Devaneio
pulchrum oculis
Que saibam todos quantos forem capazes de ouvir
Não há pedra que me impeça de te ter
Devaneio que te afaste de mim
Ou palavra que não possas ouvir
Cada sorriso teu é sopro em brasa que arde
Gott in Fülle
Cálida se torna a noite fria, que nada fazia, que pouco insistia, na espera do doce toque de um beijo teu
Devaneio consciente na ciência de que, na via do ideal, a idealização pouco ambiciona se mostrar concretude
Onde fui buscar a felicidade?! Em vários cantos da do mundo, e do mundo dentro de mim, buscar incessante,já que não peguei o que fui buscar,talvez antes do fim de do meu mundo eu à ache
É muito fácil eu me prender nessa ilusão de sentimento que eu sei que é inexistente e impossível. Fácil me ver com alguém que minha consciência sabe da impossibilidade. Por medo de sentir talvez?
Talvez por isso eu escolha o improvável, com medo de um dia meu coração dominar minha mente e me mostrar que esse sentimento existe, que esse ceticismo contra ele é apenas fruto do medo do que essa força que vem de dentro possa me causar.
Estou a pensar, o que da vida esperar
Que o amor surja com a paixão
Que eu seja tomado pela emoção
E que ainda assim tenha razão
Espero o melhor amor chegar
E meu coração mais forte baterá
Que eu só tenha o trabalho de amar
Aquele que acredito que o destino trará
É, esse desejo é mais um devaneio
Deixar o trabalho para a vida é ilusão
Esperar chegar a pessoa certa será em vão
Aquele que anseia pelo amor pronto
Até se dar conta viverá na solidão
Perdido em sua rasa imensidão
Pensamentos sóbrios de aparência embriagada:
Alguns devaneios que vagueiam pelas sinapses muitas vezes se tornam mais sóbrios que a realidade cruel que fixa morada na parte consciente do cérebro.
Longe do teu amor; quimérico
vivo em ininterrupta embriaguez
na imaginária pretensão de usufruir
azos numerosos e desmedidos; porvir
deixe-me, ó senhora, na agnição
deixe que esse devaneio seja exequível
fazível
redundantemente factível
no seu malquerer delega-me o obuscurantismo
a distância de ti é minha contrastição
deixe, ó senhora, que seja amor; não comiseração
tende condoimento desse trovador desalento
Devaneios
Este amoroso tormento que no meu coração está;
Eu sei que sinto, mas não descubro a causa pela qual o sinto;
E então...
... sinto uma grande agonia, por sentir um devaneio;
... que começa com pequenos desejos e termina em muita melancolia...
Mais próximo!
Olho para a escuridão profunda
Sinto a face de minha sombra
Fria, amarga
Disforme, ascosa
Ando pelos trilhos sozinho
O ranger do aço ferve o sangue
A luz esfumaçada vem ao meu encontro
Encontrar-me-ei no início
Na dívida
No pecado
Nos vermes
Os reais herdeiros da cobiça
Esperando para arrancar-me os olhos
Para agraciar-me com a cegueira branca
Feche as janelas do quarto
Quebre o porta retrato
Aqui não há lugar para a sua franqueza
Apenas para os prazeres caprichosos do isolamento
A energia mais pura, o sentimento mais profundo que uma pessoa possa sentir é através de uma amizade veraz, a tempos somos ensinados que o amor é a coisa mais importante, que você terá que viver em prol disso, essa busca do amor resulta em tantas mortes, há como vocês são ingênuos.
Sempre que me deparo com minhas utopias, procuro acalentar minha alma, com o entendimento que a realidade por vezes é tão cruel, que instintivamente me leva ao modo ilusão. Então é que, na verdade o real impiedoso é que me atira para o devaneio, mesmo sabendo eu que serei acordado pela realidade que irá bater a minha porta. Tock Tock Tock!
Sou uma constelação de pequenos sóis
um cipreste unindo terra e céu
luzes refletindo a alegria
um casal em lua de mel
caos e calma em perfeita harmonia
sou a liberdade dos devaneios de Van Gogh!
Devagar vou longe.
Divagar me leva onde.
De vagar, devagar, divagando
Percebi...
Minha imaginação
é muita areia pro meu caminharzinho!
Envelhecer
A verdade é que não podemos fazer retornar a areia que cai pela ampulheta do tempo, nem somos carrapichos para grudarmos nas bordas desta enxurrada que se chama vida. É preciso deixar-se levar...
Cheguei à conclusão que saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria. É um dos capítulos mais difíceis da arte de viver se não aceitarmos o deixar-se levar...
Então, já estou aceitando e amando minhas limitações, são partes de mim, componentes da minha história.
E procurando descobrir todos os prazeres que este período da vida pode me reservar – e olha, já vi que são muitos. Surpresas? Que venham…
A história é uma Fábrica de Tecidos
Houve um tempo em Baldim
que muita moça bonita
com seu vestido de chita
e charmoso chapelão,
com orgulho e alegria
se sentava na carroceria
de um velho caminhão
e ia para São Vicente
fiar algodão.
Ah! Que tempo “bão”!
Dia sim, dia não
Prosador nato que a brisa levou
Nas asas da nova paixão
Contista no primeiro capítulo naufragou
Foi salvo na segunda canção
Na terceira modinha mergulhou
Na quarta valsa, um esbarrão
Lá pelas quintas, no samba, tropeçou
Na sexta adernou e a abraçou
No sábado, ela se inclinou
E no domingo o poeta se aprofundou
No alfabeto caleidoscópico
Da mulher amada.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Quimera
Nós contamos nossas histórias
Escutam uma farsa aqueles que dão ouvidos
Se iludem aqueles que pensam ter entendido
E nelas se perdem em devaneio vazio
Descrevemos da forma que nos favoreça
Palavra por palavra, tudo bem organizado
Planejamento composto em uma só cabeça
Nada mais e nada menos que algo forjado
Nossas criações são como escalas
Tudo o que vivemos, tudo que encontramos são expostos
E segregados em uma progressão de coisas erradas e certas
E assim tudo se acumula formando em si nossas histórias
O famoso bolso falso
Para encobrir o verdadeiro roteiro
E do modo mais avulso
Distinguir uma realidade de uma simples fantasia
Para enfim costumisar a farsa que quiser