Coleção pessoal de Jorgeanesquivel
Deus me enviou pessoas
Eu pedi a Deus, anjos.
E Ele me enviou pessoas.
Eu não sabia pedir ajuda.
Ainda não sei.
Não diretamente, não com palavras.
Mas eu já gritei, de todas as formas possíveis.
Gritei aos céus.
Gritei no meu quarto, trancada, abafada pelos travesseiros.
Gritei com a mão na garganta.
E gritei em silêncio, com o olhar perdido no vazio.
Mas Deus ouviu.
E me enviou pessoas.
Pessoas que eu nem imaginava,
mas que estendem as mãos e apoiam outras vidas,
inclusive a minha.
São poucas, mas conseguem me alcançar.
Cuidam de mim, mesmo sem entender tudo.
E eu… eu não tenho palavras pra agradecer.
Eu queria sorrir, gritar, voar, abraçar.
Dizer o quanto isso me faz bem, o quanto me faz feliz.
Mas ainda não consigo.
Quimicamente, meu corpo não permite.
Estou tão exausta que, às vezes, não consigo nem falar.
Quando elas estão por perto, eu me sinto perdida,
tentando apenas dar conta,
retribuir um pouco do que recebo.
Queria poder devolver o sorriso,
não deixá-las tão preocupadas.
Mas, por dentro, às vezes,
eu ainda estou gritando.
Enquanto olho pra elas,
tentando achar em mim alguma coisa
um sinal de vida,
um recomeço,
um pouco de mi
Ainda Não
Há dias em que o corpo pesa mais do que a alma.
E, mesmo sem feridas visíveis, tudo dói.
O respirar dói.
O levantar dói.
O existir... exaure.
Há algo dentro de mim que grita em silêncio,
pedindo socorro, mas sem força para pedir.
Como se eu esperasse que alguém qualquer um
ouvisse o som do que não digo.
Eu me sinto como quem tenta juntar os cacos
de um vidro que insiste em se cortar nas próprias mãos.
Tento reconstruir o que já não sei se pode ser reconstruído.
Mas, mesmo fraca, ainda espero —
porque uma parte de mim ainda acredita
que não é tarde demais.
Talvez eu não precise de promessas,
nem de frases bonitas,
só de alguém que diga: fica.
Fica mais um dia.
Mais um respiro.
Mais um pedaço de esperança.
Porque, por mais que tudo em mim peça fim,
ainda não estou pronta para morrer.
Ainda não.
Só quero que alguém me tire daqui —
desse lugar onde tudo é dor e silêncio,
onde a alma sangra e ninguém vê.
E se um dia eu não conseguir mais pedir ajuda,
que este texto grite por mim:
eu só queria viver,
mas de um jeito que não doesse tanto
Orações Escritas
Lugar de Filha
Deus, me sinto tão pequena diante de tudo e sobre tudo, diante da Tua grandeza.
Tua bondade é inquestionável e inegociável.
Mas sou humana, falha, e me perco diante de tudo que vejo e da desigualdade.
Mas tem dias em que não quero lutar, resistir, questionar ou lamentar.
Queria apenas me jogar em Teu colo e ali me deixar ficar.
Meu maior desejo é estar nesse lugar me abandonar ali, em Ti.
Porque sei que o lugar de uma filha é no colo de seu Pai.
E Tu és o meu.
Curar o Outro
Por que a gente consegue se preocupar tanto com alguém, mais do que com nós mesmos?
A ponto de esquecer da própria dor, ou fingir que ela não existe?
Às vezes, as dores até se parecem, são as mesmas feridas em corpos diferentes, mas, mesmo sem força, a gente tenta curar o outro.
Como se aliviar a dor do outro fosse também um jeito de aliviar a nossa.
Como se, ao enxugar as lágrimas de quem amamos, pudéssemos secar as nossas por reflexo.
Mas não dá.
A verdade é que, por mais bonito que seja esse instinto, curar o outro não é cura, talvez seja fuga.
E ainda assim, a gente insiste.
