Versos do Luar

Cerca de 25032 frases e pensamentos: Versos do Luar

⁠O Eterno Crepúsculo

Caminha o homem, sem rumo, sem lares,
Sob um céu de cinzas, em tons sepulcrais.
O vento murmura segredos dos ares,
Levando memórias, levando sinais.

As cidades jazem, ruínas vazias,
O tempo as consome, num último ardor.
Os nomes se apagam, virando poesias,
Sussurros dispersos, sem fé, sem fulgor.

A vida, um eco que morre ao ser dita,
Um breve estilhaço em meio ao vão.
O homem conhece a dor infinita
De ser luz fugaz na imensidão.

Sem pressa caminha, pois nada perdura,
Nem o tempo, nem a razão.
E no efêmero, a beleza mais pura,
O peso da morte, a redenção.

Ergue-se o sol, um astro em cansaço,
Suspenso no abismo do tempo sem fim.
O homem sorri, num último instante,
E some no vento, num verso ruim.

Inserida por EvandoCarmo

⁠“Uma coisa é certa em nossos corações, nada acontecerá que Deus não tenha decidido.”

Ministério Resgate
Unção e Legado

⁠A vida não é filme, você não entendeu?
De todos os seus sonhos, não restou nenhum...

Inserida por caue_cecato

⁠A vida
é um livro
Com um poema
de amor inacabado
No qual ,todos os dias,
uma nova página é aberta,
Uma nova emoção e descoberta
e um novo verso de amor é rabiscado.
Maria do Socorro Domingos

Inserida por mariadosocorrodoming


A arte é nosso refúgio no abismo onde o próprio Deus hesita.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Às vezes é bom cancelar algum compromisso.
Relaxar a gravata, dar folga ao ofício.

Ser um homem comum,
que não raro se passa por outro,
neste teatro do absurdo,
como personagem de um drama fictício.

Às vezes é bom calar a voz,
segurar a pressa, suspender o vício.
Ficar sozinho, sem ser solitário,
num pacto mudo como um sacrifício.

Inserida por EvandoCarmo

O CANTO DAS RUÍNAS


Caminho entre escombros,
não de pedras, mas de ideias
que o tempo julgou inúteis,
mas que em mim ainda acendem velas.
Ouço o eco do silêncio
das vozes que não quiseram calar,
perseguidas, vencidas, vencendo
na memória de quem ousa pensar.
Vejo no cinza dos muros
as cores que negaram pintar.
Tantos tentaram impor moldes,
mas o pensamento há de escapar.
Não há grilhão que contenha
a febre de um verso solto.
A mente livre é tempestade
que não se embala no mesmo porto.
Se tudo o que nos resta é o caos,
se viver é administrar abismos,
que ao menos o verbo seja nosso,
mesmo entre os ruídos dos cinismos.
Pois há beleza em ser falho,
em não saber, em não caber.
A arte não é conforto:
é um espinho doce de se ter.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O ÚLTIMO HOMEM LÚCIDO

Há um homem que caminha
sem pressa, mas sem lugar.
Ele não tem casa, não tem templo,
nem tem vontade de rezar.

Carrega nos olhos o peso
de quem entendeu cedo demais
que viver é transitar entre enganos,
e amar, um luxo dos incapazes.

Recusou o conforto das crenças,
o colo das certezas vendidas,
preferiu o frio da dúvida,
a vertigem das palavras não ditas.

Enquanto o mundo se distrai
com espelhos e ilusões de poder,
ele sussurra perguntas antigas
que ninguém mais quer responder.

"Quem sou eu?" — ninguém responde.
"Pra onde vai o tempo?" — silêncio.
No teatro da existência,
ele é o ator sem texto, sem lenço.

Não é herói, nem mártir, nem vilão.
É só alguém que não dorme,
porque vê demais, sente demais
e já perdeu a fome.

Mas ainda canta, às vezes,
não por alegria ou fé.
Canta porque o som da própria voz
é tudo o que lhe resta em pé.

Inserida por EvandoCarmo

⁠ O Último Homem Desperta

Despertei tarde — não do sono, mas do mundo.
Acordei no exato instante em que já não havia o que fazer.
Tão lúcido quanto a lâmina da faca que corta o pão seco dos esquecidos.
Não há mais guerra: apenas consumo e propaganda.
Não há mais fé: apenas autoajuda e tutorial.
E eu, cansado de não ter lutas justas para lutar,
me arrasto como quem guarda o último fósforo aceso numa cidade sem luz.

Sou o último homem.
Não porque sou o último a morrer,
mas o último a perceber que estamos mortos há muito tempo.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O vento beija minhas mãos
Já calejadas pelo tempo!
Sorrio. E,num misto de magia,
Saltitando de alegria
Eu sigo… vou com o vento.

Maria do Socorro Domingos

Inserida por mariadosocorrodoming

⁠Epifania no Rosto de Uma Mulher

Não sorri.
Respira.
Como se o tempo nela descansasse
e a luz, vencida, ajoelhasse.

Há alvorada em sua pele,
brancura que arde sem queimar,
sombra de flor que não murcha,
sede de quem sabe amar.

Olhos — dois portos antigos
onde o mundo ancorou seus espantos,
e as marés recuam em silêncio
para que ela permaneça intocada.

Sua boca é um poema contido,
um verso que ainda não se escreveu,
mas já vive nos lábios dos anjos
e no suspiro de quem a leu.

