Coleção pessoal de LuanaRodrigues

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O Desenterro

Muito peculiar
Muito exótico
Muito irresponsável

Muito particular
Foi no dia 39
[pois sei que é impossível]

Não sei das roupas no varal
Não sei que fim deu as minhas bonecas
Sei que faço essa viagem serena
Essa busca no meio desse universo paralelo
Onde estão os que produzem o caos?
Onde estão os amantes que se desencontram?

Aqui dentro mora tanto receio
Receio em estar sendo diferente
Receio em não poder rever o que fui ontem
Mas ontem eu não fui nada
Dias vazios sem nada memorável
Dias longos sem expectativas
Mas sempre lembro do que queria ter sido pela manhã
e paro de ser quando já está anoitecendo.

Flor de quintal.

Não há memórias, não há acordos, não há revolta.
Agora, depois de tudo que fiz só restou uma única sobra meio perdida nesse buraco que é a vida: EU.

Depois de um tempo remoto que perdi resolvi retomar. Resolvi voltar a escrever, ou começar, chame a minha volta como quiser. Me auto-titular é um direito meu, não é mesmo? Então não se mova em relação a isso.

Mesmo ainda não tendo a alma absolutamente formada, acho que levo jeito pra escrita e pra mais uma porção de coisas, como a música ou teatro, ou dança. Mas pretendo não ficar precipitando gêneros artísticos para a minha pessoa. Eu entro com todas as imagens e saio com todos os precipícios internos dos outros. Quando enfim me deparo comigo mesma, posso ouvir um grito de guerra. Um grito medroso, mas ainda assim sinto que me é um grito. Um grito interno, manifestado por dentro.




A chuva poderia calar a minha voz. Eu falo alto, e falo bem.
Mas é o contrário por dentro. É o conjunto de uma entrega de céus nublados e eu só me desespero. Ando perdida nesse mundo intermediário, esquisito, preocupante, medíocre.
Ando amando muito também, ainda que por incompleto, eu amo pela metade, amo ás pressas, amo pelo avesso.
E respeito muito a parte desse amor que não te toca.

A janela fechada, lá fora a noite dá o seu show, a chuva surpreende a plateia. Para os desacompanhados, só resta chorar a solidão que a chuva não consegue curar.

Posso pedir para que você me ajude agora. Eu sei que você, seja lá quem você for, se sente encurralado por alguma coisa. Isso é normal, ou não é, talvez seja abstrato...E eu gosto do que me é abstrato.

Não me é anormal

Quando posso passar aí para te tirar do mundo da Lua?
Eu sei, não é assim que funciona. A poesia aqui escrita é retórica. Você não se sente preso? Preso ao caos generalizado dessa vida? Não se sente perturbado pela falta de amor? Que espécie de ser humano você é, daqueles sortudos que não amam ninguém e mesmo assim é amado por todo mundo? Não sei o que pensar.

QUEM É VOCÊ ?

Obrigada por não responder nenhuma dessas perguntas e continuar a leitura. Aqui é tudo ao acaso. Reparou? Não sei o que pensar desta situação, você também não se ajuda.

Tudo começou no comecinho desse ultimo minuto.
Quando lembrei que minha cabeça é mais cheia que o mar.
Não sou exagerada, não. Sou apenas sincera com meus próprios princípios, não sei quais são eles mas aposto que são inconfundíveis.

Minha boca está seca. Preciso de água, não uma água qualquer, preciso de uma água que cure esse vazio. Uma água que me tire desse estado de dormência interior.

Vá dormir! - Eu me falo.
Não quero! - Eu me respondo.
Ah, mas dento de mim há um poço fundo, fundo, fundo...
Eu me digo a verdade.

Tão incompleta que me parece desesperada, assim olhando-se de lado. Sabe que tenho umas inconfundíveis memórias alienadas ao nada, ao nada que me bate a porta, ao nada que me interrompe enquanto procuro incessantemente pelo sono.
Não sei decifrar tamanha brutalidade que faz de minha vida sua mais incompleta residência.

