Coleção pessoal de Moapoesias

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A gente
A gente se doa em cada gesto de carinho
A gente se dá em cada flor que oferece
A gente se perde no outro quando ama
A gente renasce quando tem o que viver.

Para ser lido
O livro leva o silêncio
Leva a vida
Seus personagens
Suas passagens
Leva calado
O que foi grafado
Para ser lembrado.

O livro transporta
Tudo o que se quer,
Leva saudades
Em cada linha
Uma historinha
Que alguém inventou
Ou a verdade
Que o autor contou.

O livro é fiel
Leva de tudo, mas
Fica calado
Seu conteúdo
Não é revelado
Se não for folheado.

Florir
Floriu o poema que plantei.
Flores lindas!
Perfumadas de vida.
Escuto o assovio do menino
Em seus galhos empoleirado.
Doçura de versos germinado,
Na poesia, que mesmo tardia,
Faz sombra para lhe abrigar.

Sossegar
E quando anoitecer
Use o prazer
Que a noite dá
Para fazer
Uma lágrima
Sossegar.

Sol
Conte-me do sol prometido,
Disseste-me que ele ainda brilha,
Inquieto-me sem que o veja
A espera é castigo insano.
Venha para mim sol que tanto amo.

Humildade morta
Talvez nunca chegue para ficar,
Nem nunca levante para ir embora.
Talvez a multidão escondeu
No tremor da respiração
Em que você se perdeu
E foi-se pela contramão.

Nem mais copo, nem mais corpo
Acolhendo os desejos acordados.
Não há boca esperando outra,
Apenas um movimento sem jeito
Um corpo conduzindo a roupa.

Na parede pendurado um recado
De um tempo a ser lembrado,
Um sorriso nunca esquecido
Contrastando com o hoje amarelado.

Findou assim, sem terminar
Foi tudo e sempre tudo será
Amor que ama tem vida eterna
O que morre é a humildade de amar.

Poesiaria
Tristes são as poesias de rua.
Falta-lhes a básico:
Rimas
Versos
Palavras.

Me comovo...
Todas elas deveriam morar
Num livro lindo,
Confortável
De capa bem elaborada,
Aconchegante.

Contudo poucas condições literárias disponho.
Louvo cada poeta e seu esforço para adotá-las.
Tenho um sonho utópico, louco, desastrado
De construir uma poesiaria
E hospedá-las confortavelmente.

Pois a poesia sonhada
Estará sempre bem instalada.

Hoje não
Vou apelar ao faz de contas
Hoje não quero o real
Nem vou saber se o sol aponta
Nem quem está bem ou mal.

Não quero notícias nenhuma,
O mundo vou esquecer
Superar medos guardados
Ser feliz pelo fato de viver

Hoje serei corpo sem matéria,
Sem futuro me puxando
Vou sorrir como quem vive em férias
Sonhar como quem está amando.

A música
E exatamente naquela fala
A música parou.
O silêncio foi enorme,
Por que será?
Não teve como evitar
A voz saiu parecendo um grito,
Todos se voltaram meio assustados.
O que mesmo teria falado?

Voltemos a dançar.

Sou feliz
De presente a estrada matinal
- De chão batido – relva.
Selvagem selva e paraíso.
Natureza, sol, belezas.
Sigo como sou.
Me encanto
– Nó na garganta –
Sou feliz;
Não esqueço!

Hoje não.
Hoje não quero
Hoje é dia de não querer,
Sem contradizer minha hierarquia
Minhas ordens hoje – desconsidero.
Nem me insista: hoje não quero.

Penso em ti
A estrela em que te vejo
brilhará eternamente
Nada é passado
És sempre presente.

Para a ternura materna
Acendo uma vela
A chama me queima,
Viveu por mim
Morreria por ela.

Me deito em véus
De insônias estrelares
Penso em ti
Brilhas no céu,
Mas te queria aqui.

Atrás da porta
O vento tocou-me suavemente
E disse-me sem pestanejar
Sou moldável conforme convier
E me transformo em que você quiser.

Posso ser o abraço que conforta
O sorriso que ilumina o olhar
A surpresa aguardando atrás da porta
A espera desejada que veio para ficar.

Posso ser a ternura a te envolver
O entardecer de um dia de calor
Posso ser o caminho a percorrer
Ou um lindo hino de louvor.

Posso ser um sonho de amor
Não duvides de mim.
Só não me peças para ser a dor
Não foi para isso que vim

Dia de fazer sonhos
Hoje é dia de fazer sonhos
De iluminar a estrada
De sorrir descontraído
De não se estressar com nada.

Cada um faz o seu sonho
E reúne todos ou alguns
Numa utopia incomum
Um sonha por todos
E todos sonham por um.

Inocência
Deixe-me calado,
Hoje estou assim:
Sinto a chuva
E me basta.

Deixe-me quieto.
Banhar-se como criança -
Nas lembranças -
Faz bem.

A inocência floresce
Nas ilusões bonitas
Que a vida matou.

A tristeza passa
Como passa o tempo.
Deixe...
O que guardamos em nós
Quando fechamos os olhos
Podemos até ver.

Sensações que
Dizem ou nada dizem,
Deixe...
Basta-me o viver.

Feliz
Feliz de quem nunca desapaixona.
De quem não desiste de sonhar,
E não fecha toda a força do amor em outro amor.
Que ama, mas tem espaço para mais amar.

Feliz de quem divide o que sente,
Sem temer a felicidade
Sabe viver alegremente.

Feliz é quem compõe a valsa
E a executa com doçura
Tirando a vida para dançar.

Horizontes
Que a noite
Traga sonhos
e a rima durma
Macia e suave.

Pois a poesia distante
Cria caminhos
e a madrugada que os implante.

E que amanhã o sol
Desarrume tudo o que foi escrito
E provoque outras reflexões.

E que nos dedos cruzados
A cruz da dúvida floresça,
Sem preocupações demasiadas.

Sempre haverá o entardecer
Criando pontes
Fazendo renascer os horizontes.

E por amor
Me conta uma história de amor,
Mas por favor, não fale do final.
Todos os finais são tristes
E hoje não quero ficar mal.

Deixe subentendido
Tudo o que fizer o amor
Adquirir outro sentido,
Tudo o que possa parecer dor.

Fale da felicidade
Que fez duas almas sorrirem
Não suponha que a saudade
Gritou depois ao partirem.

Que seja digna de morrer
De voar sem asas
De fazer tudo ascender
De todo carvão brilhar em brasa.

Me conte uma doce história
Quero dormir ouvindo
Talvez fique na memória
Eu eu possa acordar sorrindo.

Píer
Deslizo nas contradições
De um píer falso
Sobre o olhar.

Tentações?
Pedaço de céu?
Alcançáveis?

Existência fatídicas
Imponderáveis
Brilhos sem vida.

Plenilúnio
A lua adormecia
Solitária, bela,
Inspiradora.

Admiro-a,
Sem nada dizer.
Não posso toca-la,
Embora um duto
Liga-me a seu coração.

Mágico sonho
Ela me ouve
E me chama.

Quero abraça-la,
Mas o cheiro de café
Chama o novo dia.