Contexto da Poesia Tecendo a Manha
um cavalo pode mudar o curso
de um poema
é preciso não temê-lo
os saltos, os espaços vazios
de como se arranjam entre si
de como, sem atrito, produzem luz
disse
deixe o seu corpo boiar
pra que as letras pairem diante dos olhos
é preciso que o dia nos encubra
com alguma névoa pálida
e a fumaça dos automóveis forme
entre nós e as coisas
uma espécie de anteparo vertical
quase transparente
e nos faça avistar de longe os músculos rijos
de um bando de animais que trotam
por entre os carros
ersatzspielerin
teimo em não acender a luz, encalhada
sem saber se quem – eu ou o mundo
é suplente de algo primevo
se o que existe é a tensão ou
degrau de recursividade.
o violento da memória é a retenção do vazio.
penso em palavras multiportantes, como não me escapa fazer:
merimnologia, ou: considerar é arder.
mermeridade, ou: ansiar é condenar-se.
metameridade, ou: a parte pelo todo.
palavras me procuram, procuram a nós
porque as salvamos de um desígnio adjunto
nos lançamos aos fins da tensão.
me vejo merócrina, exocito
e a elas entrego
qual impostora estertorada
o grau primeiro das coisas.
the dream is always the same
pelo olhar sensível de gael, anita foi registrada
ao sorver seu remédio urbano, uma panaceia
de talos nutridos em gosma atmosférica
da dedigrisa pauliceia desvairada
simulacro bem efeito e postado
ante o brilho de coreografado reboliço
de dedos glissantes e stacattos
o par ex-sedento caiu na trombada
no que a chôcha vontade degringolava
e se quase cantava batalha gorada
gael cuidava de martelar o pino
na prenda rosa-médio cada vez mais baça
anita lhe dizia, sem fogo nas bilas vagas
que uma diezira tremenda lhe acometia
ao superlotar-se a polpa sanga
de estandartes fincados em várzea
gael, já morto no banhado
– o coco esbagaçado –
queixou-se de cafubira baita
e baliu: não sei de nada!!!
Resgate
Às vezes penso
Tenho quase certeza
Não sou daqui
Minha alma
Grita por liberdade
Enquanto meu corpo
Reprime meus instintos
Juntos com as diretrizes
Da sociedade.
Não cabe
Dentro da minha alma
Essa inclusão.
Minha consciência
Clama por expansão,
Comunicação.
Liberdade,
Esse é o significado do resgate.
Recomeçar de repente
Assim, sempre ausente
Indo em frente
Querendo estar com a alma reluzente
Como fogo ardente
Mas se apaga com o vento
Eu não entendo
E me lamento
Ainda que eu soubesse a arte de fazer o certo
Eu me desconcerto
Não acerto
Pois não há o certo
Eu não me entrego
Mas me nego
Isso tá no ego
Tá na rua, no céu infinito do teu espelho
Assim que eu me vejo
Esclareço, me intrometo
Eu me perco
Como um percevejo
Em uma roupa que foi tua
Hoje, nua como a lua
Fúlgida lá de cima
Meio doente, abaixo do cansaço
Não acima, é um descaso
Mesmo assim, não te largo
Não insista
É como um ímã atrapalhado
Com ideias divergentes
Confusão interminável
Remetente dessa gente
Que não sente, não entende
Como é amar de verdade o próximo
Acaba por tornar-se tóxico
É um negócio dos primórdios
Da "humanidade valente"
Nesta velocidade recorrente
Desta claridade inconsequente
Há tanta coisa boa
Que me faz pensar à toa
Mas desmancha na escuridão
E nesta escuridão eu prefiro estar agora
Pra esquecer do mal que está lá fora
Tô ficando assim, meio diferente
Meio lúcido da cabeça
Concordância proposital
Pra cair logo na real
Sempre avessa a alma indiferente
Intermitente é o sol do céu à frente
Era seu o que era só
Não deu, doeu e escondeu
O brilho do holofote
Manchado assim de sorte
Que viveu na morte
E morreu nesta vida
Ainda que seja querida
O caminho não era o norte
Chame do que quiser
Logo, se não vier
Desistência é o nome
E isto consome
Pois não alimenta a fome
Do coração
A confusão que une a mente
A minha e a tua, funde
Não mente, assume, sente
A solidão do coração que prefere insistir
Não é querer punir
É querer unir
A rosa com o espinho
Sem querer carinho
Sem ir de carona neste caminho
Trago a verdade à tona
Nesta vida introspectiva
Sempre criando expectativa
Numa tentativa
Completamente inútil
Foi sutil, foi fútil
Foi meio incerto
Num penhasco que eu pulo
Vejo tudo a céu aberto
Eu relevo, eu revelo
Que eu surto
Mas não me entrego
Eu luto sem estar de luto
E concluo
Que a vida é incerteza
Que te faz preencher o vazio num copo de cerveja
Ela almeja e deseja
Ela beija
Num sopro de primavera
O coração acelera
E se desespera
Nesta dose certa
De loucura que não cura
Fuja!
