Versos de Melancolia
SONETO "X"
Como o talho do punhal numa emoção
A perfídia escorre do peito num sofrer
Num fio navalhado dentro do coração
Que no sentimento se põe a morrer
Mora em mim o teu "x", tão mutilação
Que o amor não mais pode entender
Vida e morte em uma una conjunção
Que o meu ser se cansou de ceder
Viver a presença e não a solidão, sorte
Pois o suporte não se acha pelo chão
E tão pouco para paixão é um aporte
Então, domine o teu querer, tua ilusão
Viva a vida, tão breve, com total porte
E tenhas equilíbrio no sôfrego coração
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, outubro
Cerrado goiano
deixando cair palavras...
no silêncio do entardecer
todo o cair da tarde se transforma
o céu se veste em tons de melancolia
e faz a alma sonhar d'espavento
voando ao sabor da magia
e ao sabor do tempo.
ao fim da tarde
tudo vale a pena
se não virar amor
vira poema...
-- josecerejeirafontes
Eu vivo
Por que?
Não sei
Tanta discórdia existente
Tendo um porém sobretudo.
Não há
Apenas não há nada mais sublime
Tornar seu legado digno
Sua história um filme
A trajetória merecida
Apesar de tudo
Lembranças presentes de sua vida
A salvação
O amparo
Ser o calor no dia mais frio
Custar a ser o ato mais raro.
Sendo esse o valor
O apreço
A inspiração
Até para um novo começo.
Enfeitei minha alma de margaridas...
E descobri o meu próprio jardim...
De meus sonhos...
Construí minha realidade...
Descobri que o horizonte não tem fim...
Sou aquele que chora de melancolia...
Que não aguenta se segurar por dentro...
Que descobriu em fração de horas...
Que viver é só um momento...
Sou presença de amor profundo...
Revirando caminho que traço...
Olhar arisco em olho terno...
Destino bordado no tempo...
Criança de alma pura...
Que a Deus conta em murmúrios...
Suas felicidades ...
Suas amarguras...
Sou simples assim...
Tais quais as margaridas do meu jardim...
Sandro Paschoal Nogueira
EM TARDE CHUVOSA (soneto)
Março. Em frente ao cerrado. Chove demais
Sobre meu sentimento calado, aborrecimento
Gotejado do fado.... Rodopiando nos temporais
Enxurrando desconforto, angústia e sofrimento
Verão. E meu coração sentado na beira do cais
Da solidão. Do mar agitado e cheio de lamento
Por que, ó dor, no meu peito assim empurrais
Essa tempestade e tão lotada de detrimento?
A água canta, lá fora, e cá dentro o olho chora
Implora. Para essa tempestade então ir embora
Que chegaste com o arrebol e na tarde ainda cai
E eu olha pela janela deserta, e vejo o céu triste
E, ao vir do vento, a melancolia na alma insiste
Sem que das nuvens carregadas a ventura apeai
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Lúgubres Rogos Febris
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No doce sal de teus rubros lábios acalento meus entorpecidos e pálidos devaneios d'amor; frio n'alma a se esvair, sussurro n'aurora do suspir'último, tímidos rogos - delírios de lúgubre febril paixão.
Minha alma chora,
no acalento da tristeza,
na dor de um passado sombrio,
de um presente passado,
e de um futuro incerto.
Meu coração quebrantado,
na dor que machuca,
na escuridão que me perde,
de uma vida vazia,
de sorrisos sem risos.
Minha Face aparenta,
a felicidade triste,
os olhos fundos,
de alguém que vive sem vida,
que sente saudades do que nunca teve.
No vale da morte,
colho rosas vermelhas,
em terras sem adubo,
com cheiros de véu,
ela se aproxima aos poucos.
Por dentro vidros quebram,
os pedaços se espalham,
as forças se perdem,
ela me chama,
com voz seduzente, fria e calma.
Ergo minha cabeça,
peço forças para continuar,
me arrasto, levanto,
caio, se machuco, entro em coma,
a sepultura se aproxima.
não sei o que faço agora,
uns que se tornam mais fortes,
e alguns que nascem sem sorte,
leve-me em sua memória,
pois o que me resta é a morte.
Perdido
Às vezes eu tenho pouco a esperar
De tudo isso, toda essa vida
As vezes falo comigo mesmo que
Um momento vai passar
E quando me dou conta, ele já se foi faz tempo
E fico procurando em que pensar
Oque esperar do mundo
Que vai passar como um piscar de ante
Os seus olhos
E assim, eu saio de dentro de mim mesmo
E observo a outros
Todos também tão perdidos
Procurando se conhecer
Querendo viver um sonho
Que talvez a própria vida estraçalhe
Reduzindo tudo a pó.
