Coleção pessoal de LiAzevedo

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- Tia, seu horóscopo disse que no ano que vem você vai ter muita sorte no amor – peraí – no jogo também! Mas como assim, é possível ter sorte nos dois?

Todos os dias, durante uma semana em que estivemos juntas, por alguma razão que algum dia eu ainda espero entender, ela insistia em ler o meu horóscopo.´

- Deixa pra lá, bebê! E viagens? Fala alguma coisa?
- Nadinha, tia, mas no natal…
- O que fala do natal, viagens?
- Não tia, mas fala que touro é o signo que menos gosta do natal…

Não tive como ludibriar aqueles olhinhos brilhantes, curiosos para saber porquê a tia, do signo de touro, não apreciava tanto assim o natal…

- Áh, bebê! É que essa data transformou-se num evento comercial. Tem-se a obrigação de se estar bem, generoso, comprar presentes, e você sabe que a tia não lida muito bem com “obrigações”, né? Mas eu gosto de estradas, vamos?
- Sei sim...Tem fone de ouvido aqui, tia?
- Tem sim! Prá que?
- Áh, não quero ficar ouvindo suas músicas no carro “mon chouchou”, “mon bijoux” e “uuuuuu”!
- Oui, mademoiselle! Comme tu veux!
- O que?
- Entra no carro!

E viemos.
Eu no meu mundo, e ela no mundo dela, sem sair do meu, nem eu do dela.


- Nossa, nessa época eu sinto uma falta imensa dos meus filhos – resmungou meu parceiro no plantão, Arion (talvez algum dia eu escreva sobre ele, uma trilogia, talvez! Rsrs)
- Por que nessa época, Arion?
- Sei lá...Fico triste sem eles…
- Tá vendo por que não gosto de natal? Até obrigação de se estar junto as pessoas sentem…
- Deixa eu te falar - começou ele, com o jeito tão peculiar de Arion, que foi impossível não deixá-lo desenvolver o assunto.
- Eu tenho um amigo – continuou ele – e sempre que eu o chamava para fazer alguma coisa aos domingos, ele dizia que era o dia de estar com a sua família, e que não poderia ir. Um dia o questionei sobre isso e ele me respondeu que a gente negligencia tanto quem realmente importa e que amamos, que ele achava muito bom o fato de “ter que estar” com a família todos os domingos, e que talvez se não fosse isso se veriam muito pouco, conversariam muito pouco, participariam muito pouco ou quase nada da vida uns dos outros.

Engoli seco e pensei em como realmente era bom estarmos em família, inclusive no natal e sobretudo quando a minha avó ainda estava entre nós.
Pensei nos abraços, nas risadas, na brincadeira do amigo secreto, no porco da Tia Mariquinha com a maçã na boca, mas diga-se, muito gostoso, nas orações em volta daquela mesa farta, toda a família de mãos dadas, e depois a musiquinha da Tia Rosa, “Tenho minhas mãos cheias de ricas bênçãos...”, em como era bom jogar essas bençãos uns nos outros, e como nossa família tenta se reunir nessa data, ainda que agora sem a presença do motivo dos natais cheios por mais de trinta anos, minha amada Vó Maria.
- E se não houvesse o natal? - perguntou-me ele, cortando meus pensamentos, e meu olhar contrariado pelo fato de ter dito à minha sobrinha que não gostava tanto assim do natal…



- Karol?
- Que foi, tia?
- É que a tia mudou de ideia. A tia ama natal…
- Éh, eu vi no seu horóscopo hoje que você mudaria algumas ideias!
- Éh mesmo, bebê? E de viagens, fala?

Brincadeiras à parte, obrigada Natal por ser o “motivo” pelo qual escolhemos e fazemos questão em estarmos juntos de quem realmente amamos.
Obrigada, Arion, pelo jeito “Arion” de me fazer entender que por mais que transformem essa data em um evento comercial, não há preço que pague estarmos em família!

Depois eu falo Feliz Natal!
É que eu só queria contar isso hoje.
Foi importante pra mim...

Sinceramente eu não acredito que tenha alguém realmente confortável em ter voltado à idade mínima, mínima de bom senso.

Quando eu estava com seis anos de idade minha mãe colocou-me no sofá e disse que precisávamos conversar. Com as perninhas grossas balançando me sentei devagarzinho e desconfiada, até porque já esperava a bronca, e ela fez a mesma coisa, ajeitando uma barriga enorme.
- Então, filha! Sei que você quer uma irmã, mas olha só: você vai ter que dividir as suas roupas, seus brinquedos, suas maquiagens, enfim...Já com mais um irmãozinho você continuará sendo a princesa absoluta da casa!

Se fosse hoje, talvez eu fingiria um certo incômodo com a ideia antes de ser completamente convencida, mas tenho certeza que à época, a minha inocência pueril me fez levantar do sofá pulando e já aguardando, ansiosamente, mais um dos acertos de Deus em nossas vidas, o meu irmão Wemerson.

