Era
Um chamado João
João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?
Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?
Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
de precípites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?
E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?
Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar.
Na era da internet, é complicado se descrever com palavras. A verdade fica perdida entre o que é real e o que é só aparência.
Afinal, dá para acreditar em tudo o que lemos online? As pessoas podem se mostrar como quiserem na internet.
Então prefiro não contar quem sou. Assim, não estou mentindo, mas também não estou dizendo a verdade. Você decide se quer me conhecer ou não.
Lembro-me de uma mulher que muito amei, quando ainda era tolo. Me dedicava e ela estava sempre em meus pensamentos. Mas a mesma não era capaz de me corresponder e não culpo, afinal, meu comportamento era de um cara emocional e infectado pela carência. Só nasci de novo quando me afastei, e com a minha atual mentalidade posso dizer que nunca daríamos certo, e se alguém me perguntar se me arrependo de a ter conhecido, direi que não. Já que foi uma experiência necessária para meu crescimento.
"Não se avexe! Se até Cristo que era filho do Homem lá de cima foi negado três vezes, imagina você que é normalzinho e comum..."
Não era só frases, eram códigos morfis sobre segredos de que procurava a cura, eram dias de rotina, obrigações e obviedades que pouco a pouco iam o consumindo, distração era fato, afeto perdido, entre ser meu amigo ou inimigo testei ponto a ponto no perímetro, vigiei meus segredos, procurei um pouco de mim no que escrevo, produzi meu próprio trevo, fui um terço de mim mesmo, na fuga sai ríspido, ligeiro. Confundi meu pensamento quando referi sobre o que penso, vi erros e certos em ações sem confissões diretas, segue a seta que acerta, perdidoem opiniões que mudavam com o tempo, olhares ao vento, descrevi o que penso, o que sinto vale mais que palavras, códigos ou símbolos, o peso da existência é entre escolhas escolher o seu sentido, o erro tenho me guiado pros acertos, pois é o que me leva pro acerto, quero liberar meu pensamento de entraves, olhares, mal dizeres, foi eu não ela que julgou sem saber, a duvida é nossa única certeza.
Eu fazia o que mandavam. Eu era o que queriam que eu fosse. Mas não era eu mesma, claro. Não sou tão idiota.
Nosso trabalho era erguer no mundo uma ilha, talvez um exemplo e, quando não, o anúncio de uma possibilidade diferente. Por tanto tempo antes solitário, conheci então aquela comunidade que se faz possível entre homens que experimentaram a mais absoluta solidão.
Sobre o Diabo, era um anjo Querubim, o mais lindo, que usou seu poder de confiança para reunir um terço dos anjos contra Deus, por isso, foi expulso e veio a Terra trazendo violência, sedução para atrair o maior número de pessoas contra Deus e levá-las ao Inferno (Destruição).
Naquele momento, você era como se fosse… uma ave; voando nas extremidades alturas da minha mente, ao fechar os olhos eu via você sofrer em trevas, percebendo rapidamente, abri os olhos, havia esquecido que com os olhos abertos eu me via em trevas, logo veio as escolhas. Comecei a chorar, paralisado, pensando “como seria ela sem mim”, com a escolha fixa, sem nenhuma excitação!
Já não pude ouvir mais nenhuma batida do meu coração. Era o fim? Não, tudo que nasce com um propósito, é destinado a desfrutar desta iguaria. Abrindo os olhos, lá estava ela, pronta, aparentemente feliz, já sabia o resultado. Fui a pessoa mais extraordinária, minha intenção foi tê-la comigo independentemente de qualquer complicação. Ela me quis por ser um ser esplêndido. Palavras já não eram eficazes, apenas com um olhar, ela pode sentir o vazio que havia em seu gélido coração se completar com a ânsia e o desejo absoluto. Já não havia dúvidas, no silêncio da escuridão, eu me sentia como um portador da luz. Aquela mulher reacendeu seu coração e aquilo foi o bastante para eliminar toda e qualquer tipo de impureza. Vendo aquela cena, eu me senti completo, meu trabalho já havia terminado.
Você foi a única pessoa que eu amei, e sempre que vinha à minha mente, um sorriso instantâneo era formado. Não considero que fomos amigos, pois nunca consegui te enxergar dessa forma. Não te odeio por nunca ter correspondido, até porque, através dessa experiência, eu matei o romântico para dar lugar ao forte. Se algum dia voltarmos a nos falar, não te tratarei como o centro do universo.
