Cartas de Morte
Pra nunca morrer
E então quando eu me for, não tenha em sua mente, que surgiu em mim em algum momento, duvidas ou medos ou desespero, por não saber ao certo para onde eu estava indo.
Para a onde exatamente eu seria direcionado em que lugar seria minha última morada?
A mim, nunca importou de fato e por nem uma noite sequer, perdi o sono tentando sanar esta questão, embora a idéia de uma possível eternidade sempre me apavorou. A eternidade consciente.
A terrível ideia de que minha consciência e o perceber de mim mesmo, estariam, mesmo depois de sessado o sopro de vida em mim, vivos e conscientes em alguma eternidade, seria tortuoso.
Vejo a vida como um dom maravilhoso, apesar das dores da carne e da alma e agonias constantes sondando e vindo me dizer bom dia todos os dias; ainda por amor à vida, me esforço em continuar sentindo o calor do sol, o vento nos cabelos o cantar dos pássaros e tudo que me cerca e me diz que ainda estou vivo.
Mesmo assim nunca cultivei a esperança ou desejo do “ser eterno”, como algumas pessoas almejam. De modo que quando eu me for e tu olhares para meu tumulo, saiba que eu não estarei ali. E se olhares para o céu dos cristãos pense que lá também não estarei. E se procurares no inferno não me encontrarás. Pois nunca cri de fato na existência real desses mundos de conforto ou danação eternas.
Mas me acharás mesmo depois de minha morte, em minha obra. Por mais pequena e singela que ela se mostrar, eu estarei ali de alguma forma.
Onde estiver uma escrita, uma pintura um rabisco meu, ali sim estará minha imortalidade.
A estrela
Cerra-se as cortinas do palco
A estrela que então brilhava
Sente o fim do seu ultimo ato
Com os aplausos que já não ecoam mais
Vultos e sombras circulam pelos camarins
Como recordações de uma vida inteira
Risos, lágrimas e emoções
Formam quadros de uma cena
que se voltam ao silêncio do choro comovido
Da pequena platéia que a espreita
As luzes então apagam-se lentamente
A escuridão toma conta do cenário
A solidão e um vazio invade minha alma
É o fim do seu ultimo ato
"O fim de um Poéta"
Morreram as tuas palavras,
Tiraram-lhe as idéias,
Mas ficaram teus sentimentos.
A dor que sinto em minha alma...
Agora saem dos meus olhos,
Lavando-me o rosto,
Escorrendo sem calma
Ensopando-me o ego.
Sem dó ou piedade,
Palavras, que demostrava um sentimento puro,
Foram apagadas, deixando um espaço em branco
No livro e no tempo.
Matando sentimentos, ferindo idéias.
Como que tirando de um corpo.
Que ainda sorria...
A vida e a alma de um poeta.
(Vieira Lima)
Uma vez diante do maior e pequeno homem que já vi
Minha sentença foi lacrada, pelo roubo, pela fome.
Populares os pequenos animais livres e ditadores queriam a minha morte.
Chegou então a hora de minhas ultimas palavras
Ergui minhas duas mãos acorrentadas e pensei (Diante do mundo que me imponho, diante das leis que caíram sobre mim, diante hoje meus últimos dias, minhas ultimas palavras mudarão o que eu sou?)
Olhei em olhos sem alma e disse: Se vivo em um mundo onde os homens não sabem o seu verdadeiro valor, eu me entrego a morte.
Se vivo em um mundo sem irmandade, eu digo que todos vocês estão sozinhos.
Não vejo futuro para este mundo.
Eu não vejo nada.
Conheci um cara que morreu afogada nos seus próprios sonhos, passou tanto tempo tentando mostrar para o mundo que
iria conseguir alcançar todos os seus objetivos, pra passar na cara
de todos aqueles que desacreditaram dele, que morreu.
Simplesmente parou de respirar, sem nem sequer ter aproveitado o melhor da vida.
Não saiu, não riu com os amigos, não teve decepções no amor, não bebeu até
cair. Não fez viagens, deixou de conhecer lugares, pessoas, coisas.
Só teve um vida curta e pacífica. Alguns dizem que enquanto vivo, ele foi feliz.
Eu discordo, não que a felicidade esteja em ingerir bebida alcoólica de forma exagerada
até não conseguir lembrar de como você foi parar ali no dia seguinte. Longe disso.
Mas pra mim, uma pessoa que vive sem nenhuma dosagem de adrenalina e loucura não vive. Apenas vegeta.
Ser louco é ser feliz, porque os loucos não se preocupam com o que os outros vão pensar;
os loucos apenas vivem, vivem de forma forma livre, como as asas de uma borboleta que bate sem parar,
voando de flor em flor sem destino onde chegar, voando o mais alto que pode, não pra agradar os outros,
mas porque aquela simples ação lhe faz bem, lhe faz feliz.
Desejo de um dia chuvoso...
