Coleção pessoal de Amontesfnunes

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ECO DE AMOR

Por detrás dessas cortinas majestosas,
eu vejo o escuro da solidão assolando
as lacunas da minha lembranças...
Também, ouço o som de uma vitrola grená
desvencilhando uma musica, que me
arrasta ao amar d'um passado que o tempo
e o seu encantado encanto... Cortinou em
seu canto e encantou o meu pranto, sob as
cores do meus velhos cabelos brancos.
Entre um tranco de sentimento e outro...
Eu solto um grito fosco ofuscando o
momento breve, Meu bem, meu bem...
Meu bem! Ninguém ouve o meu S.O.S de
intensos timbres, internos... Nem mesmo
os meus ouvidos são capazes de discernir
o rumo do eco aclamado do meu coração.
Meu bem! Meu bem! Hoje... São esses os
meus gritos mudos que mostram-me, no
mundo o quando eu fui rude com a
minha paixão. Meu bem! Meu bem!!!
Em vez d'eu ouvir, ou ver o meu chamado,
tudo que vejo, são lagrimas do meus
olhos e tudo que ouço são os tics-tacs
do meu... Calado coração.
Antonio Montes

IMPORTÂNCIA

A primeira vez que me deixaram...
Me perdi no sono, acordei sob choro
de um pesadelo incontentável e a
noite, sob minha solidão... Vaguei
pelos passos pesados das passadas
da lua. Atirei minhas lagrimas
na calçada da rua, até então, crua.

A segunda vez... Chorei, chorei
... Chorei como alma desvalida
encharquei meus olhos com aquela
neblina árdua e atrevida.

As outras vezes que me deixaram...
Não sei, não sei, não sei como fiquei!
Já não chorei para os olhos, apenas,
esfreguei minhas pálpebras, e
enxuguei minha pupilas feridas...
Hoje eu entendo, que em todas as
vezes, eu dei mais importância mesmo
para minha incansável vida.

Antonio Montes

NOTA DE UM FONEMA

Era noite...
E o fonema de uma sanfona
toda em tema...
Fazia se ouvir pelos pensamentos,
cabelos marias-chiquinhas e diademas.

Enquanto a musica bradava
tomando espaço do salão...
A velha vitrola com sua pilha cansada,
atontava o dono d'aquela canção.

Entre uma nota e outra, timbres,
suspiros, passos e contrapassos...
Saias rodadas rodavam, rodavam
arfando seus desejos na marcação.

Enquanto isso... Olhos siricutiavam
a desenvolturas dos ventos, junto
aos buchichos e o fulgor dos desejos
e os tics-tacs sonhado do coração.
Antonio Montes

A RETA E O GATO

Seu gato... Cadê a reta, cadê a reta
que você cerca, para que não
possam passar?!
Que flecha é essa, de qual arco ou
retrato... Que atiram e acerta...
Na asa d'essa caneca,
na roda que breca...
Ou na proa da canoa
que aborda na velha borda abobada
na hora incerta do velho mar...

Seu gato... Gatuno noturno
infortúnio! O que tem feito ao
velho mundo, por qual você acha,
que só você pode andar!
Não vê, que a vida assim sem mim...
Só você navegando por ai, por aqui,
não terá meio inicio,
muito menos... Meio fim.
Antonio Montes

FIO DA FACA

De moto na estrada
na chuva sem capa
molha o coro, a camisa
... Molha a calça...

Molha a vida atrevida
com a vida que empaca
o doce da doce vida
no fio da velha faca.

Molha o calor smilinguido
e o pasto d'aquela vaca
o esquema de bandido
e os grãos seco da safra.

Os, aperreios do calor
molha com suavidade
o adeus do grande amor
e os ventos da saudade.

Antonio Montes

BORDADO DO BEIJO

O beijo é uma bela poesia...
Que duas bocas constroem
com rima, libido frenesia
na anciã que nunca dói.

Estrofes que galgam liberdade
para o lampejo do desejo voar
enchendo corpos de felicidade
e sentimento de calhííente amar.

O beijo dedilha, fulgor da chama
e de um, sustenido chamego
em dois corações que se ama
trocadilhos de íntimos desejos.

O beijo molhado na boca
afoga a tímida timidez
borda no corpo notas locas
enterrando a sensatez.