Mas que parem o transito então, para anunciar a minha revolta. Olha que ninguém dá ouvidos, confesso que não sei chamar tanta atenção, rosto fechado, alma desperta, o inverno reina aqui dentro de mim. Não posso me concentrar desse jeito, a chuva já é bem vinda, mas também com tantos anos chegando sem ser convidada, pelo menos enquanto estou sem proteção, aí ela é mal vinda, mas fora isso, chegue quando quiser.

Mas por que digo tanto absurdo, meu Deus?
Por que não sei ler gente?

Bela pergunta poética, bela renuncia ao mal desse milênio, não-sei-ler-gente. Assim, escancaradamente, digo isso sem nenhuma precaução, lembro de quando eu era criança, essa palavra me fazia rir.

PRECAUÇÃO.

Me lembrava das calças de um tio gordo.

“O que antes era atraso, hoje me faz falta.
Quem me dera poder voltar, quem me dera.
Eu tinha tudo em minhas mãos, eu tinha o céu e o mar.
Hoje apenas tenho o que costumo chamar de tédio, nas horas de desembarque.
Sonhos se desencontram, alguns me pedem ajuda e eu os ajudo com boa vontade.
Sem ceder, eu vou caminhar com um punhado de espinhos em volta de meu pescoço.
Um simples colar, aparentemente.
Mas machuca, e como me machuca os calos já derrotados de meus pés já inexistentes
O fogo queima de antemão os preparados para jogar água e acabar com tudo.
Não me venha dizer bobagens, sou decididamente uma esfera radiante de luz, mas não sei bilhar.
Deixo escondida em baixo dos agasalhos minha verdadeira beleza, minha tatuagem de beija-flor.
Machuca também a pele seca, sem um banho demorado, sem um belo par de sapatos.
Vou arrependida, por meio de que eu sou a própria ferida se cicatrizando no coração de tal.

Nos dias anteriores saberia eu explicar o que aconteceu.
Como poderei enxergar a estrada de olhos vendados, como saberei se estou sendo vista?
O obstaculo me seduz, vou em frente, esperando ser esmagada por um caminhão.
Vou na ponta do pé, como uma bailarina, vou dançando entre uma calçada e outra.
Fecho os olhos, esperando algum sinal, algum barulho de perigo, mas o perigo é silencioso.
Grita dentro de si, mas tu não escuta, eu não escuto.
Tarde demais para parar de dançar, algo há de me interromper…

Parto dessa vida para uma pior ainda…”

Porque qualquer que seja a minha revolta, ela sempre vai desaparecer antes mesmo de eu ter movido meus pés do chão. Eu sou aquele tipo de moça que observa tudo e a todos de um jeito bem prático; O sorriso. Sem contar a minha simpatia com as pessoas. Eu ligeiramente sou simpática, sou nostálgica apenas quando vou me deitar, mas caiu no sono tão depressa que nem tenho tempo de me preocupar com a dor. Eu apenas me deito e fico me aconchegando...E lembro do dia em que toquei suas mãos. Mas antes mesmo de me render ao choro eu simplesmente durmo. Durmo e acordo abestada querendo saber; Por que até nos sonhos? A dor dói até em sonho, suas mãos eu sinto até nos sonhos, seus cabelos, suas lonjuras, suas botas imbatíveis e até a sua cumplicidade com o disco de sei lá o que tu gosta de ouvir, mas sei que não se parece nada comigo. Acordo sorrindo -depois de acordar abestada- acordo sorrindo. Vou viver a minha simplicidade, vou encarar a sua ausência, vou viver como qualquer outro...

As lágrimas ameaçaram cair, mas num cair seco e sem sentido. Elas molharam os cílios mas não tão forte quanto eu havia imaginado. Quando a gente se proibi chorar, automaticamente as lágrimas secam dentro de si, mesmo quando você se rende á dor. Não se engane a ponto de achar que tal dor tenha passado justamente porque tu não consegues mais chorar; Você somente esfriou, seu coração esfriou...E a dor permanece intacta em seu consciente, seja ela qual for.

Alma errada?!

Correndo
Correndo
Correndo....

Pausa prum precipício, me jogo...
Pausa prum retrato, falado...
Gritado.

É AZUL OS OLHOS DELE!!
É CASTANHO OS OLHOS DELA!!

Foi mais do que o suficiente para se formar um quadro mal traçado nos cantos, sem visão, sem razão, sem medidas.

