Escrevo o que Sinto
Escrevo o que nenhum poeta buscou e nenhum filósofo nomeou, porque penso no espaço entre o que existe e o que ainda não foi imaginado.
Já não escrevo como antes.
Esta metamorfose é notória demais.
Houve tempos em que escrever não era um exercício exaustivo — era apenas uma forma de conversar comigo mesmo.
Hoje, parece-me que o meu Eu e eu sofremos uma mudança drástica. Sentar-me para dialogar com ele tornou-se uma tarefa árdua, quase impossível.
Mas o que julgavam? Que era apenas acordar e escrever? Não. Nunca funcionou assim.
A verdade é que percebo, aos poucos, que estou a perder um grande amigo: o meu Eu.
Riamo-nos tanto das complexidades e banalidades… e nunca partilhei algo tão íntimo com outro alguém senão com ele.
Nem sei por que vos escrevo isto. Talvez não me entendam. Não estais preparados para compreender-me. Já é tarde demais. Estive acessível durante tanto tempo, esperando ser entendido, mas o meu Eu decidiu libertar-me deste tédio.
Encarnei uma introspecção feroz, que me levou a muitos estágios: da lógica à filosofia, dos delírios ao retorno — sempre o retorno.
O lado sombrio cessou por um tempo, mas agora que o meu Eu se esvai, sinto que não terei mais controle sobre as trevas que habitavam o meu ser.
Antes de conhecer o meu Eu, eu e elas — as trevas, o abismo — éramos um só. Eu ia para a cama, mas elas não; eu ficava de vigia para não sucumbir. O meu universo não tinha colorações, apenas escuridão.
Com a chegada do meu Eu, tudo mudou. Olhámo-nos nos olhos com sinceridade.
Quando vos digo que não sou pertença vossa, ignorais o facto. Apenas quereis ouvir o que convém ao vosso ego.
Mas o meu Eu esvai-se… esvai-se e nunca mais retornará.
E quando eu também me for, não me sigam.
Tentei trancar-lhe as portas dentro de mim, implorei que ficasse. Disse-lhe que ninguém o poderia substituir, que sem ele eu sucumbiria.
Ele ajoelhou-se para me alcançar. Questionei-o: “Porquê tudo isto?”
Mas apenas partiu.
E eu morri com a sua partida.
Morri, porque a minha paz era a única força que me mantinha longe das sombras.
Morri sem remorso, apenas para reencontrar o meu fiel amigo — o meu Eu.
Não compreendereis isto.
Não me sigam.
Vivam a vossa vida.
Há em mim tremores de mundos complexos, de uma aura tenebrosa.
Apartai-vos de mim.
Não pedi socorro.
Livrem-me da vossa pena.
Tirai-me do alcance da vossa visão.
— SUSATEL
LINHAS REFLEXIVAS
Quando encontro o caos, escrevo,
e minha alma libera tudo o que nela pesa.
Meu coração acelera quando o mundo simplesmente adormece.
Por um instante, percebo, a tempestade que em mim carrego.
Sou um reflexo dividido, e quando a tempestade chega, caminho por linhas que me mantêm submersa.
Onde escrever se torna a única forma de tocar as bordas mais profundas das minhas reflexões internas.
- Iani Melo >•<
Manifesto do Insubmisso
Eu escrevo a história dos ninguéns, dos que sofrem o horror da perversidade do sistema.
Eu pinto a tela social dos mais atormentados pela exclusão de um sistema estúpido que é vendido como progresso, mas que atua como máquina de fazer embutidos.
Eu sou a pena que sangra nos cadernos rasgados dos que não têm nome nos registros da glória. Eu fotografo com palavras as cicatrizes deixadas pela engrenagem que tritura a dignidade e cospe o resto. Este progresso não é a luz, mas sim a sombra densa onde a esperança é esmagada sob o peso de um capital que se alimenta da miséria e da obediência cega.
Eles nos querem quietos, padronizados, meros ingredientes no produto final do lucro. Mas eu não me calo. Minhas linhas são o grito sufocado que ecoa dos cortiços, das esquinas frias, dos campos varridos pela ganância. Eu sou o memorialista da resistência silenciosa, e minha arte é o espelho que estilhaça a ilusão: o sistema não falhou; ele está funcionando exatamente como foi projetado. E meu trabalho é garantir que o horror não seja esquecido nem perdoado.