Porque amar é isso: é esquecer-se por um instante, acreditar que o afeto pode salvar, mesmo quando mal conseguimos nos salvar de nós mesmos.
Entre o que falta e o que cura
Se pudéssemos dar a nossa vida, mesmo que incompleta, para completar a de outro alguém que também está em um processo de cura, e nunca se cura, duas vidas quebradas, duas almas pela metade desencontradas, duas vidas que não encontram um destino, um sentido, uma felicidade, mas que passam pela mesma era, se pudéssemos, eu daria a minha pela tua, a minha incompleta, se juntas elas formassem uma, se essas duas metades, imperfeitas e infelizes, pudessem ser uma só, em totalidade e vitalidade, eu agora te daria a minha, para assim termos um de nós feliz, porque amar é a alma, é a vida, é o que nos conecta a Deus.
Inacessível
Como explicar ao mundo que me tornei inacessível?
Que não foi escolha, nem arrogância — foi autodefesa.
Foi o único jeito que encontrei de sobreviver às feridas que me causaram, de não me perder de vez tentando ser tudo para todos.
Como explicar que, quando finalmente deixo alguém se aproximar, essa pessoa se torna única, mesmo sem saber?
Ou que, às vezes, ela até é a única, mas não consegue corresponder?
E como dizer isso sem parecer ingratidão, sem que sofra o peso do mal-entendido de quem nunca sentiu o que é se esgotar por dentro?
As cobranças externas já são duras, mas nenhuma é mais cruel que a minha própria.
A autocobrança me corrói essa necessidade de perfeição, de acertar e estar sempre presente, de ser sempre o amparo, mesmo quando sou eu quem mais precisa de colo.
Guardei tantas vezes a minha dor no bolso para cuidar da dor dos outros que agora ela já não cabe mais.
E mesmo assim, sigo tentando.
Tentando conter o transbordar, tentando ser funcional, tentando dar conta de tudo, mesmo quando não já não tenho dado conta de mim.
E é aí que percebo: não é que eu tenha desistido do mundo.
É que o mundo desistiu de ouvir o silêncio.
Então me desfaço em partículas.
O Equívoco das Aparências
Por que as pessoas acreditam que nossas incapacidades — sejam físicas, emocionais ou mentais — são sinônimo de falta de talento, de inteligência, de perspectiva, de fé ou de coragem?
Por que reduzem nossas pausas à preguiça, nossos silêncios à fraqueza, nossas ausências à desistência?
Vivemos em uma sociedade que só reconhece o que é visível.
Mas o que dói em nós não se mostra em fotos.
E o que lutamos para suportar não se mede em produtividade.
Às vezes estamos apenas temporariamente em órbita de nós mesmos, tentando nos reencontrar, tentando sobreviver à própria mente.
Por fora, parece distância.
Por dentro, há excesso.
Um turbilhão de presenças, lembranças, vozes, dores, pensamentos — tudo pulsando ao mesmo tempo.
É exaustivo existir assim.
Mas o mundo julga pela aparência.
Se você está bonito, é porque está bem.
Se sorri, é porque superou.
Se se cala, é porque não quer ajuda.
Ninguém imagina o peso que é segurar um sorriso para não preocupar, ou o cansaço de parecer forte quando mal se consegue levantar.
O que muitos chamam de fraqueza é, na verdade, resistência.
E o que chamam de afastamento, é apenas o corpo pedindo descanso — a alma implorando por silêncio.
Nem tudo o que parece ausência é vazio.
Há quem esteja quieto demais por sentir tudo ao mesmo tempo.
Deus, me permita um recomeço.
Um novo sorriso, capaz de irradiar tudo à minha volta com a luz da minha presença.
Que eu marque as pessoas com positividade,
sem perder a minha essência, nem a profundidade que me habita.
Se nasci para ser breve como um cometa,
que de mim fiquem apenas os rastros do melhor
a ternura, o amor, a coragem de tentar outra vez.
