Vento
Cabelos ao vento
E eles estão rebeldes
Não poderiam estar diferentes
São incontroláveis
como certos sentimentos
São indomáveis
Como certos pensamentos
São o que são por puro desprendimento
Por não se adequarem aos padrões
Impostos pela sociedade consumista
Tem que estar presos, retidos e contidos
Desalinhados ou armados até os dentes
Uniformes ou disformes artificialmente
Monocromaticos, coloridos ou multicores
Porque brancos nem pensar
Desgrenhados, despenteados ou soltos
Em liberdade ou escravizados por correntes
Crespos ou lisos, alisados pela força contrária
Longos ou curtos, encurtados a golpes de tesoura ou verbalmente
E assim vamos sendo moldados de acordo com o que vão pensar de nós
Usando um penteado que não nos cai bem
Porque se não for assim somos reprimidos ou repreendidos pela hipocrisia do ser
Quer saber, em sinal de rebeldia vou ficar careca de saber
Porque quem sabe da minha vida sou eu e mais ninguém!!!
cabelos ao vento
e a ordem é
dançar
me soltar
liberar
envolver
me alegrar
desprender
me amar
rebolar
ao som da brisa
que alisa meu corpo
que afaga os meus cabelos
que acaricia a minh'alma
que acalenta o meu coracao
que banha meus pés
descalços
desnudos
calejados
cansados
e faz-se um escalda-pés
e eu sigo mais leve
livre e solta
nada mais importa
só a paisagem
a minha volta
porque colore meu dia
me enche de alegria
preenche a minha vida
com extrema felicidade!!!
Cabelos ao vento
E mesmo estando presos
Eles esvoaçam
Fazem a maior festa
Ao me verem maquiada
Com um belo sorriso no rosto
Me vejo como única poesia
Do universo divino
Do universo feminino
Do meu universo interior
Porque sou inteiramente o verso
Da minha melhor versão
Sou o que tenho no coracao
Sou mais eu
Mais de mim
Sou um poema clássico
Com rimas
Faça uma leitura oral
Verbal
Ou somente com olhar
Calmo e sereno
E o vento no meu ser
A soprar o amor
Que paira no ar
Ao meu redor
A me refrescar!!!
Lindos que nem eu
E o vento passa
levando meus cabelos
Passa a mão em minha dura cabeça
Passa carregando o meu chapéu
Que esconde um triste olhar
Um sorriso mal dado
Os olhos vermelhos de chorar
A expressão abatida
Que nem os sentimentos doidos
Esconde o meu pior
A minha vergonha
Tudo o que deveria ser exterminado
E ainda não foi
E a cabeça baixa de descontentamento
Ou por conta da consciência pesada
Por ter feito muita coisa errada
Ou por não ter feito nada
do que esperavam de mim
Este chapéu esta escondendo tambem
O que há de melhor em mim
Esconde o meu amor à ser doado
E principalmente me esconde de mim
O que vai no íntimo da minh'alma
A beleza rara
Que só aparece quando o meu amor-próprio me dedura
Me tira do esconderijo secreto
Me lança com ternura
Para o divino universo!!!
Não sou única, sou várias e incontáveis.
E das partes que sou, todas me completam. Inteiro-me, ainda que me fragmentem, para ter o prazer de juntar depois os pedaços espalhados, dos quais me fazem ir a lugares, vidas, mundos diferentes.
Multiplico-me a partir da divisão de mim mesma para poder me compor, quem sabe me recompor nas entranhas dos sentidos.
Dizem que eu me humanizo a partir das lágrimas corridas pela face marcada pelo tempo de quem eu leio, por dentro. Disso, além, vou mais: minha humanização está nas mãos que estendo, enxugando rostos umedecidos, sofridos, de uma leitura de gente que padece por existir, mas que existe mesmo assim; contrariando os desejos insanos dos déspotas.
Sei chegar e sei partir, porém fico - ainda - nos lugares que não me faço mais presente. Pois, sou vento forte que intimida, e brisa fresca que agrada. Tudo vai depender do momento.
Questiono respostas de perguntas das quais nunca foram feitas, por medo, timidez ou desuso de mentes compradas pela preguiça de pensar.