Ela não posa: revela.
Ela não chama: acende.
É beleza que não se explica,
é paz que surpreende.

E o poeta, órfão de palavras,
deixa cair sua pena no chão,
porque diante desse rosto
a única resposta é a contemplação.

Inserida por EvandoCarmo

Vejo no amor um véu de silêncio e incerteza... figura que se insinua entre o sensível e o inteligível, como a sombra nas paredes da caverna: ora abrigo que consola, ora ilusão que se desfaz ao se voltar para a luz.

E, paradoxalmente, reconhecer esse véu é, por si, uma forma de clareza... como se a própria dúvida fosse um indício de profundidade, e o enigma, uma morada possível para aquilo que não se deixa capturar por inteiro.

Inserida por TayrelenedoVale

⁠O tempo é um tirano silencioso.
Não estende a mão, não consola.
Ele leva sem pedir licença,
rouba risos, desfaz promessas,
e castiga com a saudade.

Mas talvez sua crueldade seja arte —
uma forma estranha de ensinar.
Pois só no vazio que ele deixa,
floresce o que somos capazes de ser.

Inserida por italo0140

Fragmento de Alguém

Não há começo.
Há restos.
O que ficou depois que a vida passou
e os olhos ficaram presos à janela.

Não é nome o que se carrega,
mas marcas —
de amores que queimaram antes de aquecer,
de palavras ditas tarde demais,
de silêncios que falaram por nós.

Já se imaginou inteiro,
quando a juventude ainda ardia
e alguém dizia que o tempo era um engano
e amar, uma vertigem sem rede.

Depois, aprendeu a ternura dos gestos mínimos.
O chá servido com mãos que tremem,
a música baixa que cobre a ausência,
o toque que não exige, mas ampara.

Não se busca memória.
Busca-se não sumir.

Não se deseja contar,
mas apenas soprar os cacos
de quem ainda respira entre ruínas.

Não se sabe terminar.
Nem os versos.
Nem os dias.
Nem a si.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Fragmento de Mim

Não começo.
Não termino.
Sou o intervalo entre o que passou e o que nunca veio.

Carrego pedaços —
ecos de vozes que já não me chamam,
calafrios de toques que o tempo apagou.

Já me entreguei inteiro a quem não ficou.
Já ardi por dentro sem que ninguém visse a fumaça.
Aprendi a amar no escuro,
com medo da luz mostrar demais.

Hoje, caminho com mais cautela.
Não por medo, mas por memória.
Há ternura no gesto contido,
há desejo no silêncio que não grita.

Não procuro mais sentido.
Procuro abrigo.
Um canto onde eu possa não explicar.
Apenas ser — sem enredo, sem promessa.

Tenho um mundo dentro que ninguém visita.
Um vazio que aprendi a conversar.
Às vezes, só preciso que alguém escute
o que nem eu consigo dizer.

Sou feito de pausas,
de tentativas,
de páginas rasgadas que nunca viraram história.

Mas ainda estou aqui.
Mesmo que em pedaços.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Quase

eu quase morri.
não foi por falta de dor,
mas por excesso de espera.

quase fim,
quase meio,
quase gesto inteiro que se perde no intervalo.

quase vida —
essa sombra acesa que não ilumina.
quase amor —
esse sopro que não toca,
mas levanta poeira no peito.

quase ida,
porque eu ainda volto em sonhos.
quase vinda,
porque nunca cheguei por completo.

quase morte,
como um adeus sussurrado sem convicção.

quase destino,
feito linha torta que não ousa ser traço.

quase eu,
quase tudo,
quase nunca.

Inserida por EvandoCarmo

na sombra da vida
onde tudo se faz,
a noite, um açoite,
engano voraz.
o homem se perde
em plano desfeito,
sem fé, sem direito
de tentar outra vez.
a vida é só uma,
sem chance de volta.
só há revolta
e um lutar no vão.
no palco do medo,
só culpa e segredo —
sussurro de morte
e retorno ao chão.⁠

Inserida por EvandoCarmo

Ser fiel a si mesmo é o primeiro passo para não se perder no outro. Quando quem amamos não está, percebemos o quanto a vida é dura — e curta. Esperar finais felizes parece ingênuo diante da realidade que insiste em nos quebrar.

Mas há força na dor. As partes que se quebram revelam quem realmente somos. A ausência do outro escancara a necessidade de presença de si. E quando dizemos “nunca mais”, talvez estejamos, enfim, dizendo “agora, sim” — para nós mesmos.⁠

Inserida por italo0140

⁠Sobre ser poeta

Ser poeta
não é escrever.
É sangrar sem ferida visível.
É andar entre os vivos
com os pés fincados no invisível.

Ser poeta
é ouvir o que não foi dito,
ler o que o tempo omitiu,
beber da fonte que seca os outros.

Não há descanso para o que vê demais.
Não há paz para o que sente em excesso.
Ser poeta é dormir com as cicatrizes abertas
e acordar com palavras grudadas nos olhos.

É saber que nada dura
e ainda assim amar —
como quem beija o rosto da água
antes que ela escorra.

Poeta não descreve.
Poeta desvela.
Poeta não tem vocação.
Tem maldição.

É escolhido pelo silêncio
pra dizer o que mata
e, ao dizer,
sobrevive.

Inserida por EvandoCarmo

Manifestar a benção antes dela chegar.
Pra que ela se sinta à vontade e bem vinda dentro da gente.
Pra ela ficar.

Inserida por ericfbarros