Um Poema para as Maes Drummond
POEMA MADURO
Eu aqui, calado, talhado no meu silencio
a procurar ele e o desvencilhar de mim
Ele, solto ao tempo, navegando canção
a dentro, sem deixar que eu o encontrasse,
até então, tudo que ele queria, era alforria...
E diante desse feito, ele corria pelas ruas
saltava pelas calçadas e jogava pedras
aos alpendres, e as janelas.
As vezes para varias ele jogava pedrinhas
nas poças d'água, só para vê-las pular como
desvairadas piabas.
Outro dia ele fugiu de mim...
Sorrateiro, correu para o horizonte
de pois se escondeu atrás dos montes
Foi apreciar o crepúsculo do sol...
Antes porem, pintou as sete cores
sob o diadema do céu e expandiu fumaças
sob os vales e as nascentes dos rios.
E eu aqui sem saber o que fazer,
na procura que procura...
E nada desse, poema da as caras a mim
... Todavia quando eu procuro,
ele fica daqui, dá li, a se esconder por ai.
E no esconde, esconde eu percebi
que quando ele saltou do caís,
abraçou o mar...
E saiu navegando em seu barco,
era noite e para saciar o seu frio...
Ele rebuçou no lençol prata da lua
e dormiu, navegando em seus sonhos,
e remando em suas saudades...
Depois fugiu por ai se camuflando
em sua diversidade.
Outro dia eu fiquei sabendo
que não adianta eu querê-lo
se ele não me quiser,
e eu pega-lo... Ele fica comigo
mas é como se eu não conseguisse tê-lo.
Antonio Montes
POEMA SEM METÁFORAS
Eu primeiro fui criança
antes disso já nasci
não consigo me lembrar
só me lembro que cresci
que a vida era brincar
uma hora a eternidade
e a maior tristeza
era ter que entrar pra casa
o mundo uma brincadeira
o olhar de sinceridade.
Mas eis que surgiu a mentira
a gula e a vaidade
a bem da verdade já havia
só não sabia nomear
as crianças pouco a pouco
deixavam se abandonar
o quintal vazio e oco
e a maior tristeza
era ter que crescer também
achar na vida a rudeza,
as primeiras brigas de traição…
Era poquinha, mas já pude
entrever pela fechadura
os sentimentos mais rudes:
a solidão, o medo, amargura
quis fugir pro passado,
pro futuro, pra um lugar imaginário,
fugir de casa, de mim,
chorei, me bati,
com meus próprios punhos,
e ai, a maior tristeza
era não saber desintristecer…
Eu cresci. Fui adolescente.
Na verdade, já sentia um peso nos ombros,
não beijei, tive poucos amigos.
Esqueci de rimas e fui
rumando o desconhecido.
A maior tristeza, ai
era minha indiferença.
Queria sentir e não sentia,
era quase uma doença
sem cura que me atingia.
Quis fugir, quis morrer
planejei calculadamente
já náo tinha o que perder
tão perdida em mim somente
sem pra quê, sem por quê
toca meu peito e sente
não sabia mais bater…
Fui adulta. Não se engane
não deixei de sofrer
aprendi a enganar,
aprendi as frases feitas.
Poucos, raros amigos
o trabalho sobre a mesa
as folgas aos domingos…
não sei se era indiferença
não me lembro de pensar
de sentir o que sentia
só me lembro de me guiar
uma consciência quase vazia…
Uma casa escura e limpa.
Mas não posso afirmar
me ouve com atenção
quem sabe se não há
nessa casa um porão
abre a porta devagar
lá estão e estarão:
o brinquedo, a inocência,
o medo, a solidão,
a morte, a indiferença.
Se há, se houve, se haverá,
Amantes
O poema pronto precisou de muitos rascunhos,
Quem o lê nem sempre imagina,
As noites de luz acessa e as xícaras de café sobre a mesa.
Quanto se fez e desfez por uma frase,
Por um verso interessante.