É AMOR SIM!

Foi mais do que estranho...
Como eu vou saindo sem dar explicações? eu digo apenas que é um relato mal interpretado.

Por que?
Não sei também, querida.
Sei de tudo, menos do final...

Sem título. Que assim seja. O inverso contrariado. A minha fantasia dilacera as igualdades. Mal sei se isso tudo é igual. Mas espera até que os iguais se tornem diferentes. Tudo será igual novamente. Daí irão inventar outra diferença. O existir. Tenho medo. Mal sei eu se existo. Talvez eu seja apenas um rastro, um telhado de vidro, um quarto escuro ou até mesmo uma estrofe. Não sei, mal sei se isso tudo existe. E se fossemos apenas um mero acaso, uma simples coincidência? E se todos fossem apenas uma grande confusão. Atualmente, ando achando que nem metade das pessoas que conheço realmente possuem alguma existência. Talvez eu seja louca. Ou o sentido parou de fazer sentido. Mas meu Deus, eu mal faço sentido, mal sei do que se trata, a verdade não faz sentido. O sentido por um acaso existe? Estou cansada de não fazer sentido. Eu sinto, sinto, sinto e nunca faço sentido algum. O meu hálito é céu de não saber amar. Isto faz sentido? Isso cativa a minha estranha humanização perturbante? Isto é normal? O que hoje em dia podemos considerar fora do normal, o próprio normal? Como pode ver, e ler, eu mal sei o que quero dizer. Sei nem se tenho algo a dizer. Eu nunca tenho algo a dizer. Vivo repleta de silêncios e coisas que não tenho a dizer. Eu me entorto toda por culpa do silêncio. Nunca, jamais tinha me sentido tão solitária, mesmo a minha casa estando cheia. Cheia de silêncios. Ao todo, a minha vida se resume em silêncios. Pela simples certeza que sempre tive que; Não sou obrigada a dizer nada! Não quero me expor ao ridículo. Hoje já não tenho mais esse medo todo de ser ridículo. Eu estou em estado de introspecção. Eu estou em estado de percepção esgotada. Mal sei o que quero ver, se é que tenho algo a ver, com o decorrer do tempo poderia eu dizer que o mundo todo é algo que não se pode ver? Cubro meus olhos, mas minhas mãos são pequenas o suficiente para deixar que eu veja algo. Eu inteira sou pequena, de tamanho, de fé, de compreensão, de organização, de paciência. Sou pequena em todos os sentidos. Mas que sentido? Eu, ao todo, sou feita de mentiras. E exageros. Eu sei que eu não tenho nada á dizer, mas; Sempre acabo quebrando o silêncio, com uma piada, ou um assunto sem sentido. Olha eu aí querendo fazer sentido de novo. As vezes quebro o silêncio para não parecer tão eu confusa. Entende o que quero dizer? Quero fugir da confusão que me prende. Quero ser menos eu, mas afinal, quem sou eu? Quem fui eu? Passaram-se alguns segundos dês de que escrevi aquilo e eu nem sequer me lembro do que eu era enquanto escrevia tal coisa. Eu era uma mulher, pequena, escrevendo algo. Apenas isto? Sou feita apenas de fatos. Quase nunca a vejo, talvez as poucas vezes que eu a vi tenham sido apenas uma visão, imaginação minha. Talvez ela nem exista. Talvez ela não tenha forma e nem graça, e não tenha muito menos algum estado de compreensão. O reflexo na vitrine, ou em qualquer lugar que possa refletir sua palidez e seu cabelo claro, seja apenas coisas de minha dupla e múltipla imaginação. Eu não estou cega. Mas quase não me recordo do que fui ontem. Eu estava tomando café com minha mãe; sei apenas isto. Sou uma mulher, pequena, tomando café com sua mãe. Apreciando o jeito como ela mastiga o pão. E o jeito como não tenho nada em comum com ela. Até em matéria de mastigar alimentos sou discreta, mal faço barulho. Mas sou escandalosa enquanto durmo, grito como se ansiasse pela dor de acordar. Como se eu estivesse presa no sonho, mas não quisesse me libertar pois a realidade me aprisiona mais do que no sonho. Então, pode se concluir que estava eu gritando por não querer ser solta? Não sei. Me Deus, O que sei? Não quero e nem preciso saber. Mas a confusão me fez dissimulada. A imagem do que sou me contorce toda. Eu estava sentada á beira da lagoa lendo um livro que por sinal é tão confuso que parecia até que eu viajei no futuro e estava lendo o meu próprio livro. Que sei do futuro? Preciso parar de me perder. Eu não sei se faço sentido. Mas a menina tem uma ânsia em fazer sentido e uma necessidade absurda de parecer normal, contava verdades e sorria sempre. Que sentido faz tudo isso? Que dilema sei eu? A verdade mal faz sentido e o sorriso é só uma apresentação. Teu quarto é teu melhor amigo. Já parou pra pensar, ou melhor, já parou para apenas não pensar? Tenho que dizer algo, mas, mesmo quando escrevo parece que o resumo de tudo isso pode se concretizar em silêncios. Quando escrevo também nunca digo o que realmente queria, ou precisava ter dito. Tudo isso é uma grande dissimulação. Tudo isso é uma grande confusão, Todo mundo é uma grande confusão. Uma confusão querendo fazer sentido. Estou apenas arrastando um pouco de sanidade para a minha realidade. Mal sei se isso tudo é realidade, ou é apenas um texto sem revisão.

