Cheiro Lembranca
Reação adversa
Me levando e sol ainda não,
Água fria embaça o meu espelho,
a lembrança que me vem é de te vê o dia inteiro.
O café esquenta o corpo, mas não a alma que, quer perdidamente te encontrar, abro a porta e vejo que seu mundo não abriu.
Saiu pipocando saudade, a toda cortando a cidade, para sentar e esperar te vê aparecer na minha tela, pois na minha mente vc é eterna.
No final do dia aumenta a minha alegria e ao te olhar congelo pra mais um dia começar.
Daqui a alguns anos,
tudo estará diferente.
Hoje, será uma vaga lembrança.
Um dia triste que escolhi deixar.
O CAIS DA SAUDADE
Mas sem a lembrança e o vazio, sofreguidão
Como sentir o pranto, dor se pouco se sentia
Dos contrastes do fado nosso: tristura, alegria
No começo onde se quer harmonia e sensação
Pois, no meu querer, o meu apego é vigilante
Constante, infiltrado na emoção que conforta
Que consola, sente, mora e a sedução aporta
Me colocando próximo, embora tão distante
Tenho tantos caminhos e diversos cansaços
Muitos os lamentos nos abraços dos braços
Na busca daquele porto seguro, minha vida!
E cá, tal navegante a beira do cais, sussurrante
No pôr do sol do cerrado, um solitário errante
Vivo a suspirar a saudade na solidão sentida...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 dezembro, 2021, 11’22” – Araguari, MG
VIVEMOS DEPOIS DA VIAGEM?
Seguimos vivendo não só pela lembrança dos que ficam,
mas pelas memórias que levamos.
Nossos rastros, pelo avanço natural do tempo,
um dia se dissiparão.
O que carregaremos, então, na consciência imortal?
Levaremos as feridas abertas dos tombos
ou os aprendizados em cicatrizes tatuados?
As mágoas dos desapontamentos
ou a cura das nossas ilusões?
As imperfeições dos nossos pais
ou a retidão de suas intenções?
Eventual tropeço dos nossos filhos
ou a alegria de tê-los feito caminhar?
O que absorvemos desta vida
e o que escolhemos levar?
Que a mochila “da nossa viagem” seja leve,
contendo só o necessário
para um retorno breve.
*Essa abordagem é reencarnacionista e é “apenas” a minha forma de pensar sobre a continuidade da vida. Confie na sua própria percepção, que de antemão respeito.
GEADAS
Lembro-me dos tempos de criança
Que a geada me traz a lembrança
Na mangueira uma coroa esbranquiçada
De cristais brancos do gelo que se formava.
Nos rios via-se aquela névoa que flutuava
Era a diferença da temperatura que provocava
A relva de branco era coberta
Pela maravilha da alteração climática.
Animais debaixo da cobertura
Cada pássaro a sua cabeça protegia
O fogão a lenha a chapa aquecia
A fumaça pela chaminé subia.
Nos carros formava uma fina camada
Nos para-brisas com os dedos traçava
Desenhos e poesias sem rebeldia
Mensagens de amor para sua amada.
Quando ao clarear do dia
E os raios de Sol se mostravam
A geada da relva desaparecia
E das folhas gota a gota derretia.
Fui embora criança
vim aqui pro sudeste
mas ficou na lembrança
o amor que me deste
e por cada andança
não perco a esperança
de voltar pro nordeste.
TEMPO DE CRIANÇA
Guardo na minha lembrança
as antigas brincadeiras.
Era grande a gritadeira
lá na minha vizinhança
no meu tempo de criança.
Jogar bola e pedalar,
fazer a pipa voar,
soltar forte o peão,
tudo na recordação...
que vontade de voltar!
A amizade que se forma nos tempos difíceis é provada na lembrança dos dias bons, qualificada pela ação do tempo e fortalecida com a intencionalidade.
Foi um dia incrível, Queria ter parado o tempo naquele momento. Pois a lembrança do Sol, e o brilho dos seus olhos estavam Lindos.
DE LEMBRANÇA EM LEMBRANÇA
Recordo os versos de amor versados
Aqueles melados nas odes de paixão
Os belos versos, no tempo, passados
Tudo quanto de bom numa inspiração
A minha poética dos poemas alados
As tive, outrora, e agora a sensação
De evocação dos sonhos sonhados
Que ainda velo cá dentro do coração
E o realce passa, e tudo caminhando
Ao bardo o sentimento, assim, sendo
Suspirando, tal a velha prosa rimando
De lembrança em lembrança trovando
E, de saudade em saudade, querendo
Por aonde Deus permitir, até quando!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/02/2021, 05’00” – Araguari, MG
Inesquecível é o perfume, o toque, o sabor que, resgatados na lembrança, aquecem e iluminam a alma.
A minha lembrança mais cruel é aquela
Nós dois no meio da sala, você entrelaça suas pernas na minha cintura como quem diz "é aqui que eu quero ficar" e ao mesmo tempo solta um olhar de adeus
Foram 30 segundos te sustentando no ar, foram os melhores 30 segundos da minha vida e os mais dolorosos.
O retorno do esforço
Ou a recompensa da perseverança
Uma pequena lembrança
Pra nunca desistir
Pra sempre recordar
Insistir, acreditar
Toda semente germina
Escolha bem, o que plantar.
Extinção
Vai-se a lembrança de um tempo perdido
Perde-se o sentir de um toque reprimido
Reprime- se o querer estar, o querer ficar
Vai-se o cheiro do perfume
O sussurro no ouvido
A esperança do teu voltar
Resta - me deixar quieto o que ficou inquieto.
Se livrar de tudo que está ao arredor na qual trás lembrança de dias de trevas, despertando sentimento de mágoa adormecida, sangrando a ferida fechada atrasando sua cicatrização é sinônimo de maturidade em buscar a paz interior evolução da alma.