Mas, se ainda houver tempo,
me ensina a ressurgir das cinzas,
a reconstruir meus pedaços sem medo do fogo.
Faz de mim fênix,
e que o recomeço seja a minha mais bela forma de permanecer.
O Direito ao Silêncio
Como explicar que não estar preparado para responder uma mensagem ou um telefonema também é um limite — um limite que deveria ser compreendido e respeitado?
Vivemos tempos em que o imediatismo é confundido com afeto, e o silêncio com indiferença.
Mas há silêncios que são apenas pausas necessárias para quem já está sobrecarregado demais.
Estamos cansados emocionalmente, mentalmente, humanamente.
E, muitas vezes, o motivo de não responder não é falta de carinho, é justamente o excesso dele.
É o medo de repassar o peso, de transbordar dores em quem queremos proteger.
É o cuidado disfarçado de distância.
Mas como se fazer entender num mundo que só reconhece o que é dito, e não o que é sentido?
Como dizer que o silêncio também é uma forma de respeito?
Que às vezes o maior gesto de amor é o recolhimento, é o tempo que se leva para conseguir dizer algo verdadeiro — sem disfarces, sem máscaras, sem a pressa de parecer bem?
O silêncio, quando nasce do cansaço e do cuidado, não é afastamento.
É um pedido de espaço para respirar.
É a pausa de quem ainda quer estar, mas precisa primeiro voltar a ser.
Às vezes, não é falta de amor, é falta de fôlego.
De vontade de responder, de sorrir, de fingir que está tudo bem.
É cansaço de corresponder, de se explicar, de esconder o óbvio — que por dentro, o silêncio grita.
As notificações se acumulam, mas o desejo é de desaparecer.
Não por indiferença, mas por não saber mais como existir para tantos, quando mal consigo existir pra mim.
Não sou de muitos contatos, embora haja muitos que me amem.
Só não sei, agora, como retribuir.
E talvez isso precise ser entendido como amor também.
Ausência de Mim
Há fases em que a gente simplesmente desaparece, mesmo estando aqui.
O corpo existe, mas a alma se recolhe. As mensagens chegam, as notificações se acumulam, e cada uma delas parece pesar toneladas.
Não é descaso. É falta de fôlego. Falta de voz. Falta de nós.
Responder exige um tipo de energia que já não há.
Porque para responder, é preciso fingir — dizer que está tudo bem, quando nada está.
E às vezes, a mentira cansa mais do que o próprio silêncio.
A depressão tem esse jeito de transformar o mundo em eco.
Tudo parece distante, sem cor, sem sentido.
E, mesmo cercado de gente, é como estar trancado dentro de si — tentando achar uma saída que não machuque ainda mais.
O silêncio, então, vira refúgio.
Mas também é pedido de socorro.
Porque a ausência fala, grita, às vezes.
Só que nem todo mundo sabe ouvir o que não é dito.
Não é que falte amor, é que sobra exaustão.
Não é que não se queira viver, é que viver cansa demais.
E nesse intervalo entre o querer e o poder, a gente tenta sobreviver — do jeito que dá, do jeito que resta.
Às vezes, estar ausente é a única forma de continuar aqui.
O Peso do Silêncio de Quem Importa
Quando tudo parece distante, e o mundo vai se apagando aos poucos, ainda restam algumas poucas presenças que nos fazem tentar.
Poucas pessoas que, sem saber, se tornam o último fio entre a gente e o resto do mundo.
Aquelas com quem ainda conseguimos falar, mesmo que pouco, mesmo que sem força.
Aquelas que acham que são só mais uma, e não imaginam que são as únicas.
É doloroso quando o silêncio vem justamente delas.
Quando você cria coragem pra aparecer, pra responder, pra tentar existir de novo — e o retorno não vem.
Dói como se o universo confirmasse o que a mente cansada já sussurra: que talvez você não faça falta alguma.
Mas o que elas não sabem é que aquele “oi” que não veio, aquela resposta que não chegou, pesam.
