Coleção pessoal de LuanaRodrigues

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Não sei onde deixei a sanidade. Não sei o que me serve, e nem onde convém. Na extrema loucura do meu ser, onde tudo dorme, nada é presente, tudo se ausenta. Minha ditadura milenar, mar de ervas, chá queimando a garganta, ninguém lê o que se escreve entre as linhas da alma, ninguém se fixa na realidade. Ilusão a todo instante, palavras correndo soltas por entre bocas sujas que dizem meu nome. Corre disperso e caia em meu colo raro, onde expressões faciais não se aceitam pela idade da vida, a vida se espanta, e eu morro por dentro.

[...] Mas, Maria! A minha criança mora ao lado. A criança que sou, a criança que tu conhece, a criança que tu se lembra. Do lado ainda sou a mesma, sabes que o tempo me trouxe o cheiro da chuva, lembra? A gente gostava tanto de olhar a chuva pela janela naquela casa cheia de gente, eramos tão criança...Por que agora tudo está ao som de música triste, piano de fundo, voz com dor...Desaprendi o jeito, vou rifar meu violão.

-Quer um cigarro?
(Silêncio)
-Não fumo.
-Eu também não. Por onde andastes?
-Pergunte á minha mãe.
-E o amor como fica?
-Fica preso.
-Certeza?
-Nenhuma.
-Quer andar?
-Sim
-Pra onde?
-Pra onde o destino me levar.
-Seu destino sou eu.

A estátua de mim, no pensamento de cada um, há um sorriso do meu charme. Nas noticias cá estou, bonita de batom vermelho, bonita de vestido curto. Alguns se assuntam hoje em dia, com a minha cara de insatisfeita, princesa, porem, vazia.

Vigiei meu corpo pela vidraça. Tudo direito. Siga em frente, a noite é sua, criança.

A platéia se queixa
Cadê a moça, cadê a moça?
A platéia é a vida e a vida se esgota, eu me sinto agora, somente minha e de mais ninguém.
A noite se cala e apenas eu vejo, e reparo que a minha carência é egoísta. O silêncio transita por esta sala que cheira a cigarro, todos que passam por aqui sente vontade de se calar. O que acontece agora nas montanhas do meu íntimo? O que falam de mim pela noite?
Nas ruas que forcei falatórios, fugi da obrigação e dispensei o apropriado. A minha letra torta se dispõe ao passado.

Talvez, um ponto final salvaria uma poesia contrariada...

Não lembro quase nada
mas ninguém perguntou
As aspas me contaram que eu me vou

Não me pergunte onde estive
pois sumo de proposito
para que tenhas dúvidas
para que tu não venhas antes de mim
para que não me desvende antes do tempo
antes dos meus pensamentos virarem os bobos
da sua corte poética...

Não me cale com um beijo tolo
Não me descubra,
me prenda nas suas belas confusões sem fim,
me faça dizer que vale a pena ser quem eu sou...
Apenas, para o prazer de sentir a delicadeza, a fragilidade, a princesa, que sei que existe em nós duas...

Me salve, Maria...

Assim iguais aos ventos, me perdoo. Estou sendo mais ligeira, agora, estou prestando linhas, querendo ser a sombra que te acompanha sempre, sempre...Ando tão calma, que até a minha aura pode ser vista por qualquer olhar.
Mas, agora que estamos em mudança, tu e eu, Maria, vamos nos abrigar nas ideias plantadas... Somos inteiramente ligadas à noite, quando sentes que o sol se deita...e então, a minha tranquilidade do dia, vira danças à noite, e me acordo toda vazia...
Escute a minha voz, gritando baixinho em qualquer canto, nem com reza poderosa, nem com sambas, nem com bambas, nem com Boi de Mamão...Nem a Mãe nem o Pai, nem com Bernunça...sem a ternura da Ilha, e suas tradições tolas, me vejo ligada a ti, como nunca me liguei a outrem...quantas reticencias pregarei, nos poemas de manhã, serei mais alguém perdida, ou voltarei a ser o que sou agora, tenho tantas estórias e desastres que prefiro perder a memória, do que lembrar de como foi errado, dizer ser o que não era, e convencer que a minha passagem por aqui não é contornada de erros, viagens e desapegos...

