De repente Eis-me numa esquina Da minha... Hermes Fernandes

De repente

Eis-me numa esquina
Da minha existência
Sem saber o que fazer
Nem que direção tomar
Assim, tão de repente
Não mais que de repente
Tudo se desfez enfim
Diante dos meus olhos

O que parecia ser
O raiar do dia
Trouxe a escuridão pra mim
Quando amanhecia

Quis mentir para viver
O que era de verdade

Desejei me esconder
Pra ter liberdade

Diante desta sina
a resiliência
O que me restou fazer
A não ser me conformar?
Fiz-me displicente
Nada inocente
Do que eu sonhei pra mim
Sobraram espólios

O que parecia ser
Um gesto de zelo
Fez tudo desvanecer
Virou pesadelo

Não dá mais para mentir
Pra ninguém, nem para mim

Nem sei como reagir
Só não quero pôr um fim

Sim, devo admitir
Cansei de omitir
O que sinto aqui dentro
Sim, para quê insistir
Disfarçar ou fingir
Esconder meu lamento?
Sim, cansei de dizer não
Para o meu coração
Que já bate mais lento
Sim, ainda estou aqui
E espero prosseguir
E estar sempre atento
Sim, devo me permitir
E assim conferir
Até onde aguento
Sim, possa o céu se abrir
E minha vida cobrir
De perdão e alento