Cronica sobre Regime-Jo Soares

Cerca de 12845 frases e pensamentos: Cronica sobre Regime-Jo Soares

o mistério de tudo... se fosse diferente talvez não fosse tão doce,
mas conversaríamos sobre qualquer banalidade
sob o calor daquelas tardes mornas
e as futilidades eram só pretextos para estarmos juntos;

por que haveria de ser diferente...
eu escreveria alguma coisa...
eu já pensava que era poeta,
mas nunca dirigi a palavra correta para a pessoa certa... meu Deus!
um colibri se perde com o néctar das flores;
por que, ou por quem se perdem os poetas...
minhas fantasias tem carnavais tão lindos;
meu coração está cheio de feriados,
de sábados e inesquecíveis domingos
mas... se fui feliz, eu não sei
felicidade é a próxima estação, ou a estação passada...
não diga mais que a vida é tão fugaz,
fugaz é essa dor de dor nenhuma...
é o teu olhar, o teu sorriso, o teu perfume,
o teu cabelo ao vento;
é este sentimento que me diz que tudo é mistério...
e no amor, mistério é tudo... mas tudo é tão fugaz.

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ADEUSES
Ainda não falei sobre os adeuses...
as vezes era noite, as vezes era dia, as vezes eu perdia a noção do tempo,
ou eu ainda não tinha noção de nada...
hoje diria que perdi muitos outonos, que despetalaram as primaveras, ou talvez atordoado... tantos "jabs" me deixassem grogue, e eu olhasse cuidadosamente as dependências farejando qualquer resquício de uma presença, de uma ausência num utensílio numa peça de roupa esquecida. A solidão sempre faz surgir fantasmas pelos corredores, barulhos de passos, sussurros, um grilo impertinente, até que o espelho da penteadeira reflete as lágrimas tardias que não caíram no momento da despedida. Xícaras copos, pratos, colheres e migalhas silenciam o colóquio dos últimos momentos de despedida; fica então, tudo tão quieto, e uma brisa vinda não se sabe de onde sopra fria...

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⁠Estive pensando o que é o amor, aliás vivo meditando sobre isso...
vivo matutando... talvez ele se guarde na temperatura suave das manhãs,
talvez viaje à velocidade de cometas ou meteoros como veículos de luz e calor no nosso sistema solar, talvez se esconda na solidão sob pretextos de ansiedades sob os tons cinzas de tardes chuvosas que se derramam melancolicamente nas vidraças. Talvez nas incertezas e inseguranças que constitui a alma humana nasça esse sentimento... talvez nas paixões; não naquele sentimento de possuir, de consumir e sim de perceber, de preservar, de deixar seguir, de alimentar e tornar, melhor; talvez seja esse o elo que nos dá a semelhança divina e nos traz a capacidade de amar...

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E.Ts
Já te falei sobre os discos voadores
No meu firmamento pessoal,
Sobre os aliens e meteoros,
Já te falei sobre a minha gravidade,
Sobre os dragões que povoam as minhas cidades,
Já te falei sobre são Jorge guerreiro,
Jorge Ben ou Jorge Ben Jor, Seu Jorge,
Acho que tivemos sorte,
Mas sob os astros, quando a vaca caminha
Numa total penumbra quem aposta
Que um rastro de bosta...
Quem caminha seguro com uma vaca em sua frente?
Quem caminha seguro com uma vaca no escuro?
Teremos sempre ameaças de chifres
Jamais teremos férias em Chipre
Teremos sempre ETs a povoar nossas inseguranças
Teremos sempre monstros
Nos olhos mais ternos de nossas crianças
Quase sempre não somos os únicos culpados pelos nossos pecados

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NAPOLEÃO
Psiuuu! O gato repousa...
O silencio é sagrado
Tudo que foi dito pela madrugada
Sobre a inabalável reputação de Lili
Fica esquecido
Toda algazarra no telhado,
O escândalo do bife roubado,
Os arranhões no leão,
Tudo põe-se de lado,
Napoleão dorme,
Provavelmente sonha
com batalhas consagradoras,
Um império grandioso,
Um exército irreparável
Infalíveis estratégias felinas...