Deixada ao meio véu
Deixada em meia Lua
Virada do avesso
Na estrada me terço
Me caio
Me vejo.

Num deserto eficaz
De um perdido ligeiro
Me vou assim em noite
Gritarei num arranha-céu
Onde do meu grito
nada se ouve...

~

Inteira sua
Na estrada
Na volta
Na ida.

Inteira sua
Nos erros
Nos desgastes
Na ida.

Inteira sua
Na chave
Na volta
Na chegada
Na partida.

Inteira
Pela metade
de um homem
que me prende
ao céus...

Primeiro:

O mundo todo era uma grande confusão.
Ela era indigna de qualquer espécie de confiança.
Andou diversas vezes para trás.
Trouxe consigo uma série de sarcasmos.
Enganou a plateia.

Segundo:

A carta foi enviada de São Paulo.
Nunca soube quem as enviou.
As janelas eram claras.
O lugar era impregnado pelo teu próprio cheiro.

Terceiro:

Insuportável.

Sei que existo.
Não sei de mais nada.
Ouço vozes, ouço silêncios.
A vontade que tenho é de ler o mundo todo deitada em minha cama.
Seria um modo fácil de estar preparada quando saísse para trabalhar. Lugar escroto.
Repito palavras. Não sei o significados de muitas delas.
Sou egoísta.
Escrevo sobre mim o tempo todo.
Sem resposta.
Me divulgo.
Me mostro.
Mas não sou o que se pode ler assim escancarado.

Olhe eu lá. Atravessando a rua. Carregando uma enorme garga explosiva dentro de mim. Sem importância. Nariz empinado. Sou um mistério. Me orgulho por isso. Mas na verdade não se é de muito conforto ser um mistério até para si mesma. Dês da adolescência sou meio perdida. Até tentei ler sobre tal assunto mas pra mim não deu muito certo. O livro de tal e eu não falamos a mesma língua.
No final eu sempre acabo sentada na poltrona ouvindo o eco silencioso de uma TV ligada e eu fitando o nada que geralmente no meu estado de insonia se torna muito interessante. Minhas expressões são grosseiras dignas de uma porção de medos.
Pausa.
Vontade de traze-la pra perto.
Ela confunde as coisas. Ela discorda de tudo que eu falo.
Mas na verdade a mentalidade dela é mais conturbada e barulhenta que a minha.
É por isso que não fala. É por isso que vive em silêncios...É por isso que anda tão distraída.

Um fato:
Eu sou egoísta.
Eu disse que escrevo tudo sobre mim então preste atenção em cada palavra. Pois são todas as minhas confusões mentais sendo jogadas em qualquer canto.
Cuide delas.

