Coleção pessoal de RosangelaCalza

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⁠Há você

Há você.
Além de tudo há você.
O Sol a tudo aquecer.
E há você.
As flores a tudo perfumar.
E há você.
As borboletas a tudo leve tornar.
E há você.
Os sonhos a me embalar.
E há você.
A chuva a tudo refrescar.
E há você.
As estrelas... a Lua a tudo iluminar.
E há você.

⁠Uma enorme dor

Uma fração de tempo
…apenas.
E tudo se esvai... tudo embora vai.
Não há aviso prévio.
Clica um botão – uma divindade que não se vê... que não se sabe onde está – e para o coração.
Último respiro.
Nada levamos.
Todos os choros e risos a nada reduzidos.
Antigas lembranças... lembrar pra quê?
O exemplo é o que deixamos.
Dor a muitos causamos – não porque queremos.
Um pouquinho de nós em outros se preserva.
E isso, juro, me enerva.

⁠Escuridão fúnebre

Estava escuro como breu quando ele partiu...
E a escuridão persiste...
Já faz tanto tempo e nada muda de cor.
Nenhuma luz difusa paira sobre mim.
Nenhuma luz confusa a me ofuscar.
Tudo a se negrejar.
Há um odor a desespero em volta de mim.
Tudo jaz em uma umidade lúgubre, feral... sinistra... por onde passo.
Pálida, lívida, adoentada, derrotada, cansada... estou assim

⁠Se decidires

Se decidires não mais me amar,
afasta-te de mim.
Por favor, vá sem aviso prévio!
Busca outra estrada pra caminhar.
Procura outro jardim pra o perfume das flores sentir.
Busca outro mar pra mergulhar.
Se decidires não me amar...
Afasta teus olhos de mim...
Se decidires não me amar,
vá... de nada valerá querer me explicar
por que decidiste o que decidiste...
entendo... é o fim de nossa estrada juntos,
cada um seguirá seu próprio caminho
sozinho.
Ficarei, por aqui, taciturna, silente... por um bom tempo... até parecerei doente.
Pensarei: estava eu tão acostumada a nós...
É difícil quebrar velhos hábitos...
Mas eu hei de quebrar...
E abrirei meu coração pra outro homem nele entrar...
Fazer morada...
Serei namorada.
Tudo num instante conciso irá acontecer.
Nós dois houve um tempo em que era pra ser... agora não é mais... quando chegar a hora, eu vou entender.

⁠Teu sorriso lindo

Escuro do caminho não tenho mais medo não.
Trago sempre comigo o teu sorriso.
Não estou sozinha... tenho teu sorriso a me acompanhar... a tudo a iluminar.
Em cada momento do dia e da noite... em cada lugar por onde eu passar.
Cintilam as estrelas no céu.
Cá embaixo teu sorriso a cintilar
Transforma em passeio toda a minha caminhada...
Não temo nada.

⁠Memória

Na contramão da História eu me desencontro.
Depois de tantos passos… colisões, trombadas e encontros…
A essência do que sou vem à tona.
Ainda falta muito para o fim da maratona.
Corrida maluca contra o tempo.
Tempo que passa depressa.
A vida se faz de momento em momento.
Não aguento…
Não sei do amanhã absolutamente nada
O que me aguarda?
O que vem depois da próxima curva?
O que me acontecerá na próxima batida?
O que me trará o amanhã?
Mantenho a guarda.
Gerencio minha emoção…
Na mão e na contramão…
Que mistério será a vida?

⁠Por aí

Andando aqui nesta areia quente.
Lembro do que um dia foi a gente.
Memória de nós dois...
Juramos: pra sempre teríamos um depois.
Ah o amor prega peça.
Um dia a nos guiar...
Noutro, embora tudo a levar.
Desce a noite com seu negro véu.
Perde-se o dia nos braços da dama que chega.
E eu... continuo a andar na areia que já começa a esfriar...
Encontro na minha memória o teu lindo, reluzente e eterno olhar.

⁠Barra do leme

Meu próprio luto.
Sofri um naufrágio...
Estado total de triste apatia.
Em nenhum lugar me encaixo...
Pode o mundo virar de cabeça pra baixo.
Quando minha cabeça toca o travesseiro...
Cadê aquela guerreira?
Âncora levantar.
Por esse marzão imenso navegar...
Sem roda do leme, sem governo, sem timão...
Nunca mais atracar.
Só... e só as batidas do coração.
Vontade imensa de a chuteira pra sempre pendurar...

⁠Embaciada

Fé completa e descrença.
Causam em mim desavenças.
Estados de apatia... em dias de nostalgia.
Há dias em que tudo é tão límpido...
Céu de primavera, tudo é alegria...
Vibra meu coração.
Há dias em que a mente nubla.
Céu carregado de nuvens... nevoeiro,
bruma, cerração...
tudo ao meu redor se fecha na mais completa escuridão.
Ah! e esse estado de marasmo geral que me toma em certos dias!?
Vontade de o pau da barraca soprar...
Pendurar a chuteira...
Insensibilidade total...
Uma indiferença radical...
Não quero da cama nem levantar...
Sonolência e fraqueza extrema o dia inteiro em mim tomam lugar.

