raiva em ação destrutiva, ainda nĂŁo foi medida por nenhum laboratĂłrio da ciĂȘncia. Apenas pela literatura e pela dramaturgia. Ou pelo jornalismo diariamente a espelhar os casos de amor terminados com a destruição de uma das partes.

A psicanålise também examina a questão. E com profundidade. Para ela, o mecanismo de auto destruição ou de destruição do próximo, jå estava presente quando as pessoas resolveram se gostar. O mecanismo destrutivo estå, jå presente, quando as pessoas fazem o que supÔem ser uma escolha livre. Não é escolha, diz a psicanålise: é o atendimento de uma pulsão inconsciente que faz adivinhar no parceiro as condiçÔes para o exercício dos impulsos mais fundos de destruição: ou a própria ou a do outro. Assim diz a psicanålise. Mas a questão continua de pé.

Se era amor, se era tanto, por que, diante da frustração ou da recusa de reciprocidade ele tem que virar ódio?

Se Ă© amor nĂŁo pode nunca ser Ăłdio, proclamarĂŁo em coro os humanistas e os cristĂŁos. NĂŁo era amor!

Quem ama e Ă© rejeitado tem o impulso de Ăłdio e de destruição. É esse impulso (que Ă s vezes pode durar apenas um segundo) que essas histĂłrias populares percebem e ampliam, traduzindo-o numa ação demorada, complexa, planejada, urdida. O pĂșblico adere porque aĂ­ encontra a forma mais simples de ver-se ainda que atravĂ©s do outro; como na dramaturgia e na literatura.

Quem for capaz de conhecer o prĂłprio impulso de Ăłdio poderĂĄ talvez aplacĂĄ-lo, ou diminuir o seu efeito destrutivo.

Quem for capaz de controlar o próprio impulso de ódio talvez até aproveite a energia que estå dentro dele (como nas forças da natureza) canalizando-a para obras e açÔes criadoras e positivas.

Quem for capaz de dirigir o próprio impulso de ódio, talvez despeje a força dele numa atividade artística ou empresarial, desviando-a do objeto amado passível de ser destruído.

Tudo bem. MagnĂ­fico que assim se faça, conforme o caso e conforme a pessoa! TerapĂȘuticas e religiĂ”es (no fundo parecidas) aĂ­ estĂŁo a mostrar o sentido Ă©tico da vida e a importĂąncia de transformar a falibilidade e fraqueza humanas em objeto de meditação e de aprimoramento.

A vida sem amor nĂŁo tem razĂŁo.

O blando Ă© muito mais forte que o duro. A ĂĄgua Ă© mais forte que a roca, o amor Ă© mais forte que a violĂȘncia.

O “garoto perfeito” nĂŁo vai simplesmente cair do cĂ©u e se apaixonar por vocĂȘ. O nome Ă© amor, nĂŁo milagre.

Ela perguntou onde dorme o amor: lençol, cobertor que aquece o colchão.
Mas faltou dizer que, se preciso for, o amor deita no chĂŁo.

Vi que sem vocĂȘ nĂŁo hĂĄ caminho,
eu nĂŁo me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim como
eu sonhei um dia
Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho mais calma,
mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção se fez mais clara e mais sentida

Intuição do amor

Por nĂŁo saber de vocĂȘ,
por intuição ou exclusão,
te adivinho, te busco nas minhas memĂłrias,
e te encontro nos sonhos mais loucos,
nos desejos nĂŁo revelados,
os mais desejados


Apenas te busco,
assim, sem posse, sem querer ter,
apenas me largar em teus braços,
e no meio desse abraço envolvente,
ser, estar e conviver.

Dividir o amor sem querer acertar na conta,
nĂŁo quero saber da razĂŁo,
quero conjugar com vocĂȘ,
o verbo permanecer.

No emaranhado dos pensamentos,
no calor dessa noite que nĂŁo queremos que termine,
eu me distraio, viajo em sonhos rĂĄpidos,
vejo o mundo azul, o mar sereno.

O meu peito sem ansiedade,
reflete esse momento
e sinto paz


EntĂŁo,
contemplo o tempo do amor,
sem pressa, sem medo,
por pura intuição.

Olho para o seu rosto,
me distraio e concluo;
viver esse momento com simplicidade,
Ă© um jeito de reafirmar;
que acredito no amor.
Uma maneira de dizer:
eu te amo!

O Amor depura os pensamentos e engrandece o coração.

E quando notou que aceitava em pleno o amor, sua alegria foi tão grande que o coração lhe batia por todo o corpo, parecia-lhe que mil coraçÔes batiam-lhe nas profundezas de sua pessoa.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

O amor começa aqui
no contrĂĄrio que hĂĄ em mim,
pois a sombra sĂł existe
quando brilha alguma luz.

O verdadeiro caminho da sabedoria pode se identificar por apenas trĂȘs coisas: precisa ter amor, deve ser prĂĄtico e pode ser trilhado por qualquer um.

Ele: Meu amor, se eu morrer, vocĂȘ vai ficar muito triste?
Ela: Claro, meu anjo! Nem penso nisso. Eu nĂŁo conseguiria mais viver... Mas por que vocĂȘ perguntou isso?!
Ele: Por que se Ă© assim, ainda que aconteça algo terrĂ­vel, que eu entre atĂ© em coma profundo, eu te prometo que vou lutar com todas as forças para nĂŁo morrer primeiro que vocĂȘ...

Um pequeno gesto de fraternidade e amor
vale muito mais que uma grande ação de ódio e destruição.

"Apesar de nos sentirmos incapazes de mudar o que estĂĄ errado na gente e no mundo, o Amor ainda Ă© mais forte, e nos ajudarĂĄ a crescer."

Amor Ă© quando vocĂȘ sabe tintim por tintim as razĂ”es que impedem o seu relacionamento de dar certo,
Ă© quando vocĂȘ tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, Ă© quando vocĂȘ nĂŁo tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda nĂŁo impede de fazĂȘ-lo chorar escondido quando ouve uma mĂșsica careta que lembra os seus 14 anos, quando vocĂȘ acreditava em milagres. Tudo isso pode parecer uma grande dor, mas Ă© uma grande dĂĄdiva, porque a existĂȘncia do amor estĂĄ toda hora sendo lembrada. Dor Ă© quando a gente estĂĄ numa relação tĂŁo fĂĄcil, tĂŁo automĂĄtica, tĂŁo prĂĄtica e funcional que a gente atĂ© esquece que tambĂ©m Ă© amor.

Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação (...)?

EntĂŁo, seguro dĂȘsse amor, deixou de se constranger e, insensivelmente, suas maneiras mudaram. NĂŁo tinha mais, como antes, aquelas palavras tĂŁo doces que a faziam chorar, nem aquelas carĂ­cias ardentes que a tornavam doida; de modo que o seu grande amor, em que ela vivia imersa, pareceu diminiur sob ela, como a ĂĄgua de um rio, absorvida pelo seu leito.