Afinal de Contas
No fim das contas, porém, cheguei a conclusão de que eu era equivalente ao masculino de um Toyota Camry. Você sabe, ninguém diz: "Eu precito ter um Camry". Mas a maioria das pessoas que passa em um deles começa a pegar gosto. É bem confiável, acham. "Não dá muita dor de cabeça e não é feio de se olhar. Sabe do que mais? Talvez eu preferisse um carro melhor. Mas posso viver com um Camry"
Você espera gratidão? Por que? Sinta-se feliz em poder fazer algo por alguém. No fim das contas, é você quem deve agradecer, por ter tido a oportunidade de estender o braço e fazer o bem.
Não se preocupem com o que pensam de você, no fim das contas você será somente o que carrega no bolso ou na conta bancária.
No fim das contas nós mulheres queremos, sim, dignidade, respeito, nosso lugar no contexto social... mas não passamos de um bando de mulherzinhas. (Só que mulherzinhas independentenzinhas financeiramente, mulherzinhas, profissionaizinhas qualificadas, mulherzinhas cientes dos seus direitos sociais, políticos, ecônomicos, mulherzinhas com voz ativa diante da sociedade, ainda que uma voz doce e meiga).
Mas afinal qual o sentido da vida? No fim de contas, o que nos fará pensar se seguimos o caminho correcto?
Para mim é sabermos que sentirão a nossa falta, que as ligações que criamos, fizeram diferença na vida dos que nos rodeiam. Sabermos que as nossas acções, os nossos sacrifícios, tiveram significado para aqueles que nos são mais próximos.
Afinal de contas viver é dar tudo pelo outro, por amor, por amizade ou por compaixão. Através da marca que deixamos nessas pessoas, deixamos também uma marca neste mundo que um dia abandonaremos.
No fim das contas, paradigmas nascem para ser quebrados, não é? O dogma do ser talvez possa se tornar o reinventar. Reinventar-se dia a dia, quem sabe?
No fim das contas...
...no fim das contas você aprende que o fim foi apenas o começo, e que viver é assim, passar por momentos em que a escuridão parece não mais acabar, enquanto o raiar do novo dia está logo ali.
Eu tento contar as estrelas enquanto te espero, acho que assim o tempo passa mais rápido por mim e te trás mais depressa aos meus braços. Meu olhar se perde no infinito negro do céu em uma noite estrelada, os pontos brilhantes quase me confundem nessa imensidão toda. Ora penso estar vendo a Ursa menor, ora penso estar vendo meu futuro ao seu lado. Dizem que as estrelas falam do que passou, dizem que o que vemos no céu não é mais como vemos, dizem que a luz demora tanto pra chegar que quando nos trás a imagem, o que a gerou já se desfez, eu porém, não acredito que isso funcione para nós, pois quando um dia eu sofri, ali mesmo eu já te vi, e até saudades eu senti, sem nunca ainda ter estado aqui.
Sinta saudade do que ainda não pode viver. Sinta falta do que ainda não esteve em suas mãos, e assim, sinta o que eu sinto ao pensar em nós. Uma brisa fria escorrega em meu rosto à luz do luar, aqui fora o silêncio é a voz da solidão. Algo parece se mexer no céu, pode ser a impressão ilusionista de um amante apaixonado, ou talvez um simples satélite passando entre mim e as estrelas como se fosse o tempo entre mim e ela. Não desvio meu olhar, não mudo meu foco, as batidas do meu coração me lembram a todo instante que viver é minha saída para não ter a morte lenta dos solitários. Sinta saudade agora do amanhã, e quando chegar o amanhã, me abrace com toda força, como quem nunca mais irá largar, sou o homem claro que veio da terra do nunca, sou um Peter pan moderno, onde as palavras existem como bússola e a desilusão passada como âncora para nunca mais cair no mesmo erro.