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EPÍSTOLA APOCALÍPTICA SOBRE ESSA BOLHA DE OCEANOS


Não fosse eu um corpo etéreo, um alien grafite,
Na nebulosa; labirinto intracelular cósmico,
Um vírus, um bacilo no azul marinho gasoso
Da inviável via láctea, efêmera vaidade,
Desfilando colar de constelações
E jogando poeira de estrelas nos nossos bolsos...
O terror cósmico dessa solidão intergalática,
Trazendo auroras boreais
De tempestades solar apocalípticas...
Rebelde sagitário se dilui na acidez sideral
E júpiter se avoluma em gases, aqui no meu quintal...
Atormenta-me a fobia de te ver na esquina,
pefil frágil e andrógino,
Túnica lilás, bastão incandescente e cabelos de ouro,
Cantando “chuva púrpura” profetizando um armagedom,
Fazendo-me imaginar,
Praga, New York e Belford Roxo, roxas de melancolia
Solidão e medo da alcaida,
E possíveis ataques norte-coreanos...
Mas não é isso que me leva a consultar
O zodíaco e previsões climáticas,
Que me fazem supor catástrofes e cataclismas
Sobre a caatinga esparsa e escaldante
De Jericoacoara e quixeramobim...
Se eu não fosse essa lua de insegurança,
E assimilasse ensinamentos de epístolas, salmos
E o sermão da montanha...
Mas sou apenas um cervo feérico, numa floresta primitiva,
Contemplando estrelas sob a noite eterna
Há mil anos luz de um dinossauro,
Tentando entender a ternura débil e insana de um t-rex
Estudando a sua caça e farejando sangue
Percebo que o que me sustenta sobre esta esfera,
Sobre esta bolha de oceanos,
Que viaja trágica e inconsequente,
Entre meteoros, meteoritos e cometas reluzentes,
Na harmonia do sistema planetário
E no descompasso de moléculas de hidrogênio e oxigênio
Realizando o milagre da vida...
Ainda é essa eterna e inexplicável força estranha...

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OUTROS SONHOS
Enquanto a aranha tece sua teia
No porão, eu penso a caminhar
Sobre as campinas,
Passando por cima da minha emoção,
Voltando ao passado,
Derrubando edíficios,
Que agora cercam a minha visão,
Operários bem equipados,
Bem aparelhados,
Erguem torres e coberturas,
Improvisam um elevador,
E a igrejinha do meu casamento,
Onde com tanto srntimento,
Jurei meu amor,
Sua única torre ameaçada por um guindaste,
Enquadrada por andaimes,
Badala seu sino,
Agora abafado por tantas paredes,

E nos campos, onde floresciam meus sonhos,
E eram verdes como as campinas,
Embalados por passarinhos,
Que emigraram para outros campos,
Para compor outros sonhos...

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TODAS AS ESTAÇÕES
Ontem nos amamos tanto
Que nem os dourados ocasos
Sobre as colinas de mesquita
tinham tanto calor...

Ontem nem as mais coloridas primaveras
De Holambra com suas flores cálidas
Jamais demonstraram tanta paixão...

Ontem nos amamos tanto,
Que nem os mais extremos
Invernos da Amazônia
Se derramaram tanto...
Ontem nem os mais profícuos
Outonos de Florianópolis
Jamais se despiram tanto...

Ontem aconteceram todas as estações...
Ribombaram todos os trovões,
Caíram todos os raios,
Despiram-se todas as árvores,
Desabrocharam-se todas as flores...
E as metamorfoses estão a acontecer...
Então por que continuas ausente...?

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SOBRE TODAS AS COISAS E SOBRE COISA NENHUMA
Nada sobre o meu poema;
Meu poema sobre todas as coisas
E sobre coisa nenhuma
Sobre o inexato e o imponderável
Nada, nada sob um rio, o olhar perdido num vazio
De um deserto perto de um longe,
Longe de tudo e perto de nada,
Nada, nada, nada, nada na morada;
Namorada nada; besta é a ilusão
De auroras com flores orvalhadas,
Ocasos ao acaso de mochos,
Pardais e morcegos
A tristeza profunda de lagos;
Lagos chorados pelos deuses da solidão
E pela solidão dos deuses
Pelos insetos que amam as flores
E faz frutificar a vida compondo a primavera
Inspirando os poetas
Nada sobre o meu poema,
Meu poema sobre todas as coisas
E sobre coisa nenhuma
Onde só cabe Iracy Tupinambá e sua tribo comeu são jorge
Na lua onde proliferam os dragões
Comeu os franceses que colonizariam o Brasil
E se um dia eu diria je t'aime
Hoje eu digo te amo
Pois aprendi com os portugueses
Sem nenhuma convicção de amor ou paixão

Inserida por tadeumemoria

SOBRE PAIXÕES LACÔNICAS
logo mais, vagalumes, lumes vagos
as estrelas caem sobre as amendoeiras
e as ilusões derramam seus êxtases
sobre paixões lacônicas
a vida torna-se cônica,
a dor torna-se crônica;
ninguém acredita em crepúsculos...
vou beijar minhas ilusões com a mesma ternura
vou contar minha história
de amor com a voz da loucura;
o amor é eterno, o amor é infinito;
vai prosseguir nessa estrada que sou eu mesmo
com o mesmo romantismo nos beijos
e abraços de outros amantes,
mais, ou menos românticos;
mais, ou menos loucos,
para perceberem ou não as estrelas
caírem sobre as amendoeiras...

