Poemas curtos de Clarice Lispector

A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

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Perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova da "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.

Clarice Lispector
Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Pertencer.

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E eu impávida finjo que não tenho dono. Pontas de cigarro apagadas eu recebo. Um dia vou pegar fogo. De noite fico sozinha no escuro, vazia, pousada num canto do chão. Meu silêncio fede. Ai de mim, que sou o receptáculo da morte das coisas.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Que o Deus me ajude a conseguir o impossível, só o impossível me importa.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando...

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta para Tania Kaufmann, escrita em 23 de fevereiro de 1944.

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Quando estou sozinha procuro não pensar porque tenho medo de de repente pensar uma coisa nova demais para mim mesma.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

O ar tinha gosto de sábado. E de súbito os dois eram raros, a raridade no ar. Eles se sentiam raros, não fazendo parte das mil pessoas que andavam pelas ruas. Os dois às vezes eram coniventes, tinham uma vida secreta porque ninguém os compreenderia. E mesmo porque os raros são perseguidos pelo povo que não tolera a insultante ofensa dos que se diferenciavam.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto A partida do trem.

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Eu sonho acordada, mesmo como uma mocinha de quinze anos. É o que se chama de sonho estéril. Imagino conversas, imagino situações e cenas – pareço nunca ter tido nenhuma experiência.

Clarice Lispector
Borelli, Olga. Clarice Lispector: esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
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Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

As almas fracas como você são facilmente levadas a qualquer loucura com um olhar apenas por almas fortes como a minha.

Clarice Lispector
Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.

Nota: Trecho do conto Obsessão.

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Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quando se realiza o viver, pergunta-se: mas era só isto? E a resposta é: não é só isto, é exatamente isto.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais... nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.

Clarice Lispector
Correio feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.

Nota: O pensamento é atribuído a Clarice Lispector, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

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Parece que às vezes sou espontânea demais e isso me torna engraçada.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Facilidade repentina.

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O esquecimento das coisas é minha válvula de escape. Esqueço muito por necessidade.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respirar nossas fraquezas.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Quando chorar.

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Tão carente que só o amor de todo o universo por mim poderia me consolar e me cumular.

Clarice Lispector
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

O tempo corre, o tempo é curto: preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica As três experiências.

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Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica É preciso parar.

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Não tenho nenhuma saudade de mim – o que já fui não mais me interessa!

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.