No fundo.
Eu na verdade sou uma rosa.
A mais vermelha e a que mais possui espinhos.
Suponho que os espinhos sejam fruto da sua imaginação criando para mim uma imagem aterrorizante e intocável inspirada pelas minhas expressões grosseiras.
Me perdoe.
Pode se aproximar. Repito. Pode se aproximar. Sem medo.
Mas se aproxime com cuidado porque as minhas pétalas se desmancham com muita facilidade. Mas tudo bem, venha com espinhos também.

A minha teoria:

Me sinto agredida pelos seres humanos até quando me olham com admiração.

A minha segunda teoria:

O problema sou eu.

~
Aprendi a observar cada movimento sem me mover. Parada como estátua. Vendo um suposto tempo passar. Vendo o dia virar noite e as cores mudando de aspectos.
Parada, observando o nada que neste instante se torna algo muito interessante.

Ultima nota da autora:

“O silêncio é a música mais fatal que alguém já ousou escrever,

L.R..

"E dos teus sonhos procedem qualquer tipo de verdade. Recorre-se a lembranças de outras histórias tuas ou talvez de uma nova mentira. A fantasia e a realidade andam juntas. Sinta o que quer acreditar. Você é uma pessoa confusa. Sua mente grita milhões de coisas, tu mentes para si mesmo o tempo todo. Tu às vezes recorda de algo que nunca aconteceu. Porque tu é um ser extremamente interativo consigo mesmo. Recordar de algo pelos teus sonhos e inventar coisas relativamente experientes para si mesmo é outra estória. Tome cuidado. A imaginação dentro de si é algo fixo, não a use de forma inconsciente."

*Penso, logo escrevo*

Não.

Fora de hora. Inconveniente. Não legal. Tudo que se quebra em minha frente se atraiu pela minha energia quebradiça. Talvez, eu só esteja exagerando. Tenho tendência em ser confusa e exagerada mais nunca, nunca mentirosa. Ou sou, talvez. Apenas, exagerada. Lamento por ela. Ela lamenta por mim. A tua insegurança era por mim, igual aquela música. Não sei qual é. Mereço o atraso teu. Mudo de assunto constantemente. Perco a hora, ganho a hora mas nunca esqueço. Quando morria de medo de ver-te eu te via. Agora que quero quase nunca te vejo. Nunca mais vi teu rosto pálido e gélido.
Não, de novo. Não para aquele que é certo, e sim para aquele que é errado.
Sua letra torta não me orgulha. Não me envie cartas em garrafas, pois nunca terei medo de recebe-las para recebe-las ao acaso. Tendo medo eu me maltrato; me mato. Me quebro. Quando a minha própria palavra já não me agrada, é hora de parar de escrever de novo. Isso tudo me deixa com o tempo. Ou, eu os deixo, o tempo não existe. Minto. Não tenho muito o que dizer então crio teorias obvias. Já não tenho mais a inspiração de antes. Tudo muito corrido. Talvez eu deixe pra mais tarde...Ou pra nunca. Já não te amo mais. Como era antes? Não me lembro. É como aquele cara dizia: “Quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu...” Agora tudo faz sentido – Penso.

"Errado. Contaram. E Estavam absolutamente certos. O amor é breve. Tudo é breve. Não há limites para o fim das coisas. Mentiram. O dia sempre passa devagar, quando a gente esta devagar. Então não vem dizendo que a semana passou rápido. Você passou rápido. Tudo me desperta pela manhã.
Até um pássaro cantando do outro lado do mundo me faz acordar. Porque meu sono é breve, tudo é breve. O teu amor pela tal é breve. Tudo se limita. Tudo se desfaz. Teorias, milhares delas, é apenas um passatempo. A vida é muito monótona. Até para o presidente dos Estados Unidos. Até para o suicida, e até para o que cura. A vida é devagar, quem passa rápido é a gente. Escrevemos para ter o que fazer. Não queremos ficar parados. É indiferente. Afinal, ser diferente agora se tornou igual. Porque diferenças são breves. Porque igual é passageiro…O humano se arrisca e perde a hora. Horas não se perdem, na verdade se ganha. Desejo angustiante de sair do mar de auto-ilusão. É a pior das ilusões, porque afeta principalmente a sua mente e a sua imagem. Se trancar num personagem que tu cria para amenizar a dor de ser quem tu és. Apenas. Isso é incrivelmente normal. Humilhante. Diria eu.

Quem passa?