Nas casas festeiras...
me vejo inteira
fazendo baixinho, rimas ligeiras.

Nas cores festivas
Me vejo deserta
querendo ouvir
o mais lindo som
de roberta

Alguém já ouvir dizer
que menino careta
não pode aprender
a dar flores
para a menina mais linda do bairro
a mais bela flor já colhida
do jardim dos morros de fronteira
Já que faz ouvir
A miragem ainda pergunta
porque olhais tanto a mim
se não faço nada que preste
a não ser ser linda como jasmim...

Ausência Interior

Nas distantes montanhas de mim
sinto a imensidão dos tempos
voando contra o universo
Me desespero procurando respostas
para as perguntas sem liberdade...

Numa estrada me vejo
desprendida de casa
querendo novos ventos
desejando ser livre como um aspas
que se prende aos especiais...

Palhaços que choram
ao fim de um espetáculo
dão seu show, e se despede com cansaço...
Nos meus passos não há volta
Nem volto as minhas raízes

Nem me liberto das perguntas
Nem me divido em respostas
Sou o resultado de uma metamorfose
doente, que não vai durar muito tempo

Os sonhos me visitam
Vou passear à noite
Sempre vou me elevando aos sinais de luz
Meu rosto irá perdoar
A dor que é levar um tapa da vida

A rotina me dispõe
Sou todo ouvidos
Me divirto com as ilusões da Ilha
Me nado como o mar é pó...

Só a poesia me pretende
Tirar o vicio de ser nó
E ser desfecho...

Cela em branco.

Chiar em tom estridente
Calar a alma com um sopro
Voar nos sonhos colhidos
Planejar vitórias coerentes
Humilhar a derrota
E colher planos ideais.

Decifrar mistérios alheios
Deixar de esconder os erros
Viver de um único propósito
Viver sem propósito nenhum
Apenas ser a recordação
De um álbum de fotos velhas
Com cheiro de anos passados

Amar as qualidades
Ver além do espelho
Você não é só uma face bonita
O fogo exausto ainda queima
Em algum lugar escondido
Mora os amores próprios
Escrever ideias novas
Compartilhar com alguém
Parecido com você.

Esquecer o martírio
É finalmente, crescer.

Estende-se a mim...

Quando penso que me libertei desse vício, chega alguém e comenta inocentemente sobre você. Tive vontade de mandar calar a boca antes que eu tivesse um ataque depressivo e começasse a chorar, mas como sempre eu respondo. Muuuito legal!... Você nunca vai acontecer em mim, nunca vai estender-se ao meu corpo, e beijar, e tocar. Coisas assim me assustam, não o mundo do jeito que tá, nem a filha da vizinha que foi estrupada e morta pelo padeiro. A única coisa que me atinge mesmo, é Ela, e a menina que eu amo, e que nem sequer conheço. Sem nenhuma causa, nem dor, apenas me fere. Acho que se ela soubesse estaria se perguntando -E o que eu tenho a ver com as tuas dores, querida?- Típico. Não sei, talvez tudo. Ironia terrível que eu mesmo custo entender. No meio de tanta desgraça eu ainda me preocupo com aquele amor não correspondido, ou com a água que demora pra esquentar no chuveiro, ou com meu gato que sumiu misteriosamente à alguns meses. Assunto polêmico que faz meus olhos se inundarem em lágrimas. Me preocupo com coisas que não deveriam ter nem um pouco da minha atenção. Ela nem existe no meu mundo. Ela vive uma coisa, eu vivo outra. Juro que joguei pro universo meus versos pedindo ela aqui comigo. Ela não vai mais ser a minha escrita com letra maiúscula. Escrever é ir deitando palavras no papel e fazendo o texto ficar sem assunto, e você já se cansou disso, então...como não vai ler até essa parte, se está lendo, Obrigada, mas, vou contar um segredo e prometo parar de usar muitas vírgulas nas frases emfim então vamos lá. Não conheço essa menina, sei que amo ela de um jeito como se a conhecesse a anos, ela mora perto da minha casa, eu poderia ir ver ela, porque realmente, eu posso dar qualquer desculpa esfarrapada pra ir lá, mas eu não vou, eu tenho medo e vou parar com essas vírgulas. Geralmente meus textos são uma mistureba de assuntos nada a ver com o que eu tinha planejado escrever, faz de conta que está lendo um livro, esse é o suposto final, terminarei assim; Emfim, vamos começar a estória. Página em branco, essa é a minha verdadeira estória, uma televisão arrogante que engana os telespectadores, essa palavra esquisita deveria ter um nome mais reduzido; Idiotas. Ou tudo que me vier na cabeça enquanto escrevo minhas frustrações.

