Coleção pessoal de RosangelaCalza

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⁠Ardente paixão

Uma ardente paixão.
Sentimentos explodem em meu coração.
Lá fora brumas se juntam como um denso véu.
Escuro e triste está o meu céu.
Chuva virá.
As flores do jardim irá regar.
A terra molhar.
Em meu rosto lágrimas minha visão irão mais embaçar...

⁠Distância

Sou antítese do não ser…
Sou e não quero ser.
Procuro-me sem querer me achar…
Encontro-me sem me procurar.
Sou fluxo até transbordar.
Ando pelo caminho sem nenhum passo dar.
Dou passos pelo caminho sem em frente continuar.
Sou finitude trajada de ser.
E há vezes em que nem consigo me descrever.

⁠Adormeceu o dia

A suave mão da noite
fechou as pálpebras do dia.
O dia silenciosamente adormeceu.
A noite seguiu seu rumo.
O doce brilho da lua refletiu no mar sereno.
O brilho das estrelas foi pleno.
As ondas do mar num ir e vir eterno…
Seguiu a noite e a seguiu o dia.
Natureza bela que se refaz e se refaz na mais completa harmonia.
Foi-se a noite… chegou mais um dia.

⁠A tua paz

Busco a paz do teu olhar.
No teu abraço quero me guardar.
Contigo aprendi o que é o verdadeiro amar.
Tuas mãos as minhas a segurar.
Sinto a tua força a me sustentar.
Teu passo a me guiar.
É tão mais fácil caminhar se estás o caminho a me apontar.
Vivo o que vier.
Se junto contigo estiver.

⁠Quem poderá?

Titubeio.
As palavras já não se fazem mais.
Tudo está coberto por uma luz fraca.
Os passos vão para frente, voltam para trás.
Desencontros… descompassos.
O pulso palpita,
A alma grita.
Não há mais saídas.
O espelho reflete um corpo
alquebrado.
Olhos estatelados.
Não há mais dúvidas.
Sobraram apenas as certezas.
A calamidade da certeza me assombra.
Um corpo sem sombras.
Uma mente sem dúvidas.
Quem me poderá desanuviar a mente?
Quem me ensinará a ver a verdade em quem mente?

⁠Desista

Nego-me a mim mesmo.
Caminho a esmo…
Afasto a cortina.
Um fresta aparece.
Tudo tão claro lá fora a mim me parece.
Aqui dentro tudo está preso em uma teia de indefinições.
Não sei mais ao certo os limites.
Pergunto-me: por que insisto?
Alçapões?

⁠Lua

Lua que passeia pelos céus.
Conhece da noite o mistério.
Reflete no enorme oceano
um brilho que dissimula sua beleza.
Não entendo por que razão não deixa aparecer toda a sua beleza.
Esconde-se timidamente por detrás de nuvens.
Desaparece, por um instante, por detrás dos montes.
Chega o dia.
Já pode ela disfarçar no brilho do sol
o que na escuridão da noite não conseguia

⁠Te amarei

Falha a minha voz.
Fraqueja meu passo.
Da dança não sei mais o passo.
Olhos marejados.
O sol que não brilha mais.
Que falta você me faz.
Volta.
Esquece o mal que causei.
Lembra que sempre falei: não importa o que acontecer… sempre te amarei.

⁠Fracasso

O céu se encobriu de novo.
A luz que brilhava se foi.
Partiste.
Tudo ficou tão triste.
Um aperto no peito.
Olhos marejados.
Uma tristeza infinita.
Meu coração desolado.
O ar fica escasso.
Tua ausência maltrata e eu…
sinto-me um eterno fracasso.

⁠Sigo

Sigo.
Meus sonhos persigo.
Sigo serena.
Na bagagem só o que vale a pena.
Meu corpo é frágil.
Tenho de tomar cuidado.
Massageio meus pés de quando em quando.
O que me incomoda pelo caminho vou largando.
Quero chegar ao fim da jornada
só com o que vale a pena.
Quero no fim só o peso de uma pena.

⁠Tua mão

Sigo caminhando.
Passos leves.
Não tenho mais a arrogância de quem tem muito…
Nem a ansiedade de que quem pouco tem.
Sigo leve.
Miro um ponto à minha frente.
Nascente ou poente…
Não sei…
Só sei que há luz.
Em paz.
Aperto tua mão.
Tão suave ela me conduz .

