Grito do Silêncio
Quando o silêncio precisa do grito!
Supreendentemente, antagônicas, mas iguais.
A casa estava criticamente suja. A da mente e a que eu vivo. A interna e a externa. Precisava de uma faxina. Eu estava muito nervosa. A casa suja me deixa fora de mim e aí suja a minha mente.
Eu não queria perder o meu sábado nervosa. Eu precisava faxinar.
Mas confesso que eu não sabia como e já já as crianças levantariam.
Eu levantei cedo. Coloquei um fone de ouvido. Liguei uma música na altura máxima e fiquei no meu silêncio.
A música estava muito alta, ela falava dentro do meu íntimo como se todas as palavras fossem enfiadas dentro do meu ouvido. Mas eu sentia que estava em silêncio, um silêncio que não consigo explicar. Eu não ouvia vozes de ninguém. Só a minha interna. Mas tinha música.
Vi quando começaram a levantar as pessoas da casa.
Não ouvi bom dia. Só vi que mexia os lábios. Não respondi. Eu queria silêncio. Eu estava em silêncio.
Eles entenderam. Mamãe nervosa, casa suja.
Enquanto isso parecia que o silêncio brotava de dentro de mim. Eu chorei. Uma mistura de choro de nervo, tristeza e alegria.
As lágrimas que brotaram do meu silêncio se misturavam com a água da limpeza. O nervo estava indo embora.
Meu marido me abraçou e disse “eu estou tentando!”.
Chorei de novo.
Terminei a faxina. Casa limpa. A da mente e a que eu vivo.
Aí parei aqui para ler as mensagens que chegaram desde a manhã. Vi a mensagem do silêncio e resolvi compartilhar a minha que acabou de brotar.
Obrigada por tudo!
Palavras do silêncio, quem dera ser o silêncio do amor, talvez seja...
Ou apenas seja o grito da existência?num instante, a saudade dura uma eternidade, a vida é curta ou longa de mais? A cada minuto me pergunto mais... São dúvidas da mente ou do coração? Mente vazia, oficina da Solidão....
Entre a liberdade do grito
E a proteção do silêncio
Confesso que ainda busco
A terceira via, onde talvez
Os dois se cruzem
Cala o teu grito exibido no meu silêncio temporário ruidoso. E sinta que até mesmo no teu grito calado o tempo do meu silêncio exposto será sempre curto.
Jota Cê
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Um grito de Elis
De repente a explosão do pranto
Um alívio, um acalanto
E o silêncio acordou os monstros
Adormecidos na contida revolta
Nem o ar quer suas palavras
que nada dizem, sufocam o nada
Redemoinho de letras
alfabeto torto, o vento devolve as letras paradas
A mistura de tudo
cabeça atrapalhada
Pessoa oculta e me revela ainda mais
Vinícius faz do riso o pranto
Neruda implora o mesmo riso
Quintana avisa sobre os monstros
No meio da poesia torta
entrelaçada nos caminhos sem fim
Um novo dia, a utopia
O amor que eu quis
As pedras, o fim do caminho
Um grito de Elis
O silêncio sucumbe o grito da alma...
Embebeda-se em lagrimas, ecoando o soluço da esperança adormecida.
Desperta do encantamento, mantendo cativo o sonho da felicidade...
Entregue a indiferença, só resta acreditar em Deus....
Na batalha contra o “eu” a realidade, silencia o coração...
Sentimentos machucados, sonhos desfeitos, canções perdidas...
Tudo se desfez para dar lugar ao novo...
Como um general implacável o destino muda os planos...
A razão entristece o espírito, tirando de cena a sensibilidade do momento...
Desatam-se os laços terrenos, para dar vazão ao desejo da alma...
Eis que tudo se refaz... Indiferente a manifestação do tempo...
Aprisionado em outra dimensão o sofrimento transforma-se em graça...
Livre das algemas do mundo as almas fundem-se formando a eterna aliança do amor...
Angustiado bradei
Gritei ao infinito
O silêncio acolheu meu grito
Em nada-ali me tornei
Expressando-me em silêncio
Em suave calma me calei
Ante à imensidade do nada.
Angustiado bradei meu brado
Ao infinito gritei meu grito
Que o silêncio acolheu
Sendo então o nada-ali
Resignadamente me calei
Noite escura, vento frio, em meio ao silêncio um grito, um grito de dor de quem assiste a morte de sua amada, um
grito de desespero que anuncia uma saudade que nunca mais se cessará, o despedir da luz que havia nos olhos dela, a
luz que não mais se acenderá pela manhã, ao despertar da aurora, me sinto agora como este grito, grito alto, sem
força, desesperado, grito que implora pelo não, não ao adeus, implora em vão, quebra o silêncio que antes era quebrado pela batida do coração dela, grito alto que logo perde força, perde fôlego, e faz reinar o silêncio,
silêncio que sufoca, desespero para dar mais um grito, impotência, não mais adianta gritar, o tempo que havia para dizer a ela o quanto era amada acabou, tudo o que eu queria, dizer te amo, ouvir que sou amado, mas o tempo acabou, o adeus é a morte desta noite, vivemos nossas vidas sem ter aproveitado a oportunidade, que noção eu posso ter da vida se escrevo sobre a morte antes que ela aconteça? Eu respondo, você prefere esperar que esta noite chegue, ou dizer que me ama hoje, não penso em haver o amanhã, pois incerta é a certeza do Sol despertar os pássaros amanhã novamente. Ainda existe um pouco de tempo, ainda é hoje, enquanto o sino da torre não badalar 12 vezes, ainda será hoje, então espero o que o silêncio em sua boca seja quebrado agora, por uma única frase...
Socorro...
Seria apenas um grito
Ou mesmo um alarme
Contrastando com o silêncio
Oco deste dia sem sol
Rasgaria o espaço
Romperia a alma fria
Onde já não mora a calma.
Seria apenas um brado
Onde o som se faria calmo
Como a crua realidade
Onde o espaço se encheria
Ruminando triste a imensidão do tempo
Rompendo o pranto
Ora já tão envelhecido
Será sempre um pedido desesperado
Onírico, estranho, desafinado
Como o gemido de um animal acuado
Olhando em volta uma saída
Reagir, quem sabe resolvesse?
Derrubar as barreiras deste gelo seco
Onde a cada instante desfigura a forma.