Jogo fora os rótulos, queimo patentes fabricadas pelos deslumbres dos egoístas e atravesso o individualismo. Porque há um alto grau de crueldade em fechar os olhos e ser indiferente às dores alheias.
Mas ninguém é cruel além do outro!
É bem mais prático transferir titularidade que assumir o lado feio, quem sabe, perverso de si mesmo. Daí, o mundo gira - em corda bamba - em torno de uns e deságua em outros, detentores do poder; tanto mais, o rio afluente da gente fica sem saber pra onde correr.
E assim, nessas presumíveis abundâncias das várias e incontáveis de quem sou, enfrento a tristeza, ponho a chuteira e ganho a lide:
Porque viver é saber perder, superar e vencer.
Filho do ar, vivo em tormento
Choro com a chuva, rio do vento
Quero entender razão de existir
Doença exposta tento suprimir
Assim como aqueles que de tanto sofrer
Tentam lutar, tentam esconder
Despido ao sol como um detento
A vida emana a morte por dentro
SOMBRA DOS VENTOS
Cansado de ser marinheiro nauseado
De remar à unha rumo a dezembros nublados
Pus-me ao solo encravado
Aqui ando e corro descalço
Meu superego, campo farto de hectares
Da primeira à última porteira
Posse tenho das poças em que tanto afogo
Eu quem afaga a cada seca desse cerrado
Eu quem afaga
Espelho de faca
Plantarei um pássaro
Para asas fazerem sombra em meu quintal
Sujo, eivado, de esgalho (ou da migalha)
O assoalho de meu quintal...
Solo, sujo, sol e chão
Farto de folhas de feridas que secaram
No outono que se foi.
Não como a sorte que nasce nos trevos
Nas vielas dos meus dedos...
A minha sorte - eu tenho outras -
Ainda é cedo
Pra mostrar
Quero (mais do que posso); vê lá se posso
Oh, esperança tão teimosa
Quero comprar uma rede
Pra me balançar
E voar em vento
Pra mo'da vida não parar
A minha sorte - eu tenho outras -
Ainda é cedo
Pra mostrar
E ai o vento passa...abraça-me deixando um sorriso teu em meus ouvidos e a suavidade da tua voz nos olhos meus.
Amigos que somem
Um dia acorda feliz, liga para aquela amiga que mora longe... fala de tudo um pouco, das farras, noitadas, dos amores mal resolvidos. Até bater aquele sono e ambas as partes se despedir... sabe quando bate aquela saudade sem saber quando vão se falar dinovo... aí você se pergunta : Por on
de anda aquelas pessoas? É aquelas que me faziam rir? Que diziam ser meus amigos e que bastou um vento para mudar os nossos caminhos e nunca mais apareceram... Será que morreram? Será que enriqueceram? Aí será?
Eu fico me perguntando, porque as pessoas passam por nossas vidas e se vão.uns vão pra sempre, outros vão por que querem ir outros porque precisam ir... mais ligar não custa nada... (alguns centavos) mais enfim !!! Eu deveria nem me importar com isso, mais a verdade é que eu não consigo. Sinto saudade dos tempos de conversas, das risadas, da própria pessoa dita... do tempo, dos cheiros, de tudo.. odeio fazer amizades e ter que perder depois. Fica sempre um vazio! Uma dica para meus amigos... eu sempre vou ser eu mesma onde quer que eu esteja.
cabelos ao vento
e ele quase me carrega
me leva
sou livre
leve e solta
vou com o vento
com o tempo
até aonde eles quiserem
me levar
me trazer
me jogar
pra lá e pra cá
sou o seu brinquedo
preferido
adoro ser rebatida
e é na contrapartida
que eu volto mais forte
mais atenta
mais valente
mais corajosa
a vida me pede força
me perde e me força
a voltar pra lá
de um jeito ou de outro
aqui não é o meu lugar!!!
cabelos ao vento
salgados pelo mar?