Porque não é o tempo que passa
Quem passa somos nós.
Passa de nível, de praça, de farsa...
Quem passa somos nós.
Quem a vê assim passando, não sabe nada da gente.
Mas o tempo não existe, não é rei, não é pó.
Quem passa...é ela, é ela que vê. Que lança teu corpo e tua mente pra lua e não volta pra buscar. Deixa lá. Emfim, volta pra me amar. Me declarar, prum livro sem final.
Porque quem passa nem sou eu.
Nem é você.
Nem é vocês, nem é a minha voz, é somente meu corpo dando um nó. Dando um passo pra frente e outro pra trás. Assim, não saio nunca do lugar. Mas, meu corpo nu, reflete algo bonito neste espelho, que só nota minha face angustiada. Sou pequena, sou menina, sou distante. Sabes. Quem passa assim sou eu.
De uma hora pra outra. Vou rápido, nem fica meu cheiro, doce. Nem meu suor, batalhado.
Quem passa são as horas que todo dia é a mesma coisa.
Quem passa...É ela, na rua parece atenta ao que não vai acontecer. Olha tanto para os lados, posso até prever, ela vai me olhar, não vai se aproximar, vai sumir...
Quem passa, emfim, é ela.

Como dizer-te que o polo de tua consciência estava desativada, e que o dia ainda não terminou, ativas-te o universo contraditório que dita tuas expectativas. Permaneceu em ti o calor do inferior, ficando assim, má diante de seus próprios conceitos. Por que enfrentas-te o terrível homem que julga-te estranha, por que esteve por lá e se ausentou nos momentos de culpa? Porque um dia hei de rever-te a sós. E irei contar-lhe histórias antigas e esconder meu lado profano, heis aqui uma estética que falha um terço das promessas que insisto em não cumprir. Desculpe-me por não lhe ouvir. Meus pensamentos impedem-me de continuar em conecção contigo. Assim desconecto a frequência com o seu todo, deixo de escutar-te, deixo-te ir bem como chegou…Aos poucos.

Relato da noite em que tudo somente, era.


