Versos de agradecimento
Estes versos
não chegam
nem perto
da beleza
dos tupamaros
semeando
a terra para saciar
a fome do povo
que precisa,
Ninguém vive
de poesia
embora ela viva
para sempre
alimentando
as almas
e dando força
aos inconformados.
Não há mais
mulher nenhuma
desaparecida
até o momento,
uma foi
libertada,
e outras com
alvará de soltura,
mas há mulheres
marcadas por
toda uma vida.
Quero saber dos três
militares e do civil,
que dizem que
ninguém mais
sabe e ninguém
mais viu;
e do General
injustiçado
que nem deveria
ter sido aprisionado.
Removendo
o egoísmo,
me dividi
em mil versos,
Para lembrar
de outros
esquecidos
porque não
concordaram
do momento
estabelecido,
Os escolhi
sem critério
seletivo em
nome daquilo
que acredito.
Não aceitem
a truculência
como rotina,
Mão estendida
contra o povo:
Afasta a magia.
Num tempo
crítico como
seria bom se
o Comandante
entre a tropa
se entendesse
como um pai com
os seus filhos.
Não convivam
com frieza,
violência,
indiferença,
e com silêncio:
se entendam!
Generalíssima
cantoria,
Sathya Sai,
Harmonia,
santeria,
Poesia,
sem notícia
do General,
Gira a roda,
bate a onda
gota a gota
desta agonia.
(...)estes versos
contemporâneos
falam de tempos
estranhos,
e de sentimentos
latinoamericanos.
Versos que falam
que disseram que
Monsalve se
lançou do terceiro
piso após ter sido
torturado e detido.
Não quero entrar
em conflito,
Só quero que tudo
seja esclarecido,
Em nome da paz
que só faz bem.
Versos que falam
que insistem em
dar notícias que
levaram o General
para La Orchila,
Enquanto se sabe
que ele foi levado
para Fuerte Tiuna,
Há quem não
queira nem mais
ouvir de mim
palavra alguma.
Dá para ver de longe
que o General é inocente,
Espero que dessa história
ele saia sobrevivente(...)
Os meus versos
joguei ao vento
para ao menos
tentar se ganham
alguma direção.
Eles podem vir
a ser alimento
do seu coração,
da sua alma
e canção
de libertação.
Além de toda
a poesia da dor
de cada um,
quero vir a ser
a tão esperada
anunciação.
Ao rever o rumo
que me dói só
de constatar que
transformaram
os olhos brilhantes
do General
em exaustão,
e ao sentir
pela tropa,
Não nego que
me encontro
em constante
inconformação.
Versos sul-americanos...
No Rio Mapocho
o inesquecível ocorrido,
As peças do malabaris
não giram mais no sinal,
O Chile e o continente
não se esquecem mais
do fatídico repetido.
Dor sul-americana...
Todo perdão a ser pedido
é ainda muito pouco
Onde o passado virou vício.
Lamento sul-americano...
A frágil filha de Bolívar
ainda vive sob ameaça
de quem não aprendeu
com os mesmos erros,
O fardo da oligarquia
golpista pesa nas costas
e espalham tantos medos.
Chaga sul-americana...
Versos sul-americanos...
Na pequena Veneza,
o General continua
injustamente preso,
Não há notícia de libertação,
e segue da mesma forma
a tropa em igual situação,
Há sussurros de reconciliação...
Prenderam o campesino,
não soltam o velho tupamaro,
e os meus versos estão em disparo.
Nenhuma notícia de Justiça,
não soltaram os presos de consciência,
não gostaria de escrever só crítica.
Não dá para ter um repleto Natal,
nada se sabe quando vão
libertar a tropa e o General.
No Presépio do coração faltam:
o perdão, a esperança, a reconciliação;
e levar de volta para casa quem saiu
pelas estradas, ares e mares da imigração.
Por um mundo mais justo, amável e respirável...
ANTISSOCIAL
A poesia
Tem me tornado
Antissocial.
Ganho em versos
Perco em amor
Continuo só
O querer ser diferente
Nos torna
Antissocial.
A solidão vira rotina
Isso não é bom
Andar sozinho
É foda!
Melhor mal acompanhado
Viver embriagado
De lembranças
Ter sempre
Resaca de saudade.
Os dias lentos
Se aproximam
Não tem como relaxar.
E eu, como fico
Sempre só
Antissocial.
Ola amor viaja nos versos,
Ouça o tempo dos verbos e venha se alegrar
Pois amor de agora se conjuga amará!
Em meio as palavras não á qual seja concreta, pois
Estão todas perecendo ao tempo e a incerteza que haja amanha.
Porem tudo que há agora á de ser vivido.
Afinal nos gostando diariamente um pouquinho é que venceremos o tempo,
Pois ontem e hoje nos vivemos com amor.
Lá vem o poeta,humilde nos teus versos,todo tendencioso a falar de amores que não foram,de amores que passaram...Afinal quem nunca amou sem ser amado?E erroneamente a nostalgia comove mais do que o agora.
Então não de nome aos cavalos,mas encoste no meu ombro e chore te passado,só não oferece ombro quem fez o de um bom amigo de travesseiro.