não, é de tanto chorar
se lamentar
lamuriar
divagar nos sonhos
que deixei de realizar
me afogar nas águas
doces da vida
profundamente vivida
me deixo atentar
contra tudo e todos
não sei esperar
o dia que o amor vai chegar
é vez de amar
a mim mesma
e superar minhas perdas
deixar tudo passar
sozinha quero ficar
com meus medos e rezar
pedir a Deus um conselho
o perdão
a misericórdia
pra continuar a viver sem pesar
no momento fico a pensar
que vida boa eu tenho
é só eu parar e olhar
agradecer
deixar de sofrer por nada
que não valha a pena chorar!!!
cabelos ao vento
e a brisa me traz uma flor
me presenteia
coloco-a em meus cabelos
esvoaçantes
dançantes
delirantes
de alegria
é assim que me sinto
e hoje o meu instinto
tá aflorado
jogado
semeado
no jardim do meu coracao
e o vento assopra
e me alopra
com toda sua intenção
ele me passa
me refresca a alma
me ama e me acalma
e eu fecho os olhos
e por gratidão
faço uma prece
em silêncio
e o vento leva pro universo
e me traz uma chuva de bençãos
é amor infinito
é sentimento bonito
é a calmaria dentro do agito
do meu atordoado espírito
é uma entrega sem noção
com a maior devoção a Ti, Senhor!!!
Ecos de uma Nova Estação
É inverno, e sinto o frio se aproximar.
Há um sussurro gelado que dança nas folhas que restam,
como se as árvores se vestissem de ausências,
despindo-se de folhas, como almas diante do inevitável.
Suas sombras alongam-se,
guardiãs de um silêncio que só o inverno traz.
Os pássaros emigram,
levando sonhos e canções para terras distantes,
enquanto nós, aqui, envoltos em mantos e lembranças,
esperamos a temperatura cair,
como quem espera o nascer de um poema.
Os bancos do parque, agora vazios,
guardam histórias de verões passados,
memórias aquecidas pelos sorrisos que se foram,
tal qual lembranças escondidas em caixas de sapatos.
E há, sempre, a estátua do herói,
imóvel em seu bronze e sua glória,
silenciosa testemunha de nossa transição,
do calor para o gélido aconchego das novas manhãs.
Nas ruas, a pressa dos passos se transforma em lentidão,
como se o frio pedisse um compasso diferente,
um momento para refletir,
para sentir a terra e o tempo.
Internamente, ecos de uma nova estação.
Chove bastante aqui dentro,
venta forte e inverno-me.
Mas, ao invés de praguejar, varro as folhas caídas,
agradeço o beijo da brisa,
e tento preservar os galhos,
até o meu próximo florescer.
"Nunca uma certeza, foi tão certa, quanto ao vento que bate em nossa face, soprando o tempo para uma nova direção"
Dançando com o vento
Um refrigério, um alento
Dançar no ritmo do vento
Assim não causará danos
Cada passo eu vou contornando
As intempéries se dissipando
Até chegar a brisa suave
Que me acalma e me deixe leve.
Que o vento leve, que a água lave, que a mente se expanda, que os olhos consigam enxergar além do véu da matéria e que o coração, só saiba reconhecer e repassar o que for Amor !!
Nas asas do vento
Hoje voou um anjo.
Um anjo amigo
De olhar sincero.
Olhar sereno...
Nas alegrias,
Nas tristezas,
Mantinha o mesmo olhar!
Sempre o mesmo olhar
Ansiando a esperança.
De sua boca sempre saía
Uma palavra sábia,
De quem sabiamente enxergava
Cinquenta Passos a nossa frente,
Do que não podíamos enxergar!
Hoje esse anjo amigo foi embora,
Partiu para uma nova missão.
Deixa muita saudade,
Tão difícil de suportar.
Mas sei que na Eternidade,
Vamos nos encontrar.
Tempestade de Amor
O tempo está fechado lá fora
Ouço a chuva caindo no telhado
Sinto tanta saudade agora
Por que você não está do meu lado?
Vejo as rajadas do vento
Está tudo triste e escuro
Me pergunto a todo momento
Como fui tão imaturo?
O pingo da chuva cai no chão
Como a lágrima que sinto cair
Ela representa a escuridão
Dói lembrar de você partir
Com o raio vem aquele clarão
É tempestade que apavora
Deixou ferido meu coração
Por que você foi embora?
É vendaval, trovoada
Quanto estrago, quanta dor
Eu perdi minha amada
Como deixei acabar o amor?