É o conselho dela
Pra ver a felicidade
Sentir a mocidade
Daquela idade novamente
Sem falsidade
Isto é recorrente
Daquele olhar ausente
Mente e não sente
Apedrejado numa plenitude
Amar é uma virtude
De poucos
Que pertence aos loucos
Eu não ouço
Tu dizeres que assume
É uma personalidade variante
É estonteante
Como nunca antes
Era anti e agora é a favor
A metamorfose do frio para o calor
Intensifica a dor daquele amor
Que transmitia calafrio
Se não ouviu
Agora, já sumiu
A antiguidade da memória daquele disquete
Não sou do tipo que repete
Mas se mete, inverte
E tenta mudar o clima
Vejo bem de cima
Acima de toda essa neblina
Posso dizer que é inebriante
Como uma estrela brilhante
Engolida num momento
Por um buraco negro
E neste relento
Eu não despenco na tristeza
Porque, veja
A vida é incerteza
Mesmo assim, siga em frente e leia
Vença e clareia
Pois hoje a tempestade é cruel
Mas o sol sempre nasce lá no céu
E você renasce na clareza
Eu só tenho a certeza
De que isto não é poesia
Mas eu faria com leveza
Pois pertence ao sonho de um dia
Onde contemplava tua beleza
Ofertar
Eu te ofereço a luz do dia,
A paz, a reflexão
Te ofereço
O colo do canto,
Da minha canção.
Te ofereço
Estar consciente,
Ciente
Que somos uno.
Te ofereço
O abraço apertado
Calado
Aquele que desmancha
Só por estar
Estar acolhido
Num amor eterno
Fraterno
Amor que pode curar
Te ofereço a vida
A alegria
O momento é esse
Estou a te chamar.
Primeiro amor
Queria ter te visto moleca,
Corrido contigo sem pressa
Cirandando onde o tempo
Demorava a passar.
Queria ter tirado teus laços,
Embaraçado teus cachos
Tua boneca roubar.
Queria ter tido o gosto
Do teu primeiro beijo,
Ter sido teu sonho
Ter brincado contigo.
Passeado nos montes,
Embaixo do céu azulado.
Ter sido seu melhor amigo.
Infinito
O que há além do infinito
Retalhos fadados,
Mensagens perdidas,
Orgulhos feridos,
Ilusão, desilusão....
Pontos que finalizam,
Letras que recomeçam.
Mãos que tecem e
Desfazem ao mesmo tempo,
As leis do destino.
No além que se molda
Tão infinito
Quanto a presença do agora e
Transborda para dentro
Um universo inteiro de intenções.
No além das palavras não ditas
Dos olhares que nunca se cruzaram
Há um caminho para cada lágrima,
Cada sorriso,
Cada querer que nunca foi quisto.
Como numa prateleira gigante
Onde tudo se encontra e
Não sabe o que se procura.
Estão as respostas
Para as perguntas não feitas,
Para as histórias
Que jamais foram contadas .
Histórias de personagens tão vividos
Tão sofridos
Tão sem ânsia de ser,
Que deixam de se perceber.
No além do universo traduzido
Existe um ato, Um exato...
Momento em que tudo se encaixa,
Numa pequena caixa
No centro da Palma da mão
Avermelham
Cada palavra que solto
É um Desejo sonoro
De me expressar em você.
