Coleção pessoal de bodstein

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Nunca me atenderá aquela corrente que troca o questionamento pela fé no que já chegou pronto. Antes de qualquer coisa é preciso esgotar as perguntas, depois esperar pelo momento em que alguma resposta bata forte em nosso interior para, finalmente, nos rendermos à crença decorrente de uma Verdade que se impôs por si mesma.

A ciência do autodomínio consiste em não subestimar os riscos, mas sem mergulhar em paranóia, e a do equilíbrio é ser cauteloso sem contudo se ver como uma ilha cercada de ameaças por todos os lados.

Sempre me pergunto sobre o tipo de “fé” que move aquele crente que se recusa a conhecer qualquer coisa fora da crença que traz. Questiono se o que ele acredita é forte mesmo como afirma, ou se é tão frágil que irá desabar como um castelo de cartas se não blindá-la por todos os lados, e é apenas o confronto que o assusta, pois que lhe pode tirar o chão dos pés. Apenas o que é falso depende de muros para sua sobrevivência, enquanto a verdade jamais teme ser exposta. Ao contrário, é dessa forma que ela se impõe.

Sobre os medos: Na primeira vez em que vieram eu me assustei. Mas logo em seguida se foram... E eu fiquei!

Quando me perguntam porque não voltei a me casar fica difícil explicar que isso se deve ao meu senso de justiça. O fato é que adotei para mim uma forma de vida tão simples e austera que não seria justo impô-la a outra pessoa, a menos que eu não gostasse dela. Mas como não conseguiria me unir a quem não gostasse, a única opção que sobra é poupar a nós dois.

Sempre que alguém se referir a mim como “ético” irei receber aquilo como uma expressão de carinho entre duas pessoas que se estimam, mas nunca como elogio. É como esperar ser exaltado por estar dotado de cabeça, tronco e membros já que ética não é qualidade mas, em tese, algo inerente à toda a espécie humana. O dia que todos entendermos isso teremos priorizado a consciência, em lugar de sermos tidos como virtuosos.

Quem escreve gosta de fazê-lo para os que pensam, não para os que juntam letras para formar palavras.

Pesquisadores e crentes jamais chegarão a um consenso, e a razão para isso é bastante simples: os primeiros são movidos por um desejo visceral de chegar à verdade, e os segundos por uma necessidade irracional de acreditar nas verdades que ouviram dos que os antecederam ou que, sem base alguma, construíram para si mesmos, apavorando-os a idéia de que podem ter estado enganados o tempo inteiro.

Só quem já teve seus valores mais sagrados achincalhados pela ignorância alheia consegue entender quão devastadora pode ser a sensação de haver misturado suas jóias mais caras à lavagem que acabara de deitar à pocilga.

O problema do rebanho não é se mostrar equivocado em alguns momentos, mas o de que basta possuir uma único cérebro idiota a integrá-lo – e a regra é que haja muitos – para que todos os outros se projetem com ele ao fundo do precipício.

Quando seu esquema de crenças responde “Sim” a seu próprio questionamento sobre se ele lhe chegou por seus próprios meios, em vez de absorvido por herança ou decorrente de “osmose”, então você pode ter certeza de que ele é legitimo, e nesse caso o menos importante será em que você acredita.

A resistência automática a todo tipo de “ismo” está baseada no entendimento de que os únicos direcionamentos de que precisamos é Consciência e Ética. Todos os demais se prestam a realizar algum tipo de lavagem cerebral, e entre eles se incluem as crenças que passam de geração a geração, com exceção apenas das que brotam, espontânea e livremente, de dentro do próprio indivíduo.

Toda tecnologia à frente de seu tempo é retratada como milagre e, com muita frequência, até fantasias e mitos do folclore popular recebem mais credibilidade que fatos reais apenas por se mostrarem mais conhecidos ou comuns. Não raro escolhe-se aceitar a existência de fantasmas e negar o que é possível provar por simples aplicação da lógica.

Passei muito tempo me culpando por não conseguir devolver o gostar de alguém que demonstrava me colocar acima de qualquer outra pessoa, até me perceber preferindo aquelas que estendiam seu amor a todas as outras, pois quando o direcionam apenas a mim não é porque sejam realmente boas, mas por querer exercer egoisticamente o seu direito de preferência.

Passei décadas de minha vida tentando levar meu melhor a todos à minha volta até constatar que só viam meu lado pior para poder criticá-lo como se aquilo fosse o que eu realmente era. Até que parei de tentar convencê-los do contrário ao descobrir que esse contrário ao que eles queriam sempre havia sido como eu deveria ser.

Algumas pessoas já nascem sensíveis, ou conseguem desenvolver sua sensibilidade à medida em que se descobrem apaixonadas pela vida. Outras nunca o serão, ainda que gastem suas vidas tentando projetar essa imagem aos outros, ao confundir sensibilidade com a natureza meramente biológica da inteligência. Estas quase sempre verão nas primeiras apenas figuras “esquisitas”, o que não altera nada em suas essências pois que – como já sabia Giordano Bruno em sua época – a verdade não muda porque se acredita ou não se acredita nela.

O que muitos não conseguem entender é o parâmetro que diferencia o libertário dos que nunca chegarão a sê-lo. Por definição, ele não é uma dessas pessoas que aceitará o mundo como o encontrou, principalmente quando agride princípios e valores norteados pelo bem comum, dos quais deve ser parte indissociável. Assim, enquanto seguir buscando pelo lhe dê alguma vantagem sobre seus iguais, não será um deles, pois que a liberdade nunca será privada, e só se faz legítima quando estendida a todos. E não lhe será exigido abrir mão de sua humanidade para sentir-se “a caminho da iluminação”, podendo conviver com seus múltiplos defeitos desde que entre eles não se inclua o de tentar prejudicar outro ser vivente, nem o espaço ocupado por eles para usá-lo em conformidade com o que seja melhor para ele próprio.

Se você continua figurando entre os contatos com livre acesso ao que publico saiba que não é por acaso. Eles jamais são escolhidos por critério de quantidade, mas de qualidade: ou integram o grupo dos que possuem um espírito tão libertário e combativo quanto o que trago em mim, ou o tem tomado por uma natureza tão íntegra que lhe permitirá um dia transformar-se em alguém que o possua, ou então compõe o grupo dos que não despertaram e até mesmo nunca o farão, e daí precisa saber que existem muitos opondo incansável resistência ao tipo de idéia que você defende!

Bem mais importante que te dispores a conhecer o mundo à tua volta, essencial é explorares o universo que existe dentro de ti mesmo!

Qual o propósito da existência? Eu apostaria na lei da compensação que Buddha chamou de "caminho do meio", alguns de "lei do retorno", e outros de "princípio da ação e reação", mas onde tudo se resumiria à busca pelo ponto de equilíbrio levado ao físico, ao mental e ao espiritual. Se comeu em excesso num dia, faça jejum no outro; se foi tomado pela cólera numa determinada hora, concentre-se em meditar na próxima; se atingiu alguém com suas ações hoje, ao nascer do sol conscientiza-se e peça desculpas; se foi atingido em sua auto-estima em algum momento, no seguinte se imponha de forma a que não o repitam. Tal sentido de vida não se inspira em crença, mas na lógica de pontos equidistantes que não nos colocam acima ou abaixo, nem à direita ou à esquerda, mas no único lugar que nos mostrará o porto seguro situado entre os extremos. Essa é a posição onde apenas SE É, pura e simplesmente. Nas demais só se poderá ESTAR, e em nenhuma delas você se encontrará naquela à qual realmente pertença.