Inserida por tadeumemoria

SOBRE O NOSSO EU

Há quem ache que a verdade obedece ao seu sonho, seja ele qual for. Pensa que viver é uma espécie de tapete fiel aos seus passos. O que não sabe mesmo, pois é muito arrogante para saber, é que acabará se perdendo no moinho dos fatos, por tanto olhar de viés o que jamais viu... Não viu, porque não quis ver.
Ninguém cai um dia neste plano, se não é para se ferir. Ninguém vem destinado a ser protegido contra o que será, pois o que será tem que ser. Já pertence mesmo ao caminho. Cada farpa que nos atinge rumo adentro é uma vacina conveniente contra nossa empáfia. Quem não é vacinado, ao fim da vida não terá vivido.
Será sempre bem-vindo para o ser humano esse hábito de sonhar acordado. Não se pode mesmo fugir de uma boa ilusão, e quase todas são boas, mas uma coisa é certa: Ninguém deve perder o chão enquanto isso, para que a queda eventual, quase certa, não seja no abismo... Naquele velho poço que não tem fundo.
Convém sabermos que o nosso mundo é de quedas... De quebras e remendos... Mesmo assim, viver é bonito e gratificante. Para isto ser possível, temos que levar os olhos para bem depois do cenário que só julgamos ideal porque rima com as nossas visões. A vitória está, muitas vezes, nas renúncias ao nosso eu.

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ROSAS

Demétrio Sena

Reina sobre o jardim, singela e linda;
sobre todas as formas de beleza,
desde cedo até quando a tarde finda;
é rainha com traços de princesa...

Quero-a sempre ao relento, à natureza,
pra dizer à manhã "seja bem-vinda";
semear os seus dons, a realeza,
tudo quanto a celebra; louva; brinda...

Não a colho prá moça mais formosa,
nem oferto à celeste, à Bete, à Rosa,
uma rosa; um botão; não mato flores...

Planto e cuido, conservo sãs e vivas,
rosas tenras; do solo; não de ogivas;
trazem sonhos perfumes, paz e amores...

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IMORTAL ATÉ MORRER

O tempo é uma tampa sobre o passado. Ninguém nunca retorna dessa rampa eterna. Sequer acampa sobre o presente, pois esse logo não é. Vira passado, e o presente já é outro. Somente o futuro continua lá; sempre lá, desafiando nossa caminhada.
Uma vida é simplesmente o joio por entre o trigo, no campo das vivências que a cada dia nos impõe. Cá comigo, afirmo que a mesma é joia rara. Se acaso nos causa uns arranhões, alguns graves, morrer não ganha minha questão. Não tem como ganhar.
É que o mundo é franco. Preto no branco. Mas muitas vezes dá um branco em meu preto e não resta fundo. Mesmo assim vou à frente, porque o tempo não pode me tampar. Tomei a decisão de apostar na imortalidade que o sonho empresta.
No fim das contas, nossa imortalidade é provisória. Por isso temos que aproveitá-la e não morrer enquanto a morte não chega.

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SIMPLES EU

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Já me basta um conforto mediano;
sobre a mesa, o que atrai meu paladar;
fazer planos modestos e ter sonhos
que me façam voar sem me perder...
Nada cause um tormento na minh´alma;
todo amor seja sempre por viventes;
prezo a calma de um tempo reservado
pra ser gente; pessoa; simples eu...
Um projeto não vire uma corrida
pela vida vulgar de um "vencedor",
pelos pódios guardados pros "heróis"...
Quero carro somente pra transporte;
celular com função de celular;
ter um lar palpitando em minha casa...

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EX-LAR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Uma treva cavalga sobre as luzes frias
que refletem seu facho na ilusão dos olhos;
nas lacunas vazias que fazem saber
a verdade que ronda os limites da casa...
Belos móveis e quadros, paredes, enfeites,
boas fotos que mostram momentos vividos,
badulaques de vidro, copos de bom gosto
e vinagres; azeites; temperos; aromas...
Mas aquelas pessoas perderam a graça,
não há risos abertos, conversas floridas,
nem há vida nas vidas que jazem ali...
Dias nascem tão velhos das noites insones,
tanto sonho perdido na sombra e no vão;
na magia quebrada sobre o chão da casa...

