Coleção pessoal de RosangelaCalza

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⁠Teu canto

É frio
Na noite as trevas são pura escuridão.
Triste bate teu coração.
Teu corpo treme.
Teu canto é triste.
A solidão insiste.
Marcas profundas
revelam a tua dor.
Só queres um abraço de proteção.
Só buscas carinho pro teu coração.
Queres das lágrimas se esquecer.
Tremula a alma... falta-te calma.
Nuvens sombras... já está outro dia a alvorecer.

⁠Machucada

Ao solo vergada.
Machucada.
Foram tantos os vendavais e tempestades
Quase acabaste em nada.
Tua dor revelada
Em fundas marcas e cicatrizes.
A vida te deixou ferida.
Mas, ainda assim, amas a vida.
Há uma força em ti.
Coração perseverante.
Tuas tentativas revelam-se o bastante.
Amas a vida... amas estar aqui.

Triste sina

Imagino-te entre lágrimas.
Triste tua sina.
Por que tanto choras, menina?
Escolheste o amado errado.
Não sabias desde o primeiro momento
que ele era desonesto...
tu estarias sempre entre dele os restos.
Na hora da prece
Tua dor desaparece.
Nasce um fio de esperança:
que ele te tome pra sempre nos braços e sejas só tu a ouvir sua fala mansa.
Que sejam só teus os carinhos e beijos.
Que sejas só tu a saciar-lhe o desejo.

⁠Lua

Ando pela calçada.
Sorrio e teu sorriso iluminou meu dia.
Solta em pensamentos e inspirações...
Sigo e mentalmente componho canções.

Sentei num banco da praça...
As crianças a brincar... que graça.
Dialoguei contigo.
Meu amor, meu amante, meu amigo.

Levantei-me... deste-me força pra seguir adiante.
Ando pela calçada da rua.
Solta, segui sempre avante...
Não importa se não estás aqui...
Sinto-me o tempo todo sempre tão tua.

⁠Em cena

No palco... em cena.
Encena.
Vaidade.
Saber de cor o texto.
Improviso, talvez.
Ou escuridão.
Marionete.
Fantoche.
Saltando, brincando...
Divertindo-se livremente na multidão.
No vaivém do elenco.
Rotina contínua.
Indiferente...
A vida de milhões de milhões de gentes.

⁠Madrasta

Madrasta.
A raiva embrutece.
Os sentimentos das gentes entorpece.
É uma febre que pouco a pouco tudo devora.
Monstros aqui dentro... maiores os lá de fora.
Na solidão a ninguém sabe amar...
Quer a todos dilacerar.
Tentáculos a tudo esmagar.
Cobra, mas nada sabe dar.

⁠Solidão

Em minha solidão me lembro de tempos idos...
Quando ainda não tinhas partido.
Caem pesadamente silêncios.
Hoje não tenho a quem abraçar...
Só estou... a emoção a me tomar
e me ponho a chorar.
Na sombra oculta das dores
Vou levando minha vida...
Estou só, triste e sem guarida.
Que falta me fazem os dias em que em tudo havia cores.

⁠Venta longe daqui

Vai, vento, vai... vai ventar longe daqui.
Vai e não volte... ou volte bem devagar...
Flores azuis na cortina a balançar
Quem me dera…
Quem me dera em quimeras… sonhos, fantasias, ilusões… acreditar
Que bem fariam ao meu coração.
Quem me dera… quem me dera.
Vai, vento, vai... vai ventar em outro lugar
Quem sabe... perto do mar?
Você vai amar, vento...
Fazer o mar em grandes ondas se demudar.

⁠Quimeras

Olho-me no espelho.
Não reconheço o que está ele a refletir.
Foi tanto mentir.
Ilusões mais loucas.
Fantasias... não poucas.
Sou alegoria... finjo alegrias.
Camuflada percebo além da imagem...
Quanta bobagem.
Constato missão não cumprida.
Lamentações e mágoas escondidas.
A isso não se pode chamar vida.

⁠Pretérito

Olho para trás.
No meu passado estarão as respostas?
O que se oculta no que não consigo mais ver?
São profundas feridas cicatrizadas?
É a alegria de havê-las curado?
Revelo pouco a pouco o que fui...
É o que sou agora... pedacinhos colados de dias passados...
Experiências boas e más também.
Dias solitários e dias na companhia de alguém...
A cada passo cruzo o portal da maturidade.
Avanço no tempo.
Vou mudando de idade.
Vou superando obstáculos.
Vou perdoando mágoas.
Vou substituindo desamor pelo mais puro amor...
por mim e pra seja lá quem for.
Sigo minha jornada... muito, mas muito bem acompanhada. Por mim... e seja lá mais quem for.

⁠Induzida

Na praia quase deserta
busco o reflexo da minha própria alma;
mas as ondas no seu vem e vai distorcem tudo o que vejo.
Sou assim?
Desvirtuada da vida?
O que a água salgada do mar reflete
é realmente uma imagem de mim?
O mar anoitece em ondas...
Anoiteço em mim.
Induzida pelo reflexo alterado pela água nada cristalina.
A água do mar brinda espumante.
Quase nela acreditei... por um instante.

