Coleção pessoal de Madasivi

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⁠Boca com gosto de vinho,
Cumplicidade se eternizando,

⁠Quando não se tem um regaço,
Pra encostar a cabeça cansada de desgosto,
Um bom vinho é o melhor colo,
Na hora bravia que falta um consolo,

⁠Lágrimas escuras não chegam nos olhos,
Lágrimas duras morrem no coração e seus refolhos,

⁠Nada ocupa esta fenda visceral,
Nenhum contraveneno sobrevive nesta alma sepulcral,

⁠Tristura desmedida vestida de um vazio sombrio,
Voz que amarga a língua e morre no silêncio,

⁠Incicatrizável cortadura no peito,
Profunda dor que rasga o que sobrou deste corpo,

⁠Soluço afogado em águas ferventes,
Sinto o choro gemer dentro de mim,
Dor agonizante sem fim,
Inefável sentimento enfim,
Morro sempre assim,
Ouvindo o desespero do meu choro dizendo,
Morri,
Morri,

⁠Vazio,
Como um corpo sem o fôlego da vida,
Como um dia sem esperança,
Como a inquietude de uma alma sem paz,
Como um prato sem comida,
Há vazio que não se pode encher,
Triste é o vazio,
" "

⁠Na marginal do rio,
De curvas salazes,
Margeio o cheiro de casa,
A vontade de descalçar o pé do chão,
E silenciar num vazio de asa,

⁠Venho contigo nos olhos de hoje,
Enxergo a teimosia de ontem,
Logo consigo viver amenidades invisíveis,
Escolho a poesia silenciosa na mão que escrevo,

⁠Tenho comigo sonhos pluralizados,
Todos os dias acordo miragens,
Encho jazigo vazio de esperança,
Respiro euforias como criança,

⁠Quantas vezes me pego sendo insensível, mas ainda luto em dizer que sou mais sensível do que insensível, será?

⁠Eis o colírio que pinga comiseração nos meus olhos cegos,
É o amor que faz florescer toda raiz sem vida, todo presente sem esperançoso futuro,

A consciência é a sombra do afeto

⁠- Aceita um café?
- Hum, sim com muito prazer,
- Então, vou passar um agora,
- Mas é aquele?
- Sim, aquele dos grãos da Mantiqueira,
Que exala o doce perfume de um lar,
Que é intenso como um instante,
Que é forte como o ato de perdoar,
Que é puro como um inesquecível gesto elegante,

⁠Verdades contadas entre olhadelas e gatunos gestos incomparáveis,

⁠Com o seu vento inesquecível,
Chamado amar,
Caravela-me,

⁠Nosso apego é manejado,
Com cordas e crinas,
Vem resistindo,
Mais que o tempo tragável,
E as dores inacabáveis,

⁠Os olhares beijaram,
Os beijos olharam,
Passaram as vontades,
Gosto de preliminares,

⁠Mas que olhar é esse, doce, leve, atraente e capaz de enamorar os pequenos gestos do dia?