Só sei que amor bom "dança valsa",o que tem o galante momento do bailar enamorado...Paixão é fogo que queima,ideal pra noites frias,e corações carentes;já o amor é semente que enraizá no coração,regado pelo tempo,cresce aumenta!Amor é árvore frondosa,seus frutos suas diversas formas,que confrontam qualquer razão ou condição.
E lá vamos nós nesse barco, entre traços, linhas, letras, vagas, versos, além das entrelinhas e "entreversos". E talvez há tanto a se ampliar, "entretextos", "entresilêncios" e outros tantos "entres" nesse mar infinito. Mas, vamos... eu, você e eles, nós quem sabe ou ninguém, mas estamos indo ou ficando, sentindo e deixando o fluir acontecer ...
Que venham então, os ares que se abrem entre céus sem mais horizontes e algumas nuvens a dissipar-se!
Fecho a minha janela
ele aparece na porta.
Porta trancada
ele vem nas frestas
trazendo versos coloridos.
E o pior,
a minha inspiração
interrogando o meu coração,
acho que terei que entrar em luta corporal com ela...
***
Ser poeta, mas não o poema
Ser poeta é tecer versos com a alma,
É dar vida às palavras, à dor e à calma.
É pintar com tinta de sentimento,
E entregar ao mundo o fruto do pensamento.
Mas ser poeta é também caminhar na solidão,
Ouvir o eco dos versos sem encontrar a canção.
É ver as palavras voarem sem destino,
E sentir o silêncio onde deveria haver carinho.
Ser poeta é viver entre a luz e a sombra,
É desenhar sonhos em cada linha que assombra.
É ser o criador de mundos que ninguém vê,
E encontrar beleza onde ninguém quer crer.
Assim, ser poeta é ser o guardião da emoção,
Mesmo que os poemas se percam na escuridão.
É continuar a escrever, mesmo sem plateia,
Pois ser poeta é viver a arte, mesmo sem plateia.
Espectros -
Desde a hora em que em meu peito entraram versos
que nunca mais a paz em mim pairou
e na loucura de poemas controversos
meu destino desde então se consagrou!
Mas foi loucura ter aberto o coração,
o mundo não me entende, sou cravo num canteiro
que procura água na secura, solidão,
num jardim de rosas em Janeiro!
Assim é a vida destes seres sonhadores,
diferente, num mundo imenso e abissal,
onde nada nem ninguém acolhe as suas dores ...
Homens livres, na verdade, sem sorte,
vencidos na vida, afinal,
destinados a triunfar depois da morte!
Miragem de Morrer -
Hoje o dia está cansado
dos meus versos de saudade,
oiço um canto, é um fado
e há silêncio na cidade.
Hoje a noite está perdida
em palavras de amargura
e minh'Alma tão esquecida
no passar da noite escura.
Hoje a morte é só miragem!
P'ra quem tem sorte de morrer
a vida é triste imagem
na vontade de viver ...
Meu destino, nao ter casa,
foi a vida a que me dei,
hoje sinto, não sou nada,
porque o sinto eu nao sei!
Sendo linda e intensa,
ela motiva com frequência
osmeus versos
graças a sua essência sincera
e a resplandecência de seus sentimentos, então, notória é a sua relevância, devo tratá-la com esmero.
Não tem preço ter alguém
que te inspira, que se importa
contigode verdade,
que torce pelo teu sucesso,
ajudando a enfrentarcada dificuldade
e assim, com mérito, ter acesso
a tua preciosa felicidade.
Lembrando que muitas vezes
será preciso ser a própria motivação,
o próprio inspirador,
algo que não se trata de solidão,
mas de tratar com amor a solitude
e uma forma de mostrar gratidão
ao Senhor.
Aos Pés da minha Cama -
Aos pés da minha cama
há um baú cheio de versos
uma dor que é tamanha
de um poeta controverso.
Aos pés da minha cama
há um baú cheio de morte
hora a hora de quem ama
e odeia a sua sorte.
Aos pés da minha cama
há um baú cheio de vida
uma vida de má-fama
de tantas regras despida.
Aos pés da minha cama
há uma dor, triste lembrança,
mil poemas, o meu drama,
o baú da minha herança.
Ao baú cheio de versos que está aos pés da minha cama na casa do Outeiro em Monsaraz.
Inspirado por tua rica existência,
faço alguns versos
revestidos de muita veemência,
um reflexo de uma linda mulher
que vagueia pelos meus pensamentos
com sua essência atraente
cativando os meus sentimentos.
Versos latino-americanos
ao general e à uma tropa
que contam as histórias
destes e de outros presos
de consciência subjugados
a tragédia do autoritarismo
sob o Hemisfério Celestial Sul.
Vivendo o Natal nesta região
onde ninguém descansa
e nada se sabe sobre a liberdade
do General e da tropa,
apenas ontem ouvi a prece
do pastor pedindo a liberdade
de todos no seu clamor.
Ainda recordo do Chile
e seus presos da revolta,
vivemos numa região
que ninguém descansa,
e ainda tenho a esperança
de diálogo, reconciliação
e a reaproximação com
o sentido de viver com pacificação.
Somos todos imortais, ainda que não façamos versos escritos.
A vida é uma poesia construída em braille.
Nildinha Freitas