Sobre oque?

Não sei. Não quero saber. Não me desperta o interesse. [Afinal, sobre oque mesmo? Sobre oque são seus textos?]
A resposta é simples; Sobre oque há de ver no mundo intimo. No meu intimo conturbado exponho, folha em branco, caneta na mão, inspiração transbordando pelos poros. Pronto, tudo feito, posso cometer o crime de me expor em forma de poema, em paz. Vida de escritor é literalmente um livro aberto. Minha dor agora virou talento, dom, prática.
[Mas, sobre oque?] Ainda não entendeu, meu Deus! Vou responder da minha forma, OK?
Nunca li um livro até o final, eu gostava de ficar inventando finais melhores pra eles, nunca entreva em concordância com o autor. Meus finais não precisavam ser felizes, bastavam ser interessantes. Foi a partir desse momento que comecei a virar fã das minhas próprias ideias. Foi quando resolvi me entender...

[E sobre oque você transborda?]
Não entendi. Mas como frase com palavras bonitas mesmo que não façam sentido viram poesia...Bem,.

"Eu transbordo a paz
De um copo plástico
E a marca de batom
Em suas bordas.
Transbordo a ausência
De quem nunca
esteve presente."

Descobri que as frases escritas em partes erradas não eram erros, eram acertos, apenas poesias disfarçadas de erros. Escrevo minhas dores porque se gritasse elas iriam me chamar de louca. Até que ponto poderei juntar a minha escrita com a minha lucides? A arte é a cultura mais evoluída querendo generalizar a loucura...

[Sobre oque?] Sobre mim, a paz de um domingo de manhã.

Sei que tinha cheiro de primavera, e que encantava demais com suas estórias lúcidas…Descia correndo as escadas com seu novo riso limpo e azulado, olhava os quadros na parece e tudo de repente se tornava poesia fácil. Sempre lírica, dava uma impressão de fragilidade inigualável, um dia soltou as asas… Dizia que o ódio poderia um dia ser apenas outra forma de amar.

...ando muito inspirada ultimamente, mas deixo de escrever, às vezes espero pra ver se passa, e não escrevo nada, tomara que essa inspiração saia logo de mim, sempre quando to inspirada é porque estou mal, ou porque simplesmente a vida não anda pra frente, e a desgraça inspira o poeta, a tristeza lança livros, canta, dança...vazia de certezas. Inspiração é sinal de que estou me desfazendo, se ando escrevendo demais, pode ter certeza de que tudo anda extremamente delicado, precisando ser colocado nos eixos, precisando de um concerto imediato, queria ajuda, de mim mesma, mas não faço nada pra sair desse meu vicio em coisas simples e paradas, estou bem perante a todos, estou mal perante a mim...

quadro morto.

