Deficiente Surdo
Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação, vendo as pedras que sonham sozinhas no mesmo lugar, é muito fácil ser pedra, o difícil é ser vidraça.
SONETO DUM AMOR
Aos olhos surdos, estás ainda, presente
No silêncio do cochicho, tua voz é canção
Meus versos mudos, ainda assim, emoção
E aos ouvidos, o teu vulto nunca ausente
Arrastar-me-ia, se coxo, até a exaustão
Pra ter-te em minhas palavras vorazmente
Qual tal aragem arrefecendo inteiramente
A afeição, a inspiração e o meu coração
Sem sentidos, eu te sentiria novamente
Circulando loucamente na recordação
Qual miragem num perfume languente
E sucumbido, ainda assim, em devoção
Ao teu nome, na alma eu bem contente
Versejaria e te poliria com doce exatidão
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
No passado me fingi de surdo para não ouvir o teu evangelho, de cego para não ver as Tuas obras, de mudo para não confessar, mas não resisti ao Teu chamado, agora prefiro o Teu reino à posse de todas as riquezas do mundo.
Qual a serventia de tanto saber,
se a alma é surda à voz do Espírito Santo?
o conhecimento, sem amor, é vazio,e a sabedoria se perde
nas trevas.
SURDINA
No ar ressequido o joão de barro canta
Um joão de barro no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta
Que encantado!
Um joão de barro canta. Um rosário
Longe, entre o mangueiral, tece...
Operário, que trabalha solitário
Musicando a sua prece.
Que encantado! Soa na sua sina
De poético, de pássaro bravio
Tomando a sua amada, inquilina
No seu covil!
Silente. O sol no seu nascente
Vazado pelo canto de tua benesse
João de barro, que cantas docemente
Musicando a sua prece
Que belo, na magia em oferta
O olhar melancólico e vazio
Desperta a alma tão deserta
Aos ouvidos este canto luzidio
Já tanto ti ouvi! Já ti ouvi tanto!
Coração, por que estais emocionado?
Por que chora, ao ouvir-te o canto,
João de barro que musica no cerrado.
E com que júbilo o joāo de barro canta
No ar sossegado, no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta.
Que agrado!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Surdina
No cerrado, lá no alto um sino canta
Da capelinha, num badalar soturno
Canta um sino e a melancolia pranta
Finda o turno!
Canta, pranta o sino no campanário
Como se assim se quisesse
Benesse, no chuvoso dia solitário
Resplandece...
Na messe! Canta e pranta silente
Na torre da igrejinha sem estresse
E o dia adormece, docemente
18 horas: - tal uma prece!
O coração abafado e vazio
Num acalanto o sino canta
Nebuloso dia... Que frio!
Triste melodia, triste mantra...
Sina!
Bate o sino... surdina!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/01/2020, 19’47” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
"O olho é um mudo que fala muito,um surdo que ouve tudo."
Mas só quem enxerga com a alma consegue ler o que tem nele.
#Andrea_Domingues
Beethoven, Beethoven!
Surdo fostes.
Mas de música, composições deixastes,
Que nossos ouvidos, no tempo ouvem...
Tua música, tem alto som,
Que não chegou a teus ouvidos.
Mas com esse teu dom!
Céu e terra unidos...
No tempo, espaço e eternidade,
Tu, homem e anjos a Deus louvam...
Com plena liberdade...!
Essa música, afinal é d´ele.
Vem da sua eterna verdade...
Ele eternamente, reinará...
Está vindo, num cavalo branco. Sim! O de Apocalipse, aquele!
,
Ah o amor!
A tudo enxerga e perdoa...
E a paixão?
A paixão nos deixa cegos, surdos, mudos e doidos...
☆Haredita Angel
.
"Não estou surda ainda, ainda escuto seu som angelical... porém, devo estar cega, pois não o vejo."
