Fado
TALVEZ
Se no agrado do fado não puder te sentir
E se na prosa não acontecer aquele laço
Aquela emoção afável não mais existir
No amor, no afeto, no calor do abraço
E se não estiver junto aquele doce olhar
Sentir o desejo das magias enamoradas
E dos tão ardentes beijos a nos acalorar
Então, seremos recordações imaculadas
E, que seja breve se não puder me levar
Que leve minha poética na tua sensação
Suspirada da minha emoção, pra lhe dar...
E, se assim não puder, que seja singular
E me leve na nostalgia de o teu coração
Cá te terei na saudade, que quis te amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 setembro, 2021, 12’47” – Araguari, MG
BENEFÍCIO
Resta-me compactuar com o mando do fado
Aceitar o que fadou pra mim, e então, assim,
Pouco a pouco outra sensação, cá no cerrado
Pois, a história de retornar, a dor é de festim
E, quantas venturas, emoções, num perdido
Da Cidade Maravilhosa silêncios tristonhos
Aperta e chora o peito, de um tempo partido
Pois, em cada saudade há pedaços de sonhos
E o meu poetar vagueia no revés eleito, feito
Vai despregando cada um dos secos espinhos
Deixando o sentimento planeado de bom jeito
Eu rogo a Deus que me permita mais existir
Fui mais, e muito mais tenho nos caminhos
Se passou, passou. Na gratidão quero sorrir...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27/09/2021, 09’55’ – Araguari, MG
UM FADO, POIS ENTÃO
Se, pois, então, és recordação
Uma ilusão que saudade gera
Lá por estar fundo no coração
O silêncio é bem o que ulcera
E essa sensação tão profunda
Não perece com a primavera
Dor que faz a prosa moribunda
Tristura que sempre se espera
E, eu sem amansar essa severa
Angústia, que me faz diminuto
Ao lado onde a sonho degenera
Fico a cada minuto a me abastar
Do teu nome, em um verso bruto
De um fado, pois então, a cantar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18’08”, 16/10/2021 – Araguari, MG
PORTA-VOZ
Cada naco do fado de que eu vivi
Resumido, desvairado e disperso
Suspirei, chorei, contentei e senti
E tudo o mais sussurado no verso
Amei, dos não amores sobrevivi
Em um trovar poético e diverso
Alguns com exatidão os escrevi
Amoroso, na imaginação imerso
Tudo passa, fugaz e tão fecundo
Poesia é vida e vive eternamente
E não é minúscula e ou teoremas
Tende. Intui. No inspirado segundo
Em cada sensação ali está presente
Deixo de porta-voz, os meus poemas
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021, 20’07” – Araguari, MG
ENTRELINHAS
Se o ledor pudesse ler as entrelinhas da poesia
Minha, que cada surpresa do fado me reservou
Entenderia os suspiros, a dor e toda a antinomia
Dos versos agridoces, que no meu versar chorou
A desdita está em cada poética, tanta a agonia
Imbuídas naqueles perdidos sonhos que sonhou
Cada desejo, num gesto que não era de alegria
E sim, apertos no peito, que o causar idealizou
Poeto sentimento, o sentimento inteiramente
E nunca indiferente, e tão pouco eternamente
Devaneio, amo, idealizo, busco ir sempre além...
Porém, do calvário não se pode ficar sem nada
Cada qual com seu traçado e com a sua estrada
Tudo passa! E do destino aquele servo e refém!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 agosto, 2022, 20’22’ – Araguari, MG
EM CURSO
Nosso fado é uma poesia inacabada
Uma sedução de pluralidade na vida
Rimas indefinidas e epopeia velada
Arrematada de chegada e de partida
Nos inspiramos a cada uma alvorada
Em cada poética há palavra incontida
Cheia de sentimento, contos de fada
Ou não, talvez, uma cadência ferida
É a narrativa do tempo num existir
A estória num sentido inteiramente
Mesmo que não saibamos, sentir...
E tudo é breve, prosápia, vai tendo
Quanto caso tem em uma saudade
Quanto drama em cada odes sendo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 setembro, 2022, 15’17” – Araguari, MG
Passa
o tempo por nós passa
passa o ser sem tempo
num delírio e arruaça
o fado sem passatempo
o futuro
longe ou perto
fácil ou duro
sempre incerto
e tudo passa
mágoas passam
a perda a caça
pessoas passam
é ventura é pura graça
a existência é oblação
a vida passa...