Um dia, Mestre Chuang sonhou que era uma borboleta, voando alegremente. Quando acordou, não sabia se era Chuang que tinha sonhado que era uma borboleta ou se era uma borboleta que estava sonhando que era Chuang. Essa reflexão nos leva a um profundo questionamento: quem é o ser que está pensando ou sonhando? Uma indagação que nos leva a explorar algo ainda mais fundamental em nossa existência. Quem está refletindo agora sobre essa pequena história? Tenho certeza de que não é você, um conjunto de crenças ou ideias preconcebidas. É algo mais profundo, uma consciência que transcende a mera compreensão intelectual.
PELÉ ETERNO
O Brasil teve um rei
Que não era imperador
Não veio de Portugal
Nem era um ditador
Majestade no gramado
Com a bola fez reinado
Foi o melhor jogador
Se a turma não saísse
Não havia carnaval
Se não fosse a fantasia
Todo mundo era igual
Se não fosse a quarta-feira
Pra acabar a brincadeira
Eu iria pro hospital
Lá em casa, mãe dizia
Tem que economizar
A comida do almoço
Era a mesma do jantar
Se sobrasse era guardada
Pra depois ser requentada
Até nada mais restar
Já tive o céu como teto, já comi oque era resto vi maldade ser vista como certo, com tudo fiquei esperto pois nas vielas tortas sair delas que não é correto, só vê maldade na minha fala quem não é de perto, pois aqui é viver ou morre e dessa história sou o vilão predileto!!!
Contos e Gírias
Carlos Semog
"O Sonho Adiado da Juventude Brasileira"
Era uma vez uma geração, nossa geração, que trazia consigo sonhos e diplomas. Nosso país vivia tempos diferentes, e a promessa era de que estudando e se esforçando, alcançaríamos tudo o que desejássemos. Éramos os herdeiros de uma nação que crescia, que via o futuro com otimismo.
Mas, ao olharmos para trás, para as décadas de 70 e 80, vemos um contraste marcante. Naquela época, muitos não completavam nem o ensino médio, mas conseguiam conquistar terrenos, lotear e erguer suas próprias casas. Os preços dos imóveis eram gentis com os bolsos daqueles que ousavam sonhar com o teto próprio. E os anos 90 trouxeram a estabilidade do Plano Real, um período em que a prosperidade econômica era palpável. Carros, viagens, imóveis – esses eram sonhos que podiam ser realizados.
Hoje, nossa geração se encontra diante de um cenário tão diferente que parece ter saído de uma realidade paralela. Os preços dos imóveis dispararam, transformando o sonho da casa própria em algo quase inalcançável. O aluguel, esse compromisso que consome boa parte do nosso suado salário, tornou-se um fardo que nos força a fazer malabarismos financeiros para sobreviver.
Somos uma geração notável por nossa qualificação profissional. Graduações, pós-graduações, mestrados e mais, acumulamos diplomas como troféus de uma batalha árdua. No entanto, o mercado de trabalho não corresponde às nossas expectativas. Salários insuficientes, empregos subvalorizados e uma competição feroz são a realidade.
Os dados são claros: enquanto nossa geração é a mais educada da história, os salários médios não acompanham essa conquista. Estamos sendo pressionados a trabalhar mais e a nos adaptar a um mundo em constante mutação, mas a recompensa não condiz com o esforço.
E, para piorar, a incerteza quanto à aposentadoria nos ronda. O sistema previdenciário enfrenta desafios enormes, e a perspectiva de uma aposentadoria tranquila se afasta a passos largos.
O que é mais doloroso é ver muitos de nossos colegas, igualmente diplomados e talentosos, se sujeitarem a empregos muito inferiores por falta de oportunidades e espaço no mercado de trabalho. O mercado parece querer explorar nossa mão de obra, oferecendo salários inadequados e empregos escravistas.
Nossa história é uma crônica de desafios e sonhos adiados. Somos uma geração que carrega a esperança de que as mudanças são possíveis, que políticas públicas podem ser reformadas e que o futuro pode ser mais promissor para os jovens brasileiros. Nosso caminho é difícil, mas é um caminho de luta, de resistência e, acima de tudo, de esperança. Que possamos um dia contar uma nova crônica, uma crônica de sonhos realizados e de um Brasil mais justo para as gerações que virão.
