Vazio
Não tenho pressa… Por ora, apenas permito-me compreender que encontrei, finalmente, o esconderijo desse tal de vazio.
A paixão não é escolha
Se instala assim, de surpresa
Assim também vai embora
Sem perguntar, com destreza
O amor não, ele é escolha
Opção feita com firmeza
Esse sim muito se demora
Doce, leve e cheio de beleza
Se a paixão for assim embora
Deixando o vazio no lugar
Feliz quem assim escolha
O amor ali possa habitar
Buracos
eles estão por toda parte
no chão
nas nuvens
no cosmos
na pele
são canais
viabilidades
um respiro
e também falhas...
na esperança
em algum sistema de segurança
de confiança
em qualquer fortaleza
lá estão eles
nada os impede
não importa a blindagem
sempre terá uma fenda
algum espaço
como em um código binário
como que num código dos astros
Cheios de vazio
átomos pairam sobre a existência
submergem seus mistérios
compõem nossos corpos
nos convidam a um mergulho
e nós
testemunhamos
sentimos
vivemos este vazio
preenchemos um e outro
mas são eles que nos sustentam
de possibilidades
de excitacao
imaginação
Será que carregamos o medo
como forma de exercício para que possamos aprender a ter coragem?
Só sei que nada está pronto
nada está acabado
sempre haverá
buracos a serem observados
tapados
superfícies a serem esburacadas
Em qualquer muro que me barre
que me sufoque
haverão buracos
para que eu respire
espie
para que eu escale.
Contrariando várias teorias psicanalíticas, valorizar o recolhimento pode indicar ampliação do significado atribuído às coisas simples em vez de acreditar que todas as importantes estão fora de alcance e precisam ser buscadas em algum lugar. Invertendo o estabelecido, esta incessante necessidade de buscar fora pode apenas indicar a incapacidade de encontrá-las em si – ou de entender formas que escapam aos padrões ditos “normais” de felicidade – enquanto a referência deveria ser o quanto cada qual se sente bem com sua própria receita.
Pouco coisa hoje me apetece, pouca coisa sinto falta... Aonde me enquadrava, já não caibo mais... Dentro de mim um vazio a ser preenchido, do tamanho da minha alma...
Procurei no vento o seu cheiro
Procurei em ti acalmar meus medos
Procurei em meus lençóis vazios o seu aconchego
Procurei no meu travesseiro o macio dos seus cabelos
Procurei na minha sensatez a sua tez...me perdi de vez
Procurei no abismo profundo dos teus olhos não me perder
Procurei em tudo de você não me perder
Procurei em tudo não te perder
Procurando em tudo... Eu perdi você...
Ela era o navio e ele a âncora, tentava puxar para sí, para cima e não conseguia, estava preso a algas, pedras e fendas lá em baixo, fora o seu próprio peso...
Um dia, em um passado não muito distante, eu viverei o presente do futuro que imaginei. Paro... penso. Estou no presente, com um pé no futuro e debruçado no passado. Naquele passado que só eu sei. Naquele passado escondido na caverna. A caverna escura que só eu tenho a luz para ilumina-la. Essa luz é o futuro, ressoando em meu ouvido dizendo que tudo dará certo. O presente jaz. O presente trás. O presente faz. Refaz. É fugaz. Perspicaz. Ele é o meu algoz, chega a ser feroz. Me corrói. Mas não me destrói. Me torna um herói. Eu te quero; te venero. Oh futuro que reluz no passado, ouve-me. Estou aqui, consegues me ouvir? As súplicas pairavam em um silêncio fúnebre, o silêncio ecoou, o vazio criou forma, criou asas. E lá estava eu, na imensidão daquilo que ousei ver, eu era uma letra perdida em uma biblioteca, assim como os meus pensamentos estavam perdidos em mim. Ah! atrevo-me mais uma vez. Atrevo-me a viver o presente, a ser presente, um presente, um ente.
Teve um momento em minha vida.
Um dia
Uma hora
Um minuto
Onde eu parei e refleti
E refletindo, descobri...
Que eu simplesmente não me importava mais...