O meu desejo é amar a liberdade
Nesta noite deste mundo vazio.....
da incerteza do amanhã.........
Cada vez mais fortemente.....
chuva derrama as suas lágrimas...
Lavando tudo aquilo que já foi esquecido....
estranha sensação que percorre o corpo..
corrói a mente, corrói a alma ...
atormentando os pensamentos mais profundos
embora o desejo insano domine a mente....
Ainda que reste um pouco de lucidez.
os segundos são como a morte..
quando se transformam em horas vazias....
a espera e a paciência são virtudes....
que o homem mortal ainda não conseguiu..
e tenho duvidas que algum dia consiga alcançar.!
Oração Fúnebre
Esse vazio é tão grande que escuto o ecoar de minha tristeza
A angústia quase insana faz com que não veja mais belezas
Esse luto que vivencio tenta afrontar minha coragem
De lembranças tão bonitas se desenha minha saudade
Nessa soturna melodia, nesse deserto em que me encontro
Vejo que a sensação de eternidade foi quem embriagou a sanidade
Doei tudo o que tinha nas chamas da afeição mais sincera
Fiquei tão frágil, fui vitima fácil e encontro-me perdido na miséria!
A morte está sempre presente assim como o renascimento
Mortes de pessoas que seguem vivas, realidades mortas...
Não sou dono de nada! O controle é ilusório!
Render-se ao destino e aceitar a certidão de óbito!
Espero dinamismo dessa vida..
Ó Tristeza tão longa... Ó efêmera Felicidade...
Dessa ferida tão dolorida espero uma cicatriz de maturidade!
AMARRAS SOCIAIS
As decisões deliberadas da vida representam o desligamento máximo com toda a humanidade.
Nos faz olhar para os outros buscando companhia.
Porém, transforma nosso próprio ser em um estranho.
É errado ser correto? Ou seria correto o errado? Vida! Sabemos o que significa?
A única coisa que se sabe é que devemos continuar vivendo os erros da vida e esperar que às vezes saibamos fazer a coisa certa.
Para sempre, até que a morte os separe.
Quando tenho que ir?
Eu não quero, não partir.
Quero viver a vida...
Viver o que não vivi
pois, a muito tempo já percebi que morri.
Quero banhar-me ao mar no verão.
Sentir minhas pernas trêmulas no chão.
De ganhar um beijo roubado...
Pernoitar ouvindo o som na balada
Curtir a revoada da madrugada.
Ver felicitamente o raiar do dia
Ouvir a melodia de um bom dia...
Voltar para casa sem me lamentar
Fazer com que aqui se torne um lar doce lar.
O sono é uma bela trégua
na luta e na lida
Muitas vezes uma suave passagem só de ida
para o outro lado da vida
Faz bem em qualquer idade
para os que o tem com qualidade
Nos intervalos de ir e vir
o maior prazer é dormir
o sono é amigo dos que tem sorte
mas os que o perdem e não o encontram
se aproximam da morte
PALAVRAS DE SILÊNCIO
Digamos que é admirável
o silêncio das pedras extintas.
Digamos que a lama
é uma chuva de palavras irreprimíveis.
Estas são as águas correntes na nebulosa
da vida. Rios nocturnos que morrem
eternamente na secreta sombra.
Já sei que vou morrer mesmo.
O meu corpo absorve o silêncio
celeste de uma memória de flores
que vagueiam as ruínas da alma.
Vou morrer! Paciência...
Alguém me traga um cavalo.
Quero sair daqui a galope.
O TEMPO VAI PASSANDO
O cérebro não vai lembrando, os cabelos vão branqueando.
As forças vão se acabando, a voz só sussurrando.
As pernas se enfraquecendo, os olhos quase não vendo.
A pele vai se enrugando, os ouvidos quase não escutando.
Os cabelos vão caindo, o sorriso vai se contraindo.
A coluna vai se curvando, as juntas vão se afrouxando.
A aparência vai se indo, os amores vão partindo.
O frio vai aumentando, os dias ficam mais longos.
A morte de longe vai se avistando, os amigos se distanciando.
E o tempo vai passando e a saúde só aumentando
Mas vamos que vamos.
SOBRE A HIPOGLICEMIA
Num contexto psicológico pontual, na convulsão o que sentia era o medo de morrer, o que verificava facilmente com a convulsão. Sendo a glicose o combustível do cérebro, o que sei é se porventura “dormisse”, parasse de me debater, eu morreria. Acho que essa é uma reação inconsciente do organismo – o instinto de sobrevivência -, a sensação de que precisamos nos agarrar àquela única tábua de salvação e garantia de vida, sem a qual tudo ficaria escuro e deixaríamos essa mesma Vida, escorrendo por aquele túnel sombrio e gelado da morte.
NA HORA DO ADEUS!
Ao apagar das luzes,
No meu suspiro derradeiro,
Não serei o último nem o primeiro
A temer o por vir!