Porque não era só uma mensagem — era um pedido de presença, um pedido de vida.
E então a gente se recolhe outra vez.
Não por desinteresse, mas por proteção.
Porque continuar tentando onde o silêncio ecoa é como insistir em respirar debaixo d’água.
Algumas conexões salvam.
Outras, quando se calam, deixam a alma sem ar.
Perdão pelas Ausências
Peço perdão a todos que eu não consegui responder, nem me conectar.
Perdão àqueles a quem eu disse que estava tudo bem — só para não preocupar, só para não precisar explicar o que nem eu sabia dizer.
E peço perdão também a quem um dia recebeu um “oi” meu, um pedido simples de atenção, de conversa, de oito minutos de presença…
Mas que talvez também estivesse travando suas próprias batalhas, e não percebeu que aquele gesto era um pedido de socorro disfarçado.
Hoje eu entendo: a ausência não é só minha.
Vivemos todos cercados por presenças que não estão de fato aqui.
As redes sociais estão cheias de gente, e, ao mesmo tempo, tão vazias de encontro.
Ninguém parece realmente preocupado com o “eu” verdadeiro de mais ninguém.
E os poucos que ainda se preocupam, se afundam, como eu, no excesso de sentir.
Sentem por todos, carregam o mundo nos ombros e, aos poucos, se afogam na própria empatia.
Talvez o silêncio não seja falta de amor, mas o peso de sentir demais num mundo que sente de menos.
Entre o Real e o Fingido
Vivemos em um mundo de aparências, onde todos parecem felizes, atraentes, ocupados, e quem não acompanha esse ritmo, parece fora de lugar.
Nas redes sociais, escolhemos as melhores fotos, às vezes até as antigas para convencer a nós mesmos de que está tudo bem, de que é só uma fase ruim.
Mas por trás das imagens, há silêncio, há cansaço, há dor.
Somos julgados por tudo: pela beleza, pela ausência dela, pela presença, pela doença, pela forma como sentimos ou deixamos de sentir.
E quando resolvemos nos afastar, nos desintoxicar daquilo que nos faz mal, o mundo nos cobra.
Mas quando estamos presentes demais, quando mostramos nossa verdade, também incomodamos.
Ser verdadeiro se tornou quase um ato de resistência.
É complicado existir em um mundo que exige máscaras para aceitar rostos reais.
Complicado ser calmo em meio ao barulho.
Complicado ser essência em meio a tanto personagem.
Poucos percebem o que há nas entrelinhas, o bem maior que cada um carrega dentro de si.
O mundo está apressado, forjando personalidades para que todos pertençam a algo, mesmo que seja ao irreal.
Mas eu me recuso a pertencer ao fingimento.
Prefiro o silêncio verdadeiro a qualquer palavra ensaiada.
Prefiro a ausência sincera à presença mascarada.
Prefiro ser alma, ainda que doa, do que parecer inteira quando estou quebrada.
A depressão é o câncer invisível da alma.
Os transtornos emocionais são negligenciados por não serem visíveis —
mas eles são químicos, hormonais, físicos e letais.
Uma guerra travada pela sobrevivência diária.
Uma ferida que não pode ser retirada com cirurgias,
muito menos coberta com curativos,
nem amenizada com anestésicos ou associações até cicatrizar.
Diariamente, vive-se à beira do precipício,
onde cada palavra mal colocada pode nos empurrar definitivamente.
Nunca se sabe qual será o último dia — só torcemos para que não seja hoje.
Existe uma luta, um esforço diário, totalmente desvalorizado.
Há pessoas que, sem querer, reprimem, enfurecem, revoltam.
Tocam na ferida, pisam sobre ela e a fazem sangrar.
Mas essa dor... é invisível.
É mais fácil enxergar alguém passando por uma cirurgia,
por uma quimioterapia, e estar ao lado —
pegar na mão e dizer: “Estou contigo até o fim.”
Mas a depressão...
essa é chamada de frescura, de fraqueza,
de coisa da nossa cabeça.
