Frases de Adélia Prado

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[...]
"Ó pai, duro é este discurso, quem poderá entendê-lo?"
Se abrisse um sol sobre este dia incômodo,
eu rapava com enxada os excrementos,
punha fogo no lixo
e demarcava mais fácil os contornos da vida [...]

(Poema 'discurso')

Uma necessidade cósmica nos protege

É roxo o amor, de amoras não, de dor.

É verdade, experimento o ruim e acho que o mundo desabou.

"A liturgia,
O ícone,
O monacato.
Descobri que eu sou Russa."
_
(PRADO, Adélia. "A Convertida" In Poesia Reunida, pg. 365 (Ed. Record - 2015)

"Raiva e Marcada de dor"

Em Português (excerto)

As línguas são imperfeitas
pra que os poemas existam
e eu pergunte donde vêm
os insetos alados e este afeto,
seu braço roçando o meu.

De onde vens, graça que me perdoa desta tristeza, desta nódoa na roupa, da pele rachada em bolhas. De onde vens, certeza de que um pouco mais de açúcar não fará a ninguém?

O que a memória ama fica eterno.

Adélia Prado
Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015.

Nota: Trecho do poema Para o Zé.

...Mais

Esconder-se no porão, de vez em quando, é necessidade vital. Precisamos de silêncio e solidão, e, não, apenas os poetas. Senão, corremos o perigo de nos esvairmos em som, fúria e esterilidade. O campo para que a palavra se instale para o autor e para o leitor é o campo do silêncio e da audição.

(Em jornal 'O Tempo', 16 de outubro de 2010)

Me apanho composta.[...]
Nem uma seta consigo pintar na estrada.[...]
Ô Deus, eu digo enraivada,
esmurrando o ar com meu murrinho de fêmea.[...]
Um preto no cruzamento
olhava atentamente para o fim dos tempos.
Eu olho meu olho fixo.
Como se não houvesse cantochão nem monges.

(Frases do poema 'ruim')