Mais do que vício
Poesia é para amantes.
Esse poema é para você que falei dos olhos num dia alegre que nunca me esquecerei:
Às vezes nós temos que deixar as coisas irem embora de nossas cidades internas para que elas voltem a nos visitar com seu olhar castanho claro e seu sorriso brilhante.
DESCULPA!
Já vi tantos poemas,
sobre a vida!
Tantas vidas
feitas de poema...
Já vivi poesia,
Já vivi a vida,
Hoje escrevo problemas!
POEMA AZUL
Adormeci
Quis sentar-me sozinha
e silente na beira dos meus
entulhos .
Me despi ...
Era apenas noite quando vi
um pássaro vestindo de azul
meus sussurros .
Um pouco cansada de sempre
adormecer na praia ...
Me distrai ...
Me distrai olhando o vento
sorrindo preces de alegrias
e bordando manhãs
com suas asas de calmaria a me colorir .
Não sei se foi um anjo
que passeou nessa madrugada
por aqui .
E também nem sei
se fui terra
se fui pedra
se fui mar
se fui ponte
ao ansiar me acariciar
in vizir .
Mas eis que logo pela manhã
O azul resolveu aqui pousar
e banhar de paz meu horizonte .
Ah, mergulhei com sede nessa fonte !
Faz tanto tempo que não me sinto assim :
uma sombra em estio
uma maré mansa
um broto de esperança
um céu vestido de anil ...
Então resolvi abrir os olhos
e me saciar nesse instante
em que o céu inteiro invadiu
minh'alma e
tomou conta do meu
despertar
Que por onde
e nos meus sentidos
resolveu cintilar notas de
pardais azuis in burburinhos .
Hoje ,bem cedinho
um poema azul com asas de passarinho
me acordou e
resolveu me visitar .
Me beijou com seu manto
doce de mar
de leveza e de carinho.
E depois voou ...
Talvez para novamente em seu
ninho repousar
ou quem sabe para uma nova flor
despetalada de amor
despertar .
E foi feito ontem o poema, em domingo de Páscoa, dia de poematizar.
Domingo
Acordo.
Pleiteio a Força Divina.
Já não sei se escapo
Ou mantenho-me
Assim,
Acesa.
Ato-me na incerteza,
Galgo nas possibilidades,
Na possível delicadeza
De uma palavra
Sua.
Busco a origem desse sentimento.
Possivelmente,
Encruado há tempos
Em um coração
Ainda inocente.
Hoje é domingo,
Dia de paz,
Rabisco com os olhos
O seu rosto
Que em esboço
Ressurge na nuvem
Noviça,
Branca como a sua pele,
Casta no céu.
Sim,
É você!
O amor é você,
Aquele que não se pode ter.
Hoje é domingo,
Surte o efeito de um desejo
Contido,
A gana de seu corpo inteiro
Afagar.
Sigo sozinha até o amanhecer.
Ascendo-me aos ventos,
Rendo-me
À aurora de um novo dia.
Vivi à espera mas...
Na vida de encontros e reencontros
Tudo se esvai.
Hoje é domingo,
Dia sagrado.
Em laços de afeto
Está.
Contenho-me
Para não clamar
Esta paixão.
Hoje é domingo,
Apenas domingo,
Mais uma vez
Guardo-me
No recôncavo silencioso
De minha solidão.
POEMA LIVRE
Quero a noite e seus enigmas
Se tornando labirintos
De fantasmas benfazejos...
Quero o engenho do adulto
Elaborando a paisagem
De um sorriso de criança...
Quero a leveza da brisa
Deixando um cheiro do verde
No trajeto das manhãs...
Quero a fragrância das flores
No seio da primavera
Fecundando a natureza...
Quero novas perspectivas
Brotando de ideias claras
Como o despontar do sol...
E a poesia projetando
A universal transparência
De paz e de liberdade!...