Coração generoso, inclusive para perdoar, extremamente gentil, leve, com uma capacidade enorme de enxergar a vida de uma forma bem mais simples, logo, bem mais inteligente e feliz por isso. E nós, tão diferentes, tão iguais no amor que sentimos um pelo outro.

Então, feliz aniversário, meu irmão! Saiba que te ano e admiro o homem que se tornou. O seu único defeito é espantar meus pretendentes quando diz que nem pavio eu tenho, mas realmente ser teu cunhado não é uma honra para qualquer um. Há mesmo que se merecer!

Seja feliz. É tudo que eu te peço! Feliz aniversário!

(Para meu irmão Wemerson)

"Talvez o servidor esteja preocupado apenas com o próprio salário, mas há outros compromissos já atrasados com credores que também devem ser liquidados".

Pois é.

O servidor está mesmo preocupado com o próprio salário porque trabalhou para tanto, porque tem família, tem que colocar o pão na mesa (só pão mesmo em alguns casos), tem que pagar escolas aos filhos porque o ensino público não funciona, tem que comprar materiais escolares, tanto para estudantes em institutos particulares ou submetendo-se à mediocridade das escolas públicas, tem que pagar planos de saúde porque o sistema único de saúde mais parece uma fila com vaga garantida à morte, e não só da dignidade, tem que pagar credores porque é obrigado a contrair empréstimos em razão dos juros abusivos cobrados pelo sistema financeiro brasileiro, tem que pagar isso, pagar aquilo e outro, e pagar, pagar, pagar, sem reuniões agendadas com credores à base de champanhe e caviar.

Só tem uma coisa melhor do que dormir de conchinha: ficar acordado de conchinha!

Uma das coisas que aprendi na estrada é que as chuvas são iguais às nossas lutas. Algumas exigem que você pare e espere, outras que você as enfrente, e saia, inclusive, bem à frente. Mas ambas passam. Mais cedo ou mais tarde, passam.

Não se preocupe em ser o melhor, exceto o melhor de si mesmo. Esse é o nosso único papel absolutamente insuperável, e talvez inesquecível.
Todos os outros...

Tão afrodisíaco quem é suficientemente si mesmo!

Não adianta você fazer o que qualquer um faria.
Não adianta tentar me impressionar com coisas que qualquer uma se impressionaria.
Não sou melhor que ninguém,
mas não sou nenhuma delas.
Eu não sou qualquer uma delas.
E se você não entender isso, eu sinto muito, mas não seremos qualquer, nenhum(a) ou mesmo algum(a) na vida um do outro.

Se quisermos mais fundo do poço para a humanidade teremos que cavar.

Atenção à ultrapassagem de sentimentos.
A manobra pode ser fatal!

Admiração é a única proteção verdadeiramente resistente aos sopros do lobo mau.

Não há Boletim de Ocorrência que substitua ou justifique a perda ou extravio da confiança!

Se eu gosto de você?

Eu admiro essa sua timidez discreta.

Eu admiro essa sua certeza não arrogante de saber que é bom no que faz.

Eu admiro a forma como você finge não me ver, quando outros, agindo exatamente ao contrário, fazem com que meu olhar procure somente o teu.

Eu admiro a forma como você me enxerga além do que é visível a olho nu.

Eu admiro como você me desnuda, me descreve, ainda que sob a fumaça de charutos e afins, e como também se esforça para não temer o que pode encontrar quando não somente o corpo for nudez.

Se eu gosto de você?

Eu o admiro, inclusive quando me deixa com receio em dizer se eu gosto ou não de você...

Se eu fosse você estaria um tanto quanto preocupado por ser o motivo desse sorriso!

Eu posso até ser navio,
mas meus amigos são portos.
E seguros!

Porque metade da minha metade é...
Inteira.

Amigo de verdade não se disputa.

Amigos de verdade não disputam entre si.

Amigo de verdade não manipula seus melhores sentimentos e não incentiva os piores.

Amigo de verdade conhece as suas feridas, e se não puder sará-las, não as toca.

Amigo de verdade está sempre contigo, independente da presença física, mas se essa for possível, assim também estará.

Amigo de verdade silencia-se para não ferir ou para não ser ferido.

Amigo de verdade fala a verdade quando assim solicitado.

Amigo de verdade sabe ouvir a verdade quando assim solicitou.

Amigo de verdade carrega água no balaio contigo, mas também comemora seus troféus sem a necessidade de competi-los. Amigo de verdade não precisa de insistência em nenhum dos casos, mas principalmente na comemoração de suas vitórias.

Amigo de verdade se conhece com o tempo.

Amigo de verdade não precisa de tempo para ser reconhecido.

Amigo de verdade é o amor mais gratuito que existe, e o mais caro.

Amigo de verdade, é raro...

Mais uma saudade pra carregar na mala...

Porque o melhor carimbo no passaporte é a amizade!