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TRATADO SOBRE A SOLIDARIEDADE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Apresento-lhes uma graça desmedida que restitui o bom do mundo... que nos faz entender o dom da vida e desejá-la com plenitude. Trata-se de uma força que não vem da força bruta. Que não cultua, não valoriza nem quer saber quem vence quem.
A solidariedade não “põe no prego” para cobrar depois. Quem é solidário não vende nem troca o bem que faz. Apenas faz. Tão só se doa. É um agente voluntário do ser gente. Do ser urgente, ou sempre a postos, por quem precisa.
Solidários não fazem conta do que fazem; muitas vezes não sabem o que fazem; nunca sabem por quem. São tão poucos os solidários, e tão modesto é o seu desempenho, que o mundo sempre os explora e depois nem sabe quem eram eles.
É assim mesmo, a solidariedade. Quem a pratica não sofre, porque ama... e porque ama praticá-la. Quanto mais se doa, mais se acumula para doar, e se doer, não importa. A dor que adentra uma fresta, imediatamente sai por outra.
Não me avexo em dizer que solidários famosos não são de fato solidários. Ao divulgarem o que fazem, apresentam promissória para que a sociedade os ressarça em forma de prestígio e favores futuros. Da visibilidade que atrai ascensão.
Ser solidário é não perceber a ingratidão do outro. É amar para ser ou não amado, e continuar amando. Assumir e aceitar, de uma vez por todas, que a sua solidariedade pode ser, para si próprio, sinônimo de solitariedade.

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LEIA COM CUIDADO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Escritores escrevem sobre o que sentem. E o que não sentem. Sobre o que sabem que a sociedade vive. Ou não vive. Falam do amor e a dor que choram, do amor e a dor que o semelhante chora. O escritor é um intérprete visionário da humanidade. Absorve os dramas e as alegrias, as frustrações e os sucessos, a grandeza e a mesquinhez do ser humano, e depois devolve ao mundo em forma de literatura.
São muitos os escritores que dizem quase ou tudo em primeira pessoa. E por essa intimidade, muitas vezes fazem com que segundas e terceiras pessoas, as que fazem parte do seu convívio, se julguem citadas ou inseridas, de formas positivas ou não, em seus escritos. Isso é bom, porque a mensagem os alcançou, e pode ser mau, se alguém acha que foi direta e publicamente flagrado.
No caso das formas negativas, cabe um conselho às tais segundas e terceiras pessoas: tomem cuidado com a injustiça. Por mais que o contexto de algum escrito aparentemente as flagre, aponte ou denuncie, na maioria das vezes - maioria, mesmo - quem o redigiu não pensava especificamente nesta ou naquela pessoa. Pensava no mundo. Na sociedade. Pensava na vida.

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REPOEMA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Já não resta o que dizer
sobre seja lá o que for,
solidão, espinho, flor,
que alguém mais não tenha dito...
Todo mundo já cantou
este mundo em verso e prosa,
o amor, o bege, o rosa
dos quais se pintam palavras...
Mas podemos refazer
a magia do sentido
que redizer já não faz...
A saudade, guerra e paz
se renovam nos engenhos
de remastigar a vida.

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MÁGOA SOBRE MÁGOA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Ele andou com ímpetos de ligar para ela e perguntar se fez algo que a magoou. De repente, resolveu perguntar a si mesmo. Para tanto, mergulhou profundo nas lembranças recentes e viu que não. Não fez. Pelo menos não foi a sua intenção se algum gesto, alguma palavra ou até silêncio a magoou.
Se não fez intencionalmente seja lá o que for para magoá-la, mas o que fez magoou, foi algo bobo e com margem tanto para fazer pensar que sim, quanto para concluir que não. Algo incerto. Sendo assim, se ambos são tão amigos e confiam tanto um no outro, como sempre juraram, ela deveria tirar as dúvidas. Perguntar para ele. Não o fez, e isso ele não perdoa, pelo menos por enquanto não perdoar, como sempre fizeram ambos, em diferentes ocasiões.
Dentro em pouco, ela também desejará saber se ele está magoado. Se ela fez algo que o magoou. Fez. Depois das arestas aparadas, ela saberá que ele estava magoado por ela estar. Da mesma forma, deixará bem claro que além da mágoa original, teve mágoa da mágoa de sua mágoa por sabe-se lá o quê.

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SOBRE JOÃO ALGUÉM

Demétrio Sena, Magé - RJ.

João Alguém era realmente um sujeito especial. Chantagem de pobre não o comovia. Muito menos pompa, circunstância e suborno de rico. Ele sabia como suportar dignamente os aplausos, os risos e agrados extras do bajulador, tanto quanto a perseguição e a truculência do invejoso mal humorado.
Nem mesmo a fúria maior do forte o demovia de sua personalidade, como não o fazia o mais profundo complexo do fraco. Para ele não havia mistério indesvendável nem confete, seda ou fogo de artifício transformador de caráter.
Era mesmo assim, o João Alguém: resistente à fogueira das vaidades. Ao ferro de solda e ao maçarico. Aos altos e baixos, espinhos e flores, dores e alívios desta vida. Nada conseguia derretê-lo... ou quase nada. Somente o calor humano podia mais do que isso: deixá-lo completamente derretido.

Inserida por demetriosena