Alegre Menino
Nosso cuscuz.
Vem menina, vem menino
que o sol já trouxe a luz
na igreja toca o sino
com a benção de Jesus
da manhã ao vespertino
na mesa do nordestino
não pode faltar cuscuz.
Olhar de menino, perdido no horizonte de um céu azul, pintado de nuances brancas, sob as montanhas que tanto lhe aquecem o coração,
Será isto que foi procurar lá em cima da alta montanha?
Reflexão? Meditação? Ou simplesmente olhar para o seu coração?
Não menina, nada disto! Só estou em meu habitat natural!
Ao te abraçar o meu coração explode
Meu corpo estremece
Minha mente enlouquece.
Ah, menino!
Quando nossas almas se colidem, um big-bang acontece em meu ser.
Menino do interior
Deixe-me de pés descalços sentindo a argila entre os dedos.
Quero apenas jogar futebol com os amigos sem pensar em ganhar milhões.
Não me importo com as mãos sujas na terra preta, o importante é que sou um bom motorista de carro feito de lata.
Deixe-me sentir o vento batendo no rosto e encher meu peito de ar puro, que vem temperado com o cheiro de flores e mato molhado.
Os meus ouvidos querem apenas ouvir as árvores balançando e dançando ao vento.
Quero ouvir o lindo canto dos pássaros.
Deixe-me correr, correr até cansar, até se me molhar de suor.
Depois me refrescar ao mergulhar nas águas límpidas de um rio aqui perto.
Deixe-me sentir o sol.
Sei que está chovendo, então vou dançar na chuva, pular, correr, deitar e rolar, para chegar em casa todo molhado, receber uma reclamação e até uma surra, mas depois vou tomar um chá que mamãe preparou para eu não resfriar.
Agora, deixe-me dormir, porque amanhã ao acordar não tenho nada com o que me preocupar a não ser brincar.
Deixe-me sonhar, sei que não é possível fazer o tempo voltar, mas posso dizer: Tudo isso eu já fiz, porque fui criança no interior.
BALEIROS
Que saudade dos meus tempos de menino...
Hora eu estava brincando ou estudando...
Hora estava vendo um baleiro girando...
Hoje as balas giram no tambor de um revólver...
Quando menino, eu vibrava quando achava uma bala perdida na rua...
Hoje são as balas perdidas que acham os meninos nas ruas...
Para onde caminha a humanidade?
Provavelmente para algum lugar que eu não gostaria de estar...
Letrinhas no céu
Um menino achou um livro,
Sem entender as letras, fez uso das folhas de acordo a sua realidade. A inocência de criança, brincou, e fez um monte de pipa.
Corria, corria e feliz gritava, olha as letrinhas no céu!
Um menino achou um livro!
Rica Almada
Mas o que é isso menino,
acha que sou desinformada,
mulher sozinha em desatino
que vive de ilusão e mais nada ?
Pare com essa sua afirmação,
sou é muito bem resolvida,
faço personagens por convicção
para deixar a vida mais divertida
A ninguém firo ou prejudico,
sou uma simples poeta,
gosto de cantos e gritos,
nos versos que são minha meta
Sei muito bem onde sigo,
para que, porque e muito mais,
não gosto de brincadeira comigo,
levo a vida a sério e em paz !
No dia 5 de julho,
Faltavam 5 dias.
Ela saiu pela porta da escola
O menino a chamou
Ela sorriu, e não via,
Mas na esquina uma flor caiu.
No dia 6 de julho,
Faltavam 4 dias.
Ela saiu pela porta da escola
A amiga a chamou
Ela olhou, e não via,
Mas na esquina, uma senhora passou.
No dia 7 de julho,
Faltam 3 dias.
Ela saiu pela porta da escola
O professor a chamou
Ela parou, e não via,
Mas havia um cachorrinho na esquina.
No dia 8 de julho,
Faltavam 2 dias.
Ela saiu pela porta da escola
O mesmo menino a chamou
Ela chorou, e não via,
Mas havia um casal na esquina.
No dia 9 de julho,
Não faltavam dias.
Ela saiu pela porta da escola
Ninguém a chamou
Ela atravessou a rua, e não via,
Mas um carro em alta velocidade vinha,
E a atingiu.
No dia 10 de julho,
Todos queriam mais dias.
Ninguém saiu pela porta da escola
Ninguém foi para a escola,
Eles estavam na Igreja, vendo uma grande caixa preta.
O menino, a amiga e o professor choravam,
Porque naquele dia não chamaram,
A menina que não via.
Da janela vejo o tempo passar ,momentos únicos que passam tão rápido na nossa vida ,o menino jogou a bola alto e caiu na laje do vizinho ,o cachorro late as crianças cv sorrindo, momentos único que passa em nossas vidas , enquanto eu procuro o meu valor , mas percebo que n somos nada e nem mas do que grãos de areia nessa terra.
Um menino encontrou seu parque de diversão, mas ficou com medo de brincar.
Então, pensou se enfrentava ou partia. Fez do seu olhar um novo mundo e que mundo de incerteza, de dúvida, de medo, de insegurança.
Em seu coração estava seguro com o que queria. O problema se deu quando ele percebeu que há muito tempo não havia manutenção (os brinquedos balançavam com o mais simples vento que vinha do horizonte).
A dúvida diretamente cresceu do parque e indiretamente mexeu em seus pensamentos.
Hoje o menino cresceu e não sabe se fez a melhor escolha. O medo de machucar-se foi maior do que a vontade de brincar.