⁠Meus sentimentos

Acordo sobressaltada.
É madrugada fria...
Deixei a janela aberta
A friagem torna-me desperta.
Meus fantasmas já não me apavoram mais.
Meus medos, deixei-os pra trás.
Eles que vão outros endereços aterrorizar...
Outras casas têm eles de assombrar.
Minhas emoções a mim reveladas
agora só as uso para aprendizado...
Cada uma delas uma lição.
Meus sentimentos, já nem lembro mais de por eles sofrer... estão tão esquecidos que acabaram por se enferrujar

⁠Tudo o que nasce morre

Apagam-se da minha mente memórias.
O caminho sinuoso à minha frente vai deixando o presente para trás.
Na dor do momento tudo o que nasce... morre.
Uma lágrima corre.
Enquanto uma onda vem... outra vai.
Abismo profundo onde toda esperança cai.
Equilibro-me no fio da vida.
Sei por onde entrei...
Não me dizem onde e quando vou encontrar a saída.
Sigo o caminho sinuoso aos meus pés.
Era... agora já mais é.
E fim.

⁠Oh! Minh'alma

Oh! Minh’alma… calma
Não te sintas cega
Não te furtes à tua sina.
Seja sempre aquela menina.
Sei... sedes tens...
Sede de luz!
Sedenta és da fragrante luz do amanhecer...
Da luz mestiça do anoitecer...
Da luz morta da noite a mais e mais escura se fazer.
Descalça-te do medo – inimigo perigoso.
Misture as cores do destino.
Ouve a voz da lucidez.
Tu mais forte do que a morte já te fizeste... mais de uma vez.

⁠Um dia feliz acontece

Amanhece...
Um dia feliz acontece.
Pulo da cama...
Quero sair da rotina.
Abro a cortina.
Pulo da janela
Chove uma chuvinha mansa.
Chuva que invade o dia e quebra o silêncio.
Danço na chuva como criança.
Dançam as flores no jardim...
As pedrinhas de chuva molhada a brilhar...
As árvores verdinhas a se balançar.
Tudo parece dançar somente pra mim.

⁠Esse tipo de amor...

Acredito nesse tipo de amor que acontece
sem horário marcado, sem avisar...
sem ter sido milimetricamente planejado.
Acredito nesse amor que acontece no cruzar de dois olhares... sem ter sido sequer esboçado.
Acredito nesse tipo de amor sem véspera.
Sentimento que brota num de repente.
... que muda totalmente o viver da gente.
Amor não narciso.
Amor que não se perde nas entrelinhas dos dias.
Amor sem carência.
Amor sem ausência.
Amor de mergulho profundo.
Amor de imensidão de encantos.
Amores que se encontram apesar da imensidão do mundo.

⁠Em algum lugar

Em algum lugar alguém está...
sonhando em te encontrar.
Está pelo mundo caminhando...
procurando... tudo esquadrinhando
Olhos fitos na tua direção.
Há alguém, sim, louco pra te ver chegar.
E o coração completo enfim deixar.
Em algum lugar alguém está a te buscar...
assim: linda e sorridente...
muito carinhosa e inteligente...
Coração bom, que ama a todas as gentes.
Sim... está lá, sonhando...
Olhar de quem também quer um amor
Olhar de quem tem reciprocidade...
Amor que vai te amar com toda sinceridade.

⁠Adormeço

Na escuridão do quarto me sinto bem.
Consigo me ver como realmente sou.
Percebo nuances... percebo quando triste estou.
A escuridão do quarto deixa-me antever com clareza minha razão e coração.
A luz do dia
oculta minha dor e minha alegria.
A luz do dia, da vida, tira toda a magia.
A escuridão deixa visível a discussão entre minha razão e meu coração.
Debatem os dois: razão e coração
Numa guerra feroz.
Nada fica oculto.
Nada fica na escuridão.
E o bate-boca sempre termina sem solução.
Continuo sempre sem saber quem realmente sou.
Acalmam-se os dois vencidos pelo sono...
Adormeço... que buscava saber quem sou esqueço.

⁠A lua não surgiu

Luz macia.
A escuridão da noite parece não querer aparecer.
Esconde-se por detrás dos altos edifícios.
Ruas tumultuadas...
Tanta gente apressada.
Pressa que não leva a nada.
A lua não surgiu no céu do anoitecer.
Quer ela também brincar de se esconder.
Nuvens róseas e lilases...
O crepúsculo tarda.
O sol não está com pressa de se esconder...
Dourado... afáveis raios cobrem a terra.
Paz... a noite sua hora calmamente espera.

⁠Meu desencontro

Meu desencontro.
Bebo a/à indiferença do mundo.
Crio pontes... Em repentes...
Essa linearidade da vida que roda sobre esferas.
Faço-me fera.
Faço-me alguns eus...
Sofrem alguns...
Centro-me.
No centro me desconcentro... me desencontro.
Difícil encontrar-se num encontro.
Sigo os semiapagados rastros...
Concêntrico... Homocêntrico...
Estou exausta...
E com os sapatos gastos.

⁠Estrada solitária

A estrada solitária, muda e sombria.
Musgos gélidos rangem sob meus pés.
Sigo... em frente prossigo.
Não me foi outra coisa ensinado...
Devo ir... prosseguir.
Avisto o rio que acompanha a estrada deserta.
Meu único companheiro de jornada.
Não há um pássaro sequer nas árvores desfolhadas...
Não há borboletas esvoaçantes, nem flores perfumadas.
Uma curva logo em frente se aproxima...
Meu coração bate acelerado.
O amor por mim será encontrado?
Mudada será minha sina?

⁠Por um mundo melhor

Se a estrada cansou o teu caminho
Não andes mais sozinho.
A estrela solitária que ainda brilha nesta manhã que vem chegando
Pisca, pisca... e pisca: parece estar gritando:
‘Ninguém foi feito pra ficar só.
Está escrito no vento.
Muita gente anda calada.
Em vez de repartir o que da vida ganhou.
O mundo será um lugar muito melhor
se todos olhassem mais pra Deus.
E colocassem sempre em prática o que Jesus ensinou.’