São tantas contas que precisamos para saber qual constelação está no céu. De norte a Sul, de paralelos à distâncias longitudinais o maior desafio é saber chegar no final das contas. Você espera que tudo seja como num filme, você espera que tudo caia do mesmo céu de onde se penduram as estrelas, mas não, não é nada disso. Você deve calcular, você deve suportar, erguer seus olhos e por distâncias inimagináveis viajar com eles, e dentro de sua própria imaginação chegar ao cálculo que mais te aproxime da realidade em que está seu coração. O resultado não deve ser menor do que uma entrega total. O resultado não pode ser maior do que o espaço que lhe cabe na folha. O resultado parece ser o fim, mas no fim das contas você aprende que o fim foi apenas o começo, e que viver é assim, começar uma nova história, mais bela que todas já foram, e desejar que no momento de escuridão, dessa vez, você espere o dia raiar novamente...
No fim das contas, os meus sonhos estavam tentando me mostrar uma coisa. A vida não é perfeita. E a gente também não. Mas, por mais que as coisas mudem, sempre temos uns aos outros.
No fim das contas, só existem dois seres: nós e Deus. Além do nosso próprio eu, não há mais ninguém senão o nosso criador, o único a quem devemos satisfação de nossos atos. Todas as demais criaturas são entes com os quais convivemos que por estarem na mesma condição nos dão uma sensação de pertencimento, companheirismo e fraternidade. Mas elas também estão sós em suas jornadas, seus caminhos se cruzam com os nossos, se entrelaçam, mas no fundo continuam separados...A coletividade é o sentimento que compartilhamos e nos protege da horrível realidade da solidão em todas as suas nuances.
'CERTO DIA'
No fim das contas ela sabia de tudo! Sabia que iria para um lugar que ninguém sonha. Lugar de pessoas medonhas. Ninguém se importam muito umas com as outras. Estão muito ocupadas para isso. Quando se tem tempo, gasta-se como quer, plantando e espalhando cicatrizes paradoxas...
Não dá para ignorar os infortúnios da vida! Eles veem quando menos esperamos. Logo ela que, creio, não merecia! Lavou, passou, fazia comidas das mais agradáveis quando pudia. Era atenciosa com o homem da casa. Sem perceber, as doenças lhe atacara. Tinha vida pacata, exceto por um vício que nunca deixara...
Todo mundo tem vícios, pensara! Pelo menos um deve-se ter nesse corre corre contemporâneo. Homem sem vícios parece não ter muito sentido. Não teve filhos como a maioria das mulheres. Não sei se, seu futuro rebento agradeceria-lhe, mas confessou-me algum dia: falta ou diferença pouco fazia. Colocar filho no mundo e tentar moldar-lhe não é tarefa fácil...
Já cuidara de crianças de outros pais e dera muito amor de mãe. Seus caminhos findaram como a água de poço no verão. Sua face não esbanjava felicidade. Isso soa meio clichê, talvez constrangido. Não se fala de algo que parece tão distante dos olhos. Ela sorria feito criança, brincara nas calçadas da vida. Sempre próxima, parecia distante...
Dia atrás, o mundo virou-lhe às costas. Não parecia ser grande problema. O emblema é que: o mundo sempre deixa-nos à ver navios. Isso acontecerá com todos, sempre dissera! Apenas acho que ela não teve muita sorte com o tempo. Bem, ela poderia estar entre os sortudos. Desses que apostam tudo, e não têm medo das consequências...
Certo dia seus olhos fecharam de vez e hoje, depois de algum tempo, não é muito lembrada. Talvez isso faça ou não faça alguma diferença. A receita para vida se aprende em pouco tempo. O amanhã é coisa que não nos pertence. Os aprendizados tornam-se palavra de bolso, sem muita praticidade. Mas a verdade é que, o vilão sempre será o tempo, correndo nas mãos...
