Coleção pessoal de Amontesfnunes

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PÁSSARO NO ESPANTALHO

Bico preto
penas pretas
canta sem fazer careta...
Pássaro preto.
pretinho, pretinho!

Canta no galho
pousa no espantalho
rouba cisco
p'ra fazer seu ninhozinho.

Oh! Meu pássaro...
Que canta com assoviar
me ensine seu assovio
não me deixe a ver navio
porque eu, não sei nadar.

Me ensine a cantar, a flor
para que eu cante a saudade
um canto que encanta o amor
no canto da felicidade.

Antonio Montes

DESCONSTRUÇÃO

Já que o mundo todavia a ti, tem sido estorvo
O qual para você, a serventia da casa... Só lhes,
serviu para fazer balas para eliminar a fala, a
fauna... Construir estratégicas para agregar
defeitos, e derrubar os feitos os jeitos e as matas
... Agora que você contaminou e soterrou as
águas, transformou o verde em cinzas e escondeu
as luzes das vidas com a sua poluição... Como
você vai sobreviver? O que será dos seus entes
queridos? Como irão agregar vidas, diante da
sua contaminação exterminadora?!
Sobreviver sem ar, sem verde, sem sol, sem água...
E sem rios para sanar a sede! O que você vai
encontrar para fazer ar? Os seus concertos imundos,
perdeu para o fuso do mundo... E esse agora esta
sem tampa, sem fundo, permeando os seus estorvos.
O mundo hoje esta sem pregos sem cravos....
Morrendo em sua carranca, perambulando o aborto
do seu ego. Você sabia que o tarde, todavia chega
tarde, para se arrepender?! Você sabia que tudo
estava ai, quando o rumo do mundo, resolveu
arrumar você! Não precisava moldar o mundo!
E destruir tudo! Só para construir um universo
que satisfizesse o seu fazer! Não pensou nos seus?!
E agora, que o ar se foi, a flora secou, a fauna se
acabou... O que será de ti, e dos seus? O que será
dos seus, vivendo em uma natureza revoltada...
Revoltada por ter-lhe, lhes dado tanto amor!
O aço do seu coração que outrora era forjado
com fogo, hoje esta devidamente... Gelado!
Agora que você prevê paredes em seus amanhãs...
O que é que você vai fazer, quando crescer?
O que sobrará d'essa desconstrução mundana?
Por acaso, você descobriu um jeito de você
comer, a sua tão cobiçada grana?!

Antonio Montes

AS HORAS

Hora passa, horas passam...
passam horas por ai
ponteiros não podem achar
as horas que tinha aqui
se encontrar, outro lugar.

Todos viram as horas, o ponto
que tinha para passar
não aluíram do canto
e as horas não podem esperar.

As horas que um dia não foi
foi porque nunca chegou
foi nas horas que o boi
viu a taca e emperrou.

Tantas horas pequenina
sem ter tempo p'ra esquecer
as horas do nosso dia
nunca andam sem você.

Antonio Montes

ENTREVERO

O ônibus... Não veio!
Será que estava cheio?
Eu, fiquei, como se fosse...
Bola do canto, bola do meio,
pura sensação de escanteio!

Um entrevero só,
e eu aqui no meu canto,
ouvindo canto...
Em ares de sapateio,
logo eu...
Eu, que qualquer coisa fico cheio...
para mim, isso é desencanto!
Sabe... Como se fosse quebranto,
ou mesmo, praga d'algum santo...

Agora tudo me parece branco...
Assim, como se eu estivesse tonto!
Tonto, capengando em um ponto...
Que tanto aponto.

O MUNDO

Navego dentro de mim
o rumo que o mundo esqueceu
procuro o dono de tudo
e esqueço, que o mundo, sou eu.

Esse mundo se foi com as flores...
Floresta, norte sul, leste oeste
adeus frutos, adeus amores
tudo hoje, tornou-se agreste.

Com toda água poluída
até mesmo nos lençóis...
O chão, sem verde, sem vida
o ar, não é mais para nós.

Os rios estão soterrados
pelos arados do chão
os peixes, todos finados
não sustentam mais coração.

Cadê os machados que um dia!
Propagaram esse meu fim
hoje jaz! Estão finados
nem esperaram por mim!

Mas eu vou, um dia vou...
Como todos que estão indo
nesse dia de muito horror
vou com tudo aluindo.