Sou a vela vermelha dos Exus das encruzilhadas, sou o terreiro inteiro se mudando de lugar.
Sou a tenda resistindo à estupidez da hipocrisia religiosa.
Sou o Cristo do crucifixo morto – porque a vida pulsa onde a opressão o mata.
Sou a rua, a esquina, a Banda de esquerda, o armário vermelho amarelo.
Sou o furacão que arrasta o ego e o joga no paredão do terreiro das entidades mais intensas.
Eu sou a contradição que liberta. A liturgia profana que desfaz os dogmas e veste o corpo nu da verdade. Não aceito o céu prometido em troca do silêncio na terra.
Sou a Pomba Gira que dança sobre os contratos sociais não cumpridos. Sou o Zé Pilintra que bebe a indiferença e cospe a revolta, dando dignidade aos que o sistema chama de marginais.
Eu sou o ruído necessário que quebra a missa silenciosa da conformidade. Eu sou o verbo encarnado na pele dos marginalizados, o ponto cantado que ninguém pode abafar.
Minha escrita é a macumba social, feita para desmanchar as armadilhas do "progresso" e invocar a justiça sob a luz da Lua e o cheiro de pólvora da insubmissão.
Pedro Alexandre
Só queria qhe soubesse
Escrevo baixinho,
Como quem teme revelar demais,
mas é que você tem um jeito tão inteiro de existir que tudo em mim acaba se derramando um pouco.
Gosto da calma que você
passa sem dizer palavra,
gosto do brilho discreto que
mora no teu rosto e desse
mistérioleve que te acompanha
como se você fosse feita
de poesia sem perceber.
Não sei se você sente,
mas quando penso em você o mundo fica mais gentil,
como se cada detalhe
encontrasse o lugar certo.
É uma paz bonita, daquelas raras.
Só queria que soubesse:
se existe algo que meu coração tem guardado com cuidado,
esse algo atende pelo teu nome.
Com afeto que cresce devagar,
— de alguém que encontrou em você um motivo doce pra sonhar.
Não escrevo para culpar nem para exigir o que não tenho. Escrevo porque a verdade cabe melhor no papel do que no silêncio: eu tenho falta de nós. Sinto falta de dividir o trivial e o extraordinário. Se o amor mudou, que seja para melhor, talvez possamos aprender a reconhecê‑lo outra vez, com outras palavras divididas, outros gestos positivos, sem pressa na caminhada e sem medo de errar até acertar.
CHEGUEI EM MIM
Eu escrevo e canto versos, poesia.
Eu escrevo.
Escrevo, escrevo, escrevo.
Falta um mundo
para descrever o que sinto.
Vivi, vivi tantas coisas.
Já passei por tantos risos.
Já andei por tantas estradas
que pareciam não ter fim.
Cheguei.
Cheguei em mim.
Nildinha Freitas
Escrevo poemas tristes não por gosto, mas porque aprendi a viver assim, mergulhado em dores silenciosas, em lembranças que não se dissipam, e em uma tristeza que se tornou meu idioma, apenas transmito o que realmente sinto.
Eu escrevo na esperança de que um dia alguém leia e compreenda esses cacos de mim, sem esse entendimento, as noites de insônia, as crises da minha depressão correm o risco de não ter deixado rastros que valham a pena.
Eu escrevo para não transbordar, o papel se torna meu confidente, onde meus pensamentos escorrem em rabiscos que carregam todas as minhas cicatrizes invisíveis, que além de mim, ninguém consegue as ver.
O silêncio cresce em minha mente como uma floresta de ossos. Cada palavra que escrevo é uma ave de vidro, tentando voar sem quebrar.
PRAZER
Escrevo pelo prazer
de ver a minh'alma vagar
entre linhas e letras,
tecendo palavras em verbos simples
que possam tocar outras almas
e dissipar as sombras dos nossos dias.
Quando escrevo, coloco dentro das frases restos de noites mal dormidas, ossos de conversas, ossos de decisões que não deram certo. As palavras são coletores de destroços: reúnem, organizam, explicam, são a única arca que consigo construir contra o dilúvio diário.