A vida de uma pessoa surda é repleta de desafios, especialmente quando a comunicação em Libras não está presente em seu ambiente. Desde da idade iniciais, esses pessoas enfrentam obstáculos significativo, à falta de acesso à lingua de sinais e à comunicação eficaz com o mundo ao seu redor.
Imagine crescer em um mundo onde as palavras são sons incompreensíveis, onde expressar seus pensamentos, sentimentos e necessidades é uma luta diária. Para muitos surdos, a falta de comunicação em Libras significa isolamento, incompreensão e desprezo.
Na infância, a ausência de uma lingua visual e acessível pode dificultar o aprendizado, o desenvolvimento emocional e social. Muitos surdos enfrentam dificuldades na escola, onde a comunicação é predominantemente auditiva, e lutam para acompanhar o currículo acadêmico e estabelecer conexões significativas com seus colegas.
À medida que crescem, os desafios persistem. Encontrar emprego pode ser uma tarefa árdua, pois muitos locais de trabalho não oferecem suporte adequado para pessoas surdas. A barreira da comunicação pode levar à discriminação no local de trabalho e limitar as oportunidades de carreira.
Além disso, questões de saúde mental também podem surgir devido ao isolamento social, à falta de compreensão e ao estigma associado à surdez. Muitos surdos enfrentam problemas de autoestima e depressão devido à falta de aceitação e apoio da sociedade.
No entanto, apesar desses desafios, a resiliência e a determinação das pessoas surdas são inspiradoras. Muitos buscam ativamente meios de superar as barreiras impostas pela falta de comunicação em Libras, procurando comunidades surdas, aprendendo a lingua de sinais e advogando por seus direitos.
É fundamental reconhecer a importância da comunicação em Libras e promover sua inclusão em todos os aspectos da vida. Ao fazê-lo, podemos ajudar a criar um mundo mais acessível, inclusivo e acolhedor para as pessoas surdas, permitindo que elas vivam suas vidas plenamente e alcancem seu potencial máximo. Iza lira
Fantasio na surdina,
Revivo na alvorada,
Comemoro na aurora,
Estive ao teu lado,
Embalada pelo beijo,
[Selo] de outrora,
Universo de poesia,
Outrossim, sinfonia.
Prevejo na calada,
Rememoro a neblina,
Esparramada alfazema,
Sensualidade albatroz,
Provocação extrema,
Janela aberta audaz,
Terra de Geraes provada,
Por ti entreguei-me inteira,
Ainda te pertenço sem dilema.
Vento que assobia,
Que desassossega as folhas,
Vento que brinca,
Que desinibe a flores,
Vento que sacode,
Que do livro vira as páginas,
Vento que transporta,
Que leva o meu perfume,
Que faz com que ele penetre
Nas tuas frestas e bata na tua porta.
Sou o vento que balança
A tua janela, espera!
Quem espera sempre
- alcança -
Nunca se perca de nós;
Entenda a nossa cumplicidade
Que vive de esperança
E de pé na Terra.
O esforço exaustivo do pianista surdo
ao compor a Nona Sinfonia
o sopro de Deus sobre os mares
na criação do mundo em seis dias
as lembranças dos amores não vividos
tudo isso tem a mesma força artística
das valquírias de Wagner
e do Messias de Handel
para um poeta em desespero criativo.
Coisas de que tenho medo: Ficar gordo, barrigudo, surdo e esquecido, a ponto de perdoar a ingratidão.
Ensinar ao surdo é como soprar no vento,
Palavras se perdem em um espaço vazio.
Na mente que não escuta, não há entendimento,
E o esforço se desintegra em um silêncio frio.
"Sim" ao insensato é um eco sem retorno,
Onde a ignorância se ergue, altiva e sem paz.
O saber se perde no cansaço eterno,
E o fardo se torna um peso que o tempo não desfaz.
O diálogo se torna um grito no abismo,
A paciência se esgota onde não há um sim.
A luz se apaga no obstinado desatino,
E o saber se dissolve na luta sem fim.