E, para completar, dizem que é falta de fé.
Não é.
Nosso corpo fala.
Pede socorro.
Mas negligenciam cada sinal.
Infelizmente, ainda julgam pelas aparências —
como se a beleza de alguém pudesse traduzir o que ela carrega por dentro.
Dei-lhe de mim tudo…
cada riso guardado,
cada lágrima que escorri em silêncio,
cada dia que sobrevivi.
E ainda assim,
sou inteira em cada fragmento que entreguei.
Meu querido Anthony
Desde o instante em que você foi gerado, eu já sabia que Deus estava me confiando o maior presente da minha vida.
Em cada batida do meu coração, em cada oração silenciosa, havia um pedido: que você crescesse cercado de amor, fé e propósito.
Você sempre foi especial.
Desde pequeno, demonstrou inteligência, curiosidade e uma luz que transborda.
Use cada dom que Deus lhe deu com sabedoria, meu filho.
Estude, aprenda, busque conhecimento — porque é através dele que você abrirá caminhos de dignidade, liberdade e honra.
A vida vai tentar distraí-lo com atalhos, mas não se perca neles.
Tudo o que é verdadeiro exige paciência, esforço e fé.
Você tem dentro de si um potencial imenso, e o mundo precisa da sua luz.
Não desperdice o que o Senhor colocou em suas mãos.
Continue sendo esse menino lindo, inteligente e sensível, mas nunca perca a humildade.
A humildade é o que mantém o coração perto de Deus e o olhar atento ao que realmente importa.
Que o amor e o respeito estejam sempre à frente de cada conquista.
Quando o cansaço chegar, lembre-se: você é forte, você é capaz, você é promessa cumprida.
E quando sentir saudade de mim, feche os olhos e sinta — estarei com você, em cada lembrança, em cada palavra que plantei em seu coração.
Siga com fé, com coragem e com a certeza de que meu amor o acompanhará por toda a vida.
Que o Senhor seja sempre o seu guia, e que você nunca se esqueça do quanto foi amado, sonhado e abençoado desde o primeiro instante.
Com todo o amor do mundo,
Mamãe — Jorgeane Borges
25 de Outubro 2025
Despeço-me pouco a pouco, todos os dias,
diante dos olhos de todos —
imperceptível, dissolvendo-me em cada respiração.
Observo o mundo diante de mim,
as pessoas que amo, os gestos repetidos,
cada abraço que dou é uma forma silenciosa de dizer adeus.
Há quem veja apenas o sorriso,
mas por dentro há um aceno contido,
um pedaço de mim que se despede devagar,
como o sol que se retira do dia,
aos poucos, até virar ausência.
26 de outubro 2025
Quando eu partir
quero que fique cada partícula de mim,
nas frestas do tempo,
no cheiro da terra molhada,
no toque que deixei nos ombros de quem amei.Que fiquem minhas palavras,
aquelas que escrevi com alma cansada,
e também as que calei por medo de ferir.Quero que, em cada olhar que se perca no horizonte,
haja um traço meu
um sopro, um eco, uma lembrança boa.Não quero ser esquecida,
nem lembrada com dor.
Quero ser presença leve,
como o vento que passa,
mas ainda toca.
Tem dores que a gente não diz em voz alta.
Elas moram quietas, esperando que o tempo faça o que a gente não consegue.
E, mesmo quando tentamos seguir, há sempre algo que puxa de volta
uma lembrança, uma falta, um cansaço que a alma não disfarça.
Eu entendo que sinta essa vontade de desistir.
Porque também conheço esse desejo, profundamente,
onde o mundo parece pesado demais pra carregar.
Mas, ainda assim, tem algo que me faz ficar.
Talvez a esperança tímida de que exista um alívio depois do caos.
Talvez o desejo de me reencontrar.
Ou talvez só o amor, mesmo pequeno, que insiste em não ir embora.
Eu não tenho respostas, só um motivo pra continuar tentando:
ver se, no meio do caminho, essa dor também aprende a descansar.