Antonio Montes

FLASH DE LUZ

No dia em que você deixar de viver,
... A felicidade estará emoldurada
e pendula, enquadrada no tempo...
N'uma sala de uma vida qualquer.
A felicidade, será um quadro na parede
onde você só conseguirá adentrar ao
presente, através dos sonhos passados,
os quais só andará sob as cores de uma
pintura colorida, feitas pelas mãos
hábil de um pintor morto.
Através das suas recordações você
andará pelas areias cheias de grãos,
enredada pelas, águas, arvores,
cachoeiras e campos verdejantes.
Ali, na pintura da sua sala estará a
saudade...Tomando o espaço amplo
do quadro, sucumbindo o sorrir da vida
e presenteando-te com as lagrimas das
lembranças coloridas.
A mente prega peça na gente... Quando
tudo que temos e a colocação de um
passado anterior! E as nuances das cores
mortas, sob lembrança de uma vida, em
um, velho e cupimzado, paspatur, de uma
tela. O existir, esta ao escuro de um
passado rascunhando, como se fosse
um dardo, projetado sobre o futuro
flash de luz.
Antonio Montes

SEMÂNTICA

Vivemos a tons de musica cáustica
corroendo o silencio de uma hera
desprovida de requintes e técnicas,
adversa a ética dos gêneros
da fonética universal e humana.
Estamos em uma época de...
Timbres tímidos de ouvidos
corroídos, queimados pelos tinidos...
E assolados pela ignorância mundana.
Com as falências das semânticas...
Nem é bom estar contigo, não te
ouço não me ouve ninguém escuta!
Somos surpreendidos o tempo todo
pelos importunos e mordaz estilo
musical do ultimo milênio.
... Batuque de encruzilhadas,
aparelhados por rebolados antiético
e palavras de histerias...
Agressivas, obscenas e imorais.

Antonio Montes

ESPERA DO PERDÃO

Estou aqui, me desmanchando
em lagrimas diante de ti.
Não espero piedade dos seus olhos
... Compreensão, quem sabe?!
Uma lagrima de coerência do seu coração.
Eu errei, sim, sim! Eu sei... Mas agora,
soltei dinamite no meu orgulho
para tentar viver outra vez...
Não espero perdão assim
mas tudo que quero
e que você de uma chance para mim.
Noites em branco,
momentos enterrado no silencio
solidão... Ah solidão!
Quantas lagrimas despedaçada por ti!
Em fim, acho que paguei pelo meu erro
... Quero viver, tudo que espero
o perdão vindo de você... O sorriso...
Sorrir amar, amor é tudo que venero.

Antonio Montes

DE NINGUÉM

País de quem... Meu? Seu?
Das pragas dos pagas que paga
até as palavras ficarem gagas!
Dos planos que lavra os anos
... Panos quentes desenganos...
País sem fundo
enfunando nos sonhos
chafurdando o mundo.
País em caos do abandono,
aonde tudo se paga e nada!
Nada é meu, nada é seu.
Esse país é de quem?!
De donos que não são donos...
Meu bem, meu bem!
Esse país... Não é de ninguém.
Antonio Montes

PERFIL

Aquela foto no seu perfil,
me viu...
Me viu radiante, como o céu
transbordando a cor do anil...

Sem rugas, sem nuvens...
Nevoou meus sentimentos,
enfunou meus costumes...
E soprou aos ventos
todo tipo de azedume.

Aquela foto no meu perfil,
te viu... Te viu no ontem,
radiante no horizonte do
futuro e hoje, aquela foto,
em nosso perfis, decidiu...
Que nada é seguro, e
de repente... Sumiu!

Antonio Montes

RUMO DO MUNDO

Minha sina que no quadro
tentaram fazê-la na pinta...
Erraram perante o esquadro
e na tonalidade da tinta.
Essa pinta que desafina
... Tingiram com marrom,
esboço marcado,
e rascunho sem prumo.
Depois do prumo sem fundo...
Agora, estão tentando
achar o rumo do mundo.
Antonio Montes

ENVAIDECER

É como o poeta dizia,
pirilim, lulin, lulin...
As flores d'aquele dia
soltaram pétalas para mim,
os ponteiros do relógio
pulou suas horas sem fim.

As falas do oratório
oraram rezas de pasquim...
Os grãos da ampulheta
Pirulin, lulin, lulin!
Se os ventos não me levam
Oh vida, me deixe aqui!

Me deixe aqui assistindo vermes
entalar-se com silicone
essa invenção que envaidece
criada pela mãos dos homens.