Antonio Montes

DEGRAUS DA DISCRIMINAÇÃO

Discriminação, não é só...
A cor da pele e sim! A falta de amor...
A falta de amor para com os de profissões,
ingênuas... Incluindo nesse quesito; até
mesmo os nossos professores e outros.
A discriminação hoje abrange a falta
de amor para com, os de posição social e
financeira, fisiológica e espiritual e até
mesmo, a falta de amor para com o lugar
em que se nasce, vive e reside.
A discriminação hoje além de premiar a cor,
a posição social e a profissão...
Como se fosse uma peste! Ela se alastrou-se
infectando o ar e ao amor para com os seus,
moldando-se ate mesmo, entre parentes.
Ouve um tempo em que a discriminação
era pregada somente aos de cores escuras
hoje a discriminação alastrou-se, vive sem
cura... Abriu as portas, agregou-se as ruas,
aos quintais e aos jardins aos bairros aos
lugares e as moradias diferentes das sua.
Hoje se discrimina profissões, posição social
e financeira, aos rudes de entendimentos
e até mesmo aos de deficiência sociológica
e física.
A discriminação hoje, se perdura em
seu reinado, chibatando os ingênuos de
poder social, profissional e financeiro...
Toda poderosa e dona de si, espalha ordens
sobre os olhos e olhares d'aqueles que
ávidos de visão, estão sego para com o
mundo intercalado na diferenças social,
profissional e racial.

Antonio Montes.

VISAGENS TEMPLÁRIO

Ora na calma
sossego para a alma
antes de ir...
Perdão para alcançar.

Findo o mundo
de ouvidos todos surdos
arrepende-se faz chorar
passa horas em segundos
convertendo rio em mar.

Golpes de foice,
escolha a margem...
Abrolhos de um tempo
sobras de visagens
encalhando sentimentos.

Antonio Montes

ORVALHO EM GOTA

Cadê o tempo e seus respingos
seus pingos e suas gotas soltas
ventos no tempo pequenino
água molhando a velha roupa.

Promessas de norte ao sul
enigma e rima ao meridiano
balança nuvens sob o céu azul
e com ciclone cisca os planos.


Fazendo nascer as sementes
alegrando por ai os inocentes
com a toca da vida solta...

Faz, botão de jardim florescer
rios de sol ao amanhecer
sob brilho do orvalho em gota.

Antonio montes

A ONDA

Por onde anda a onda?
Se a maré esta mansa...
As braçadas relançam
sobre as águas que lança
o beijo da esperança.

Sobre nó, a pujança
que deslancha no mar
o atiro da lança...
Meridiano alcança
mas não pode chegar.

Por onde anda a onda
que rascunha na areia
o amor a lua cheia
a beleza da sereia
em noite de luar...

O lobo sobre a pedra
o urro a integrar
o cão chora seu dono
expressando o seu chorar
na tristeza do ladrar.

A sereia em seu canto
os ouvidos pelos cantos
p'ra poder encantar...

A onda voltou
fez espumas na areias
atirou guerras cheias
rascunhando o mundo
p'ra a etnia chorar.

Antonio Montes

VENHA

O fecho o gato...
Com as patas na lenha
As falas na sala
aos olhares entala
o perdão, há tenha?

As rezas espertezas
esperanças embaidas
amanhã sobre a mesa...
As chamas te chama,
e te esgana por nada.

O derredor a fogueira
na soleira navega
a ruga te pega...
te faz beldroega.
na idade avançada.

A criança o grude
a juventude o desgrude,
desgrudando o tempo
as margens insípidas...
as águas do açude
afogando sentimentos.

Antonio Montes

VERDE AMOR

Olhei para a flor, e o meu olhar
me condenou... Segou meu coração,
arrastou-me pela palma da sua mão
e logo, derrubou-me pelo chão d'essa
intensa paixão.
Quando eu vi... Caído pela minha visão
a flor, debruçou suas pétalas sobre mim,
Cobrindo-me de carinho, atiçando o fulgor
das minhas labaredas...
Ai então, atracou seus lábios e sob o cais
dos meus desejos, me encheu dos seus
dóceis e deliciosos beijos.

Pelas asas das suas vontades,
embrenhou-me pela imensidão da sua flor...
Embebidos pela brisa da felicidade
adormecemos sobre o sereno pleno, dos
nossos sonhos e enveredamos pelo,
colorido verde, desse nosso amor.

Antonio Montes

COLA NA ESCOLA

O menino foi a escola,
levou bolsa, levou bola
levou cadernos para colar a cola
e sua camisa, com gola dobrada
para esconder os olhos...
N'aquela hora da cola colada.

