Coleção pessoal de LiAzevedo

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⁠Sábado, dia 22 de maio de 2022.

O telefone toca.

Do outro lado do Atlântico, uma voz embargada pergunta:
- Você sabe o que aconteceu com o Nilton?

As mãos ficam trêmulas, a respiração acelera, a boca seca e ainda assim é o lugar pelo qual o coração tenta desesperadamente sair do corpo.

- Mataram o Nilton! - responde a voz, entre lágrimas, depois que percebeu um silêncio que gritava por socorro do outro lado da linha.

- Mataram o Nilton! - repetia a voz na tentativa que acreditássemos naquela piada sem graça.

- Mataram o Nilton! - insistia.

Só três dias depois entendemos o motivo pelo qual nao acreditamos naquela triste notícia.

Três dias se passaram e continuamos a não acreditar, afinal, que monstro faria mal a uma pessoa como você? Que tipo de lixo humano seria capaz de nos tirar esse sorriso? Que espécie de animal nos tiraria sua companhia, sua amizade, sua leveza, sua generosidade, sua alegria e determinação em viver e fazer os outros viverem?

Três dias se passaram e nós ainda nao acreditamos que voce se foi, mas descobrimos que você tem irmãos espalhados por todo o mundo!

Nesses três dias a Lu recebeu inúmeras mensagens de pessoas, e todas disseram que perderam um irmão, porque é exatamente isso que você é e continuará a ser: O irmão que o nosso coração escolheu! Daí, meu amigo, se o nosso coração te escolheu como irmão, não há violência que te leve das nossas vidas!

Podem dizer o contrário do outro lado da linha! Podem noticiar os fatos pelos quatro cantos do mundo! Você vive, ainda que a gente saiba que nas viagens não vai te ver mais chegar com flores de uma senhora de 80 anos, com a qual você passara toda tarde a faze-la sorrir! Muita falta vai fazer, mas isso não significa que você nao estará lá, então, até a próxima viagem, nosso amigo-irmão!

Te amamos.
Te amaremos, sempre, para todo sempre!

#justiçaporNiltinho
#justiçapeloNilton
#justiça
#violência

⁠A minha vida e suas doses sempre cavalares, das calmarias às inquietações, dos sonhos às desilusões, do dedinho do pé à derrière...


#aunoir
#enblanc
#enrouge

⁠Viver no Brasil: trabalhar só, única e exclusivamente para pagar as contas e ainda ter a consciência de que se consegue paga-las é um privilegiado nesse país.
Ensinaram-nos a querer muito pouco e a sentirmos uns grandes fdp se realmente questionamos isso.

#brasil

⁠A espera é uma máquina de moer gente.

⁠Eu não consigo ter inimigos (as). Automaticamente se reduzem a nada pra mim quando tentam sê-lo.

⁠Há sempre alguma coisa que já morreu nos eleitores da direita. Geralmente são os sonhos.

⁠Meu sonho é me apresentar a uma dessas pessoas que ficam com plaquinhas de nomes nos aeroportos, esperando as pessoas.

- "Oui, Julie Dubois. Enchantée!"

E vou. Sei pra onde não.

⁠É quase impossível refutar a certeza que a ignorância tem.

⁠Cansada dessa pseudo-liberdade de ter o direito de escolher, mas ser obrigada a lidar com as consequências.

⁠Por carência as pessoas manipulam.
Por carência as pessoas aceitam migalhas.
Por carência as pessoas machucam e se machucam.
Por e na carência, todos perdem.

⁠Não há química que resista à falta de conexão.

⁠Minha linguagem de amor com amigos: não cobrar presença, atenção, exclusividade, enfim, deixar completamente livre. Só exijo reciprocidade na linguagem.

⁠Liberdade pra mim inclui principalmente a desnecessidade de ser vista, venerada.
Eu devo ser bem esquisita mesmo.

⁠Quando escrevo sobre você eu saio do lugar no qual me coloquei, mas principalmente te tiro do lugar no qual te permiti ficar na minha vida. E eu sempre preferi lugares vazios aos indevidamente ocupados, até porque os primeiros podem ser realmente preenchidos.

⁠Eu escrevo sobre o passado e principalmente sobre o que/quem já está e permanecerá lá.

⁠Quem perde minha confiança perde o que de melhor eu posso oferecer a alguém.
Minha confiança é infinitamente mais leve que meu amor!

⁠O problema da classe bem mediana fora do país não é pagar um valor justo a quem faz serviços domésticos. É o fato de ter que respeitá-los como igual.

⁠A educação é negada ao oprimido justamente para que ele continue a sê-lo sem questionar, e a se orgulhar de fazê-lo se por acaso conseguir algum dia se "igualar" ao opressor.

⁠Tudo o que é excessivamente exposto à vitrine esconde a incompatinilidade da oferta com a qualidade do produto. Isso vai desde relacionamentos a corpos.

⁠Essa merda de sentir...

Sentir o que os meus olhos veem e o que não veem

O que minhas mãos tocam ou não

O que meu olfato fareja com ou sem máscaras

O que meus ouvidos ouvem e até o que nunca disseram

O que a mim compete

O que a mim não deveria interessar

O que a mim compelem

O que a mim nem chega.

Essa merda de sentir...

Sentir a solidão das massas, a morte de um desconhecido entre milhares, a milhares de quilômetros de mim

Sentir a indecência de quem não se importa sequer com o possível perigo aos teus

Sentir medo pelo próprio País

Sentir medo para além de todas as fronteiras, imagináveis ou não

Que merda é essa de só sentir a impotência de sentir, sentir, sentir?

Que porra é essa de sentir tudo ao extremo assim?

Que porra é essa de ter fugido da insensibilidade para depois ser outra vez a esponja de não só o que me fazia insensível, como se um castigo fosse?

Se bem que justiça seja feita, pra quem já não andava a sentir quase nada, talvez essa tenha sido a forma como a vida encontrou para dizer-me mais uma vez que o controle nunca esteve em minhas mãos.

Mas estás a pegar pesado demais, vida!

Ah se estás!

Estás a matar rápido demais, corona vírus, inclusive a esperança!

Estás, estás...