Cegueira
O excesso de luz artificial do externo induz à cegueira para a urgência da lanterna que precisa ser acesa no interior.
(Crônica)
O REI ESTÁ NU
A Cegueira Púrpura
O rato roeu a roupa do Rei de Roma!
O Rei estava nu, mas o povo via o Rei vestido de púrpura. Todos se indagavam: por que o Rei se pronunciava, dizendo-se nu? Uns diziam: "Ele é nosso Rei"; outros: "Ele não quer perder a coroa"; outros, ainda: "É um impiedoso!"; e, principalmente, ouviam-se os bajuladores que exclamavam: "Somos amigos do Rei! A nudez dele é uma nova moda!"
A coroa do Rei havia sido dada como símbolo de austeridade, e o cetro, como autoridade. Ambos simbolizavam seu poder e seu reconhecimento como semideus! Porém, [a coroa] não cobria suas vergonhas. E ele, sabendo da sua total e exposta vulnerabilidade, saiu atrás de folhas na floresta para cobrir-se.
O Refúgio da Inação
Ele gostou tanto da floresta — o refúgio da inação e do esquecimento — que resolveu tirar um cochilo e caiu em um profundo sono; dormiu por anos, até ser acordado pela chegada de um inverno rigoroso.
De sobressalto, pôs-se em pé e lembrou-se do seu Reino. Caminhou apressadamente e, ao avistá-lo adiante, ficou perplexo: "Cadê meu reino? Cadê meus súditos? Cadê minha plebe?"
Tudo estava diferente do que ele tinha deixado. Adentrou rapidamente seu antigo palácio e gritou: "Estou aqui, voltei!" Quando se voltaram para ele, uns o reconheciam, outros o reconheciam vagamente, e outros já não se lembravam dele.
A Nova Ordem e os Novos Bichos
No novo Reino, não existiam mais ratos (a corrupção miúda tinha sido controlada). A coroa pertencia a outro, e existia outro semideus. A falta de ratos se dava devido à criação de cobras pelo novo Rei; havia também gatos noturnos, mas todos vivendo em harmonia!
* As cobras eram os novos invejosos, os indivíduos que rastejam e agem sorrateiramente, mas que o novo poder sabia usar para controlar os "ratos".
* Os gatos noturnos eram os gatunos de alta esfera, que operavam nas sombras da noite, sob a aparente harmonia do novo regime.
O Rei percebeu que tinha sido destronado.
O Rei percebeu que havia se tornado um mendigo, e se viu nu, sem sua coroa e seu cetro. Ele foi deposto de seus vestidos com linho de púrpura, e agora, todos impiedosamente exclamavam...
O Veredito da Multidão
O Rei está nu!
O Rei não tem coroa, nem cetro!
Nem reino, nem vestidos de púrpura!
O Rei que voltou não tem poder algum!
O Rei está nu! O Rei está nu!
Gritava a plebe, os súditos e seus algozes, pois a multidão só reconhece o poder visível.
Temos um novo Rei!
Ele tem cetro na mão, coroa na cabeça,
E tem vestidos de púrpura, que a todos cegam.
Gostar de alguém causa cegueira; defender esse alguém, paixão. Não gostar de ninguém causa amargura; destruir os outros por falta de amor, sofreguidão.
A "cegueira" de um juiz é do tamanho de sua capacidade de julgar, mas, se ele compreende as mazelas da condição humana sua "visão" é do tamanho do universo.
A cegueira
Olha, olha não consegue ver.
Você sabe que não ficou cego
Mas não entende porque não enxerga
Mas você sabe que está sobre a ponte
E sabe que o mar azul está adiante
Existem navios no horizonte
Você tem consciência de tudo
Mas não consegue ver
Ei? Não tente abrir mais os olhos
Você não vê por falta da visão
O muro é muito mais alto
Faça o esforço para subir até o topo
É muito alto, e você não suporta mais o cansaço?
Tente mais uma vez.
Sente-se fraco
Não tem mais tempo?
Dê mais uma gota do seu sangue
Sei que é a última gota
Está quase, vai.
Sente-se melhor agora?
Você chegou ao topo.
Mas o seu corpo é só dor
Você demorou demais
O muro é alto
E não teve tempo de ver os navios
A correnteza mudou a cor do mar.
Não salte agora.
Use a sua imaginação.
Tente enxergar assim mesmo.
Cegueira
Fiquei cego
Como cega o amor
Estou Longe
Com a passagem de ida
Esperando você saber
Ou você ja sabes
"Do fascínio até a cegueira pelo brilho de alguém, existe sempre algum desejo além do conhecimento."
Queria tocar a sua alma, atravez de minha cegueira,pois é assim que eu te sinto,é assim que eu te vejo
Ela dorme tão perfeitamente despertada
que em si a verdade é o vazio. Ela aspira
à cegueira, ao eclipse, à travessia
dos espelhos até ao último astro. Ela sabe
que o muro está em si. Ela é a sede
e o sopro, a falha e a sombra fascinante.