A mão era gélida e pequena. Magra. Posso senti-la enquanto escrevo. Sempre virando o rosto, fitando a porta. Procurando alguém. A mezinha e as cadeiras onde estávamos sentadas eram nojentas. As garrafas de cerveja estavam quase vazias, e os copos caídos. O lugar era apertado e barulhento. Muitas pessoas. Muita energia infeliz concentrada num lugar só. Posso sentir estas coisas. Eu era a única estranha ali. Estranha que digo é, saber certamente o que estava acontecendo no local. Minha irmã também tem uma percepção digamos que, boa. Mas estava desprendida, em termos de fragilidade, completamente. Todos estavam infelizes, mas eu era a única que não conseguia esconder este fato. A menina é magra, olhos castanho claro, creio que eles ficam às vezes verdes. Muito pequena. Insegura. No momento não estava sóbria. O banheiro deste lugar era pequeno e cheio de adesivos rebeldes na parede, pelo que eu me lembro. Havia dois homens suíços pagando bebidas para mim e para a minha irmã. Eram altos e tinham um cheiro de perfume caro. Antes de avista-la eu estava criando laços de uma noite só, deixando que o homem, loiro e alto, chamado Heitor, pegasse em meus seios. Ele parecia ser alguém de confiança. Era turista então não iria me ligar no dia seguinte, nem tentar criar vínculos. Antes quando tentamos conversar, tentamos, porque o português dele era péssimo e eu não sei falar a língua dele. Eu disse que tinha dezoito anos, ele compreendeu. Eu disse que era uma artista, e que não sabia direito como dizer coisas sobre mim, pois não sabia bem quem eu era. Ele me entendeu, fiquei besta. Quando fomos para este bar, onde disse que o banheiro tinha adesivos, ele ficou exitado com a música e resolveu dançar, já que todos estavam fazendo o mesmo. Eu como já havia trancado meus pensamentos num armário onde só permanecia, Ela. Não conseguia me importar com mais nada. E Heitor gritou: Levante-se, eres una artista, no? (Talvez tenha sido diferente, mas foi mais ou menos assim que aconteceu) Foi aí que uma mulher o beijou. Feia. Uns dez anos mais velha que eu. Adulta e baixa. Fiquei imaginando ele querendo ao envés dos lábios dela, os meus, rosados e com gosto de cigarro. Mas eu nem fumo. Fiquei por uns segundos pensando, de onde este homem veio, qual é a estória dele. O fato é que nos conhecemos. Nunca mais irei revelo. Nunca mais irei esquece-lo. A menina apesar de ter uma postura autosuficiente e um tom arrogante, sempre deixava escapar uns sinais de insegurança e infelicidade. Como por exemplo, o uso de drogas, e isto sempre tem uma porção de motivos. O efeito momentâneo é apenas uma desculpa. Ela praticamente é vítima de “suicídio inconsciente”. Isso é provocado pela baixa auto estima, mas como ela se protege deste fato em publico, se tornou orgulhosa até quando esta a sós consigo mesmo. Creio que alguém de sua família também tenha os mesmos aspectos. Sua mãe, talvez, não pelo uso de drogas, mas, pelos aspectos, somente. Problemas familiares e diversos costumes foram implantados em sua mente. Coisas que afetam o inconsciente e fazem com que a pessoa não saiba direito o que ocorre ao seu redor. Percepção inútil. Semelhante a uma criança que necessita ver imagens para entender um livro, pois não consegue criar imagens sobre o que esta escutando dentro de sua própria mente. Mal sabe o que esta ouvindo. Eu a vi na porta, olhando discretamente para trás. Tentando reparar em mim e no homem ao meu lado. Eu estava sorrindo. Quando ele se afastou ela veio me cumprimentar. Começamos uma conversa inútil ao pé do ouvido, inevitável pois o lugar estava contagiado pelo som alto. Pude encostar meu rosto brevemente no dela. Era fria e branca. Olhava para o nada e bebia a cerveja rápido como se fosse água, com uma vontade incontrolável de se afogar ali. E logo depois olhava para a porta. Quando segurei sua mão, ficamos em silêncio, pude compreender que nosso próximo encontro, será introspectivo. Ela não é arrogante, só parece ser. Ela sabe confundir os outros. Mas comigo ela não obteve sucesso. Das poucas vezes que eu a vi, pude interagir com seu lado interior, seu lado perdido, seu lado frágil sem que ela percebesse. Pois sei que tenho o dom da camuflagem, sei ficar invisível quando necessário. Não seja idiota. Invisível que digo, é ficar invisível interiormente. Nada me afeta quando uso o poder da camuflagem. Se no momento me perguntassem o que estou sentindo. Iria responder:

Sinto fome e uma enorme vontade de abraçar alguém. Sinto também um pouco de sede, e um frescor apesar do dia estar ensolarado. Ontem choveu. Eu estava cantarolando a música “Crying in the rain” quando começou a respingar as primeiras gotas em mim pela minha janela. Mas ao contrário do que diz a música, não sou orgulhosa e também não chorei na chuva. Também sinto o cheiro de comida vindo da cozinha. Ouço o miado de um gato e o latido estranho do meu cachorro. E ouço também um som extravagante de um carro que acabara de passar em minha rua. O barulho do ventilador. A voz da vizinha gritando. Celular tocando. Pássaros.

Retomando ao lugarzinho infeliz onde toquei o rosto da menina brevemente com o meu, posso acabar dizendo que ela não foi pra pousada onde os homens estavam hospedados, ela não foi comigo e com a minha irmã, mas foi com certeza cometer mais um “suicídio inconsciente”. Voltei pra casa chorando. Emfim. Se perguntassem o porquê da minha extravagante ilusão de querer entrar em frequência com os sentimentos dela, eu responderia: Porque ela é igual, igual e faz parte de mim. Não passou despercebida por mim, como muitos costumam passar. O que me chamou atenção foi o fato dela não ter nada de especial. Ela não se parece comigo, provavelmente não entraríamos em uma boa concordância verbal. Ela não tem conhecimento sobre nada do que eu acredito. E eu particularmente costumo dar valores em pessoas que me entendem, e que possuem algo em comum com as minhas loucuras. E ela não tem nada em comum comigo. Mas com certeza nos conhecemos talvez em um outro plano, tal plano que ela estivesse consciente e não tão perdida e exausta.