Antonio Montes

MORDA AMOR

Morde, morde e me morde...
se morder é o seu querer,
então morde, pode morder.
Mova, se mova meu amor...
Mova e morda, e se isso for
pode morder além da ordem.
Já que morde, morda ao sacudir...
Sacuda, passa os olhos, e morda
me morde, mas morde com ordem
fora de ordem ou na desordem,
Na conta ou no faz de conta...
se morder consta, morda, me
morde, e me coma como pode.
Antonio Montes

PIPOCA

Pipoca! pipoca...
pipoca, pipoqueiro!
Pipoca doce salgada
Oferece o dia inteiro...
Para a vida da molecada,
namorada e namoreiro.
O pipoqueiro lá da praça
vende pipoca p'ra viver
e a vida passa na graça
engraçada com você.
Pipoca doce salgada
branca preta e multicor
pipoca, para bravo e manso
na corrente, no remanso
e nas margens colorida.
pipoca para o menino
para o jardim com aquela flor
... Pipoca, tiro pipoca
cuidado com meu amor.
Antonio Montes

AMOR DE FERA

Te amo do fundo
do raso... Te rasgo.
Te amo da seca
da chuva, do lago.
Te amo como a língua
no lambuzar do doce mel...
Como o sono ao acordar,
no sonho ao sol...
E, ao azul do céu.
Te amo, segundo...
Mês, ano heras!
Te amo...
Como o sangue ama,
o sabor das feras.
Antonio Montes

MOMENTO AGORA

Nesse momento do agora
se fez o choro, de lagrimas
e de saudade, do adeus...
Se faz o choro do sorriso
que era antes de ser triste
mas, que hoje lacrimeja água,
pendula lábios meus.

Nesse momento do agora
quantas lagrimas trocadas
por aquela imensa alegria!
Aquelas tardes beijadas
noite em fim maldiçoada
por tomar o nosso dia.

Quantos soluços de prazer
gravados na eternidade
hoje não sinto você
seu cheiro não tem verdade
n'essa vil privacidade.

Nesse momento do agora
quantas lembranças que nos cabe...
aquele cais e cachoeira
até mesmo o verde da feira
ao nosso coração invade.

Os sonhos e as fantasia
feitas no auge d'aqueles dias
ficaram soltos aos ventos
hoje sem nem um contento
se perdeu nas ventanias.

Nesse momento do agora
nosso choro reluz a alma
e a recordação nos apavora,
lembranças entristece a calma...
A hora nos mostra a vala
e o futuro, nos evapora.
Antonio Montes

FEITO DE GADO

O que é feito d'aquele gado
tocado, lá no alto do sertão
piola, boiadeiro bravo
berrante tocando fado
estralo na palma da mão.

O gado que passou porteira
ploc-ploc, pelo chão...
Cruzou rios com piranhas
alvoroçou grandes façanhas
... Poeira amor e paixão.

O que é feito d'aquele gado
do sol quente pirambeira
lua fria escuridão...
Que passou pelos quatro ventos
curandeiros e seus ungüentos,
coloral pimenta açafrão.

O que é feito d'aquele gado
e do pasto secando no campo
d'aquele ar tísico no tempo
da distancia ao sentimento
das lagrimas enxugando encanto.

D'uma saudade adoidada
vivendo os sonhos do amar
d'aquela flor na estrada
do amor por quase nada
chorando além do mar.

O que é feito d'aquele gado
que passou pela corrente
do rio cheio de peixe
do rastos da estrela cadente...
do sangue brotando n'água
da fogueira conto de fada
da chuva nascendo semente.

O que é feito d'aquele gado
do sol escaldante do dia...
Da sombra d'aquele oitão!
Do segredo e da paixão,
que sentiu dona Maria...

O que é feito d'aquele gado
que embarcou nas quatro rodas
deixou p'ra traz, ribeirão...
Campo, bosque e a grande grota
deixou lá no rancho o seu João
vivendo a vida que gosta.

ROGAI

Nossa Senhora mãe de tudo...
Mãe do mundo, alto e fundo!
Mão do pai, mãe dos rios
dos trilhos e dos filhos.

Mãe do povo da gente...
Dos sonhos dos amores,
mãe das dores e das flores
dos jardins e dos horrores.

Nossa senhora!
Mãe da procissão e precisão
da tarde do cedo, da oração...
Das pedras dos espinhos das lãs
dos caminhos, trilhos, procissão
Nossa senhora mãe do agora
mãe do passado mãe do amanhã,
das folhas e dos ungüento...
E do cheiro doce do hortelã.

Nossa senhora mãe de Deus!
Rogai pelo sol, pela lua,
rogai pelo cabelo da menina
que o vento farfalhou na rua...

Rogai pelos meus
rogai pelos seus
pelos indecisos demagogos
rogai, rogai...
Rogai pelos fariseus.
Antonio Montes

ETERNO

É certo que o homem,
chora quando nasce.
E se transforma,
quando começa a mudar.
E muda, muda para flor,
ou... Lobisomem.
Mas ao mudar...
Diz que é homem
... É homem, e se consome
em sua fome,
e diante, da sua fantasia,
de eterno lobisomem.
Antonio Montes