Mas quero me sentir por inteiro
Antes de, para sempre, partir!
Na ânsia de, a todos, me despedir
Quero ter ao menos um semblante de paz!
Mas também quero, a vocês, pedir
Que ninguém repare no que deixei pra traz,
Pois esse é um momento que me satisfaz.
Talvez, de todos, o mais importante na vida!
Só quero fechar os olhos e nada mais;
De vocês, o consolo da despedida!
E que eu fique na lembrança enternecida
Do desejo de dias outrora!
Não quero se quer uma lágrima caída
Daquelas dos olhos de quem chora.
Pois vejam que chegou minha hora,
Do adeus, para todos improrrogável!
E para sempre, a partir de agora,
Depois do meu fim inevitável,
De onde estiver serei mais amável
Do que pude ser nesta existência.
Já me livrarei do peso inimaginável
Deste corpo, nesta pobre experiência,
Onde tudo acaba, mas sobra a essência
Do ser, construída eternamente!
Sabendo que meu corpo entrou em falência
E ficou impossível conservar a semente,
Partirei desta para sempre!
E a vocês, deixo o meu adeus!
o ridículo em
mim...
a marca registrada...
a cicatris
tatuada
molhada pelos espasmos
é que gosto de
amar....
amo amar
mesmo sofrendo. ...
porque
alguns nasceram
para
se
render...
chorar
fincar a cabeça no chão e
calar a voz....
eu ...
estou aqui para
viver
para equilibrar a
balança
mesmo na beira da realidade
quero sonhar
lutando com a
morte
desse amor....
sangrando lagrimas
que me
fazem sentir a alegria
de ser o que
sou....
Não há mais palavras,
Acabou.
O vento não uiva,
O galo não canta,
A gaita, frustrada no canto.
Acabou.
As folhas se rasgam,
E tem seu som silenciado.
Corações partem,
Trens partem.
O músico, frustrado no canto,
Tem seu som silenciado.
Silenciado pelo barulho
De sua mente, de sua alma.
Seu coração já não bate,
Silenciado pelo barulho.
Do galo, ao vento, rasgando a folha.
Da última música, que o músico frustrado,
Escreveu naquele canto.
O trem partiu, a gaita ficou, naquele canto.
VERSOS DE OBITUÁRIO
Nos versos de um poema
Que não nasceu
Um obituário se faz
Pra morrer outras vezes
Se viver a morte
Num verso controverso
Num pensar disperso
Nos versos feito a corte
Já morri muitas vezes
Parece até controverso
Que não sei dizer
Foi a morte o derradeiro verso
Foi a morte o primeiro verso...
Eles pensam que chegaram ao ápice da evolução
Mal sabem eles que outros também pensaram, antes da extinção.
Esse Capitalismo sedento, que contabiliza o mundo
Por uma liberdade comprada
Meu valor medido por lucro/hora.
Sou uma cor em um gráfico de rendimentos.
Será que valho o investimento?
Vendemos vida por salário minimo,
No Mercado quanto valem os sorrisos?
Vivemos em sociedade, seres da razão.
Enquanto os animais vivem em grupo,
Para própria proteção.
Vivemos cada um por si nessa selva de distinção.
Troco esse poema por um pedaço de pão,
Um arroz com feijão, porque pra quem não tem nada,
De nada adianta alimentar o coração.
Essa liberdade sai cara,
tantas vidas acabadas.
Será que ainda cabe perguntar,
Se a minha felicidade cabe no orçamento?
Sobre o Falecimento de Rosa Malena, esposa de meu Pai.
Meu Pai...
Tu fizeste o teu papel.... de esposo... de pai... de homem.
Tu mostraste que és forte e resistente e lutaste até o fim.
Deste exemplo de perseverança...
Te dividiste entre a esposa e o trabalho... entre o sustento e a saúde, mas tudo acontece conforme os planos do Criador...
...Ele nos permite passar por desertos do tamanho das nossas forças...
Forças estas que nem sabemos que temos, mas Ele, com sua inalcançável sabedoria nos solta como a crianças nos primeiros passos e nos vigia... não nos deixa cair... e nós, nós na pequeneza de nossa fé saímos assustados... cansados...e mais fortes... e mais sábios...
E Ele nos faz crescer...
E depois de muitas lições... nos chama.
Não sabemos quando, pois hora somos alunos...hora mestres.... mas sempre criaturas, guardadas nos braços do criador.
Força Pai.
Nós te amamos.
Marcelo ULisses
Pobre pessoa sem nada a perder,
Todo dia chprava, mas sempre sozinha.
Quem poderia entender,
Era apenas uma garotinha!
Tao rapido se tornou suja de coração,
Apenas se confortava passando de mão em mão.
Agora ela mata sem perdão!
Com o sangue frio escorrendo em sua mão.
Perdida estava sem nem o que comer,
Pensou consigo mesma em humano como refeição.
É algo tao banal, mas ai esta a morte canibal.