Que as coisas poderiam doer
Machucar
Me deixar
Me abandonar
Eu simplesmente, não me importo.
Que doa
Que machuque
Que acabe
É a vida.
Me acostumei com seu sofrimento.
Que por sí, não é culpa da vida, e sim meu
Eu erro
Eu falho
Eu não compreendo
Eu desisto
Eu magoo
Eu perco
Não persisto
Não compreendo
Não insisto
E graças a isso, o que eu poderia esperar?
Não existe nada nessa vida que me surpreende mais.
Simplesmente existo
Que o vazio no meu peito, apenas cresça
Que minha dor, apenas aumente
Que tudo que tenho de bom, me deixe
Que os sorrisos sumam de meu rosto
Que as amizades do meu dia a dia
Que a alegria do meu coração, se disperse.
E que após eu não ter mais nada.
Que pare. Que a vida se vá.
E que a minha morte, não tire o sorriso de ninguém.
Por isso rogo
Que eu erre em dobro
Que todos desistam de mim
Que não sobre nada nem ninguém que se lembre que eu existo.
Só então poderei dizer
Que eu não realmente não me importo.
E então, sem me importar.
Serei egoísta mais uma vez. E dessa, darei fim a única coisa que não devia ter acontecido nesse mundo.
Minha existência.
Loucura
Parece loucura, mas cá estou eu
Deitada em uma cama cheia completamente vazia.
Caminhando junto com meus amigos
Completamente sozinha.
Pensando em mil coisas,
Com a mente no absoluto nada.
Respirando sufocada.
Parece loucura, porém, me sinto bem
Me sentindo totalmente mal.
Loucura, contudo, estou em chamas
Sentindo que a qualquer momento vou me afogar.
O mundo, uma maré gigante,
Onde a qualquer momento, vou naufragar.
Eu visto o que eu vejo
E o que vejo não me cabe
É apertado
São muitas nuances no guarda roupas da minha alma
O que deveria nos conectar, desconecta-nos.
O que deveria nos aproximar, nos distancia.
Egos elevados, pessoas fúteis e vazias fazem deste mundo
tecnológico cada dia pior para se viver. É um precipício sem precedentes,
onde as pessoas saltam de olhos abertos e crendo que são de fato alguém.
Mais “alguém” baseado em que?
Se os adjetivos mais belos que um ser humano poderia tê-los não os têm.
Princípios, caráter e valor deveriam nortear toda uma vida.
Vida! Que vida? Será que estão realmente vivendo ou apenas existindo e protagonizando um papel tão tolo nessa trama contemporânea.
Pessoas vazias estão cada dia preenchendo mais espaço nesse mundo da futilidade.
Sempre me perguntam o que é amar
Enquanto te amo sofro
Enquanto se prende a mim sofro
Enquanto amo outro sofro
Estando sozinha sofro
Meu coraçao em mil pedaços
O melhor sexo é so isso bom e vazio
A melhor comida logo vem a fome
Momentos passam
E quanto mais luz mais escuridão
A escuridão consome os seus
Estou desmoronando aos poucos e tenho a impressão de que falta pouco para o desfecho final. Eu tenho gritado, mas a voz não passa pela garganta, então meu peito fica apertado. Meu peito está apertado agora e eu quero gritar que preciso de ajuda, que preciso de alguma motivação para continuar. Mas isso não combinaria comigo, eu sempre fui independente nessas questões. Eu achei que fosse. Eu gostava disso. Isso tá acabando comigo agora. Não quero mais esperar. Quero preencher esse vazio dentro de mim com alguma coisa colorida. Mas quanto mais eu tento, sério, mais eu estou ficando para trás. Por que está me deixando para trás? É bom demais para mim? Eu quero ser o suficiente para você. Eu quero você. Mas eu sei que magoaria você. Ainda assim sou egoísta, porque eu te quero desesperadamente.
Não posso afirmar que ando por aí sofrendo com a sua morte. Sua morte era esperada e desejada. É claro que às vezes sinto um vazio. Mas uma pessoa não se deve enterrar viva.