Os ventos mais suaves gritam o lado escuro do nada, que despertam a incerteza e a consequência pode ser nefasta, simplesmente por não viver a verdadeira felicidade dentro do propósito ora estabelecido nos céus.
<O menino quase invisível>
De tão leve naquela noite, parecia voar por entre os carros...
Bailava pelo asfalto feliz, como se estivesse no teatro municipal.
Seu corpo parecia flutuar pelas calçadas manchadas de dores e silêncios enormes.
Marchando solene pela madrugada seguia calado, silenciado, parecendo cansado de estar sempre em modo repetição... Exausto! Era como se sentia quando se deitou na porta da padaria naquela noite.
Assim como fez praticamente todos os dias de sua vida até ali, (treze insólitos dias),
com as mãos trêmulas e sujas do pó do asfalto,
arrastou-se lentamente, e rastejando puxou para o seu lado uma latinha de metal encardida (dessas de refrigerante)
que qualquer criança compra na vendinha da porta da escola.
Acendeu com dificuldade o isqueiro,
que por diversas vezes naquela noite o aqueceu.
Rodou a carretilha do isqueiro como quem brinca de roleta russa.
Riscou a pedra do isqueiro como quem puxa o gatilho de uma arma na direção da própria cabeça.
Aquele projétil foi o último. Aquela pedra foi a última.
Quando voltou do transe o trânsito já estava complicado...
Buzinas, carros por todos os lados, pessoas caminhando apressadas e o olhando atravessado como se ele fosse um bicho e prestes a atacá-las.
Ainda meio sem saber aonde estava, espreguiçou-se lentamente, por duas vezes seguidas. Logo após isso, deitou-se novamente sob a marquise. E apesar de ser ainda uma segunda-feira nem se importou! Não teria mesmo de ir para a escola.
E antes que pudesse voltar a sonhar novamente, foi enxotado às turras e a vassouradas pelo dono da padaria, que além de uma caneca de água fria, atirou-lhe também dois ou três pães dormidos.
A sua sorte era tudo o que lhe restava. Tomara que só lhe atirassem pão e água; paz, cama e teto ele já tinha desde a inauguração daquela padaria, há uns três ou quatro anos atrás.
E só pra constar... as vassouradas diárias do dono da padaria era a sua
Espécie humana
(Fernandha Franklin )
Eu vi um menino brincando de ser homem...
E em cada nova brincadeira,
se deparava com uma prisão.
Algemas,
pedras,
celas,
excesso de ressentimento,
orgulho,
lamento...
e ausência de emoção.
Eu vi um menino vendendo a infância, a pureza...
e não era em troco de pão.
Ele vendia sua alma angelical, por poder maquiado, status e todo tipo de falsa razão.
O menino brincava de ser homem,
e se vislumbrava com a dissimulada sensação,
Exibindo orgulhoso um vazio transvestido de bens e superficialidades...
mas que não passava de ostentação.
O menino já brincava com brinquedos de "gente grande", interesse de leão e armas mortais, e não mais com bolhas de sabão.
Ah menino...
E como sair dessa emboscada, agora que percebeu que ser homem é pura ilusão...?? Homens tem mente, mas só meninos "têm coração". Homens são fragmentos de prantos,
dores e feridas ressentidas... guardadas e escondidas durante toda uma vida... Ah menino...
A essa altura já deve saber que os homens podem quase tudo, por meio de poder e inteligência.
Mas o que talvez ainda não saiba ... é que nenhum poder no mundo, comprará de novo, a sua inocência.
E que triste fim...
Que lamentável destino...
Onde homem algum, pode voltar ser menino.
MENINO MENINO
O menino com fadiga
na hora tardia
foi a cacimba
passos cansado
momentos amarrados
quebrou a moringa.
Cacos despencou
água se foi
o pote secou
não tem mugunzá
tapioca xerem
batata pra assar
não tem, não tem.
A chaleira de ferro
no fogo vermelhou
galho da laranjeira
a fogo - pagou.
Menino, amarelinho
batendo peteca
pula corda cedinho
com pano boneca.
É arvore sem água
é nuvem de sombra
é conto de fada
na festa de arromba.
Cadê o menino
sem tino, sem pino
não busca mas água
mas colhe desatino.
Tem lei que proteja
p'ra não trabalhar
mas o crime anseia
sem lei pra acabar.
E os olhos inocente
te vê na TV
menino pequeno
sabe mais que você.
A TV te mostrou
tudo que há
a escola te ensina
o tal B-A-BA.
É a pata que nada
o coelho da páscoa
a magia da fada
ABC que lasca.
Professor, professor
olhe, preste atenção
não vê que o menino
tem televisão.
Big brother, novela
tudo ensina amar
o dinheiro comanda
o mundo de cá.
Professor, professor
tome tento no ar
cuidado o menino
ele vai te ensinar.
Antonio Montes
Sorriso largo de um homem menino
Parado sorrindo
Um beijo me levou
Na ultima noite daquele dia
Com uma pulseira de ouro me presenteou
Mas era tudo mentira daquele sorriso
Aquele homem menino que vivia sorrindo era mais falso do que a pulseira que me entregou
"À medida que o menino caminha, ele deseja que seus passos lancem tintas de luz e vida sobre as calçadas da humanidade. Que as guerras de congelem e no lugar de Sírias, Guernicas e Faixas de Gaza, sejam pintados Xangrilás e telas de abraços e paz." (O artista plástico - Victor Bhering Drummond)
