Coleção pessoal de Moapoesias

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Não costumo abrir mão dos meus princípios, nem dos meios, nem dos fins. Nem sempre se pode transigir.

Escuro
A noite ocultou as ondas,
Sem silenciar meus ouvidos.
Doce embalos de ninar,
Doces ondas de amar.

Desenhei o paraíso
E nele me deitei,
Ouço a canção de sonhar,
Adormeço ouvindo o mar.

Te bendigo

Eu te bendigo
Porque há uma dor tua
Doendo em mim.

Bendigo ainda mais
Porque há uma luz dos teus
Iluminando os olhos meus.

Te bendigo, enfim,
Porque te abrigo
Dentro de mim.

Se tem algo que a vida não tem são portas automáticas.Cabe a nós vencê-las e abri-las.

Em qualquer ruído lírico escuto a voz de uma poesia.

Meu natal eternizado
Um fato, em especial, me faz ver está época do ano de forma muito especial.
Antes preciso dizer que nasci e me criei numa comunidade pobre do interior sem nenhuma infraestrutura, inclusive sem energia elétrica.
Não tínhamos, talvez por isso mesmo, árvores enfeitadas. Não escrevíamos cartas para o bom velhinho pedindo presente e, raramente a gente ganhava algum.
Mas teve um natal; deste que quero falar, em que minha mãe estava muito mal. Eu, na inocência de criança queria fazer alguma coisa por ela. Foi a primeira e única vez que fiz uma cartinha para papai Noel. Era curta e pedia apenas que ele salvasse mamãe, sem nenhuma referência aos anos sem presentes.
Na minha ingenuidade coloquei a escrita entre galhos alto de um pé enorme de pera para que ele a encontrasse facilmente.
Na manhã seguinte, acordei com uma chuva torrencial. Mesmo assim, de imediato fui lá ver e a carta não estava mais.
Nossa! Tive a maior certeza que ele havia vindo buscar a carta.
Fui tomado de cheio por uma enorme e, de certa forma, efêmera felicidade. Era a certeza que mamãe seria curada.
Na família, evidentemente havia uma preocupação grande. Lembro que estávamos em lados opostos do fogão a lenha eu e um dos meus irmãos. Fitei-o. estava triste, pensativo.... Esbocei um sorriso e ele retribuiu de forma muito contida e nada nos falamos.
Tive vontade de dizer para que não se preocupasse pois eu já tinha resolvido o problema da doença da mamãe com a minha cartinha.
Ilusão infantil.
Mas há lendas lindas das quais nunca devemos fugir enquanto a ilusão nos seja possível.

Mamãe faleceu dia 02 de janeiro.
Para a criança que eu era aquilo era um enorme castigo. Por algum tempo me revoltei com o velhinho de vermelho e barbas brancas.
Depois de adulto entendi que realmente fui atendido. Pois foi um presente de papai do céu ou de papai Noel, ter a doce e insubstituível presença de mamãe para nosso último natal juntos fisicamente.

Natal dos imigrantes

É Natal...
O mundo comemora,
Data universal,
Famílias se abraçam
E oram,
Trocam presentes,
Imaginando me emociono...
E choro.

É Natal...
E eu não abraço meus filhos,
Não vejo a Árvore natalina da casa do meu apreço
Nem a enfeito, pois me sinto apenas um andarilho.
O Sino que ouço não é o do meu país.
As Guirlandas estão em portas que não conheço,
Minha Ceia é a solidão que eu nunca quis.

Alguns anjos me acolhem com voluntariedade
Nesta terra em que a estrela vida me largou
São Deuses grandiosos de generosidade,
Mas me faltam as tradições da terra que me gerou.

Natal não tem fronteira,
É o que se diz desde sempre
Mas até a língua é barreira
Com os de sangue todos ausentes.

Menos mal que a fé
Em qualquer lugar se sente
E crendo se tem sempre uma chaminé
E uma árvore de boas sementes,
Ano que vem se Deus quiser
Farei um Feliz Natal com Minha Gente.

Ser gentil
Às vezes é preciso fazer uma prova
Que não seja para nota.
Acender uma vela
Que não seja para agradecer.
Oferecer uma flor
Que não seja póstuma.
Esquecer a hora
Sem menosprezar o relógio.
Ás vezes é preciso usar a vida
Que não seja só para sobreviver.
Crer
Sem que seja só por temer.
Ser gentil
Em doses colossais,
Sem ser por obrigação.
Pois quem pratica a gentileza
Aquece a alma e conquista o coração.

Crescer
Meu ronco abandonou o caminhão
Que estacionou triste ....
Ficaram intactos os montes de areia,
As ervas cobriram as estradas.

Pena que ele não aprendeu crescer e
O tempo me transportou.

Abandonou-me o menino
E ele nunca mais andou.

Pobre caminhãozinho,
Eternizou-se parado
Na inocência de uma criança.

Oração da poesia

Salve a poesia que à vida dá graça,
Conosco estejam seus encantamentos.
Bendita sóis entre todos os gêneros e
Bendito sejam os frutos dos seus versos.