Devaneios
Este amoroso tormento que no meu coração está;
Eu sei que sinto, mas não descubro a causa pela qual o sinto;
E então...
... sinto uma grande agonia, por sentir um devaneio;
... que começa com pequenos desejos e termina em muita melancolia...
A sensação de tristeza
Causada pela falta de uma incógnita,
essa maldita dor abstrata,
Pura e negativa,
Chega para tal qual um buraco negro,
Suga toda positividade de dentro
E ainda cresce a cada fração de segundo
Não permite o meu descansar e
Arruína meu bem estar,
Me irrita o fato de por sua causa,
Na melancolia morar.
O que seria a grande massa se não uma imensa concentração de ingênuos?
Se rotulam diferentes como inúteis já é de se imaginar a mentalidade presente em tais pessoas.
Tanto criticaram a hierarquia medieval mas continuam a exercer a mesma prática
Constantemente presenciando tanta desgraça
Eles apenas dizem"vai lá e faça"
Como se eu fosse um animal
Que vocês escolhem pela raça.
Tudo é questão de perspectiva
A morte é resultante da vida;
As mais vazias palavras
Podem se tornar poesias.
De certa forma todos vamos morrer, sendo alguém bom ou não isso só vai mudar sua trajetória nunca seu destino, estamos condenados a tristeza e a morte.
O céu não está estrelado, e isso já muda minha noite, eu vejo as estrelas como almas, pois as que vemos já deixaram sua existência a muito tempo e o que vemos é somente seu brilho, e quando eu não às vejo parece que minha noite é vazia, me sinto na total solidão, sem uma inspiração, logo triste, situação parecida com o que sinto no meu dia-a-dia, mesmo andando na rua com dezenas de pessoas ao redor me sinto invisível, um fogo sem oxigênio.
Apenas mais um dia
O que virá? Penúria? Alegria?
Seja o que for espero que eu não sofra
Nessa cama de pregos fico preso a noite toda
Sangrando amargamente
Demonstrando que sou insuficiente
Caindo em um poço sem fundo eminente.
Olhando de minha janela vejo pessoas
Todas padronizadas caminhando igualmente
Seres controlados seguindo seus dogmas
Priorizando sempre suas próprias normas
Escondendo suas asas pois são parasitas
Que sempre vivem famintas
Se alimentando de diferenças
Se apropriando de crenças;
Por que tudo isso?
Será que esse foi o resultado da "evolução" ?
De toda maneira ainda vejo o horizonte
Um horizonte de decepção
Um mar sem vida
O remédio que não cura nenhuma ferida.
Tudo tão repetitivo
Tudo tão nocivo
Furando minha pele para ver se ainda vivo
Buscando no mapa como saio desse labirinto.
Quando digo: um dia superarei tudo
É uma falsa esperança?
Um desejo incompreendido de uma criança?
Fica difícil raciocinar
Quando no seu peito há uma lança.
Profano Tempo:
Há um inimigo meu
Um ser que nunca se cansa
Eu incompleto e ele pelo contrário, se esbanja
Você nunca serás meu amigo
Para mim um eterno conflito
De você eu nunca serei conivente
Prefiro morrer de amargura à ser seu assistente;
Pergunto-me as vezes
Por que és tão insistente?
Se de mim já arrancaste tudo
Tirou minha vida e me deixou em luto;
De você tenho o ódio mais profano
Quero que se acabe o mais breve possível
Pena que és eterno, um eterno inimigo.
Para mim já não resta nada
Você me deixou na chuva sem morada
Levou meus amigos e meus momentos
E ainda deixou as lembranças a meu tormento;
Passa devagar mas leva tudo consigo
Arranca meu coração e me fura com vidro
Não sei se darás ouvido
Mas de você guardo muito rancor
Congelou-me e nunca ofereceu calor;
Nunca vencerei você mas eu sempre tento
Para meu maior inimigo
O tempo.
O que seria o amor se não um erro estático?
Me nego a crer que algo "infinito" precise de proximidade para chegar a seu ápice, algo como imãs que só se encontram juntos.
Amar ou ser amado não está no sangue humano, nascemos pra morrer em prol de nossas loucuras, sem nada de divino.