⁠Silêncio e paz

Muito intenso esse barulho a tanto barulhar.
Muito confuso tanta gente junto a tagarelar.
Mágicos e intensos mistérios a tudo segredar.
Nesse mundo onde todos gritam é preciso aprender a calar.
A natureza reina...
É noite de gala.
O mar brinda espumante
Silencia-se o mundo por um instante.
A beleza do silêncio enfim se fez ouvir.
Quem gritava emudeceu.
Quem tagarelava calou-se.
A luz da Lua da madrugada tudo envolveu.
Deslumbrante céu infinito.
Ouviu-se um grito: “o silêncio venceu!”
Calma e paz... viver assim é a melhor coisa que se faz.

⁠A quem amar?

Não sabia quem devia amar.
Amar
no prisma
sonoramente refletido
no mais alto silêncio.
Não sabia a quem devia amor.
Amor
no corpo espelhado
sem máscaras
sem fingimento, sem simulação
no vazio do caos
imenso...
entregar o coração.
Não sabia que deveria amor.
Amor
sem ameaça, sem perigo.
Amor atento e dedicado…
E, nesta via de mão dupla…
amar, intensamente amar…
e... ser amad@.
Então simplesmente a cada um e a todos decidiu amar.
Só uma coisa @ decepcionou: nem todos sabiam amar... nem todos sabiam fazer o amor em amor retornar.

⁠A morte

A morte te espreita em cada esquina.
A vida inteira te segue e maquina.
Aproveita, então, a vida e vive com alegria.
Usufrua de cada momento do dia.
A morte vem... te apunhalá-la.
Não há como dela fugir.
Toma o que tens de mais precioso
Leva com ela teu bem mais valioso.
A morte vem e leva consigo
Todos os teus sonhos e direitos...
A morte te marca de bala...
Definitivamente, a morte não está nem aí contigo.

⁠A me lapidar

A vida tem andado a me lapidar.
Tem ela se preocupado em meu formato mudar.
Sinto que viver é um eterno abandonar.
Um passado descolorido,
numa luz anêmica,
pra trás tão no pretérito deixado.
Contemplo-me no espelho.
Olhar magoado.
Vejo marcas e machucados.
Cicatrizes feias e profundas.
Enquanto todos dormiam
a vida de mim fazia o que queria.
Nunca houve certeza de amores correspondidos.
Nunca houve certeza de anseios respondidos.
Minhas ambições... tantas... as ondas do mar pra bem longe levaram.
Meus sonhos... de sonhos nunca passaram.
Mas uma coisa aprendi: quando a vida me chama digo – Estou aqui!
Sempre... silentemente não.

⁠(A)mar

Lá no alto o luar tudo a clarear.
O brilho brilhante das estrelas a ofuscar.
E cá embaixo estou eu a te esperar.
Enquanto não vens o vem e vai das ondas do mar estou a acompanhar.
Vem... e a areia da praia a água salgada a encharcar...
Vai... a onda de volta pro mar o abraçar.
Assim tu longes de mim...
Quem vou eu amar?
Amor de praia...
Falta de ar...
Eu eternamente a te esperar...
Sentimento a me atormentar.
(A)mar... mar... quem vou amar?

⁠(Des)iludida

Um abismo interno.
Um vazio cada vez maior.
Sonhos que não se concretizam.
O amor que de ilusão não deixa de ser.
Pra que correr...
nas calçadas da fama da vida
em busca de guarida?
Nada nos pode dar acolhida.
Nenhum amparo, nem abrigo.
O vento frio... um açoite.
Nesta gélida noite.
Um vácuo interminável.
Meus gestos não encontram eco.
Viver se tornou abominável.

⁠Sombra

A sombra que me acompanha.
Às vezes à minha frente está...
Antes do que eu, quer a qualquer lugar chegar.
A sombra que me acompanha
Às vezes atrás de mim está
Chega sempre depois de mim onde estou a chegar.
Se eu corro
Minha sombra corre também.
Se devagar estou a caminhar...
Minha sombra em passos lentos a me acompanhar.
Às vezes ela se apaga... sem nem mesmo querer... sem nem mesmo me dizer.
Noutras... nem o vento mais forte consegue fazê-la desaparecer.
Sombra sombria.
Sombra na alegria.
Sombra nos momentos de dor...
E, como não poderia deixar de ser...
também sombra nos momentos de amor.

⁠Trilha fechada

Sou trilha no meio da mata fechada.
No labirinto vivo de árvores busco reviver...
No desespero da solidão me disperso
Na seiva que corre nos velhos troncos
Há um tipo de vida que não consigo mais em mim reconhecer.
Medo.
Crepúsculo envolto em segredos.
Ninguém me avisou que depois do fundo do poço havia um abismo.
Tento no silêncio da mata me refugiar.
Barulhos estranhos... distantes.
Tragédia total do meu ser. Cataclismo.

⁠Estarei aqui

Siga, meu amor, siga teu destino.
Vai, meu amor, vai em busca dos teus sonhos...
Estarei aqui à tua espera
Se não acontecer nada do que esperas.
Meu amor, não permita que o primeiro obstáculo te impeça de teus planos seguir.
Nem que outros te digam que não vais conseguir.
Estarei aqui sempre torcendo por ti.
Estarei aqui.
Se um dia perceberes que teu destino sou eu... estarei aqui.
Pronta, como sempre, pra ti.