Me perder em silêncios
Do meu peito batendo
Sentindo, gemendo, querendo
Me doar sem perceber
Cada palavra que solto
Avermelham meus olhos,
Com as gotas que caem...
Vermelhas
Da cor dos meus lábios
Que secam
Por não ti dizer.
O Trem
Queria contar um cadinho
Do barulho que vem surgindo
Com o trem a passar
Ele me acorda com um assovio mansinho
Trazido pelo vento menino
Que tudo gosta de bagunçar.
Queria contar um cadinho do trem
Que não sai dos trilhos
Nem pra ver seu bem.
Mas manda recado sentido
Quanto passa pelo caminho
Próximo do seu lar.
De saudade vai chorando sozinho
Deixando no rastro de fumaça
Seu vazio
De não poder seu amor avistar
E o vento ,menino sempre levado
Sem se importar com o coitado
Espalha sua dor por todos os lados...
E eu como alma sensível que sou
Sinto da minha cama sua dor
Quando passa nas madrugadas a buzinar.
@poemasefilosofia
Finda-se
O fim nem sempre é um recomeço
As vezes ou quase sempre ,
É só mesmo um fim,
Entre tantos outros que foram chorados
Ou até mesmo aqueles que se riram pra mim.
O fim deve ser sempre comemorado
Como presente, presenteável
Mudança de estação....
Ou simplesmente um trocar de passos errados.
O importante é que fim é finito
Não ultrapassa a linha ,
Não compensa
Rasgar os verbos em rinhas
Simplesmente finda-se....
E o por vir...
É novidade, é cheiro novo
Gosto de tarde,
Um fazer nada , ou se fazer....
Vício
O mundo até caminha
Em passos lentos,
As vezes gira forte,
Me tira do centro
Mas estou de pé, ainda estou de pé.
Um passo de cada vez
Um dia após o outro
Cansado, abatido mas esperançoso.
Esperança essa que me auxilia,
Segurança que sorri pra mim
Nos momentos delicados desta vida.
Só mais um dia.
E nesta noite vou poder dormir
O sono dos justos,
E olha que nem sou tão justo assim.
Mas eu venci mais uma vez
Venci a mim mesmo,
Venci meus medos
Venci.
E amanhã estarei de pé,
Recuperado? não sei...
Mas estarei de pé Recomeçando,
Pois o recomeço é diário.
E minha vida se resume a viver o dia a dia.
A saudade arde vazia
Há razões em teus abraços
Neste tempo de asas tolhidas
De rimas repartidas
Nos musgos do tempo há.
Quero
A cor deste amor
O silêncio escondido
No coração Deus verá
Anda
Diga-me onde nasce
Uma nova canção
Sem choro
Sem frio
Com tempo de não te perder.
A saudade
Que arde vazia
Nas nuvens do meu mundo
Louco
Sujo
Caído ao lado do teu.
A ternura
Que invade teus olhos
É o espelho do meu sorriso
Manso
Livre
Com força para se viver.
Livro: Travessia de Gente Grande
Autor: Ademir Hamú
Metamorfose da Solidão
Ele havia morrido.
Rosa Augusta deitou-se silenciosamente aos pés da cama.
Emudecida, anestesiada pelo sofrimento. Não havia soluços, desespero, nem pranto incontrolável.
Somente seus pensamentos voavam e cerravam todas as portas do casarão, avisando a todos, que, naquele instante se encerrava uma história, uma vida. Dali em diante, somente abrindo as alas da morte para conhecer o outro lado.
Não era feriado, dia santo e o comércio não parou. Somente ela vestiu-se de negro. Aprumou seu coque, dobrou o lenço de linho miúdo e colocou-o no punho da manga e recebeu os... “sentimentos”...
Numa noite clara de luar, pessoas iam e vinham, aconchegadas, quentes, acalentando Rosa Augusta que escondia os pés doídos de frio e solidão, debaixo das barbatanas e anáguas.
Seus pés gelados trincaram e se despedaçaram pela sala como pedras soltas...
Ela ficou inerte, sobre os cotos, sem dor, esperando que a alma dele lhe desse asas para voar.