POEMA ILUMINADO
O fulgor
dos olhos
dela
inunda
o meu
poema
tal
e qual
o das estrelas
que habitam
o infinito
nas mornas
e doces
noites
de verão
da minha
terra!...
Quisera transformar o meu sentir
no mais lindo poema,
nas palavras mais perfeitas
e nunca antes ditas!
Mas qual o que, não basta querer!
É preciso que a poesia queira ser escrita,
que se deixe "incorporar" e que flua com leveza,
que execute, no papel, a sua dança...
Simples, bela, diáfana
qual asa da libélula.
Cika Parolin
O REPOUSO DO POEMA
Dando tempo ao poema...
Deixando-o quietinho no canto da alma
...Enquanto isso
vou tecendo a renda,
colhendo momentos que breve
serão saudades.
Estrelas
Maresia
Poesia
para as estrofes que virão.
Por certo virão....
No beijo
No próximo amor,
que mostrará a bela cara
Tão louco e imenso
E intenso
quanto o de ontem.
Virá.
Por enquanto deixa o verso descansar
num lugar
qualquer aqui dentro.
"No último poema
pedirei a Deus
que me permita escrever palavras simples
cheias de emoções
e que não haja lágrimas
nem uma súbita falta de ar."
POEMA DA PROSPERIDADE.
Dinheiro na mão é vendaval?
Dinheiro na mão é prisão?
Crenças que me limitaram
Agora eu não quero mais não
Quero a natureza a me rodear
Beija flor de peito azul
Garça branca, cheia de luz
Arara, mico leão
E um universo repleto de onça pintada
Quero nadar no fluxo de um rio
Que deságua no oceano
Nesse fluxo me deixar repousar
Rodeado por garoupas coloridas
E saber que com minha prosperidade
Acima de tudo
Fiz o bem também pra outras vidas.
By Shirley Morata
Poema Excêntrico I
Talvez tu cigano da meia noite não sentiu o tempo passar
Cantarolava noite e dia sem parar
Embora sejas tu um belíssimo sabiá
O tempo parece não esperar
Ó Poeta adornado, embora hajas calado
Uns são anjos outros palhaços
E é difícil inventar-te um oficio
É que desde o início tu és um mistério sem destrincho
Que o vento sempre traga o aroma dos teus cabelos para embriagar as rosas do campo
O lírio das tuas expressões mostra-me a lisura nos teus atos
Te fotografei
Te ponho no retrato.
Poema Excêntrico II
Não temas a rapidez do tempo
Este não tem rédeas
E quase sempre é pontual
Embora a velhice se aproxime
A juventude permanece sem rumo
No paralelo dimensional.
Poema Excêntrico III
Permaneças firme que o desiderato serás alcançado
Desenhe cada traço do mapa que será usado
E busque sempre a sombra
Pois do teu brilho ela precisa, sereno.
Poema Excêntrico IV
Tu viras noites como o dia que escurece e amanhece
Leva uma vida de boêmio com sutileza
É de um exato sorriso
Mas de um olhar incógnito
É contraditório se dizer ínfimo quando se és grande
És um macho tímido
Alvo como luz que reluz na escuridão
Não, teu cabelo não assusta
E tua conduta é tão pura
Que não há medo de aproximação
Tu és de mistérios absurdos
De um olhar vivo para o mundo
Talvez tua timidez de não insistir em pequenas coisas ou grandes
Seja medo de alcançar o inalcançável
É que de fato és raro o ínfimo se tornar visível.
Basta
Basta uma nota
E pode virar música.
Bastam alguns versos
E pode virar poema.
Basta a distância
E vira saudade.
Bastava um beijo
E talvez, vire amor.
Basta um adeus
E vira história.
Depositei o amor ali
Entre desejos febris.
Agradeci pela paz
Aquecida no entre.
Levei meus poemas
Aos pés morenos
E flores postas.
Nos dias que seguem
A Terra tem um grão
De palavras calmas
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