Aforismo Fome
Da fome
Que olhar sofrido.
Que lento caminhar...
Lixeiras vejo-o vasculhar.
Um pedaço de quê?
O que espera ele encontrar?
Busca nas cinzas, nos restos um lampejo de vida.
Fecho os olhos pra não ver.
Meu coração se nega a crer...
No fundo do poço?
Quanto fez ele de esforço?
Se deixou levar pelas águas de um rio?
Foi um vento forte... um vento frio?
O que o levou e lá no fundo o amarrou?
Seus lábios amordaçou...
Por que não aproveitou e sua fome matou?
E o que mais assusta é que a humanidade segue... segue como se a fome do outro não importasse.
Vasculhar o lixo...
Isso não é coisa nem pra bicho.
Diário de um Caminhoneiro
Com sede, com fome, fica as lembranças,
E prossigo....
A carga, é extra pesada,
De partida, ja sinto a emoção fazer o seu papel..
Volante ajustável,
Inspiração variável, porém, vulnerável.
Meu diário, te escrevo na boleia do meu caminhão;
Acelero-te com minha alma e com minha imaginação.
Asfalto antiderrapante.
Livre, solto na estrada como motorista versejante....
Olho pelo retrovisor, nem me lembro se deixei dores, rumores ou saudades.
O desejo de levar a mercadoria adiante fala demais;
O desejo de acelerar, toma conta dos meus pés;
O desejo de levar amor, me faz sofrer e compor.
Minha voz, ja nem sinto e nem ouço mais.
O Poeta fala na banguela, esquece do freio e olha pela janela, só vultos e solidão.
Sozinho, vou traduzindo minha coragem;
Sozinho, vejo relvas e pastagens.
Oh, Sina!
Máquina bruta, Eis aqui o teu comandante.
Aflito por um mistério, coadjuvante de uma profissão com muito privilégio.
No labirinto aberto falo, voa caminhoneiro, voa...
Voa nas asas desse brutão;
Vai com suas ilusões e com suas sensibilidades, vai...
No poema, és o tema.
Na poesia, tuas lágrimas irradia.
Teu parabrisa é de cristal.
Deixe que as gotas serenas lavem seu astral.
Te seduza, te reluza...
Deixe que sua imaginação te conduza, pelos mais belos e floridos caminhos desse mundão, estradão..
Carroceria, vai esbanjando mel, fogaréu.
Coberta de telhas feitas de cordeis.
Matriz conjugada, com a neblina e a serração.
Faróis lampejadores, oh! fina tradução..
Os pneus chiando no tapete breu...
Adeus, vai voando com a turbina que ecoou.
E o diário foi escrito, por poeta,
Condutor....
Autor: Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
ESTADO DE FOME
Há fome de fama e dinheiro.
Há fome de ascensão.
Há fome de domínio e revanche.
Há fome de ostentação.
Todas insaciáveis,
disfarçadas de saudável ambição,
ao tempo em que cresce a fome do estômago,
curável com alimentos em justa distribuição.
Nesse desequilíbrio,
parte da humanidade padece
por enfermidades da alma e compulsão,
enquanto a outra parte morre indigente
pela ausência de pão.
* Estado de fome é um conceito budista que caracteriza o baixo estado de vida em que pessoas são controladas por seus desejos insaciáveis, vivendo em estado de contínua insatisfação.
Uma pedra
Tenho sempre fome desse
Lugar que nos foi espelho,
Das frutas curvadas dentro
De sua água, luz que salva,
E gravarei sobre a pedra
Lembrança de que brilhou
Um círculo, fogo ermo.
Acima é rápido o céu
Como ao voto a pedra é fechada.
Que buscávamos? Talvez
Nada, a paixão só é sonho.
Nada pedem suas mãos.
E de quem amou uma imagem,
Por mais que o olhar deseje,
Fica a voz sempre partida,
É a palavra toda cinzas.
Xingamentos na minha opinião são fome, miséria e discriminação. Isso sim é "palavrão"; o "resto" se bem usado, são apenas formas de expressão.
Todo sistema imperialista caiu quando o povo começou a passar fome, e a causa é sempre as mesmas,problemas econômicos, corrupção sistema , ascensão do profano , instabilidade política e social, e se não acredita veja o que aconteceu com Roma e na Revolução Francesa, acho que o Brasil viveu por anos em festas depravadas e orgias e sendo ludibriados pelo Pão e Circo, e eles foram longe de mais e o Caos chegou a nossa porta, e quando de fato o Caos se instalar , nós saberemos o que é a verdadeira ordem.”
Troquei as mesas dos bares pela embriaguez de ler.
Troquei os fartos banquetes pela fome de conhecer.
O estranho na floresta
O Sol, o azul e o verde
Pintam minhas retinas
Enquanto o frio, a fome e a sede
Já não passam de rotina
A brisa branca
Beija meu rosto
Enquanto sinto o estranho gosto
Da carne crua
A água
Leva embora minhas mágoas
Sob a terra
Jazem minhas antigas guerras
O vento
Leva para longe o meu tempo
E sob o fogo
Ardem meus inimigos
A canção dos pássaros
Passeia por meus ouvidos
Isso tudo é divino
Disso não mais duvido!
Acima, além
O Universo me observa
E eu me pergunto
“O que ele tem? O que me reserva?”
Eu caminho sem rumo
Essa trilha é meu berço
Minha história
E meu túmulo
Não temo a morte
Pois não penso mais nela
Sigo forte, a cada dia
Rumo ao presente, a minha meta
Já não consigo me lembrar
Como era a vida na civilização
Agora meus únicos amigos
São o mato e a solidão
Estranho País
Brasil esse estranho país onde viver sem fome é uma glória.onde ter Comida é uma luta diária,de um povo oprimido que luta. Contra o destino da Fome,de Comida ,de amor e de glória.Brasil esse estranho país onde a fome é uma realidade vivida por todos