As pedras despedaçaram, derreteram e escorreram pela sala. Ninguém entendia o porque de tantas poças d'água já que a casa era toda forrada e de Rosa Augusta não desprendia uma lágrima sequer.
Ela, num gesto de consolo a si própria, descobriu a face do amado, emoldurado pelo fino filó, passou o lenço pela sua testa como se ele vivesse e transpirasse sua existência ali inerte.
Neste instante, ao recolher o lenço, este caiu sobre as poças do chão-molhado, encharcou-se de emoção nas águas caídas, aumentou de tamanho, desdobrou suas formas e transformou-se em asas que Rosa Augusta vestiu e voou... acreditando que a vida é uma grande “METAMORMOSE!
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Passos largos nas ruas
Olhares curvos tão frios
Ansiedade declarada
E estranhos pensamentos constantes
Atordoam minha mente
A cada instante
Que me vejo longe de casa.
A cada olhar retribuído sinto fraqueza
Sinto como se minha estranheza ficasse mais visível
E que os seres que circulam se virassem todos contra mim.
Tênue linha que separa o feio do belo
A loucura do gênio
O amor das dores
A felicidade da inconsciência.
Loucos somos nós
Jogados para os cantos do mundo
Nascidos dos infernos e cada
Vez mais moribundos
Somos assim, estranhos, gênios, podres e largados
Mas sabemos viver, sabemos o instante da vida que o valor
Se investe
Sabemos que bebida e sexo podem ser a salvação de muitos
Problemas que nos são diariamente dados.
Reprimo mais essa dor
Para descarregá-la em tragos noturnos
E sentir um pingo de álcool de felicidade.
Unhas pintadas
Pinte suas unhas menina
De dourado, vermelho
A cor que representa
Teu desejo
De liberdade guardado aí dentro .
Pinte seus lábios,
Se borre
Com rímel, blusch
Se precisar tome um porre
Mas se forre de você.
Olhe no espelho
Desembarace os cabelos
Sinta seis anseios ...
Devore- se
De um passo em salto,
Se cansar os pés
Deixe os descalço.
Mas valse, baile....
Se acabe
Na melodia que grita ai dentro...
Nudez
Lembro-me da roupa que usastes
Que tua pele. nua emprestas-te
Pra dizer que nua não estava
Em tua nudez encoberta
De alma, sentimento, gozo e calma
Veste- se como a mais linda mulher...
Lembro- me quando te despiste
Do pouco ou nada que ainda ,
como um véu pairava
Para não que eu não a percebestes.
E hoje encoberta de nudez
E pelos eriçados
Da pele quente de vermelho inflado
Vejo que não há vestes mais belas
Que a tua liberdade.
Inspirações
Trago inspiração pro meu amigo poeta
Em fotos, frases e pensamentos
Pintados em tela.
Para expressar minha alma
Através de suas palavras.
Trago de presente minhas memórias
Meu passado triste
Meus segredos e histórias.
Para poder ver num livro
De romance escrito
Um pouco do que fui um dia
E ser o ator das fantasias
Que meu amigo poeta fará pra mim.
Dani Raphael
@poemasefilosofia
Cartesiana
Ela me disse que odeia matemática
Mas calcula tudo
Com pensamentos rápidos
Soma o que interessa
E subtrai o que pra ela é lixo.
Ela disse que odeia matemática
Mas dividi tudo
E quando o foco é o amor que sente
Ela multiplica em seu mundo.
Ela odeia matemática
Mas sempre enumera o que na vida é especial
Das notas musicais cria sua própria orquestra
No seu mundo deixa só o essêncial.
Conta as flores, conta as rimas
Do coração, suas batistas.
Conta os passos, conta os dias.
Na sua lógica perfeita
Deixa tudo em suas caixinhas.
Menina matemática
Cartesiana e detalhista.
UM MILHÃO DE BITS
Um milhão de bits
em um milionésimo
de segundo, amor
um súbito sussurrar
de sílabas suas
ecoa em mim mil
beats, batida comum
em corações binários
zero: um: zero: um
um breve bater de
pálpebras e sentidos
explodem modulados
por modems emol
durados, amor, em
fibras óticas...
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