Santa Cecília rogai por nós poetas
Abençoai as nossas inspirações
E protegei a todos os leitores
Amém.
(Respeitosamente construída com base na Oração da Ave Maria)

Depois de você
Eu ainda mantenho a mesma rotina.
Não deixo de fazer as coisas que fazíamos juntos.
Sufoco o vazio dentro de mim para poder manter vivas as nossas lembranças.
Queria ter sabido que eram as últimas vezes para poder dar a estes momentos muito mais intensidade.
Visto a roupa que você elogiava e coloco uma música como se fôssemos dançar. Preparo o jantar. Abro um vinho e coloco duas taças.
Empresto-me uma das minhas próprias mãos para podermos brindar.
Tem horas que caminho pelo jardim admirando as flores e seus encantos. Falo com elas como fazias.
Te chamo quando algo me impressiona – preciso que vejas.
Acaricio teu cabelo e cubro-te a noite, como se ali estivesse.
Às vezes escuto você contando do seu dia, eu também te conto o que eu fiz. – Juro - conto.
O silêncio faz cair uma lágrima e na emoção digo, com o mesmo orgulho, que nossos filhos estão bem, os netos crescendo no caminho que tantos queríamos.
Sim, tua falta aqui é impossível de suprir. Foram tantos momentos, planos, desejos, sorrisos....
Quanta vida vimos brotar em nós e nos nossos.
Não, eu não estou enlouquecendo, ainda que pudesse ser, pois a saudade e a solidão podem levar à loucura.
Sei que um dia você vai aparecer. Vai me chamar. Vai segurar minha mão para não soltar mais.
Assim caminharemos para a eternidade.
Espero paciente.
Quando este dia chegar vamos salvar o que infinitamos nas nossas almas.
No céu seremos novamente nós dois.

Pinheiro Marcado
Na terra onde nasci os trilhos cortavam o pequeno lugarejo como brilhantes luzindo à luz solar”

Terra adorada da minha infância,
Meu belo berço natal,
Vivi alegrias e pujança
Meu amor por este chão é sem igual.

Não fossem as contingências do supremo,
De lá não sairia nenhum minutinho.
Fronteira municipal bem no extremo,
Lindo distrito no interior de Carazinho.

O ruído do trem de longe se escutava
A estação, de gente, certamente se enchia,
Surgiam em minha imaginação
As emoções de quem chegava ou partia.

Terra de tantos sonhos sonhados,
De agricultura e reais belezas
Do meu primeiro aprendizado
De vivências intensas com a natureza.

Da Escola Veiga Cabral de eternas lembranças,
Do amor inocente platonizado,
Trago grudado em meu peito às heranças
E gratidão ao meu chão: Pinheiro Marcado.

(Projeto AVL- Meu Berço meu orgulho)

Deixe-me
Me deixe morrer
Nas ondas azuis
Nas nuvens macias
Nas velas dos castiçais.

Deixe-me dormir
Na selva serena
Na pele morena
Do amanhecer.

Despeço-me – permita,
Antes da lua desligar,
Levo-te assim bonita
Na imaginação passear.

Meu destino
Nunca escreverei
Nada de mim sei.
Só uma pessoa leu,
Segredo dela;
Não meu.
Se me fosse contado
Eu já teria esquecido,
Não sou bom de memória
Saber não faria sentido.
Meu destino é um detalhe
Que em minha mão se escondeu.
Só ela sabe,
Só uma cigana leu.

Notas de vida
Uma folha solta passou,
Onde outras já passaram.
Hoje ela foi vista
Pousando sobre a grama
Entre milhões delas.
Sutilezas distraídas,
Gotas cotidianas
Notas de amor à vida.

Orgulho
Não era nada...
Só um menino
Fazendo tudo.
Nada além de
Um estranho
Achando tudo um absurdo.
Deslumbramentos
De descobrir o mundo.
Nada que
Para os pais encantados
É sinônimo de tudo.

Eu espero,
A pressa não vai influenciar.
Eu espero,
A ganância não me fará egoísta.
Eu espero,
Tem valores que posso e devo abdicar.
Eu espero,
Sem gritaria,
Sem agressões.
Eu espero,
E assim vou fazendo a hora chegar.
Eu espero,
Não atravessarei a nado.
Eu espero,
Sem medo de ser o último,
Estarei no meu tempo
Meu ritmo eu dito.
Enquanto o caminho não acaba
Meu caminhar é infinito.
Eu espero,
Pois sei que ao andar
Encontrarei vestígio de quem passou afoito,
Eu espero,
Tenho pressa em viver.
Eu espero,
Vivo a esperança que a humanidade
Feliz haverá de ser.

Linhas
Duas linhas paralelas
Infinitas para a visão
Lado a lado...
Seguem sempre
Sem se verem.
Sem saber pensar
Juntos e sós...
Definitivamente sós.

Medo
Tenho medo de não ver o sol
Quando entrar a primavera,
De não sentir o cheiro das flores,
Mesmo sabendo que elas estarão belas.
Tenho medo de não acordar
Quando o dia começar a clarear.
Tenho medo de ficar preso no trânsito
E perder meu voo.
Tenho tantos medos encravados
Como daninhas em minha mente e
Alastrados ao meu coração.

Estrela
A estrela é um sonho
Que se tornou incerto,
Mas sonho e vivo.

Na ternura noturna
Acendo uma vela
E a chama queima
Por mim, por ela.

Deito levemente
Em insônias inimagináveis
Em meu céu (uni) estrelar
Sonho e vivo.