Luciano Spagnol
Arca
O fado é epílogo da saudade
Na sua rapidez, tudo passa
Amores, dores, rumores, fugacidade
Desenhando no rosto marca
Traçando na memória diversidade
Na vida fazendo fuzarca
Na alma bagagem e fertilidade
Passo a passo erigindo nossa arca...
Um dia a gente acorda, olha no retrovisor do fado, e vê que a distância é proporcional ao tempo. Aí você levanta e vê que o epítome nunca pode ser um passatempo.
Lá vou eu com a saudade na mão
Sendo levado ao sabor do fado
Respingando as lembranças pelo chão
Triste tormento este suspiro calado
Sorte
Nos sulcados do cerrado
Deslizam linhas do meu fado
Enrugadas, ressequidas
Nos devaneios perdidas
E de tão solitários dias
Mastigando os fardos,
em poesias.
São trilhas tão plangentes
De passos tão descrentes.
E desde então, caminho
Poetando, descalço e sozinho...
Luciano Spagnol
23/05/2016, 22'46"
Cerrado goiano
L4
Como no cerrado de folhas enrugadas
Também o fado está todo amarfanhado
Os sonhos de sabor árido e olhar calado
Vê-se o coração arriado nas quebradas
Em mim, as lágrimas, saudade, enfado
Das tristuras nas imperfeições grifadas
E o amor com insônias nas madrugadas
Vergando devaneios sem nenhum aliado
Que seja a afeição eloquências poetadas
Pelo arauto do amor em verso apaixonado
Implorando paixão nas rimas enamoradas
Assim, escrevendo um destino desejado
De dimensões afins as almas iluminadas
Pra no ponto final ter desfecho apaixonado
Luciano Spagnol
06 de junho, 2016
Cerrado goiano
SABER
Talvez sonho, que de ti eu soubesse
Que no fado no cerrado aqui estaria
Pois na vida o escrito tem o seu dia
E não adianta querer outro na prece
Contudo, o fato é que se envelhece
Um logro, pois envelhecer não devia
Cria-se ausência, e a casa fica vazia
Quando da parceria mais se apetece
E se perde o entusiasmo da alegria
Sozinho, a saudade não nos aquece
A atitude só quer estar na nostalgia
No certo, paga-se o preço, e agradece
São as prendas de se obter a sabedoria
Saber, dá alforria e harmonia nos oferece
Luciano Spagnol
21 de junho, 2016
Cerrado goiano
ERROS
Meus erros, o fado e seus enganos
Má ventura, estão no meu legado
Numa perdição, no destino calado
Onde a sorte, bastava, ser planos
E na dor, as lágrimas, estive culpado
Tentei no querer, ter bons atos ufanos
Mas a vida, no acaso, teve olhos tiranos
E neste infortúnio cascalhou o passado
Errei todo o traçado dos meus anos
Cosi do avesso ao invés de adornado
Os valimentos os concederei profanos
Na admiração não tive o tal agrado
Os amores, sobejaram os insanos
E agora na rudeza eu sou castigado
Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano
Que vá [...]
Que o fado me conduza no saber
e assim, então me faça entender
que o bem não está em todos
e também, nem todo abraço
no amor é laço...
CORTEJO
De que vale evitar a morte, indesejada
Se para o silêncio do chão é o fado
Pois, o que parte, no óbito é calçado
E com solidão a personagem é levada
Com que cortejo desfilar no cerrado
Se o culto deveria estar na jornada
No forrar o cascalho da árida estrada
E não suspiros ao morto derramado
Que importância terá a vida finalizada
Se o elo no amor, então, não foi selado
E tão pouco, a vida, daquele, foi amada
Pra nada adianta ter tarde vazio agrado
Se de volta ao pó, a alma é consagrada
Deixe as rosas de lado, e avance calado
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
TOLICES
Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices
Não tenhas pelo juízo descaso
só bons intuitos trazem ledices
pois futilidades são só sonsices
e na vida se tem um curto prazo
Sê sensato, saia das mesmices
não gaste o tempo criando caso
nem tão pouco com tagarelices
Tudo é precioso, e o mérito é raso
pra desperdiçar com parlapatices
pois o banal pode virar compraso
Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano
Não se atenhas nas vãs tolices
onde o valor é de mero acaso
e que no fado imprime atraso
e na lucidez pascácias burrices
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
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