Há um purgatório em mim,
mil poetas se debatem, gritam, choram
e eu escrevo...
há uma caverna com mil morcegos
e eu me penitencio...
Há um purgatório em mim
Mil poetas gritam,
Choram e se debatem
E eu escrevo...
Há uma caverna
Com milhares de morcegos
E eu me penitencio...
Mil poetas habitam em mim
Muitos deles vem das trevas
Podem ver não tenho estilo
Sou uma espécie de purgatório
Para os seus dias de juízo...
Adoráveis Mulheres — escrevo isso para você, mulher
Meninas, eu quero falar com vocês de um lugar muito honesto.
Adoráveis Mulheres não é só um filme bonito. Ele é um espelho curativo. Um daqueles que não acusa, não pressiona, não romantiza a dor — apenas revela.
Esse filme toca num ponto que muitas de nós carregamos em silêncio:
a ideia de que, para amar, precisamos diminuir.
De que, para sermos escolhidas, precisamos nos adaptar.
De que, para manter vínculos, precisamos desaparecer um pouco.
E não.
Amar não exige desaparecer.
Eu assisti esse filme sentindo cada camada do feminino sendo reorganizada por dentro. Porque ali não existe uma mulher “certa”. Existem mulheres inteiras, em processos diferentes, com desejos legítimos, sem competição, sem anulação.
Jo me lembra — e talvez lembre você — que é possível amar profundamente e ainda assim não negociar a própria alma.
Que querer criar, trabalhar, escrever, liderar, pensar… não nos torna frias.
Nos torna vivas.
Esse filme cura a culpa feminina.
Cura a ideia de que ambição é defeito.
Cura o medo de escolher um caminho diferente do esperado.
Cura a ferida de quem foi ensinada a ser “boazinha”, “agradável”, “fácil de lidar”.
Ele diz, sem dizer:
Você pode amar.
Você pode escolher.
Você pode ficar.
Você pode ir.
E tudo isso continua sendo feminino.
Também cura algo muito delicado entre nós: a comparação.
Cada mulher ali tem um destino possível — e nenhum invalida o outro.
Não existe uma única forma de ser mulher realizada.
Adoráveis Mulheres não vende conto de fadas.
Ele devolve consciência.
É um filme para assistir sem pressa.
Para sentir.
Para lembrar de si.
Para sair com uma certeza tranquila no peito:
- Você não precisa se apagar para ser amada.
- Seu talento não é excesso.
- Seu desejo de mais não é falta de gratidão.
Esse filme é um abraço firme que diz:
seja inteira. O amor que vale a pena sabe lidar com isso.
Porque escrevo
Por que escrevo?
Se tenho pressa.
Pressa de ir, pressa de vir
Os pensamentos dissipam-se
Se estou atrasada, não consigo me acompanhar
Das idas corro, das vindas ignoro
De tantas idas e vindas enlouqueço.
A vida me busca e eu corro
De atraso basta minha ida
Nos sonhos imaginados paro
Reparo no caminho que deixei
Sem a pretensão de seguir
Corro para não desistir.
Colhi Tucumã-do-Pará
porque sei que gosta
tanto quanto escrevo
os meus Versos Intimistas
no teu corpo quente
do amanhecer até o anoitecer
para de amor te endoidecer.
...
Plantei Tucumã-do-Amazonas
para que o amor profundo
venha, fique e seja o companheiro
das horas e das auroras,
Com o mesmo virtuoso impulso
dos meus Versos Intimistas
para conquistar o caminho
que nos una do melhor jeito,
para que tudo seja grande,
perfeito e totalmente intenso.
...
Tem Tucumã para colher
do mesmo jeito que tem
em mim Versos Intimistas
escritos para você ler,
para dominar e derreter.
"Sim, eu falo, escrevo, leio e ouço em qualquer idioma. Mas nada entendo e ninguém me entende, caso o idioma não seja o português. Para ficar ainda mais claro: apenas português do Brasil. Está claro?"
Frase Minha 0512, Criada no Ano 2011
USE, MAS DÊ BOM EXEMPLO.
CITE A FONTE E O AUTOR:
thudocomh.blogspot.com