Emfim. Era fria. Como se tudo em volta de si fosse desimportante. Estamos todos no mesmo barco, eu diria a ela. Não me importo, ela diria.

De-ci-fra-me

Intimidam os fortes

é a gota mais baixa

da água mais limpa

dos orgasmos múltiplos

que te faz entrar em plena comunhão

comigo, contigo

que me prende ao inesperado.

Confuso

Androide imaginário

que constitui a baixa heroína

que fere o corpo alheio

moderno,

de repente monstros, de repente frágeis

Uma estranha emoção

sem sentimentos

sem lágrimas

sem sorrisos

sem expressão,

Um clarão relatando

relendo,

hoje é o fim dos…

imãs, modernos

claros e escuros.

Hoje o sentido

estará faltando

como estará relendo,

pois estará, moderno…

Lendo em tom louco.

Sussurra em teus ouvidos

durante o sonho

decifra-me num tom cortante

e entre em comunhão com a minha alma

a única

que se confunde

no espelho, se perde

Quem é?

Sabes....

Pêsames.
Ao quadro sem cor
Ao projeto perdido
Ao amor demolido
Dedico meus pêsames
E a mim, um punhado de rosas vermelhas.

Ao equilibrista
Ao doente
Até o ocidente
A corrente que rompe sonhos mundanos;
Me desequilibra
Me corrói
Me respira
E ao mesmo tempo me desperta.

Ao meu protetor atrás da porta
Ao poeta desiludido
Dedico meus velhos pêsames
Uivando pra Lua

Ao sol
Ao tempo parado
As palavras cruzadas
Aos caminhos errados
E a mim;
Um punhado de espinhos
Machucando cada curva do meu corpo
Dedilhando e fazendo sangrar

Ao ponto certo
Ao trem atrasado
Ao jardim mal colhido
Dedico meus novos pêsames
Coitados
Mal sabem eles que sou a linha torta que impede o trem de continuar.

...era amor, mas não o tinha.

Ao longo da estrada surge milhões de pedras, mas a gente mesmo estando cansado arruma um jeito de se desviar delas. Penelope não era diferente, só não era igual. Era parecida, mas não igual. Era a advertência, mas nunca o crime. Era o trânsito, mas não chegava ser a monotonia. A garota era a dança, mas nunca se mexia. Era a música, mas não era melodia. Era o som, mas não ouvia. Penelope não era um nada, só não era tudo. Na estação de trem ela também se perdia, apenas não se achava, corria por entre a multidão perguntando freneticamente: Me ajudem, não consigo me achar! Ela só não era a felicidade porque já era a tristeza antes mesmo de nascer. Nasceu numa quarta-feira chata parecida com as outras. Nasceu num quarto sem graça e pequeno com quatro mulheres berrando em seu ouvido pequeno: Oh Glória! É uma menina. Onde estava o pai, não sei, mas desconfio. Devia estar engravidando outra moça assanhada. Mundo perdido. Penelope gostava de chuva, mas nunca se molhou. Penelope gostava de praia, mas nunca a conheceu pessoalmente, só pelos quadros mal feitos de seus avós. Penelope tinha cabelo ruivo, mas nunca se olhou no espelho, não sabia o quão era bonita. Era bonita, mas nunca soube. Era moça, mas não sabia. Pensava ser doença, e sempre morria de medo todo mês. Sorria, às vezes, mas não sabia bem o motivo. Sorria por apenas sorrir. Gostava de ler, mas nunca lia. Amava escrever, mas não sabia direito o que por no papel. Tinha certeza, mas nunca arriscava. Penelope era filha de burguês, naquela época deu a entender que queria o mundo, pois então, foi presa num mundo fútil. Roupas em primeiro lugar, inteligencia e livros lá pelo final. E assim movia o mundo naqueles tempos. Era inteligente, mas não se concentrava. Era discreta, e era mesmo discreta. Gostava de circo e cinema, então correu, correu o mais rápido possível. Contemplava a platéia, e então começou a não fazer mais parte dela, e sim, mostrar que também tem algo pra expor, sua beleza interior, seu lado artístico foi desempoeirado. Penelope nunca soube, mas também nunca quis saber.