O menino da cola colou...
Colou matérias pensamentos
colou planos e sentimentos
as vindas, idas e partidas...
O menino colou toda vida!
Ali n'aquele momento.

O menino já na escola...
Pegou caneta, lápis e cola
colou folhas, colou verde
colando a indesejada sede...
O menino adormeceu,
nos braços da sua rede.

Antonio Montes

ESSE POVO

Esse povo esses polvos...
Cheios de pernas,
enfurnados em suas cavernas,
esses polvos vivem arfando
pelas suas salvadoras guelras.

Já esse povo... Ah esse povo!
Esse povo, sonham em ser rios e navegar
em marasmos de remansos meigos, mas...
Se enterram sob o emaranhados dos
seus sonhos,
e acabam, entrelaçados sob ar poluído
de suas enfeitiçadas guerras.

Antonio Montes

CLIMA, AUTO ESTIMA

O teu beijo, meio assim sem jeito
me flecha o peito, deixa-me,
assim, caído, morto satisfeito...
Com essa horta batendo!
Com esse coração pulsando...
Nada! Nada mais é tão direito,
tal qual, o direito de me ver...
Me vendo, amando.

Em seus beijos sob desejos...
Eu me vejo queimando-me nesse
anseio louco... Declive abaixo,
aclive arriba... Poetando versos
transformando o mundo em rima
... Seus beijos, são clima de alto estima
que aclima o clima da minha vida.

Antonio Montes

PRESSÁGIO

Noite escura, favela é guerra,
homem na terra, causa emperra,
bala perdida, esperança ferida...
Quem fez a vida?
Assim, tão insípida!
A vida é dita, por boca maldita?
... Presságio...
Terceirizaram os trilhos da morte
o céu agora esta cobrando pedágio.

Antonio Montes

PERIPÉCIAS

Sem sapatos, descalço, macha o macho...
Lá vai o sapo,
Que com toda gula pula, no espaço,
vai no salto, contrapasso.
Empina o trapo alinha a linha, d'aqui
d'ali... Alto no trampolim
Lá com seu clima, tece a rima aí, por aí
... Pulando, saltando baixo enfim...
As vezes, alto! P´ra não ter fim.
O sapo é macho se apóia no taco
para não cair.
Insinua-se aos ventos todo tropo e lento
esgueirando por ai.

Antonio Montes

A BOLSA

Aquela bolsa com tanta roupa...
Eu carreguei,
Continha calça, camisa e touca...
P'ra mais de seis,
Tinha suspençol e fios dourados de lençol,
Que alguém fez,
Uma taça e garrafa, aquela branca cachaça
... Para embebedar vocês.

A bolsa, serve de toca para vagabundo, e...
Embolsa reembolsando o fundo do mundo
Toda cheia de roupa, grave, aguda e rouca,
já não tem sensatez
É na alça da bolsa, os esfregão de uma boca
que abocanha a embriaguez.

Antonio Montes

VIDA EM PLANO

Vida em proa, coisa boa
com a canoa ancorada
ruas cheias gente à-toa
assim como a passarada.

Marinheiro, cadê a venta?
que não venta mais na vela?
cuidado com a água benta
p'ra não descer sua goela.

Olhe as cartas o carteado
para não furar seu bolso
veja a cara do delegado
não lhe cause alvoroço.

Acorde, vamos navegar
de manhã ao rasgar do dia
o peixe bom esta no mar
e o riso lindo é da Maria.

Antonio montes

VELEJAR

Caravelas sob relento
vão velejando sobre as águas
... Em seus ventos...
Calmos tensos...
Roupas sobre o varal.

Ao tempo, nada!
Aos olhos firmamento...
Espaço baixo, espaço alto,
relevo em velejo no mar...
Marujo sujo, aurora cedo,
segredo...
Canta galo o velejar.

Antonio Montes

UM DIA, MARIA

Vai Maria com sua graça
descendo o morro em alegria
vai levando a sua lata
na direção da cascata
ainda é dia, vai Maria!

Lá vai Maria p'ra a cacimba
buscar com pote sua água
Maria leve a moringa
não se esqueça da ródia
e os ventos da sua casa.

Maria sabe tecer...
Tece campos e mato verde
a carreira no pilão...
Tece o vento na peneira,
e a fuera do coração.

Maria cadê a menina
que um dia pulou corda
agora enfrenta a sina
Não tem corda na desdobra
nem acerta a sua rima.

Antonio montes