⁠Experiência

Acabou não sendo como querias…
E acabou…
Mas não deves pensar que fracassaste.
Fracassado terias se não tivesses feito.
Se tivesses deixado os braços cruzados.
Se tivesses deixado passar como se não existisse.
Fizeste.
Não saiu como querias…
Mas agora tens a experiência…
Sabes de algo que do contrário não saberias.

⁠Do começo ao fim

E as coisas vão ficando para trás.
Vão sendo largadas pelo caminho.
Melhor assim…
Melhor caminhar sem pesos.
Mochila levinha.
Não, não perdes nada.
A vida é assim:
Coisas vão pasando.
Coisas novas vão chegando.
Tudo flui.
E assim do começo ao fim

⁠Escrevo

Escrevo.
Escrevo pra sobreviver de noites mal dormidas.
Narro meus dias.
Narro-os pra não me esquecer das tristezas nem das alegrias.
Conto sobre mim.
Conto sobre os outros.
Conto que os amores não são poucos.
Descrevo.
Descrevo o que os meus olhos veem.
Descrevo porque não quero que nada se apague de minha memoria.
Tão solúvel.
E os dias passam.
Alguns lentamente demais.
Outros tão normais.
escrevo pra sobreviver…
sobreviver a essas águas que querem pra sempre me varrer do mapa.
Escrevo pra tornar visível ese fio da minha vida.
Escrevo pra destatuar a dor da minha alma.
Escrevo pois só a escrita me acalma.

⁠A caixa

Entrei mais uma vez em uma caixa.
Só que dessa vez não era uma caixa de brinquedos…
era uma caixa de escuridão.
Tateie por toda ela.
Demorei pra entender onde eu estava.
Adormeci.
O melhor a se fazer na escuridão é adormecer.
Dormi profundo.
Dormi até o fim do mundo.
E olha que a escuridão não tem fim.
Pobre de mim.

Por que voltou?⁠

Não fez nada pra evitar
que triste eu fosse ficar.
Um dia partiu.
Meu coração partiu.
Estilhaçado,
chorou desesperançado.
Não fez nada pra evitar
uma dor que eu não queria sequer relembrar.
Meu maior castigo?
Não foi você partir…
Foi você voltar.

⁠Minha palavra

Minha palavra dobrou a esquina.
O que tenho para dizer não cabe em um linha reta.
Tudo pra mim vira poesia.
O que acontece de noite.
E o que acontece de dia.
Minha palavra rola solta.
Atravessa a rua.
Veste-se… fica nua.
Minha palavra muda de calçada.
Voa… dá um nó.
Segue, falando só.

⁠Mapas

Rasguei o mapa.
Agora qualquer caminho me serve.
Não tenho ponto de chegada.
Apenas sigo mais um dia por esta estrada.
Não quero o futuro desvendar.
Não quero placas pra me guiar.
Na dança da vida rodopio.
Não importa que esteja presa por um fino fio.
Se encontro um desvio, me desvio.
Sigo o leito do rio… ou não.
Sigo na mão.
Me perco na contramão.
Se precisar dou voltas.
Faço o caminho de volta.
Perco-me.
Encontro-me.
Nas esquinas da vida.
Sigo.
Entro em becos sem saída.
Deixo a vida me levar.
Deixo a chuva me lavar.
Deixo a vida me parir…
sem medos, sem dores
abismo profundo: eu sempre a cair… a cair…
no fundo, no fundo só vejo flores.

⁠As facas afiei

Parei um pouco.
Deixei de seguir este mundo louco.
Muitos espinhos encontrei pelo caminho.
Resolvi dar uma trégua.
Depois de ter andado mil léguas,
num mar de lama me afundei.
Cachoeira.
Em suas águas me banhei.
Até a alma lavei.
As facas afiei…

⁠Estranho

As palavras têm um gosto estranho.
Coloco-as no papel…
Quero de novo sentir nelas o gosto de mel.
O meu olhar cansado.
Meu coração machucado.
Os pés doídos.
Meu coração sofrido.
As palavras continuam com um gosto estranho.
Estranho!