Tentara de tudo, desde jogar as pedras que tinha nas mangas e beijar o infinito, mas não foi mais possível. Deitada, descobrira que seus ciúmes fora em vão. Que suas raivas não tinham sentidos. O seu lar ainda esconde imenso aprendizado, não ensinados em faculdades. Perdeu todas as arrogâncias e os bens que planejou. Seus pés não mais tocam os chãos, e os seus braços não abraçam. Perdera àquilo que nunca ganhou...
Mas as frase de bolso ainda perduram em alguns corações. A vida parece tão, mas tão pequena! Um dia sentiremos falta dos amores que nunca tivemos e da essência das flores que não cheiramos. Falta dos abraços das crianças ainda vivas no peito. Falta da vida, dessa que sempre sonhamos. O hoje será esquecimento. Amor findo. Brisa leve jorrando solidão. Algo nada inspirador no escurecer...
Tem gente que pensa
Que a gente quer um monte de coisas
Que no fim das contas
Nem chega a importar tanto assim
Uma hora você se pega pensando
Que se apegou a um enorme nada
Quando olha pros lados
Olha pro espelho
Pro passado
Pra si
As coisas que pareciam desimportantes
Tem um valor diferente
Então você percebe que queria mesmo
Era aprender a rir de piada sem graça
Um copo d'água na hora da sede
Um olhar despretensioso
Que lhe transmitisse a sensação
Que alguém sente alegria
Quando vê você
Um colher de xarope, na hora da tosse
Uma mão na testa, se acaso sentisse febre
Alguém que puxa um cobertor e te cobre
Alegria de festa sem motivo
Pois, muito mais do que se pensa
Todo mundo deseja apenas
Que a sua presença seja esperada,
desejada e benquista
A gente não quer requinte
Deseja um olhar atento
E um par de ouvidos bem ouvintes
Alguém que conte pra gente
Como foi a sua infância
E diga também da saudade
Que sentiu durante a distância
E o que foi que fez lembrar a gente
Em alguma coisa que viu pelo caminho
E no quanto doeu a nossa ausência
Mais importante que o diamante
É sentir
E Principalmente
Perceber que faz sentir
Saudade
Um certo orgulho bobo e sem razão
Confiança
Um olhar de lealdade na janela
Uma ida ao portão
Vontade de estar junto
Um amor sem explicação
Saudade do abraço
Desejo de respeitar
E um querer
Que sente um vazio quando quer
E quando quer
Não quer deixar de querer
São essas as coisas difíceis
de perceber a importância
Até que aqueles olhos
Azuis, castanhos ou verdes
Não mais sejam vistos
de manhã, de tarde, de noite
ou de madrugada
Nem mesmo à distância
Então você há de perceber
Que tudo mais
Não vale nada.
Edson Ricardo Paiva.
Aqueles que nos honram mesmo sabendo quem somos, são aqueles que no fim das contas encontram ouro retirado do lamaçal da nossa mais profunda existência
No fim das contas, o que mais vai importar são as boas lembranças que construímos outrora e as que ainda serão construídas, vividas com emoção e com simplicidade, portanto, pra que o nosso viver seja de verdade e não em vão, que possamos nos atentar agora pra estarmos sempre em construção.
E no fim das contas, somos fragmentos de semblantes, de reações, de sentimentos,
Com defeitos e acertos, aprendemos e ensinamos, cada vez de um jeito,
Dos momentos compartilhados,
parte de nós fica, passa, visita,
Guardamos e Somos Guardados,
Esquecemos e Somos Dispensados
Em meio a Pensamentos e Corações, Livramentos e Gratidões,
Então, ainda que haja temporariedade ou falta de intenção,
Podemos Ser uma valiosa benção
ou uma necessária lição.
No fim das contas, pessoas que fingiam me querer bem, elas só se importavam com o que eu fazia ou o que eu tinha naquele momento.
Porque quando encontraram alguém que fazia algo mais divertido do que eu, elas me deixaram de lado. Essa é a realidade.