Com o tempo a gente vai se contemplando. E então se acostuma com essa metamorfose constante entre nós. Se deixa levar pelo vento, faz bem. E da maneira incerta que sempre vou, me queixo e me espalho sorrateira no chão da rua, do trabalho, das festas. E enquanto não posso escrever teu jeito, me sinto no desleixo de poder imagina-lo, me deixo entrar totalmente em meus próprios planos, me clamo. Como sempre vou, indignada, procurando em todos os cantos palavras novas, mas são sempre as mesmas que sei, são sempre as velhas. Sinto inteiramente meus sonhos interligados com a insignificância do meu amor por ti, do meu sofrimento ligado parcialmente com o seu desconhecido, dos meus dedicados textos à ninguém, e pela pausa antecipada do vento, do sol, do planeta sem estória, sem conteúdo, ninguém sabe o que aconteceu antes de sermos jogados por aqui. Ninguém tem certeza. A única certeza é de que há muita incerteza por menos de pouco amor, sermos inteiramente ligados há uma energia que contém prazer, faz sentirmos algo que decidimos batiza-lo de amor, isso pra mim é desculpa esfarrapada pro sexo…Eu sei, não é assim, mas deixe-me fingir. Um dia o vento passa e leva, minhas pétalas indecisas, minhas flores plantadas em quadros, meu retrato morto, encostando-me ao fim de tudo.

Ao mais velho e ácido amor já inventado, ao mais reciproco amor desesperado, que grita ingratidão, que perfura sentimentos abandonados dentro da sala de cinema, nem sequer um telefonema cura uma briga tão vulgar. Ama as armas de fogo, e as meninas despreocupadas, e todos os rapazes famintos pelo teu corpo, pela tua voz, pela droga. Ao mais desprezível amor de princesa indecente que colhe frutos daquele amor doente com um príncipe ladrão. E todas as músicas interpretadas por ela soaram como se não fossem minhas, e a voz dela quando fala o que eu não devo, mas pago. E a voz dela cantando o meu amor por você. Parece que é frio, o coração das duas sereias presas dentro de um quarto semi escuro, quietas e frágeis, delicadas e ao mesmo tempo selvagens demais, carentes demais, perdidas de todo o resto, se é que há resto. Eu só lhe peço qualquer coisa, seja o que for, não ouse se apaixonar por mim.

Certa vez continuei.

E continuei fazendo essas coisas rotineiras que todo mundo faz, não sei me dispensar. De repente a inspiração bloqueia, sei lá. A tarde estava chuvosa, e a minha casa estava escura, a cozinha cheirava incenso, e no rádio antigo que ganhei da vovó tocava aleatoriamente as músicas do Chico Buarque, tudo extremamente calmo. Deixei as festas e os rapazes de lado, e fui viver de poesia, e dos sambas das mais belas canções de Noel Rosa, deixei minha vida com uma trilha sonora calma,uma sensação de um teatro organizado, com tecidos de laços, laços coloridos, mas com tristeza nos olhares, porém um pouco feliz.
Decidi; a felicidade existe sim. Por mim, pela poesia, pelo meu violão, pela minha criança. E pelo chá na varanda cinco horas da tarde. Decidi que ali seria minha ultima espera, esperei esperei e esperei, com flores na cortina estampando a janela, flores amarelas, é a tua cara. Estou bem, a minha tristeza era bela, vaga e poética. As festas estão me esperando, e os convites para o barzinho da esquina com um samba ao vivo me aguarda. Samba calminho...Tive que variar um pouco, cansei do choro. Cansei dos discos mofados e arranhados pelo tempo, às vezes eu me defino, como a versátil mais clichê do mundo. Me reciclo, me rimo, me concluo. Te dou carinho apenas no meu mundo.

Escrever já não me basta
Não me salva,não me leva
não me cura, não me afoga
Me faz de refém,
dentro do meu próprio crime.
Inofensivo; sinto muito.
Mas escrever já não me toca a alma.

Eu definitivamente não creio em nada, estou certa de que eu tô vivendo, e o resto é complexo demais, então deixa o resto pra depois, ou pra nunca.